30.12.05

 

Passagens de Ano (RPS)

Tinha quinze anos quando passei a minha primeira passagem de ano fora de casa, numa qualquer festa com amigos. Mas desde esse ano até este devo ter passado a maioria das passagens de ano em ambiente familiar, por casa.
Não gosto de passagens de ano. A maioria das vezes são uma seca. Por acaso, este ano estarei em Lisboa e não conto com seca. Lá estarei, porque o JPF (o patrão do Fado Falado que, como bom patrão, não faz nenhum por aqui...) se meteu em empreitadas. Mas vai sair-se bem, como sempre acontece nestas ocasiões.

É. Não gosto de passagens de ano nem atribuo grande importância simbólica à mudança de um ano para o outro. Na verdade, passa o ano e no dia seguinte estamos, de novo, na rotina.
Embora completamente afastado de qualquer ambiente, ritmo ou estrutura estudantil, continuo a funcionar numa lógica de calendário escolar. Para mim, o ano muda no final do Verão, a seguir às férias grandes. Mesmo que as férias sejam só quinze dias e no regresso tudo continue na mesma.

29.12.05

 

O post anterior mexeu com a minha memória (RPS)

O último post que editei agitou-me algumas memórias.
Lembro-me bem do primeiro jogo de futebol que vi no Estádio das Antas. Era muito miúdo, cinco anos, mas o meu Avô e o meu Tio Rogério, o Gé, disseram-me para não me esquecer: Porto-Académica. Não me esqueci.
Não é por isso que detesto a Académica, mas perdemos. 1-0. O ambiente, no fim do jogo, era de quase tragédia. À minha volta, todos os senhores estavam irritadíssimos e diziam - berravam - coisas que eu não entendia. Quando o meu Avô chegou junto a nós, vindo de junto do seu grupo de amigos, disse para o Gé:
- Agora, ardeu...

Só anos mais tarde, vim a perceber que o Porto esteve prestes a ganhar esse Campeonato. Na parte final da prova, um empate com o União do Tomar e uma derrota com a Académica, em jogos consecutivos nas Antas, fizeram com que terminássemos o Campeonato a um ponto do Benfica... campeão...
Paralelemente, tinha-se aberto uma grave crise no clube, com o presidente Pinto de Magalhães a despedir o treinador Pedroto e a massa associativa a dividir-se, entre o partido do presidente e o partido do treinador.
Mas naquele dia não entendia isso, não sabia nada disso. Percebi apenas que o Porto tinha perdido o jogo e, por isso, a hora era trágica.
Isso, de alguma forma, entranhou-se-me e vai morrer comigo.

28.12.05

 

Nostalgia (RPS)

Divagando por aí, deparo com esta foto que me remete para a infância. Deve ser de 74 ou 75. Nesta altura, não ganhavamos nada, mas, ainda assim, senti alguma nostalgia.
Os futeboleiros com memória desse tempo podem deitar-se a adivinhar os nomes.


27.12.05

 

A desculpa não pega (RPS)

Não entendi - já lá vão uns dias - o apelo de Jorge Coelho à desistência, a favor de Mário Soares, dos restantes candidatos de esquerda. Não entendo porque, apesar de não nutrir especial simpatia pelo dr. Coelho, tenho-o por um tipo inteligente e muito esperto. Não faltariam outros dirigentes socialistas para fazerem esse apelo pateta. Não faltam dirigentes socialistas que acham mesmo isso - que a candidatura de Alegre faz com que Cavaco vença à primeira volta. É um disparate.
Conheço "n" gente que vota Alegre. Se este desistisse, nenhuma dessas pessoas que eu conheço passaria o seu voto a Soares. Uns iam para Louçã, outros para Jerónimo, alguns para Cavaco e outros para a abstenção. Mesmo que toda a gente que vota Alegre, Jerónimo e Louçã transferisse o voto para Soares, a tese não tem sentido. Se praticamente todas as sondagens dão a Cavaco maioria absoluta, a desistência de todos os candidatos de esquerda daria a Soares menos de 50 por cento.
Se Cavaco ganhar à primeira volta, não quero ver Soares (não gosto do homem, mas seria triste demais vê-lo nesse papelão) culpar Alegre e os outros candidatos de esquerda pelo resultado.

Há um número significativo de eleitores que decide as eleições. Fica a sensação e a convicção de que esse número grande de eleitores vota sempre vencedor. Esses eleitores formam o "centrão". Alguns falam de um milhão de pessoas. Não sei quantas são. Podem fazer o tal milhão, podem ser meio milhão, ou 800 mil, ou um milhão e duzentas. Constituem o tal "centrão" que deu a segunda vitória a Eanes, apesar de ter dado também a maioria a Sá Carneiro. Mais tarde, deu as maiorias absolutas ao PSD, deu a Soares duas vitórias em Presidenciais, deu duas vitórias ao PS de Guterres, uma ao PSD de Barroso e a recente vitória ao PS de Sócrates. E elegeu Sampaio por duas vezes para Belém. Nos Referendos e nas Europeias o "centrão" está-se nas tintas e as taxas de abstenção vão, assim, para 60-70 por cento.

Bem ou mal este "centrão" está agora com Cavaco e não se deixa ou não quer deixar-se convencer por Mário Soares. Acha que ele já teve o seu prémio, o seu reconhecimento, e que Cavaco o merece agora. É neste bloco que Soares (bem ou mal, não é isso que interessa aqui) não consegue penetrar. Não venha ele nem os seus apoiantes desculparem-se com Manuel Alegre.
Não pega. E fica-lhes mal.

26.12.05

 

Mourinho e Blair (RPS)

Grande capa da Única, a revista do Expresso. Uma capa com José Mourinho e Tony Blair.
Sobre as escolhas destes para Personalidades Nacional e Internacional do Ano, ainda não li a revista. Não sei que argumentação é usada, não sei que outras possibilidades se colocavam, não me dei ao trabalho de pensar nisso.
Sei que tenho admiração pelos dois. Muita por Mourinho, alguma por Blair. O Primeiro-Ministro britânico é o único, entre os chamados líderes europeus, que é verdadeiramente líder europeu.
Mourinho é o melhor treinador de futebol do mundo. A questão é que já o era no Futebol Clube do Porto. Mas, por ser do Porto, era mal tratado pela imprensa. Aliás, nunca ganharia uma distinção destas sendo do Porto. Agora que está lá fora é idolatrado. A generalidade da imprensa continua a ser como a maioria de nós - provinciana. E odeia o Futebol Clube do Porto.

23.12.05

 

Um post sobre sexo oral (RPS)

Presumo que foi ao amigo Everything que pela primeira vez ouvi a expressão sexo oral bloguístico e/ou fellatio virtual. A expressão era aplicada a situações em que alguém num blogue elogiava o blogue ou um post de um terceiro.
Não gosto da expressão. Não por pudor de linguagem, mas porque ela comporta uma carga negativa que me parece despropositada. Para mais, no meu caso, não deixo de também por vezes malhar em produção alheia.

Serve, assim, este meu post para destacar este post do amigo Aristóteles:

Em vez do post, de um qualquer post, façamos um mui surrealista exercício que nos permita um mundo ao contrário. Naveguemos, aleatoriamente, pelos blogues do costume. Recolhamos uma palavra, uma expressão, um mote, e alinhemos tudo numa mesma fieira. Mundo ditador da inteireza de sentido, até logo!
Seria Pitágoras outro Altino Dedicado Se eu desaparecer Estamos safos!Soubesse eu Seis anos depois de "The Ideal Crash", Eles são os reis de Espanha Imagine que quer comprar um ramos de flores. POPLASTIK


E serve também este post para destacar o comment da Salomé:

Interrupto, a minha luta – descrita num brolgue – dita, em palavras, o meu fado tantas vezes irreal (ou seria virtual?). E esta também tua fixação, que nada tem de ficção, deveria ser substituída por uma noite brilhante nas tasca da esquina, cheia de gajas no corte – também elas - boémias.

Dois momentos inspirados que me apetece destacar.
E já que estou a conferir produção alheia, destaco que foram atribuidos aqui, pelo food-i-do, (antes do lamentável encerramento) os prémios para os melhores do ano na blogosfera. Como podem verificar a frase do ano foi entregue ao amigo Everything.
Eu discordo da escolha do Altino. É uma bela tirada, mas a frase do ano sendo, de facto, do Everything, foi produzida num comment. Passo a recordar...
Salvo erro em Outubro, eu escrevi aqui um post sobre "Blogues de Gaja" que o Altino transcreveu no seu blogue, acrescentando os seus pontos de vista. Afirmava ele, a dado passo, que o Murcon, blogue do inefável Júlio Machado Vaz, era também um blogue de gaja. Comentário do grande Everything:
Fosgassen, Altino! O Murcon não é um blogue de gaja, é um blogue de broche!

Para mim, é a frase do ano.

21.12.05

 

Torres Ferreira, Soares e Scolari (RPS)

O Altino Torres Ferreira encerrou o food-i-do e abriu a A Terceira Voz.
Nos dois sítios ele explica porquê. Confesso que acho as explicações algo rebuscadas. Não as entendi, mas hei-de falar com ele sobre isso um dia destes. Também não é isso que importa aqui e agora. Interessa dizer aqui e agora que o Altino continua a manter o elevado nível a que nos habituou. Reproduzo aqui o seu mais recente post:

A scolarização de Soares
A propósito das revelações que os ministros europeus faziam a Soares sobre os encontros com Cavaco Silva: Soares tem informações técnicas e de balneário sobre Cavaco. Mas não divulga.

Não é preciso escrever muito para dizer tudo.

20.12.05

 

Duetando (SM)

Vi-os a duetar, a fazer dueto, duetando.O primeiro duelo que foi o último. A minha convicção é cada vez mais convicta: a segunda volta já era. Cavaco Silva pareceu um comunista a meter a cassette da crise; Soares cometeu deselegâncias, chamou-o a jogo e ele esteve vai não vai para aceitar. No final um olhou-nos olhos nos olhos, o outro desviou o olhar e foi mais eficaz.

Daqui a nada estou Na Estrada. Vou ter um Seat Léon. Quinze dias que vão parecer um Dakar. A emoção está de volta.

 

Saudades (SM)

Nunca vi tanto jornalista nas galerias; mas não consegui ser a primeira. O Mestre da SIC sentou-se antes de mim. Maldição; ainda por cima esqueci-me da acreditação permanente em casa; o polícia barra-me o acesso e à boca pequena queixo-me para alguém "os broncos dos polícias não me deixam entrar!". Um deles ouve, sente-se vítima e eu digo-lhe "passo metade da minha vida aqui dentro, não preciso da acreditação para nada". A arrogância até me arrepia, mas enfim.Vou por outro lado e lá consigo entrar com ar de má.Trago um operador de câmara atrás, deve ser por isso. Lá me sento. E lá o vejo, de cabelo colado puxado para trás. Cinco minutos e levanto-me porque ele se levanta. Ele vê o microfone e não resiste. FALOU!ele FALOU! É que já não estava habituada...O Santana Lopes abriu a bocarra para dizer..."vim aqui desejar bom Natal".

Fiquei depois a pensar se não devia ter chamado bronco a outro, que não o polícia.

 

Está tudo maluco? (RPS)

Não direi que está tudo maluco, mas anda estranha a atmosfera blogosférica. Tão estranha que começo a não estranhar alguns dos sinais. Por exemplo: a irregularidade em que entrou o amigo Barbed Wire.
Menos irregular mostra-se o amigo Everything in its right place. Já outro amigo, Aristóteles, depois de um tempo de muitas ausências, voltou em força. Valha-nos isso, mas, de qualquer modo, decidiu virar o mundo ao contrário. Declarou-o no domingo e cumpriu, como podem verificar.

Irregular revela-se também a Fil. Não posta há uma semana.
Já a Salomé, depois de uma semana sem postar, postou ontem um post anunciando que ainda não seria desta que iria postar e postou hoje. Complicado?... Não. Nós é que não entendemos de Psicologia.
Talvez por não ser psicóloga, a Elentári foi mais directa e clara, postando a dizer que volta para o ano por falta de assunto.

Cá por casa, as coisas não andam muito melhor. O JCS e o MV estão bloguisticamente mortos. Talvez em coma, se formos optimistas. O JPF raramente faz alguma coisa, mas, nesta sociedade capitalista, em que impera a corrente neo-liberal, temos de entender esta realidade como a normal exploração da força de trabalho dos assalariados por parte dos patrões. Valha-nos que pinga certo ao fim do mês.
Já a SMzinha vai produzindo alguma coisa, mas sempre com a cabeça no ar, sonhando com a chegada ao sapatinho de um maillot igual ao da Madona, mas em vermelho. Ela própria o confessou, como podem verificar aqui.

Ficasse o mal por estas intermitências e esquizofrenias. Que apesar de tudo, ainda vamos tendo boas novas, como a abertura d'A Tasca da Esquina. Surpreendeu-me, até, uma tão súbita adesão a este mundo da blogosfera, mas o que importa é saudar a decisão.
Pois é, fosse o mal todo apenas a soma destas incidências. Mas não. Isto anda tão estranho, tão estranho, tão estranho, estranho à séria, que o Funes passou um dia - o de ontem, segunda-feira - sem postar nada e o amigo Torres Ferreira decidiu fechar o food-i-do.

Afinal, está mesmo tudo maluco.
Tirem o ponto de interrogação do título, por favor.

 

Falou, mas falou pouco (RPS)

Pela primeira vez, o sr. Scolari explicou-se. Melhor: não se explicou, mas disse algo. Grunhiu qualquer coisa. Disse que Vítor Baía não vai à selecção por razões técnicas e de balneário.
É pouco. Era importante que o brasileiro fosse mais específico.
É que razões técnicas ninguém consegue vislumbrar. Eu, pelo menos, não consigo. Talvez um amigo meu que, para além de conhecer as balizas, é intelectual de esquerda consiga entender. Não há razões técnicas que tenham impedido Baía, nestes últimos quatro anos, de jogar pelo Porto e de ser Campeão Europeu, vencer a Taça UEFA e ganhar ainda vários títulos nacionais.
Mais ainda me interessava saber quais são as razões de balneário. Há outro amigo meu que deve estar completamente desiludido - ele atravessava-se pelo sr. Scolari, jurava ser impossível haver razões escondidas para qualquer veto a Vítor Baía. Afinal, há. Há razões extra-desportivas e o sr. Scolari devia explicar-nos quais, em nome da transparência. Sem o fazer, lança-se o nevoeiro e dá para começar a acreditar em tudo que se ouve. Por exemplo, na tese de que o veto a Baía parte de Luís Figo. Era um ou era outro e, neste caso, o outro tem a seu favor o valor dos contratos publicitários que consegue. E das percentagens que pode distribuir.
O sr. Scolari falou, mas falou pouco. Não basta a um treinador ser tecnicamente bom. Tem de ser um factor de transparência e de unidade. Esta não é mesmo a minha selecção.

19.12.05

 

Isto é Arte, minha gente... (RPS)

Por entre divagações blogosféricas, fui ter a uma espécie de catalogador de blogues. Aqui.
Não conhecia. É só por o nome do blogue e mandar pesquisar.
Sabem como está o Fado Falado classificado? Como um blogue de... Arte!!! Exacto, é verdade. Arte. Podem verificar. Este e todos quantos queiram.

18.12.05

 

Revivalismo televisivo (RPS)

A série Casei com uma Feiticeira marcou a minha infância. Há uns anos, a RTP-2 repetiu-a à hora de jantar. Quando me apercebi, foi sem custo que abdiquei dos telejornais para rever a série, mas fiquei desiludido. Deve acontecer com todos os revivalistas - preparamo-nos entusiasticamente para rever e/ou reviver algo e, depois, sabe-nos a pouco. Ou, pelo menos, sabe diferente. Os tempos são outros, a grelha de leitura é outra. Há coisas que valem apenas num tempo. Ou têm aquele valor apenas naquele tempo.
Embora não tão intensamente, invade-me o mesmo sentimento ao rever agora, na RTP-Memória, esta série:



... Missão Impossível, com este naipe:



Tenho visto alguns episódios, mas o entusiasmo inicial vai-se perdendo ao longo do visionamento. O ritmo dos episódios não é, claramente, deste tempo. Acho piada ver, mas não resisto ao zapping.
Entretanto, imune à tentação do zapping, tem-se revelado outra série revivalista. Esta:



... exactamente: Olho Vivo. Outra série da minha infância que tenho revisto na SIC-Comédia com um prazer que me supreende. É das melhores séries que alguma vez vi na vida e esta avaliação é válida para os anos 70 do século XX e para a actualidade. Don Adams - esse senhor aqui em baixo - é um dos meus ídolos.


 

Com os portugueses (SM)

Li parte do prefácio e o índice; ambos estavam sublinhados por alguém que conheço, por razões de trabalho, o que me ajudou a saltar a palha. Credo! Mas porque há-de este Presidente da República, que afinal é um homem, portar-se como uma parede.A única vez que esteve realmente com os portugueses foi em Novembro. E não foi deste ano.

16.12.05

 

A problemática da Chanfana (RPS)

Folheio um jornal regional e deparo com o título:
Vila Nova de Poiares – “Estamos para além de capital nacional da chanfana”.

Segue-se a notícia:
O facto de Miranda do Corvo ser detentora da marca "Capital da Chanfana" - com registo reconhecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial - não causa qualquer amargo de boca ao presidente da autarquia vizinha de Poiares, que continua a reivindicar para si o estatuto de Capital Universal da Chanfana. "Poiares está muito para além de capital nacional da chanfana", responde Jaime Soares, depois da autarquia mirandense ter emitido um comunicado divulgando o registo da designação a seu favor.
O autarca de Poiares afirma não saber se o termo "Capital Universal da Chanfana" está registado como posse da autarquia que dirige, mas afirma que "nós é que registámos a patente exclusiva da Confraria da Chanfana e, por isso, em Miranda existe a Confraria da Cabra Velha".
Nesta óptica, o autarca reafirma que "Poiares é que lançou a ideia e os outros vieram a reboque".

Seguem-se mais algumas considerações e a fechar surge-nos a frase:

Quanto à origem da iguaria é que continuam a existir rivalidades.

Ah, está bem... Na questão da origem é que está a rivalidade. Mas o autor explica:

Enquanto a autarquia de Miranda, em comunicado, realça que o registo do nome não deixa quaisquer dúvidas e faz "jus à região onde nasceu a chanfana", Jaime Soares reafirma que "todos sabem que a chanfana tem que ser feita em caçoilos de barro preto, fabricados há séculos em Olho Marinho, concelho de Poiares, e isso quer dizer muita coisa".

Quer dizer, sim - que dizer muita coisa. Deve querer dizer que andamos todos preocupados com questões menores, esquecendo-nos da problemática da Chanfana.

15.12.05

 

Toda a história dos Mundiais de Futebol (RPS)

Quando falta o tempo, a inspiração ou a disponibilidade mental e, ainda assim, se pretende pôr lá qualquer coisa, nada como parasitar os blogamigos. Aqui está mais uma descoberta que fiz no Coluna Vertebral - um site com toda a história dos Mundiais de Futebol. É o World Cup History.

Tenho andado por lá a reviver o passado. Tenho a impressão que só falta a ficha individualizada jogo a jogo. Ou ainda não descobri, no meio de tanta informação.
Sei que alguns frequentadores aqui do tasco não gostam de posts sobre futebol, mas um dia destes falo dos meus Mundiais de Futebol.

14.12.05

 

Estatísticas Presidenciais (RPS)

Pedidos de fiscalização da constitucionalidade de diplomas

Mário Soares
I mandato - 24
II mandato - 56

Jorge Sampaio
I mandato - 19
II mandato - 71



Eis, pois, uns interessantes dados estatísticos. Tenho-os como credíveis, uma vez que os fui buscar a O Pilar e o gajo é sério.

13.12.05

 

Sondagens (RPS)

Toca o telefone fixo na casa materna e eu atendo. É da Marktest, dizem, e apresenta-se uma Mónica ou uma Márcia não-sei-das-quantas.
- Oh menina... Eu respondo, mas é se me pagarem.
- Desculpe... Pode repetir?...
- Eu só respondo a sondagens a troco do pagamento de um cachet...
- ...
- Ouviu bem, menina?... Fale aí com os seus chefes a ver o que se arranja...
- O senhor desculpe, mas compreenderá e blá, blá, blá, blá...

Malcriadamente, pousei o auscultador. Irra! Odeio sondagens! Sempre me recusei a responder a sondagens.
Se todos os portugueses fizessem como eu, estas Presidenciais estariam muito mais interessantes.

12.12.05

 

Trinta segundos (RPS)

Sugiro uma visita aqui. Podemos ver filmes conhecidos resumidos em trinta segundos. Está muito bem sacado.
Descobri isto através de um dos "meus" blogues, o Coluna Vertebral.

11.12.05

 

Sorte no sorteio (RPS)

Não usemos meias-palavras: o sorteio do Mundial foi altamente favorável para a equipa do sr. Scolari. O que só por si não dá garantias de apuramento: há quatro anos, o sorteio foi muito favorável a Portugal e isso não serviu de nada. É preciso jogar a bola.
O caminho está, contudo, facilitado. Em Leipzig, saiu à equipa do sr. Scolari o cabeça-de-série menos poderoso, o México. Por outro lado, foi evitada a Sérvia, o que permite à equipa do brasileiro ter no grupo duas selecções inferiores.
Como esse execrável brasileiro sabe de futebol e como a equipa, mesmo com escolhas duvidosas e dispensas aberrantes, tem qualidade, o apuramento está praticamente garantido. Na primeira fase, tem a obrigação de vencer os três jogos.
Isso vai, decerto, custar muito a milhares de retornados e descendentes, por serem simpatizantes da selecção do país que verdadeiramente amam e que é Angola.
Porque Angola é um país detestável, espero bem que a equipa do sr. Scolari lhes pregue seis secos.

10.12.05

 

Bem integrados (RPS)

Os portugueses são uns chorões. O português comum adora queixar-se - do que quer que seja.
Entre os portugueses mais profundamente portugueses estão, claro, os comerciantes. Todos os anos, em diferentes épocas, lá estão os comerciantes a chorar: o negócio está muito mau.
É no Carnaval, é no São Valentim, é na Páscoa, é nos Santos Populares, é no Verão, é no regresso às aulas, é nos Fiéis Defuntos, é no Natal, é no Reveillon e é no balanço do ano: o negócio está mau, uma desgraça.
Conheço comerciantes que se choram há vinte anos. Não entendo como se alimentam, vestem, fazem férias, trocam de automóvel e educam os filhos com prejuízos acumulados ao longo de vinte anos. Se fosse coerentes com o discurso, andariam a pedir na rua.
Acabo, entretanto, de ver, no Telejornal da RTP, uma reportagem junto de comerciantes chineses em Portugal. Sabem do que se queixam? De que o negócio está muito mau.
Eu sei que há problemas de integração de imigrantes em Portugal, mas não com estes - estão totalmente integrados.

9.12.05

 

Face off (SM)

Começo a ficar baralhada ; Soares garante que mesmo tendo o apoio do PS, não é o advogado do governo. E que tem dúvidas sobre a OTA.

Já Cavaco fala do aumento da idade da reforma como uma medida positiva do governo.

A questão é : Será Cavaco o lobo que veste a pele de cordeiro até ao dia em que...? Ou dará Soares um mortal empranchado no discurso (contra Sócrates) para não deixar morrer a criança( a candidatura à presidência)?

Trocaram de discurso entre si resta saber agora quem é o Travolta e o Cage deste filme político.

Quem dirá no fim: "I want his face off!"?

 

A prenda de Natal (SM)

Gostava de ter um maillot como o da Madonna no "Hung Up"; mas não quero côr-de-rosa; quero vermelho.

Mas atenção: o maillot tem que ser para aí uns quatro ou cinco números acima do dela; os 61 quilos não perdoam.

Vá lá...

 

Divagações linguísticas (RPS)

Um tipo a meu lado, no balcão do café, dizia, há pouco, que em certo e determinado momento tinha feito não sei o quê.
A expressão certo e determinado não é um pleonasmo? Redundante, pelo menos, é. Será uma figura de retórica? Ou de estilo? Não sei, mas acho que não tem estilo nenhum. Para mim, é pleonasmo e é dos que se ouve com mais frequência. Ainda assim, não com tanta frequência como aquele outro que ainda hoje ouvi numa rádio credível: planos para o futuro. Pergunta o jornalista: ... e planos para o futuro? Para o futuro? Para quando deveriam ser? Ouve-se a toda a hora.

Mas talvez esta expressão também não seja pleonástica. Ou não seja tão pleonástica quanto isso. É que eu olho para o meu futuro e não vejo um único plano. Já quando olho para trás, vejo o passado cheio de planos. Por executar.

8.12.05

 

O apito (SM)

Segundo Jerónimo de Sousa, Soares terá engolido o apito no primeiro mandato(...?). Bom, antes um apito que um sapo...

 

Artur e Costa (RPS)

Tinham sido colegas na Académica, nos inícios de 70.
Artur Correia, um tipo muito loiro, defesa-direito, saiu novo para o Benfica. De Jimmy Hagan. Mais tarde, jogou no Sporting e no Tea Men, dos Estados Unidos. Acabou a carreira relativamente novo, por causa, salvo erro, de um acidente vascular-cerebral. Presumo que é funcionário da Câmara de Lisboa.
José Alberto Costa, extremo-esquerdo, precocemente careca e de bigodaça, saiu de Coimbra uns anos depois: para o Porto de Pedroto, já campeão, e ajudou ao "bi" de 79. Esteve uns bons anos nas Antas. Presumo que acabou a carreira no Vitória de Guimarães. Foi adjunto do inefável Professor Queirós, no Sporting. Não sei por onde anda.

Era eu miúdo, depois adolescente, e lembro-me bem dos duelos Artur/Costa. Começaram em jogos entre Benfica e Académica e continuaram em Portos-Benfica e Portos-Sporting. Aquilo era dar pau a sério, sem que deixassem de jogar a bola, porque eram ambos bons futebolistas, jogadores de selecção, mais Artur do que Costa.
Costa, um extremo "puro", tinha uma jogada típica: na esquerda parava a corrida e a bola, enfrentava, nos olhos, o adversário, simulava ir para dentro e colocava a bola por fora, mais para a frente, arrancando em velocidade para a linha de fundo. Dizia-se, na época, que, no momento do arranque, Costa escarrava a cara do adversário, preferencialmente nos olhos. Artur era a sua vítima preferida, o "escarrador de estimação".
O defesa fazia-se, contudo, pagar bem, nomeadamente, com entradas violentas de carrinho e com faltas por trás, então imunes a procedimentos disciplinares. Entretinham-se ambos com a bola, é certo, mas também num jogo paralelo de golpes baixos e violência.

Hoje, Costa e Artur estariam tramados. As câmaras de televisão iriam registar ao pormenor as entradas violentas, as chapadas subreptícias, os empurrões traiçoeiros, as escarradelas soezes, enfim, toda a sorte de golpes baixos a que recorriam ao longo dos noventa minutos. E levantar-se-ia logo o coro de moralistas, os Catões da nossa praça, com as habituais tiradas feitas: gesto inqualificável, atitude imprópria num profissional, comportamento indigno num ídolo de muitos jovens... Obviamente que a adjectivação seria muito mais gravosa para o jogador do Porto, mas isso são contas de outro rosário...

Lembro-me, entretanto, de outro episódio com Artur, mas sem Costa, num Sporting-Porto, no ínício dos anos 80. Aos cinco minutos de jogo, Artur e Rodolfo protagonizaram uma cena épica de pugilato. Verdadeiro pugilato, murro a sério, por causa de uma falta banal a meio-campo. Gerou-se um enorme sururu (gosto de sururu) e o árbitro acabou por expulsar os dois. Faltavam 85 minutos para o fim do jogo...
Caminhando cabisbaixo para os balneários, em plena pista de cinza de Alvalade (acho que ainda não havia tartan) Artur, mais adiantado, parou, à espera de Rodolfo. Temeu-se o pior, mas ocorreu o melhor: Artur e Rodolfo abraçaram-se longamente e assim, abraçados, caminharam para o túnel, debaixo de uma estrondosa ovação de 60 ou mais mil pessoas.

Ocorre-me esta memória a propósito do coro pateta de indignação que levantou o gesto obsceno de Cristiano Ronaldo para o público da Luz, no Benfica-Manchester. E a propósito, também, de outro coro pateta (só menos ruidoso porque o sistema pró-Benfica montado na Comunicação Social o abafou) que se ergueu, há umas semanas, contra um gesto de Nuno Gomes para os jogadores do Braga, insinuando que estariam mamados. Dopados.
Bolas! Que mal tem isso, senhores? O futebol não é um mundo de anjos. Acresce que lá dentro um gajo fica cego. Durante algum tempo joguei (sem talento nem glória, é certo) futebol de salão a um nível de alguma competição e sei como um tipo se transfigura lá dentro. O futebol é também isso: os nervos, a pressão, a cegueira mental em alguns momentos, o golpe baixo, a violência, a provocação para enervar o adversário, a traição, a escarredela e - chiça! - fazer piças para a assistência também! Porque não?

É nojento este falso moralismo que se instalou no futebol. Tanto mais falso quanto se recorre mais a ele quando convém (os indignados com Cristiano Ronaldo estarão indignados com Nuno Gomes?...).
Nenhum dos dois episódios me indigna. Fazem parte do futebol, são absolutamente compreensíveis, normais. Indignam-me, sim, os anjos fiscalizadores da moral que são as câmaras de televisão. E os Catões que a elas recorrem para pregarem moral. Estão a matar o futebol.
Piças para eles.

7.12.05

 

Ser do Contra: uma profissão

Já estava à espera que o RPS fosse coerente.
Não gosta das selecção do Scolari, dá vivas ao Manchester United quando joga contra uma equipa portuguesa, etc.

Aqui no FF, estás sempre na boa. Mas não ficas sem resposta.

É que se na tua embirração com Scolari até apresentaste argumentos, o que mais me espantou foi a falta deles no teu post anterior. Foi só para provocar, para lançar confusão, eu sei. Mas tenho a certeza que arranjarás qualquer justificação para cantar loas ao Manchester United. Pena não ter lançado este blogue quando o teu clube (seria a tua equipa ?) perdeu por 4-0 contra o Manchester. Vai uma foto do Cantona depois de um golo ao Hilário ?














Eu pela minha parte, descansa amigo, estou-me borrifando para o Artmédia.

 

(RPS)


 

Empate e bola ao centro

As presidenciais ganham-se como as outras eleições. Ao centro.
A vantagem de Cavaco nas sondagens parece indiciar que a esfinge conseguiu já ganhar esse milhão e meio. E sei que do lado dele há alguma preocupação por ter chegado cedo demais a essa faixa...

Dito isto, e se o posicionamento politicamente cínico de Cavaco no debate não espantou, o de Alegre é um pouco surpreendente, à primeira vista. Mas não acredito que tenha feito de propósito.

É certo que ao colocar-se como uma espécie de senhor pouco trauliteiro, tenta ganhar o centro que ainda tem votos disponíveis. No fundo aposta no factor que vem garantindo por exemplo a carreira de Jerónimo (a simpatia) e no que aguentou Santana tantos anos na vida política (a vitimização).

Alegre - desde sempre um inábil político - quis marcar terreno, virando o calendário a seu favor. A verdade é que, ao contrário de Cavaco, Alegre não tem nada mais para dizer. Mas, com o estilo, vai obrigando a olhar para Soares como quem fita um negativo.

Toda a gente já disse que Soares vai ser muito mais interventivo nos debates. Talvez, mas apenas contra Cavaco, no fim da linha, no dia 20. E aí vai arrecadar uns quantos votos à esquerda. Mas não ao centro.

Alegre e Cavaco vestiram um fato respeitável para dormitarem connosco.
Para a esquerda, Alegre foi uma decepção.
Para todos, que o vamos ver certamente em Belém, Cavaco foi obscenamente calado e eficiente, sobretudo com a sua expressão da "força de desbloqueio".

Mas quantos diriam antes do debate que Cavaco não ganharia a Alegre ?

6.12.05

 

O cabo do mundo. (SM)

Cabo Fisterra

Que lonxe fica o mundo desde o faro Fisterra

para nós que aprendemos de terras coñecidas

non pode ser estraño que onde o mar ceifa vidas

no preludio dos tempos fora a alma e fin da terra (...)

Miro Villar

Foi neste Cabo galego que ouvi melhor o mar, foi lá que senti o verdadeiro terror de uma estrada em precipício, foi a caminho deste farol que comprei a poesia da doce Rosalía de Castro e que comi os pimentos Padrón mais picantes - uns picam, outros, não.

É um lugar à medida de Napoleão, e o génio passou por lá (através do almirante Villeneuve) em conjunto com os espanhóis para combater os ingleses de Nelson. Adorava ser peixe eterno para ter visto a batalha e contá-la aqui. Mas o Prestige ter-me-ia dado cabo dos planos.

 

Confesso! (SM)

Na terça feira gostava que confessasses que os aviões passaram por aqui; gostava que não mentisses sobre as datas, que dissesses que até sabes os nomes dos passageiros que lá iam dentro; gostava que dissesses ao Louçã olhos nos olhos e sem medos - para o meter no sítio - que no próprio dia em que entraste em funções soubeste de tudo o que se estava a passar. E se o Portas passar pela comissão parlamentar tapa-lhe a boca com um "confesso, e vou resolver eu esta história, porque tu não tiveste tomates para isso".

Nessa terça feira negra confessarás que guardaste o que guardaste porque na altura certa, quando a Condoleeza estivesse na Europa lhe irias dizer "lamento minha senhora, mas o meu governo não lhe atura mais flatos; ponha-se a andar do meu país que é a Europa".


Diogo Freitas do Amaral, confessa, porque a desilusão paga-se cara; se não o fizeres, confessarei que UM DIA, mas não este, gostei de ti.

 

Olhar ao quadrado

...mas o soutor acha...perguntava o parceiro, o soutor pensa...e ele fitando-me pela minha última pergunta... o soutor defende, insiste o Magalhães...
e ele desconcentrado pelo olhar directo que lhe desfiro...
pensa mesmo que, continua a pergunta,
e ele fita-me
e por meio segundo, ficámos ali,
de olho no olho, como se de lá me perguntasse:

- Por que é que me estás a fitar olho no olho que eu não te conheço ?

e de cá eu insistindo,
no poder de persuasão das retinas
e como se o parceiro não estivesse a desfazer as orações da pergunta,
desafiei-o com meu olho verde - Porque sim.

Porque estás sob o meu fogo. E não te largo.

 

É bani-lo (RPS)

Consegue sempre fazer de um normal grupo de futebolistas um bando violento.
Consegue sempre fazer de cada um dos futebolistas que dirige um criminoso de delito comum.
No futebol, respira violência, transmite violência, promove violência.
Em alguns momentos, isto rendeu-lhe créditos. Agora, parece que a fórmula esgotou. Ainda bem. Este tipo:





... devia ser banido do futebol.

 

We're back...

SUPER REVEILLON JELLYJAH

Espaço Cabo Verde
Travessa do Fala-Só (ao elevador da Glória), Lisboa

8 horas non-stop de música e animação com o inimitável DJ ROUNDFACE!

Preços
20 euros (inclui sopa cabo-verdiana pela madrugada)
30 euros (para quem quer um jantar de Ano Novo)
Bar Aberto

Condições de acesso
- Respeito pelo espírito JellyJah (informa-te junto dos seus jellyravers mais próximos)
- Inscrição prévia até 20 de Dezembro
Envia já o teu mail de inscrição (com indicação do nº de amigos que levas) para este e-mail

Quem já foi iniciado, sabe o que esperar !
Quem quer experimentar algo de novo, não pode falhar !!

Vamos rebentar com 2006 logo na primeira madrugada ?

5.12.05

 

A treta dos debates (RPS)

Terminou o primeiro dos dez debates "decisivos" das Presidenciais. Duvido que os nove que faltam possam ser diferentes. Tal como este, não vão decidir nada. Cavaco e Alegre saem do debate desta noite com o exacto número de intenções de voto que já tinham. Os que eventualmente hesitavam sobre votar num dos dois mantêm-se hesitantes.
Isto de dizer que os debates são decisivos é uma treta. Porque em boa verdade não se trata de debates. É um paradoxo, mas este modelo de debate mata o debate. Mata precisamente aquilo que diz promover. O tempo cronometrado, a regra de falar à vez, o acordo tácito dos candidatos em não se interromperem, a atitude politicamente correcta dos entrevistadores e o pavor dos candidatos em terem uma gaffe fazem destes debates verdadeiros não-debates. São como seriam jogos de futebol em que os jogadores das duas equipas se juntassem a meio-campo e trocassem a bola calmamente entre si.
Confesso: estava a apanhar tal seca que cheguei a mudar para a RTP-2, na esperança de encontrar a Ana Sousa Dias a fazer uma daquelas entrevistas com os espelhos.

 

Camarate, duracel (SM)

Sem Camarate o CDS perdia a maior das suas causas; a prescrição definitiva do caso seria (será?) a morte do partido; este é aliás um dos poucos temas com que os populares conseguem ter projecção mediática. Um Nuno Melo aos berros contra o Ministério Público não se vê todos os dias.

Especulemos agora: O que teria acontecido se em vez de Adelino Amaro da Costa tivesse ido no Cessna o Freitas do Amaral( que esteve de facto para ir)? E se, nesse caso, Freitas tivesse ficado gravemente ferido, coxo, desfigurado, vivo, mas depois com o mesmo percurso que o levou agora a ministro de um governo socialista? Seria considerado um mártir como Adelino? E teria Portas seguido as suas pisadas (de Freitas, entenda-se) como Ministro dos Negócios Estrangeiros?

Exercício de especulação coxo, desfigurado, mas vivo, este.

 

A morte dos debates (SM)

Foi o autêntico bocejo o Cavaco-Alegre desta noite. E chamar áquilo debate até dá vontade de rir; um frente a frente em que os intervenientes não estão frente a frente é pouco honesto e retira possibilidade de confronto; e pura e simplesmente não houve esse confronto; o debate foi feito entre rodrigo-ricardo-alegre e rodrigo-ricardo-cavaco; as perguntas resultaram sem chama, sem polémica, sem os habituais cortes de palavra entre os debatentes. Isso é que seria um debate; o que houve: duas entrevistas paralelas, como alguém que conheço fez questão de frisar.


O que podia ter sido o debate:

Hannibal, The cannibal-" sou adepto da continuidade das instituições, por isso o Happy Manuel devia continuar como deputado por mais 30 anos. E espero que durma descansado. Eh..."

Happy Manuel - " eu durmo muito bem, como já disse só não dormi quando estive preso e sofri a tortura do sono,e se o Hannibal chegar a presidente vou dormir ainda melhor porque tenho que ir à caça na segunda feira de manhã."

4.12.05

 

The best (RPS)



Verdadeiramente, nunca o vi jogar. As primeiras referências que tenho dele são já de um génio em decadência, de um tipo ainda relativamente novo, mas muito problemático e com a carreira estragada. Já deveria ter deixado, ou estaria prestes a deixar, o seu clube, o Manchester United, num tempo em que era comum que um talento fizesse toda a carreira com a mesma camisola.

Dele ouvia dizer também que, anos antes, em duas ocasiões, pelo menos, tinha desfeito o "poderoso" Benfica, uma delas numa final dos Campeões Europeus. Estes actos cívicos - verdadeiras acções de saúde pública, diga-se - fizeram crescer ainda mais em mim a admiração que tinha por ele. Sem verdeiramente o ter visto jogar, coloco George Best num lote onde só cabem Pelé, Maradona, Teófilo Cubillas e outro que também não vi jogar, mas que tenho como o melhor entre todos os melhores: Mané Garrincha. Talvez daqui a uns anos Ronaldinho Gaúcho possa entrar neste grupo.

A minha mais viva memória de Best é, contudo, um programa de televisão em que o craque ensinava miudos a jogar futebol. Teria eu 8, 9, 10 anos e não perdia os episódios que a RTP transmitia no início das tardes de sábado. Gostava de rever essa série porque tenho a ideia de que era mesmo muito bem feita. Anos mais tardes, no Domingo Desportivo da RTP, um tipo chamado José Eduardo, um ex-futebolista de terceira linha que se distinguiu como presidente do Sindicato dos Jogadores, ensaiou algo parecido, mas o resultado era desastroso.

George Best morreu no passado dia 25. Os jornais recordaram os números e os factos duma carreira e duma vida agitadas. E frases célebres do génio. Algumas já conhecidas, como "Gastei rios de dinheiro em mulheres, alcool e automóveis. O resto esbanjei..." ou o desmentido de que tivesse dormido com sete Misses Mundo "Foram só três. Aos outros encontros faltei...".
Deparei-me, entretanto, com um declaração de George Best que não conhecia, talvez por ser relativamente recente: "David Beckham? Não sabe chutar com o pé esquerdo. Não sabe jogar de cabeça. Não sabe dar uma carga e não marca muitos golos. Tirando isto, não está mal".
O alcool matou Best, mas ele morreu lúcido.

2.12.05

 

Não há melhor para começar um fim de semana (RPS)






Na maioria das vezes, corre bem, mas nunca sabemos ao certo como vai ser. É, contudo, uma ansiedade boa esta que me invade. E, independentemente do estado de espírito no final, a verdade é que não pode haver melhor programa para abrir o fim de semana.

 

Finalmente um colar para Cesariny


Quando a República finalmente honra o surrealismo, dá para perguntar muita coisa, sobretudo- já não o somos uma coisa e outra ?

Fica o poema, mais uma vez de Lisboa, ali em meados dos anos 40. Grande Cesariny...



"Rua da Academia das Ciências"

Procurei os teus olhos quis achar
nos teus olhos a luz que nos salvasse
mas tu não tinhas olhos tinhas plateias
no Liz, no S.Luiz e no Terrasse

Busquei teu coração, não desisti à primeira,
teu seio arfava arfava docemente
por força que por baixo que por dentro
tinhas um coração como os gatinhos
mas afinal não tinhas coração tinhas um saco
com Jean-Paul Sartre e rendas a cinquenta o metro

De forma que o entrar nas tuas pernas
foi como entrar num Tribunal de Contas:
não tinhas sexo, tinhas um juiz de paz,
arroz, licores, outro noivo, e gritinhos


P.S. JCS, não nos queres contar esta história ?


 

OS MEUS BLOGUES - ficções e fixações (RPS)

Só tem duas semanas. Por isso, ninguém sabe o que vai ser o
ficções e fixações. Nem a autora sabe. Mas isso não interessa para nada - é o blogue da Candy e, por isso, eu gosto.

 

Para quem gosta de cãezinhos... (RPS)

Podem ler o Editorial de hoje do diário suíço Le Temps. Aqui.
Mais simples, talvez, será ler a notícia em www.rr.pt . Mas eu transcevo já:

Suíça em estado de choque pela morte de criança de 6 anos atacada por cães pitbull no trajecto para a escola.
O drama teve lugar em Oberglatt, perto de Zurique, e segue-se a uma sequência grave de outros incidentes, na Suíça, envolvendo ferimentos graves em crianças, provocados por cães de raças consideradas perigosas.
A imprensa suíça alerta, esta manhã, para o laxismo das autoridades e sublinha que a morte desta criança marca um ponto de viragem no debate sobre este tipo de cães que são um risco objectivo para a saúde pública.


Provavelmente, a culpa foi do miudo. Por ter mostrado medo. É o pior que se pode fazer perante os bichinhos...

1.12.05

 

Revivalismo de horror (RPS)

Por várias conversas que ouvi ao longo da semana, o horror esteve de volta. Terá sido no Coliseu do Porto e, provavelmente, também passou por Lisboa. O horror tem uma imagem. Esta:





Vá lá que não me apercebi. Nem antes, nem durante. Apenas no depois, ao longo desta semana. É que tenho tropeçado em conversas revivalistas de terceiros. Alguns pagaram 35 euros para ver...
Eu também tenho os meus revivalismos, mas não, seguramente, com esta chuchadeira do Leroy, da Coco Hernandez, da Lisa e do Bruno Martelli e das guerras entre eles e os tipos todos aos pulos a dançar. Chiça!
Mesmo no seu tempo já era insuportável. Mas um gajo tinha que levar com aquilo ao final da tarde de domingo - pela pressão de terceiros e porque era preciso esperar para ver os golos na primeira edição do Domingo Desportivo.

 

Em memória de Al Berto














vieste dos remotos desertos africanos onde
semeaste tormentos e filhos negros

enrolas-te agora no pano ardido do tempo
de lisboa - rasgas em tiras dolorosas o sonho
e tentas navegar pelos sucalcos dos mares

mas a saudade pelos que partiram e agora
se aproximam desta voz - vêem
um império de navios vazios

e tu
sob o cruel - perdido de olhar em olhar
jogando a vida contra o sujo casco dos cacilheiros
vagueias
pelos becos à procura de um rosto que imite
a felicidade da voz perdida - ou um corpo qualquer
para fingir o sono junto ao teu

mas lisboa é feita de fios de sangue
de províncias
de esperas diante dos cafés
de vazio sob um céu plúmbeo que ensombra
os jardins de estátuas partidas

há um pressentimento de sono sem fim
refugias-te num quarto de pensão e dormitas
o dia todo- para que lisboa te esqueça

("lisboa(4)", do livro Horto de Incêndio, Assírio & Alvim, 97)

al berto morreu de uma doença que hoje combatemos sem muito sol previsto. Neste livro encontra-se um poema com o nome dessa praga. Preferi buscar a sua Lisboa. Também a minha, se não se importam.
A foto é de João Caetano Dias para Escrita com Luz.

 

Recuso ( ou uma petição de urgente amplificação)

Eu, blogueiro intermitente mas ainda consciente, venho por este meio requerer o julgamento,na praça mais pública que encontrar, do país que assiste passivamente a um escândalo judicial e político como o que abaixo se descreve.

Recuso que uma autarquia do meu país queira reabrir o caso de uma criança encontrada morta numa estação de esgotos, com seu recurso provocando a repetição dos testemunhos que por certo foram tidos em conta em juízo para condenar essa autarquia.

Recuso que um sistema judicial do meu país me decepcione ao ponto de não conseguir registar a voz da mãe que perdeu um filho algures num esgoto da Arrentela.

Não somos gente, não somos nada se não estivermos acima deste lodo. Julguem os factos por vós. Agradeço que denunciem esta indignação junto de outros. E pelo meio digam-me se gostariam ter o vosso nome associado à canalhice judicial que o processo representa. Talvez saltem depressa cá para fora os nomes das pessoas a achincalhar com justeza neste processo.


Seixal, 01 Dez (Lusa) - O julgamento do caso da criança encontrada morta numa estação de esgotos na Arrentela em 1999, em que o município do Seixal foi condenado a pagar uma indemnização, terá de ser repetido porque algumas gravações de testemunhos estão inaudíveis.
Em despacho de 21 deste mês, a que Agência Lusa teve hoje acesso, o Tribunal Judicial do Seixal refere que algumas das cassetes que "conteriam o registo de depoimentos prestados em audiência de julgamento não se encontram audíveis", o que "constitui uma irregularidade que cumpre reparar".
Segundo o documento, o julgamento terá de ser repetido, em data a indicar por juiz designado, "na parte em que a gravação não se encontra audível ou perceptível - quer nas perguntas formuladas, quer nas respostas dadas".
Caberá aos serviços do tribunal identificar os depoimentos das testemunhas que ficaram mal gravados e que têm de ser novamente ouvidos.
O despacho determina ainda o apuramento, "com a máxima urgência", das causas do incidente junto da assistência técnica do gravador.
O Tribunal do Seixal condenou a 13 de Julho o município local a pagar uma indemnização de 250 mil euros aos pais da criança de quatro anos encontrada morta numa estação de esgotos na localidade de Arrentela, em 1999.
O colectivo de juízes presidido por Manuel Soares deu como provado que, na noite de 22 de Março de 1999, o menino caiu numa caixa de esgoto destapada perto da Estação Elevatória de Porto da Raposa, onde foi descoberto sem vida na manhã seguinte.
A defesa do município decidiu recorrer do acórdão, mas em Setembro pediu a nulidade do julgamento ao constatar que alguns depoimentos de testemunhas tinham ficado mal gravados.
"Há algumas cassetes inaudíveis que me impedem de exercer o recurso sobre a matéria de facto", sustentou à Lusa Paula Pinho, advogada da Câmara do Seixal.
Contactado pela Lusa, o advogado dos pais da criança, José Nóvoa Cortez, lamentou que no julgamento não tenha estado um técnico de som "a controlar permanentemente" a qualidade das gravações.
José Nóvoa Cortez lembrou que, a meio do julgamento, o testemunho da mãe do menino foi repetido porque as perguntas que lhe foram dirigidas pelo juiz-presidente do colectivo não tinham ficado gravadas aquando do primeiro interrogatório.

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