27.12.05
A desculpa não pega (RPS)
Não entendi - já lá vão uns dias - o apelo de Jorge Coelho à desistência, a favor de Mário Soares, dos restantes candidatos de esquerda. Não entendo porque, apesar de não nutrir especial simpatia pelo dr. Coelho, tenho-o por um tipo inteligente e muito esperto. Não faltariam outros dirigentes socialistas para fazerem esse apelo pateta. Não faltam dirigentes socialistas que acham mesmo isso - que a candidatura de Alegre faz com que Cavaco vença à primeira volta. É um disparate.
Conheço "n" gente que vota Alegre. Se este desistisse, nenhuma dessas pessoas que eu conheço passaria o seu voto a Soares. Uns iam para Louçã, outros para Jerónimo, alguns para Cavaco e outros para a abstenção. Mesmo que toda a gente que vota Alegre, Jerónimo e Louçã transferisse o voto para Soares, a tese não tem sentido. Se praticamente todas as sondagens dão a Cavaco maioria absoluta, a desistência de todos os candidatos de esquerda daria a Soares menos de 50 por cento.
Se Cavaco ganhar à primeira volta, não quero ver Soares (não gosto do homem, mas seria triste demais vê-lo nesse papelão) culpar Alegre e os outros candidatos de esquerda pelo resultado.
Há um número significativo de eleitores que decide as eleições. Fica a sensação e a convicção de que esse número grande de eleitores vota sempre vencedor. Esses eleitores formam o "centrão". Alguns falam de um milhão de pessoas. Não sei quantas são. Podem fazer o tal milhão, podem ser meio milhão, ou 800 mil, ou um milhão e duzentas. Constituem o tal "centrão" que deu a segunda vitória a Eanes, apesar de ter dado também a maioria a Sá Carneiro. Mais tarde, deu as maiorias absolutas ao PSD, deu a Soares duas vitórias em Presidenciais, deu duas vitórias ao PS de Guterres, uma ao PSD de Barroso e a recente vitória ao PS de Sócrates. E elegeu Sampaio por duas vezes para Belém. Nos Referendos e nas Europeias o "centrão" está-se nas tintas e as taxas de abstenção vão, assim, para 60-70 por cento.
Bem ou mal este "centrão" está agora com Cavaco e não se deixa ou não quer deixar-se convencer por Mário Soares. Acha que ele já teve o seu prémio, o seu reconhecimento, e que Cavaco o merece agora. É neste bloco que Soares (bem ou mal, não é isso que interessa aqui) não consegue penetrar. Não venha ele nem os seus apoiantes desculparem-se com Manuel Alegre.
Não pega. E fica-lhes mal.
Conheço "n" gente que vota Alegre. Se este desistisse, nenhuma dessas pessoas que eu conheço passaria o seu voto a Soares. Uns iam para Louçã, outros para Jerónimo, alguns para Cavaco e outros para a abstenção. Mesmo que toda a gente que vota Alegre, Jerónimo e Louçã transferisse o voto para Soares, a tese não tem sentido. Se praticamente todas as sondagens dão a Cavaco maioria absoluta, a desistência de todos os candidatos de esquerda daria a Soares menos de 50 por cento.
Se Cavaco ganhar à primeira volta, não quero ver Soares (não gosto do homem, mas seria triste demais vê-lo nesse papelão) culpar Alegre e os outros candidatos de esquerda pelo resultado.
Há um número significativo de eleitores que decide as eleições. Fica a sensação e a convicção de que esse número grande de eleitores vota sempre vencedor. Esses eleitores formam o "centrão". Alguns falam de um milhão de pessoas. Não sei quantas são. Podem fazer o tal milhão, podem ser meio milhão, ou 800 mil, ou um milhão e duzentas. Constituem o tal "centrão" que deu a segunda vitória a Eanes, apesar de ter dado também a maioria a Sá Carneiro. Mais tarde, deu as maiorias absolutas ao PSD, deu a Soares duas vitórias em Presidenciais, deu duas vitórias ao PS de Guterres, uma ao PSD de Barroso e a recente vitória ao PS de Sócrates. E elegeu Sampaio por duas vezes para Belém. Nos Referendos e nas Europeias o "centrão" está-se nas tintas e as taxas de abstenção vão, assim, para 60-70 por cento.
Bem ou mal este "centrão" está agora com Cavaco e não se deixa ou não quer deixar-se convencer por Mário Soares. Acha que ele já teve o seu prémio, o seu reconhecimento, e que Cavaco o merece agora. É neste bloco que Soares (bem ou mal, não é isso que interessa aqui) não consegue penetrar. Não venha ele nem os seus apoiantes desculparem-se com Manuel Alegre.
Não pega. E fica-lhes mal.
Comments:
<< Home
Manuel Alegre não pode ser acusado de nada, excepto de ser melhor poeta/escritor do que candidato.
É um democrata, tem uma carreira política, não isenta de erros, certamente, mas louvável.
Falta-lhe aquela centelha que dá carisma, coisa importante num político.
Não esquecemos que a divisão do PS não foi feita pelo Manuel Alegre. Fê-la Soares e fê-la Sócrates.
O Jorge Coelho devia estar adoentado, sabe-se lá de quê, quando fez o tal apelo.
É um democrata, tem uma carreira política, não isenta de erros, certamente, mas louvável.
Falta-lhe aquela centelha que dá carisma, coisa importante num político.
Não esquecemos que a divisão do PS não foi feita pelo Manuel Alegre. Fê-la Soares e fê-la Sócrates.
O Jorge Coelho devia estar adoentado, sabe-se lá de quê, quando fez o tal apelo.
Boa análise embora tenhas menosprezado um dado essencial. O repto do dr. Coelho conseguiu mobilizar o PS. Desde aí não voltaste a ver o Soares sozinho. Dará frutos? Provavelmente, não..
Confundes [posso tratar-te por tu, oh RPS?! que eu nem sei quem é... Juro!] eleições legislativas com presidenciais... Tirando isso, bela análise [lamentalvelmente, Manuel João Vieira não é candidato].
Enviar um comentário
<< Home