31.3.05

 

Sem palavras



Estamos nós perante o que estes nossos amigos fazem. Obrigatório.

 

bravo bravo

É o que apetece dizer à Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão pela programação da Casa das Artes. E sobretudo pelo excelente Festival Tímpano.

 

Agenda-adenda (4)

Mais novidades esta semana, via BLITZ, com estas cartas de recomendação:

- Memorizem o rótulo - "new weird america". Mais um para arrumar alguns discos . O ponta de lança é Devendra Banhard.O primeiro nome do Sudoeste.Em Agosto, a 5.

- Em Vilar de Mouros, vamos ver Joss Stone. Uma boa oportunidade para ver como se safa em palco a voz branca da soul. No fim de Julho.

- Confirma-se o rumor? Franz Ferdinand poderão mesmo tocar em Alcochete a 25 de Agosto. Dois conselhos - arranjem bilhete cedo e levem repelente. Para os mosquitos do estuário, claro.

- Mark Kozelek é mais um bom nome para a agenda. 25 e 27 de Maio, em Famalicão e Lisboa.

Pela blogosfera, se soube também de um concerto a não perder - American Music Club, Lisboa e Porto, 22 e 23 de Maio.

 

A Chuva Pasmada (I) - (dora pê)


Chuva em Pemba - madalas.blogs.sapo.pt


"Estremecemos aflitos: a chuva tinha perdido o caminho. Acontecia à água o que sucede aos bêbados: esquecia-se do seu destino. Um bêbado pode ser amparado. Mas quem poderia ensinar a chuva a retomar os seus milenares carreirinhos?"

Mia Couto

30.3.05

 

PSD/CDS/PCP (RPS)

Parece que sim, mas ainda não se sabe de ciência certa se Rui Rio é, de novo, candidato à Câmara do Porto.
Se for candidato, não sabemos se ganha, mas a coisa está-lhe a correr bem: o seu mais fiel vereador, Rui Sá, acaba de apresentar a candidatura.
Sim, a Câmara do Porto tem funcionado graças à coligação PSD/CDS/PCP. É só uma constatação. Este post é curto, não há tempo para traçar um juízo.

 

Direito à Relutância ao Direito ( RPS)

Não gosto de advogados. É uma aversão que nada tem de minoritária. E não origina problemas no relacionamento que mantenho com vários amigos advogados. Aliás, alguns pagam-me na mesma moeda.

Também não gosto de Direito. Porque fiz “científico-naturais” no Secundário, o meu único contacto académico com o Direito foi no primeiro ano da ESJ, graças à cadeira de Introdução ao Direito e Direito da Comunicação Social. Só a jovem docente era apetecível e só ela constitui a única boa recordação desse meu mergulho no espaço jurídico.

Serve isto para chamar a atenção para a entrevista do advogado Rodrigo Santiago, à revista Pública do último domingo, dia 27. Vale a pena ler. Fica uma citação do causídico:
“ (...) juízes, Ministério Público, advogados. Não são todos iguais, como é evidente, mas, no fundo, são poucos os que gostam de Direito”.

Se nem eles gostam, vou eu gostar?!

28.3.05

 

Bandeira



Quase seis da tarde. Letras grandes, das que impressionam pela relevância, brevidade e actualidade, agitam-me o ecrã.
Terramoto ao largo de Sumatra. 8.5 de magnitude. Richter ? Vamos perceber. Tsunami ?É bem possível.

Rodopiamos pelos corredores entre a redacção e os estúdios. Falamos com quem sabe ler gráficos tremidos. Com quem socorreu na zona. Com quem sentiu sapatos descolados do chão de Banda Aceh. A antena absorve, mastigando. A rádio tenta ser um monitor possível da crise.

Sabíamos das dificuldades telefónicas. E da madrugada que se desenhava nesse fuso que treme que Deus assusta.
Normal é o pedido de desculpas da Reuters Jakarta, num very polite "very busy".
Normais os gravadores de chamadas na ONU, na Cruz Vermelha, nas missões religiosas.

Mas no nosso ingénuo engenho, não colocaríamos a nossa máquina diplomática na lista das anormalidades. Pois demorou pouco tempo.

- A menina sabe que horas são ? É meia-noite. Ligue para o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
E pumba. O diplomata de serviço em Banguecoque desligou a jornalista que queria saber se a costa estava a ser evacuada, quantos portugueses estão na Tailândia, ou uma caganita informativa como, porra, senhor funcionário, tremeu-lhe o rabo ou a gelatina não lhe chegou às socas ???

Vou abreviar nos palavrões e na eventual difamação, que é de facto tentação.

Direi apenas que por azar ou incompetência, os funcionários pagos pelo Orçamento Geral do Estado Português - cujo dever é usar de diplomacia em todas as diligências - foram mais uma vez apanhados.

O embaixador estava de férias. Que raio tem a Tailândia que não dá para passar dois períodos de férias consecutivos ?

O que ficou - que nos atendeu e que não quero sequer nomear - ficou a guardar a bandeira e a cozinheira, esta célebre por salvar a Pátria.

Os cadáveres de Phuket, esses montes de carne humana infecta que se amontoam sem BI, lá estão igualmente sem sinal dos oficiais portugueses. Os restos de gente também têm direito a nome e funeral.
Quem lá encontrou finalmente um traço de ente, afiou o dente para atacar a inexistente diplomacia portuguesa. A crer nos relatos, incapaz de viver com o nojo.E sem máscara para a tragédia.

Meia hora depois do senhor que nos atendeu ter informado a jornalista do excelso fuso horário do sismo, o serão animou-se com a promessa socialista de proceder a um levantamento dos portugueses na região. Foi o mesmo Ministério que nunca reconheceu que uma portuguesa tinha sido encontrada 3 meses após o desastre.

Em Banguecoque, nestas noites sem patrão, o Xanax pode adquirir-se em qualquer casario com bandeira à porta. As Necessidades são o que são. Mas nem tudo está perdido. Meia hora depois, já sabíamos de dezenas de portugueses na Tailândia. Pena que tenha sido o vice-cônsul de Macau a revelá-lo. Afinal podia escrever-se, à mão, uma carta com linhas direitas, com os pés assentes num chão de palmeiras demasiado tremelicantes.

Massajada. Banguecoque foi apenas e só massajada.
As almofadas tailandesas já não se impressionam muito. Já viram muito trote e galope.

 

mourinho - o mouro judeu (dora pê)


Posted by Hello
Só mesmo um treinador beligerante para árbitro entre israelitas e palestinianos.Ao pé dele qualquer falcão ganha ...lã.

26.3.05

 

Estou quase conformado... (RPS)

Está aí o novo Código de Estrada.

Para “Padrinho Oficial” do novo Código, o governo encontrou a pessoa certa: um jovem-velho secretário de estado, o tal que chorou na tomada de posse. Um tipo de aspecto seboso e boçal. E que se leva a sério de mais – o que lhe augura um grande futuro nos tempos que correm.

O novo Código é um disparate. Não era necessário mudar nem agravar nada. Bastava aumentar a fiscalização efectiva nas estradas e nas vias públicas urbanas (pois é: mais polícia, mais meios... despesa, despesa...) e introduzir a obrigatoriedade de pagamento imediato das coimas (que palavra horrível...) e multas.

Mas, nestes tempos em que reina o espírito do proibicionismo, não há nada a fazer. E eu estou quase conformado. “Quase” porque há um ponto em que, na verdade, não me conformo: isso de obrigar as crianças até aos 12 anos de viajarem amarradas em cadeiras próprias. Na minha infância, passei horas de viagem, juntamente com as minhas irmãs, de joelhos no banco traseiro, voltados para trás, a dizer adeus ao carro que nos seguia. A esmagadora maioria das vezes éramos correspondidos, o que nos fazia sentir verdadeiramente recompensados. Dói pensar que as gerações que aí vêm nunca sentirão o mesmo.

23.3.05

 

Ignorância futebolística (RPS)

A cena passa-se numa conhecida e concorrida loja de um conhecido e concorrido centro comercial do Porto.
Vítor Baía dirige-se à caixa, sorri... A novata também sorri (e que sorriso...):
- Boa tarde...
- Olá, boa tarde...
Vítor pousa os artigos comprados.
Ela regista e diz a quantia a pagar (não sei o valor exacto, sei que não era nada de muito elevado).
Ele entrega-lhe, então, o cartão de crédito. Conhecedor das regras do espaço - e com a humildade dos grandes campeões – Vítor avança também o Bilhete de Identidade.
Ela rejeita:
- Não, não vale a pena... Consigo não é preciso BI...
- Obrigado... Vejo que gosta de futebol...
- Não... Por acaso não gosto nem ligo nada a futebol... Mas conheço os jogadores que vão à selecção...
Ela não percebeu o sorriso amarelo dele.

NOTA FINAL (para Vítor Baía, se por acaso visitar o fadofalado):
Foi mesmo ignorância futebolística da minha amiga. E só há uma conclusão a tirar: não é preciso ir à selecção para ser reconhecido.

22.3.05

 

Não faças um Erasmus, Sócrates


No teu cargo, já chega de fugas para a boa vida.

21.3.05

 

Agenda-Adenda (3)

17 agosto - Pixies de regresso a Paredes de Coura , segundo o JN.

9 abril - Nicola Conte em Lisboa

30 Setembro - Sheila Jordan em Angra do Heroísmo.

 

um governo sobretudo verde - notas iniciais

Antes que comece o verdadeiro estado de graça, queria desfazer-me de algumas notas sobre Sócrates e a sua gente.

1. O chefe tentará provar que não é fotocópia. No estilo de sempre - lançando projectos que sejam de certa forma simbólicos de uma vontade política. Mas atenção, reflorestar não é plantar eucaliptos. Olhemos pois para as raízes e não para as copas.

2.O chefe olhará para o lado e descobrirá um gémeo. Caramba!, o Costa é um duplo do Sócrates.
Teimoso e muito pragmático, mais talentoso no verbo. O pacto foi muito bem urdido, até na forma como foram abordadas as razões que até agora terão afastado o homem dos holofotes. Costa sabe muito bem o que vale em Portugal.

3.A Coelho, o chefe entregou o partido e a quadratura do círculo. E a alma está no pacote ?

4.O maior problema de Freitas não será a relação com os americanos. Com franqueza - Washington está-se borrifando para o homem. Em D.C., Portugal é visto como um menino crescido e caladinho que só chateia a família quando deixa crescer um bocadinho o cabelo. O que é muito muito raro. Gama foi lá dar explicações sobre o chefe. Nada há a temer.

5. Tirando isso, Freitas fará no Governo o que quiser. Será incómodo se disser o que pensa, mesmo em circuito interno. É bom que o chefe saiba o caminho de Seteais. De resto, com Freitas no Governo, a poupança é garantida em pareceres jurídicos.

6. Sobre Ambiente, escreverei mais tarde. O resto, o resto logo se vê.

20.3.05

 

A massa cortada em 3 partes facilita a digestão ?

.

Uma dúvida que me assalta sempre que penso no Processo de Bolonha.

 

não estava torto o chão não estava não torto não estava


Falar de flamenco é coisa muito delicada aqui na casa. Há leitores assíduos deste blog para quem o assunto é sagrado. Não para mim, certamente, que recuso comentar as belezas do Flamenco-dança. Simplesmente porque não gosto muito e nem sequer sei apreciar tecnicamente.

Daí que não falarei sobre o bamboleo deste rapaz, Tomasito, o cantador/bailador que Chano Dominguez trouxe na sexta-feira a Lisboa para estremecer o tablado do Arco do Cego. Foi um dos homens da noite.

Outra coisa é a vertente musical. Desse flamenco, rasgado à guitarra, ah isso eu gosto.
Concedo que, a solo, um bailador pinta uma parte fundamental do quadro. O ritmo cadenciado é uma marca furiosamente repetida contra o chão. É uma música/dança de desafio, de curvas, extremamente ligada à terra. E portátil.

Ora como transportar uma fogueira de guitarras, palmas e botas para um palco institucional, em versão bateria, contrabaixo e piano? Pois há muito que estava para ver como era o flamenco deste outro senhor.



Chano Dominguez, pianista de Cadiz, ficou-me com a barriga a três quartos na Culturgest, na sexta-feira.

Quanto ao estilo, nada a dizer - gosto destes pianistas totais, que percorrem todas as oitavas a que têm direito, brancas e pretas, martelando como quem baila. E, oh, como dançava o pé direito de Chano...

Ora, o quarto de barriga que Dominguez me ficou a dever remete para um problema chamado "síndroma Quaresma" - uma irreprimível vontade de fazer várias fintas sobre uma matriz que podia ser mais bem trabalhada.

Começa-se no flamenco, depois passa-se pela salsa, mais uns rodriguinhos rítmicos a dar passagem para o samba (cujo balanço anda perto do flamenco) e depois a coisa resvala perigosamente para a confusão (a irmã feiosa da fusão).

Atenuante - a abordagem apaixonada da Música e a anarquia transbordante da alma latina. É por aí que o jazz anda nesta formação de Chano. Todo aí, uma vez que não o encontrei nos swings que desenhou sem especial convicção - um grupo de grand-hotel na América Latina faria o mesmo...

O que, bem vistas as coisas, também não é um elogio a menos.
Nos halls dessas geografias - em regra - não é justo atirar sobre o pianista.

19.3.05

 

a coisa começa a ferver...

A agenda de folgas e férias tem umas adendas que vamos aqui actualizando periodicamente.

1. Ainda não vi isto anunciado, mas Chilango Power deixou a nota - Hasna El Becharia estará em Mértola no Festival Islâmico de 19 a 22 de Maio. Alguém pode confirmar ?

2.Antony and the Johnsons - Aula Magna - 31 Maio

3.Feist /Jesse Harris - Forum Lisboa -9 Maio e Hard Club a 10 de Maio.

4.Para quem gosta - Duran Duran - 24 Maio - Coliseu - aposto que vai esgotar num fósforo ! 70 milhões de discos vendidos depois, andam a receber Lifetime Achievement Awards em todo o lado.

5.Esquecimentos - Joshua Redman, Don Byron e Roy Ayers vão à Casa da Música entre 12 e 15 de Maio.

5. Rumores ou talvez não - Gilberto Gil provavelmente em Julho em Lisboa e Porto, Dave Holland no Festival de Jazz do Porto em Outubro. E se calhar vamos ter mais grandes pianistas em Lisboa...

17.3.05

 

Agora sim..este país está uma seca (dora pê)

Há um jardim nas traseiras da minha casa. Diz que é Primavera e bem podia já ser Verão. A relva fresca, os pássaros loucos, as árvores estreiam um verde novo e até um vizinho passou a tarde na varanda a trabalhar sem camisa - para o pré-bronze e para a pré-gripe. Não fossem as minhas costelas todas alentejanas e diria que isso da seca é uma curiosidade de noticiários à espera do Governo. Mas as costelas não se convencem e continuam a apertar-me os pulmões.

O Instituto da Água limita-se a catalogar a coisa: “severa”, “extrema”, tantos por cento disto e daquilo, se calhar era bom medidas de emergência e tal, talvez abrir mais furos ou assim.

Na peugada de cada relatório os agricultores relatam o massacre das laranjas, juram que já perderam os tomates e dizem que a chuva, mesmo que voltasse não seria perdoada. O que os desespera agora é a seca de subsídios que Bruxelas parece segurar com as nuvens no mesmo cofre sem chave.

Bem sabem os primeiros “bifes” no Algarve que neste país as laranjas e os tomates são iguais aos deles, há muito importados de terras que nem sabem onde ficam. Qual seca? Nem sinal de falta dos líquidos preferidos, os “portuguese wine & beer”. E os “green” do golfe que não podiam ter outro nome? E depois que país com um mar deste tamanho e que pessoa virada só para ele é que consegue pensar em securas?

Sábios pensamentos diria… não fosse o tal aperto das costelas. Para centenas de povoações no sul do país a falta de água é contemporânea antiga do Verão. Mas não conheço ninguém que se lembre de haver furos secos nesta altura do ano, e também noutros interiores do país.

O que me preocupa as costelas todas alentejanas é que nas cidades grandes os sistemas de rega automática não param em jardins públicos e privados, não param todas as noites os trabalhadores camarários que têm por tarefa despejar oceanos na lavagem das ruas, as descargas de suiniculturas não vão parar sem disfarce para os esgotos, as celuloses não poderão parar que também são postos de trabalho, o turismo algarvio é imparável mesmo que se fure clandestinamente a terra para manter viçosos os campos de golfe.

Por estas e muitas outras, para muita gente neste país, a seca nunca sairá da televisão, nunca lhes entrará pela vida dentro. A não ser que…

A não ser que..numa destas quintas-feiras seja possível conciliar duas banalidades. Fazer coincidir uma avaria na Epal de Lisboa que corte por algumas horas o fornecimento de água à cidade..e a disseminação de um vírus de desarranjo intestinal. Depois era só acompanhar esse mesmo conselho de ministros ou essa mesma sessão parlamentar..e esperar, pouco, pelos tais planos de emergência nacional, pelas tais campanhas para a poupança de água. Temo no entanto que a declaração nacional seja de “stress hídrico” e receita seja afinal a distribuição nacional e gratuita de calmantes em pó nas torneiras…dos hipermercados (para poupar).

 

Se não fosse Hector Henrique...(MV)

“A coisa foi assim: eu arranquei atrás do meio-campo, do lado direito; pisei a bola, rodei e passei entre Beardsley e Reid. Nesse momento, foquei a baliza, embora ainda estivesse longe. Com um toque para dentro, passei pelo Butcher, e foi a partir desse momento que Valdano me começou a ajudar, porque Fenwick, que era o último, não vinha para mim! (...) Enfrentei-o, fintei para dentro e fui por fora, a descair para a direita... Fenwick deu-me um pontapé terrível! Eu continuei e lá tinha o Shilton à minha frente (...) Fiz assim, o Shilton engoliu a finta, engoliu-a... Então cheguei ao fundo e fiz tac, para dentro... (...) Eu tinha feito o golo da minha vida.


No balneário (...) o Negro Henrique, que estava a tomar duche, aproximou-se e disse-me: ‘Muitos elogios para ele, mas se não tivesse sido o meu passe, ele não fazia o golo.’ O filho da puta do Negro! Tinha-me passado a bola na nossa área!’”

“Eu sou El Diego” - Diego Armando Maradona (Oficina do Livro 2001)



Já que se introduziu aqui o tema da bola, aqui fica o meu caso. Lembro-me relativamente bem do Mundial 82, mas bem melhor do México 86, cuja mascote era uma malagueta com um sombrero e um grande bigode chamado Pepe. A respectiva caderneta também a tenho e completa. Nunca vi Pelé nem Eusébio a jogar. Vi Maradona jogar em Alvalade, quando o Nápoles jogou com o Sporting para a Taça UEFA. Não tenho dúvidas em dizer que foi o maior de sempre. O golo que Maradona marcou à Inglaterra em 86 é daquelas coisas que fazem as pessoas apaixonarem-se pelo futebol. Tinha 11 anos na altura. Fiquei agarrado. Mas se não fosse Hector Henrique a passar-lhe a bola...

 

É emoldurar ! (dora pê)

Instruções:


DATA : Sábado, 12 de Março de 2005

NÚMERO : 50 SÉRIE
I-A

Nota: Este Diário tem o Número 50-A


EMISSOR : Presidência
da República


DIPLOMA/ACTO :
Decreto do Presidente da República n.º 18/2005
(Rectificações)

SUMÁRIO : Exonera do
cargo de Primeiro-Ministro o Dr. Pedro Miguel de Santana Lopes


PÁGINAS DO DR
:
2168-(2) a 2168-(2)

TEXTO :

Decreto do Presidente da República n.º
18/2005 de 12 de Março

O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 133.º, alínea g),
segunda parte, da Constituição, o seguinte:

É exonerado do cargo de Primeiro-Ministro o Dr. Pedro Miguel de Santana Lopes.

Assinado em 12 de Março de 2005.

Publique-se.

O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.

Só lamentamos que mesmo assim o homem consiga sair na Imprensa Nacional e ainda por cima da (única) Casa da Moeda.


16.3.05

 

mudanças

Isto mexe mesmo com gente.

Um autarca sai do poleiro. Para o seu lugar entra um desempregado da popularidade. Uma mulher que eu cá sei não aceitou um lugar no Governo. Outra que eu sei cá para lá vai, embora para serviçal bem paga. Uma terceira que lhe seguiu os passos abre vaga para um regressado às lides.

As nossas agendas mudam.
O x passa a z, há números que se apagam, gente sai para o anonimato ou reentra na nossa barricada.A amizade e o ódio são pormenores que parecem resolver-se de domingo para segunda.

Continuaremos a ladrar diariamente,
"horariamente ". E mordendo a seu tempo nas canelas dos elevados à potência possível nesta terra. O monstro que mexe com (a) gente.

 

que saudades...

.

Bruno Conti, o novo técnico do Roma, era um furacão. Uma seta que fez furor sobretudo no início dos anos 80. Aqui na final de 82 contra a Alemanha, onde fez uma assistência para o Altobelli marcar o terceiro golo. Tinha 27 anos. Fez no domingo passado 50. Uma curiosidade - adivinhem o nome do treinador que foi campeão italiano nessa época com a Juventus....


 

Agenda para férias e folgas

18 Março - Chano Dominguez - Culturgest
23 Março - Warsaw Village Band - Forum Lisboa
23 Março - Mão Morta - Aula Magna
24 /25 /26 Março - Josephine Parker -Porto/Famalicão/Lisboa
31 Março - Vinicius Cantuária - Forum Lisboa

1 Abril -Nicolette - Maus Hábitos - Porto
7/9 Abril - Festival Intercéltico
12 Abril -Einstürzende Neubauten - CCB
12/13 Abril - Tuxedomoon / Famalicão / Forum Lisboa
14 Abril - Abertura da Casa da Música - Porto - Clã + Lou Reed.
24/ 25 Abril - Rufus Wainwright - Coliseu Lisboa/Coliseu Lisboa

6 e 7 Maio - Laurie Anderson - Teatro Nacional São João
20 Maio - Nitin Sawney - Coliseu Lisboa
27 Maio /4 Junho - Fausto - CCB/Coliseu Porto


Já agora, para marcarem bem as férias...

Julho

9- Festival do Meco
27 - Pop Dell'Arte - Forum Lisboa
28/29/30- Festival Musicas do Mundo - Sines
28/29/30- Festival de Vilar de Mouros

Agosto

4/7- Festival Sudoeste -
14 - U2 - Alvalade -Lisboa (para quem conseguiu, ou gosta, ou teve sorte, ou...)
17/20- Festival de Paredes de Coura


e mais tarde...

22 Out -Brad Mehldau - CCB
Outubro - Kimmo Pohjonen

 

Uma boa notícia

Beck ao vivo em Milão no dia 21, às 22 horas - directo na MTV.
O novo disco "Guero" vai ser tocado - será que vai aparecer o Jack White, dos White Stripes ?

 

os lábios do esquiador


Dave Douglas diz que compôs Mountain Passages, de encomenda e em tributo.

Pediram-lhe música para tocar em montanha a uma altitude entre 9 e 12 mil pés. E ele compôs a pensar no pai montanhista. O disco ainda não o ouvi, mas pelo concerto é uma belíssima escalada.

No CCB, no sábado, DD mostrou que é possível contemplar o campo a partir da cave de um arranha-céus. Projectou avalanchas, depois o silêncio, o vento, pássaros, o susto dos engarrafamentos na auto-estrada para a neve.

Pitoresco o quadro de Douglas, um careca de óculos na trompete, mais um sax tocado pelo gémeo do Augusto Santos Silva(chama-se Michael Moore acreditam?), um cello albanês (Rubin Kodheli) e dois absolutos craques - Tyshawn Sorey, um baterista piece of cake-tás na boa que toca como quem respira, sempre de cabeça levantada a desmarcar os parceiros, e que mostrou como se faz música com uma garrafa de Serra da Estrela. E ainda Marcus Rojas, o mais impressionante intérprete de tuba que eu já vi.

Um dos candidatos a concerto do ano nas minhas listas. Mal posso esperar por Chano Domínguez, daqui a poucos dias - concertos em Lisboa, dia 18 e Aveiro, dia 17.

15.3.05

 

Em Novembro, Parlamento (RPS)

Santana Lopes regressa à Câmara de Lisboa.
Será que em Novembro o teremos no Parlamento ?
É gajo para isso.

 

Um dragão de balde e esfregona

Luigi Del Neri acaba de sair do AS Roma. Mas não por incompetência - foi uma rescisão por mútuo acordo. Curioso é que a Roma vai para o quarto treinador da época.

E o Porto, também ?


Sinceramente acho que Couceiro não tem unhas para aquilo. Nem armas tácticas nem psicologia para mandar numa equipa com o perfil do FCP.

Em vez de lacrimejar sobre um naufrágio, ensaiando um discurso moralista de olhos marejados, o homem devia ter ofendido a mesa com um murro. Dizer-se envergonhado com os jogadores ou então consigo mesmo.

Um técnico hoje vive muito do famigerado "ascendente " sobre os jogadores - Mourinho enfeitiça qualquer um, por exemplo.


Couceiro devia ter percebido o que queria dizer Pinto da Costa com os elogios directos a Jorge Costa quando Fernandez foi corrido. O José bem tenta ganhar a simpatia das vacas sagradas do balneário. Mas só vai vencer quando as afastar com a cumplicidade do chefe máximo.

Pinto da Costa sabe bem como se fazem as coisas. Basta lembrar estas palavras : Fernando Gomes, Octávio e Madeira.

Não tenho dúvidas que - a médio prazo - o Porto precisa de uma limpeza de balneário. O mesmo balneário que despediu Del Neri e Fernandez e que fará a folha a Couceiro. Mas só em Julho. E, a bem do Porto, é bom que não vá sozinho.

14.3.05

 

A complexidade de um isósceles (RPS)

Um serão familiar. Várias pessoas. Digestão e sofá...
Atenção dividida entre conversas cruzadas, leitura distraída de jornais e revistas, duas crianças de um lado para o outro e um concurso televisivo.
O concorrente baqueia perante o nome da capital de um país distante. Em casa, a maioria sabe. “Ignorante”, “nabo”, “burro”... Não sei se foram estes os exactos termos, mas andou por aí.

Semanas depois, o mesmo quadro, algumas das mesmas pessoas, outro concorrente no écran. Era uma concorrente que mostrara já algum conhecimento em várias áreas. Mas ela sabe lá o que é um triângulo isósceles ! Não sabe e claramente não quer saber nem se importa. O apresentador também acha normalíssimo. Em casa, alguns também acham. “A mulher não é professora de Matemática!”...

Se fosse uma capital de um país recôndito, ninguém desculpabilizaria com o facto da mulher não ser agente de viagens. A concorrente decerto mostraria algum incómodo. O apresentador, então, não resistiria a um tom ligeiramente reprovador: “então, Maria do Céu?... Ai, ai... “...

É chocante a ligeireza com que se encara a ignorância do mais básico da matemática, da geometria, da trignometria...
Não é grave ignorar o que é um triângulo isósceles? Não fazer sequer a mínima ideia do que possa ser?
Não é mais óbvio saber isso do que ter na ponta da língua as capitais do Laos, do Belize e de Madagáscar?...

13.3.05

 

vocês sabem lá : o poder é um wc para homens




"[as mulheres] não sabem a dificuldade que é formar um governo " (Sócrates, citado pelo Público, 12.3.05)

 

se isto vos der jeito para conversas de café...

O Iraque tem 7 ministras no novo Governo e 31% de representação feminina no Parlamento. Ah ... E na página 73 do seu caderno de promessas, o engenheiro Sócrates comprometia-se a reforçar "a participação política das mulheres em todas as esferas de decisão, cumprindo o artigo 109º da Constituição".

 

dizer mal.(es) (dora pê)

é bom. desabafar. mas não significa que seja de facto mau (ou tão mau) aquilo de que dizemos mal. dizer mal é como tomar um café quando se está ensonado só de se ter acordado há pouco tempo. é verdade, mas relativa, temporária. faz parte de ser assim, é como erguer uma bandeira de outro país qualquer sem se querer emigrar nunca para lado nenhum. é na maior parte dos casos (e sei do que falo que me chamam "mafaldinha") querer só que as coisas sejam melhores, porque se acredita, e mais, porque se sabe que falta tantas vezes tão pouco para sermos melhores. é só por saber, com o verbo inteiro, que seremos o que quisermos e somos preguiçosos, temos de ser detonados. movemo-nos a pouco menos que pólvora.e porque vivemos isso em silêncio secreto só nos movemos por vezes se questionados até ao fundo, à esssência, naquilo que para os outros é suposto sermos os melhores. vai daí fazemos um pequeno,mas por ser único, gigantesco esforço contra a inércia e defendemos só a cadeira onde achamos que temos lugar guardado para a eternidade.tem de ser uma questão de vida ou de morte. não temos meio termo porque isso implicava um trabalho (atenção) diário, mais, quotidiano.é como dizer mal do próprio filho. só entre amigos por sabermos que nos perdoam, sobretudo que nos compreendem por sermos avós e netos dos filhos deles.

11.3.05

 

Madrid, 11 de Março ( RPS)

Há um ano, os espanhóis preparavam-se para dar uma vitória eleitoral a um partido. Aconteceu o que sabemos e deram-na a outro.
O verdadeiro vencedor não foi o PSOE nem Zapatero, mas sim o Terrorismo.
Não gosto do sr. Bush, discordo de muitas das suas políticas e opções. Como muitos de nós (a maioria) também embirro com a sociedade americana, detesto fortemente muitos dos sues tiques e manias.
Mas a grande diferença entre o 11 de Setembro e o 11 de Março é que, ao contrário dos espanhóis, os americanos, não tiveram medo.
Por vezes, os americanos são melhores que nós.

 

Pia House Recording Sessions

O jornalista que se queixou do roubo de cassetes com gravações ilegais ligadas ao Processo Casa Pia é o autor da notícia " Serra Lopes apanhado a gravar audiência".

Só para olhos experimentados.

 

1975: um repórter no surrealismo



Usavam-se assim os cabelos. Longos e revolucionários, no que restava da careca.
O Adelino seguiu para o Ral-1, por dica de agitação.
Consta que a RTP transmitia a TeleEscola no momento em que vários aviões sobrevoavam o quartel. Mas a grande cena do 11 de Março português é esta.



Diniz de Almeida e o capitão dos para-quedistas descobrem que são mandados pelos mesmo patrão para a operação. Não terá sido bem assim mas para a posteridade, a imagem conta muito.

Hoje podemos encontrar quase tudo aqui.A verdade é que, 29 anos antes do 11 de Março em Madrid, colocou-se igualmente em Lisboa a velha questão - revelar ou esconder a verdade.Em 75, a RTP também filmou tudo, com os meios que tinha. Mas não transmitiu logo.Houve uma projecção privada da reportagem - o argumento da proibição da peça era a perturbação da ordem pública. Seria emitida pela noite.

Com os cabelos diurnos de Adelino Gomes.

Fotos: Arquivo RTP

 

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo



Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa

(Sophia de Mello Breyner Andresen, Coral, 1950)

 

insónia

Burburinho interior, raios partam o parafuso da cabeça
Num gato ouve-se uma sirene
Bem que gostava que fosse um sino de igreja

Ao menos seria campo e não cidade
esta cama que me revolta.

10.3.05

 

Até uma ateia se arrisca à conversão (dora pê)



é música aos meus ouvidos sequiosos. cai dos beirais numa nota de fabulosa monotonia. já chove. pouco mas certo como o juízo essencial. até me apetece chover também. obrigada a todos os que achamos que fizémos alguma coisa por isto.somos hoje deuses porque acreditámos.

 

Upss...(dora pê)

Algo correu mal no meu último post.

Achava que com coisas sérias é que tem graça brincar. "Alguéns" no norte de África parecem não saber... e juntaram à nossa cadeia a deles que já deve estar velhinha..o resultado...vem na Reuters.

"Sahara rain kills three in the desert

ALGIERS, March 9 (Reuters) - The heaviest rain in decades

hit Algeria's Sahara desert killing at least three people while

four others are still missing, state media said on Wednesday.

Floods and landslides destroyed dozens of houses and shut

some key roads in the Amguel area deep in the Sahara province of

Tamanrasset 1,900 km (1,200 miles) south of the capital, an

Algerian civil defence official told state radio.

"The toll is three dead, and we are searching for the four

missing," the official said. Government newspaper El Moudjahid

said it was the worst rain to hit the area in 45 years, but did

not give any rainfall figures.

REUTERS"

(Quem não sabe de links caça com aspas)

9.3.05

 

palavras que eu amo (2)



Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

(Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto, 1962)

8.3.05

 

8 de Março, data importante (RPS)

Mais um 8 de Março.

Mais um aniversário de Teófilo Cubillas.



Nasceu há 56 anos.
Foi dos homens que vi jogar melhor futebol.
Nas Antas, onde esteve três anos.

RPS


7.3.05

 

Golaço! (RPS)

A definição é de Filipe Escobar de Lima. Está no Público de hoje, na crónica do Belenenses-Sporting. É sobre Hugo, o jogador que “faz tudo bem até ao momento em que não pode falhar”. Grande golo !

 

Memória virtual (2)

Há dez anos, Portas e Monteiro :

1.Elogiavam Freitas do Amaral

"Quando em 1975, os fundadores do CDS apresentaram ao país o seu programa político, fizeram-no com a coragem política que exigiam aqueles tempos especialmente difíceis da democracia portuguesa. "

2.Faziam previsões quinquenais

"a discussão sobre o federalismo europeu dominará a próxima década."

3.Não estavam preocupados com trotskistas a poucos votos do PP e davam luta a moralismos

"Já não há necessidade de um discurso ideológico, mas tem nova pertinência o combate de valores numa vida política dominada por agentes tecnocráticos e conceitos de moral. "

4.Sobre o SNS e companhia, diziam

"Já não faz tanto sentido consagrar o direito universal aos bens sociais como a saúde, a educação e a segurança social; (...) está em causa a transformação do homem da terra em pensionista forçado. "

5.Não queriam ser governo, apenas plebiscitar doutrina

"É um programa de valores, não é um programa de governo. Esta diferença é importante: pretendemos começar pelo princípio e estabelecer um corpo de doutrina. "

(passagens do Programa Eleitoral do CDS-PP em 95)


 

Chover (dora pê)

Vai daí estou cheia de coragem
Vou desafiar o destino!
Se chover dentro de 3 dias...até limpo o frigorífico.
Já não aguento! E ainda vou mais longe: se chover torrencialmente perco a cabeça de vez e até sou capaz de entregar o IRS a tempo.
Junte-se a esta cadeia. O céu não pode esperar.

 

Viva a Madalena! (RPS)

Foi um episódio menor da campanha do PSD: a cançonetista Simone de Oliveira abandonou com estrépito um jantar de Pedro Santana Lopes com várias “personalidades da cultura”, suas apoiantes.
Alegou a senhora que sempre foi do PS e que nunca pensou tratar-se de um jantar de apoiantes, mas antes de um encontro de cariz exclusivamente cultural.

Como diz o meu amigo António Cardoso da Conceição, no seu blog, “pela pequena cabecinha da senhora não passou sequer esta pergunta óbvia: se se tratasse de um jantar de gente ligada à cultura, a que propósito é que ela seria convidada?”...
Não tenho memória das rivalidades entre Simone de Oliveira e Madalena Iglésias. Mas sou pela Madalena.


(já agora: enquanto o JPF, primeiro tenor deste fadofalado, não coloca o link, deixo aqui o caminho para o blog do Cardoso da Conceição:
questao-dos-universais.blogspot.com)

RPS

 

Memória virtual

O Secretário-geral do PP ( CDS ??) revelou-nos que hordas de jovens pretendem aderir ao partido. É caso para perguntar em que mesa de voto se inscreveram - terão idade para votar ?

Ora os jovens, na revelação de LPMS, terão alegadamente apresentado um quadro de "ataques de pânico invertidos"( a expressão é minha) ao esbarrar na foto de um dos seus fundadores.

Mais fácil seria rasgar de vez a palavra CDS.
PP é mais moderno e sempre faria jus ao seu fundador único - Paulo Portas. O problema é que teriam de rasgar também a foto de Manuel Monteiro, não é ?
E por que razão o próprio Secretário-geral do Partido não assume responsabilidades e avança para a liderança, em nome da renovação ?

Porque, meu caro Mota Soares, se quer limpar as aranhas no Caldas, sugiro que vá mesmo à rede enquanto tem tempo. Na página do CDS, podemos ver que Freitas afinal não foi riscado da lista dos presidentes, com direito a foto ou mesmo da história do partido.

E se Lucas Pires fosse vivo e permanecesse um lúcido deputado eleito pelo PSD, o que faria o PP ao seu retrato ?

Mota Soares e a actual liderança do PP querem orgulhar-se do passado construtivo e responsável do CDS. Pois então talvez seja melhor lembrar aos mais novos que em 76, Freitas valia nas urnas o dobro de Portas em 2005.


Se Freitas é hoje de esquerda ou centrista - a questão é muito interessante.
Mas enquanto Freitas pode bem com o seu curriculum, já o partido de Mota Soares convive mal com o seu lastro democrático. Será que Mota Soares e os jovens que alegadamente fazem fila no Caldas se reconhecem nesta foto de 19 de Julho de 1974, dia em que o CDS foi apresentado como partido ?

 

As gravatas pagam menos porte que os retratos

Uma vez no Algarve, estava um calor escaldante, a Televisão faz-me uma entrevista. Eu estava de camisa de Verão, sem gravata evidentmente. Sabe o que aconteceu ? Uma chuva de cartas a dizerem que parecia da UDP! E mandaram-me duas gravatas pelo correio (...) As pessoas têm a necessidade de alguma dignidade no poder.

Freitas do Amaral, entrevista a Maria João Avillez, Expresso, 27/10/1979.

4.3.05

 

E que tal ? (RPS)

O Carlos Magno diz que o Vitorino vai ser candidato a PR.

E que tal um confronto Vitorino/Ferreira Leite para Belém ?...

 

Tralha (RPS)

Parece tralha guterrista a mais - Alberto Costa, Santos Silva... Lacão ??!!Nos corredores do Rato, dizia-se, há uns anos, que a ocasião faz o Lacão.

 

O Artista, os Jeans e o Alentejo

Lembro-me bem desse arrebatador e abarrotado concerto de Beck há quase 7 anos no Coliseu de Lisboa.

O homem estava em grande forma e tinha uma sala linda, cheia de gente maluca. A nossa atenção dividia-se entre o palco - onde começava a dar cartas DJSwamp - e uma grua mecânica que a MTV instalou para gravar o espectáculo. Não sei se há por aí bootlegs disso...

O homem é uma surpresa constante .Dois anos depois, num mês de Março, esgotaria novamente o Coliseu, para um concerto que faz amanhã 5 anos. A meio do show o rapaz começou a improvisar uma canção com esta letra:

Take off your pants
Take off your pants for a little while
Let your thighs feel the breeze
Let your hair grow out a little bit on your legs

Take off your pants
Your pants, your pants are tired
Your pants have been worn out all day
Give your pants a rest even if it's just five minutes
Let your pants just blow in the wind


Beck justificou-se com a surpresa provocada pela visão dos estendais de roupa lavada em Lisboa. A provocação foi um grito da plateia (deve ter sido uma gaja!) - "Beck, take off your pants". Antes de improvisar, atirou - "Tira tu as calças!".


Claro que logo um piratinha sacou a música num gravador e decidiu fazer um cd próprio que talvez se encontre na Net.

A capa que ele desenhou foi esta:




No ano seguinte, voltou para um concerto em versão Festival. Foi Vilar de Mouros onde estreou uma canção - Bad Energy -que só repetiu mais duas vezes ao vivo. Até hoje pelo menos. Mas foi no Sudoeste que o tipo fez mais estragos. Pelas minhas contas ele esteve lá duas vezes.


Numa dessas vezes, DJ Swamp já fazia números muito batidos, mas a banda de Beck estava mais sónica que nunca. O tipo terminou o concerto trepando as torres de som, com toda a banda simulando uma situação típica de acidente rodoviário. O guitarrista deixava-se cair e uns tipos disfarçados de maqueiros iam tirando os músicos do palco que já estava entretanto enfaixado com aquelas fitas "do not cross - emergency scene". Tenho a impressão que isto foi depois do 11 de Setembro.

Já em 2003, o rapaz teve que esperar horas e horas para entrar em palco.
Lembro-me que o povo estava completamente estafado. Tinha levado com a Beth Gibbons num intimismo num palco onde só uma pessoa conseguiu deslumbrar nesse registo - a própria, com os Portishead.

Era muito tarde, mas ninguém quis ir embora sem ver o génio. Acho que o tipo percebeu que tinha que levantar poeira. De repente, o homem passou-se. Fez um dueto com o Badly Drawn Boy e depois um medley com músicas de Justin Timberlake, Beyonce e os Queen !

O próprio Beck registou no seu diário:

:::::: 08.11.03: somewhere in europe pt.2 ::::::

we played out in the middle of nowhere at an all weekend festival in portugal tonight. beth gibbons played before us. completely haunted. there were about 25,000 people watching her and it was 2 in the morning.
I ran into damon, badly drawn boy. saw him last at a radio station in sydney where he was very kind and warm. he was playing solo around euro festivals and had no band or crew except for a tour manager. instead he brought 10 friends along to imbibe the summer sounds.

it can get strange and remote out on the road, to blow everything off and just drag out all your mates is amazing. and rolling 10 deep is almost hip hop in its numbers. (does 10 auxiliary people around you at all times qualify as a posse?) at the end of his set he brings them all out to do hand claps on one song. my dream band--solo guitar and voice, with 10 handclappers. can I throw a valet in there as well?

backstage I was attacked by a praying mantis. we played till 4am in the morning. 25,000 people all jumping and chanting soccer songs. they clap along flamenco style over here, even to lost cause. damon came out and did a duet with me of an old tune, puttin it down. again the clapping.


Foi o diabo no Alentejo às quatro da manhã !

 

Um rumor assumido...



Ouvi a gente muito bem informada que Beck Hansen - um dos génios da música pop - regressará a Portugal ainda este ano.

Só espero que não se repita a palhaçada dos bilhetes dos U2.

3.3.05

 

Nunca mais vou ver este filme! (dora pê)

Há muito que aprendi a preferir filmes sem "óscares" - nome de cão com trela - e este tinha uma data de bonecos.
Gosto de achar que os críticos de cinema são pessoas muito diferentes de mim, felizmente, e este tinha uma mão cheia de estrelinhas unânime.

Odeio boxe desde os nove anos e poucos meses (altura em que apanhei o primeiro tareão dos meus coleguinhas no pátio da escola - vingança cobardolas de todos os que até aí me tinham permitido fazer o gosto ao dedo na modalidade).
Pior ainda é que só podia vê-lo hoje num cinema à porta de casa que faço questão de detestar. Neste caso, excepcionalmente, detestei também confirmar que tinha razão.

Primeiro foram vinte minutos de publicidade como em casa. Mais vinte minutos (já com o filme em andamento) a ver entrar a companhia que mais temo neste sítio fechado. Bandos de adolescentes que se engasgam geralmente com as pipocas nos momentos em que eu choro + bandos de velhotes que ressonam ou atendem o telefonema da filha nas partes em que eu rio. Depois o filme calou-os a todos e aos meus resmungos pensados em voz muito alta. E foi filme..filme..filme.

Reencontrámo-nos muitos na escada rolante, debaixo da luz e da musiqueta arrepiantes dos centros comerciais. Eu com os olhos turvos e inchados virados para a ponta das botas, eles, os adolescentes, a discutirem os socos da besta azul em risos histéricos, eles, os velhotes, delirantes por terem ambas as pernas e uma vida de súbito muito longa pela frente.

Irrepetível, por isso nunca mais vou ver este filme.

dora pê

2.3.05

 

Ao que chega um povo depois de velho… (por Dora Pê)

Já fomos aventureiros quando desarranjámos os mapas, depois fomos melancólicos mas ainda chorávamos a cantar, agora somos deprimidos e…consumimos medicamentos.

Cada vez consumimos mais, e mais que qualquer outro povo, anti-depressivos, tranquilizantes, indutores de sono. Mesmo assim estamos mais tristes e deprimidos que os outros. Só por isto já estamos curados. Temos nova lição a dar ao mundo.

À nossa própria custa fornecemos a evidência que faltava. Que a industria farmacêutica não tem falta de imaginação, nem vergonha. Que por serem genéricos e mais baratos os medicamentos saem sempre caros. Que os médicos não têm tempo nem interesse. Que os farmacêuticos contornam a lei com argumentos do género: “por nós ninguém é infeliz por falta de receita.” Que afinal os jornalistas ainda podem trabalhar quando os principais fornecedores de notícias, partidos e governos, estão ausentes, cada um algures entre o seu próprio passado e futuro.

Provamos assim aos cépticos mais modernos e aos mais antigos toxicodependentes que a tristeza e a infelicidade, como a alegria e a felicidade são químicos de fabrico exclusivo da empresa de estar vivo. E que a fórmula tem pelo menos um segredo: para ultrapassar uns e conquistar outros é proibido acordar dopado.

Dora Pê.

 

A tia chegou - com a sua camioneta de paixões...

Ela acaba de se mudar para cá. Aos poucos há de trazer os seus livros e as memórias das várias latitudes onde mora este espírito rebelde. É com muita honra que recebo aqui neste bairro a minha amiga Dora Pê, a primeira mulher da residência.

Um olhar único sobre nós e os outros.

 

Coisas da Matemática - a explicação para o estranho algarismo que temos a seguir ao nosso número do Bilhete de Identidade (por RPS)

Já se ouviram as explicações mais estapafúrdias. Mesmo hoje, quatro depois de Jorge Buescu ter explicado. Já agora: Jorge Buescu, físico e matemático, professor no Técnico, compilou uma série de crónicas que escreveu na revista Ingenium, da Ordem dos Engenheiros, num livro intitulado O Mistério do Bilhete de Identidade e Outras Histórias, edição da Gradiva, colecção Ciência Aberta. Vale a pena ler. Aconselhável, principalmente, a quem reage com urticária à Matemática...

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