30.12.05

 

Passagens de Ano (RPS)

Tinha quinze anos quando passei a minha primeira passagem de ano fora de casa, numa qualquer festa com amigos. Mas desde esse ano até este devo ter passado a maioria das passagens de ano em ambiente familiar, por casa.
Não gosto de passagens de ano. A maioria das vezes são uma seca. Por acaso, este ano estarei em Lisboa e não conto com seca. Lá estarei, porque o JPF (o patrão do Fado Falado que, como bom patrão, não faz nenhum por aqui...) se meteu em empreitadas. Mas vai sair-se bem, como sempre acontece nestas ocasiões.

É. Não gosto de passagens de ano nem atribuo grande importância simbólica à mudança de um ano para o outro. Na verdade, passa o ano e no dia seguinte estamos, de novo, na rotina.
Embora completamente afastado de qualquer ambiente, ritmo ou estrutura estudantil, continuo a funcionar numa lógica de calendário escolar. Para mim, o ano muda no final do Verão, a seguir às férias grandes. Mesmo que as férias sejam só quinze dias e no regresso tudo continue na mesma.

Comments:
Entra com o pé direito.

FT
 
Idem. Não suporto o frenesim do Ano Novo, com toda a gente histérica. Aliás, de há uns tempos para cá passo sempre em casa, para evitar a sensação de sufoco e de estupidez crónica.É quase como acreditar no Pai Natal...
Tanto entusiamo for what?
 
Diz Zekez Carvalho: espantoso! Este post resume exactamente o que sempre pensei sobre passagens de ano e o que deveria ser o real início do ano (em 1 de Setembro, claro. Estamos na mesma onda RPS, como sucede no ódio ao sol inclemente, às praias apinhadas, à areia que se cola às pernas, ao calor em geral, ao Mário Soares e ao Júlio Iglesias (me fallaran los nervios...).
 
Faz como eu, começa a comemorar as passagens de dia!
Todas as meias-noites menos 10'' começo:
9
8
7
...
 
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RECEITA DE ANO NOVO
Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

FELIZ 2006, Santa.
 
Compreendo o que sentes! De qualquer maneira, faz por te divertir!
Abraço!
 
Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar, que daqui para diante vai ser diferente.



Carlos Drumond de Andrade.
 
Ola Fadistas!!!!!

RPS, eu também nunca compreendi a euforia associada à passagem de ano... nem consigo imbuir-me no espírito da coisa.
Felizmente o meu Mr. Big já ultrapassou a fase boémia e passamos o fim de ano só os dois, na varanda do hotel, com uma garrafa de champanhe e muita filosofia à mistura...

Abracicos!
 
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