31.5.05

 

Este homem afirma ter mais cinco discos prontos

.

Esta foto de 1980 diz respeito ao Festival Eurovisão da Canção onde José Cid ficou em 7º lugar com um "Grande Grande Amor".

O instante está perpetuado num dos mais fascinantes sites que eu conheço e que, juro, gostaria de ter criado. Parabéns ao http://festivais.home.sapo.pt/.

 

Ó pa trás... (RPS)

Que o meu amigo JCS me desculpe pela abordagem de temática rodoviária. O enfoque, contudo, é radiofónico.

Nos últimos tempos, ouço frequentemente na Informação de Trânsito a expressão “formar fila para trás”. Tipo: “...há um acidente ao km. 17 do IC-29, sentido norte-sul, a formar já fila para trás...”.
Não foi um lapso em antena, coisa que eu bem entendo e desculpo. Ouço a expressão amiúde, o que me faz supor que está a virar moda.

Também já notaram ou será cisma minha?

 

Paredes de Coro

.
Photo: Nowadays/EscritacomLuz.com

 

BelaVista Social Club

Há algumas semanas perguntei aqui pelos gostos musicais de Marques Mendes. A pergunta, faço-a, pelo menos desde há uns 12 anos. Eu e o meu amigo Norberto embarcávamos neste achincalhamento privado do cavaquismo – que, para o registo, ainda que simplista, era uma época onde se pregava a compostura pela frente (o “bom aluno” da Europa) enquanto nas traseiras eram criminosamente apropriados milhões de contos para o desenvolvimento do país. Mas enfim… o homem aí está de novo, estático e estadista.

Ora, eu sempre achei que um homem político deve de facto ter um mínimo de gosto artístico. Não é essencial – por exemplo, Carrilho deve ter engolido a Estética que Carmona não provou, mas isso é absolutamente irrelevante para decidir o meu voto.

Um político pode não ser sensível às letras, mas ao menos que saiba um pouco de música. E que tenha bom gosto.

Julgo não cometer uma inconfidência se vos disser que há um ano Santana Lopes insistia em ver Tina Turner com as pernas ao léu no próximo Rock In Rio. Já Durão Barroso gostaria de ter Tom Waits na Belavista.

“Um registo mais intimista”, dizia ele, “porque não ?”e sem parar, “Os Outkast são também uma fusão muito interessante, os meus filhos ouvem e eu também gosto”.

Entrei em estado de choque e fui beber.
A noite ia demasiado alta, de facto.

30.5.05

 

A vingança do capachinho vermelho

Vencimento do Presidente da República - 7049 Euros

Vencimento do Presidente da Câmara com 10 mil ou menos eleitores - 2819 Euros

Vencimento de Fernando Gomes na Galp - 15000 Euros

 

Um top detestável



Os ouvintes da Virgin Radio escolheram as dez melhores canções britânicas de sempre. Uma vergonha ! Onde estão os Radiohead, os Divine Comedy, os Joy Division, David Bowie, os Suede, os Blur...sei lá quem mais...

 

Uma chapada bem merecida

Reservo para mais tarde uma opinião sobre a essência do Tratado Constitucional Europeu.
Mas este "Não" é uma chapada merecida na arrogância e não só francesa.

A União Europeia tem avançado por impulso das elites, sempre impondo factos consumados aos europeus, argumentando com o perigo do caos.

É óbvio que a Europa não acaba com a rejeição de um texto complicado, pouco debatido pelos cidadãos.
Mas lá está - mesmo sem avaliar os benefícios e defeitos do tratado - o que conta é a claríssima oposição a um "modus operandi" baseado na soberba política e na chantagem eleitoral.

Última nota: Os franceses foram em massa ás urnas - 7 em cada 10. Ao menos lá há paixão. Porque cá não estou a ver uma participação dessas para um tema europeu. Pulido Valente tem razão: não está no espírito do mendigo.

 

Alheados, claro... (RPS)

25 países negociaram um Tratado.

Alguns destes países fizeram depender de uma consulta referendária a ratificação do Tratado.

Os países onde vence o SIM, aderem ao Tratado. Os países onde vence o NÂO ficam de fora, saem do grupo, vão-se embora.

A lógica das coisas impõe que seja assim. Que fosse. Como não é, esta coisa não tem qualquer lógica. Logo, a generalidade das pessoas “está-se nas tintas”.

Em linguagem politicamente correcta diz-se “o eleitorado mostra-se, lamentavelmente, alheado do processo de construção europeia”...

29.5.05

 

You should be here

.

Bernard e Ian já não se encontram para ensaiar há 25 anos.Mas eles continuam juntos.

"You should be here, Ian" gritou o New Order do seu palco com vista para o Tejo, numa noite em que se atacaram "Love will tear us apart", "Transmission" e "Atmosphere". Até Moby tocou Joy Division. Até dá para perdoar a gaffe da noite a Bernard Sumner - "Long life Columbus !".

A foto é de 79 e está aqui.

 

Love...

... Again.



 

Cantado esta noite junto ao Tejo




Radio, live transmission
Radio, live transmission

Listen to the silence, let it ring on
Eyes, dark grey lenses frightened of the sun
We would have a fine time living in the night
Left to blind destruction
Waiting for our sight

And we would go on as though nothing was wrong
And hide from these days we remained all alone
Staying in the same place, just staying out the time
Touching from a distance
Further all the time

Dance, dance, dance,
dance, dance, to the radio

Well I could call out when the going gets tough
The things that we learned are no longer enough
No language, just sound, that's all we need know,
to synchronise love to the beat of the show

And we could dance
Dance, dance, dance,
dance, dance to the radio

 

Em que chão meu pé dançante

Não gosto nada de festivais de música nas cidades. Não honram o rock com pó. Não arejam a electrónica com pinheiros.

Lamente-se então o fim do Festival do Meco. Foi a vitória do comodismo, de quem na Grande Lisboa não quer andar muito para dançar boa música. Adeus filas de carros, adeus brigadas de trânsito, adeus areia, adeus ranho negro ao fim da noite.

Fiquei com óptimas memórias do Meco. Sobretudo do ponto de vista pessoal. Mas também não esquecerei o recital electrónico de Bjork ou o emergir dos Thievery Corporation.

O Tejo é lindo. Mas não tem areia e pinheiros.

27.5.05

 

Se o país esteve esta sexta-feira meio parado...

... imaginem se o Governo tivesse decretado tolerância de ponto.

Para fazer gazeta, o povo não precisa do Estado.

 

A magia do coletinho (JCS)

Faz por agora um ano, que os Portugueses aderiram de corpo e alma ao Euro.

A face visível desse apoio ainda por aí anda, embora esfarrapada pelas janelas e varandas deste país: A bandeira de Portugal, descorada, apodrecida, orgulhosamente pendurada até ao fim da resistência do último fio.

Um ano depois, os portugueses voltam a mostrar que estão unidos. Desta vez em torno do colete reflector.

Eles andam aí, pendurados nos bancos da frente de cada carro. Verde e Rosa choque, a servirem de capa.
Depois da pulseira metálica com duas bolinhas na ponta que curava o reumatismo, o mau humor, e até aliviava as bolsas; depois das capas para os bancos do automóvel em palhinha, ou com bolhinhas de ar, para curar todas as maleitas da coluna; eis que surge o milagroso colete reflector.

É uma dor de cabeça. Cada vez que ultrapasso, penso que quem está a ser ultrapassado é da brigada de trânsito da GNR. Eles lá vão, todos contentes, a dormir em cima do volante, sem mexer o pescoço, protegidos com o coletezinho, que brilha no escuro, imunes ás asneiras que fazem na estrada.

Eu também tenho o meu colete. Empacotado de origem, respeitando a tal norma XPTO da nossa Europa colorida a 25.
Está guardado na bagageira do carro. Ao contrário de muitos portugueses, nem quero saber se me fica grande, se a cor é bonita. Tal como os air-bags da minha viatura auto-portante, só espero nunca ter de o usar.


PS: Parabéns JPF. Este é um blog democrático. Descobri pelos comentários ao post “Amnésia Rodoviária”, que há quem leia o Fado Falado sem os mínimos conhecimentos do mundo da Internet.
Só assim se compreende que “inteligentes anónimos” escrevam sempre em maiúsculas. Alguém lhes pode explicar porque razão não o devem fazer?

 

Aldrabão, mas a montante (RPS)

Ouço por aí muita gente indignada com as medidas de austeridade aprovadas pelo Governo. Vociferam que “o Sócrates, afinal, é um aldrabão”. Argumento único: ele prometeu não subir impostos e não cumpriu.

Sócrates é um mentiroso, claro, mas não o foi agora. Foi-o na campanha eleitoral.
Foi mentiroso quando fez a promessa e sabia perfeitamente que iria ter que aumentar impostos.
Foi ainda mais mentiroso quando disse que decidiria sobre o prolongamento – ou não – da idade da Reforma (que, na minha opinião, até deveria ser aos 70 anos) depois de realizar estudos. Ele sabia que ia prolongar o limite de idade e que nunca faria estudo algum porque, aliás, seria inútil.

De um politico, acho bem mais suportável uma mentira ou um rol de promessas incumpridas do que “chico-espertices” que são uma tentativa de me tomar - a mim eleitor - por parvo. Foi o que Sócrates andou a fazer em Fevereiro. Isso é me indignou. Agora, não. Fez o que tinha fazer.

 

Ordem nova na tasca do careca



O carequinha que este fim-de-semana regressa a Lisboa já serviu elixires muito diferentes. Vi Moby há uns bons 7 anos no auto-denominado "Rockódromo das Antas", ou seja, o campo de treinos do FCPorto nas traseiras do saudoso Estádio das Antas.

Na altura, o rapaz não era esta espécie de porta-estandarte de um peace & love espacial. Quando Moby entrou para o palco, já Jarvis Cocker se trejeitara todo em nome dos Pulp e o Nick Cave arrasara o povo, tendo inclusivé decidido mergulhar no fosso dos fotógrafos, mesmo em cima da Cristina Pinto (que saudades do Super Cock !!).


Estava a maralha, cansada, estendida num tapete que salvaguardava a relva de treinos portistas quando entra esse careca que na altura era um apóstolo hardcore na electrónica. A coisa foi de tal forma fulgurante que a PSP do Porto decidiu cortar a corrente eléctrica, alegando barulho a mais.


Se amanhã a cena se repetir, devo dizer que pouco me importa. O Super Bock deste ano vale muito pelos New Order, em cuja linhagem me revejo. O meu contacto inicial com os rapazes deve-se a um programa desportivo da RTP. No Troféu, apresentado pelo José Falcão, o Blue Monday era um tema que ilustrava imagens de tudo e mais uma coisa.

25.5.05

 

Lucidez entre a insanidade (RPS)

Fiz bem em meter as mini-férias.Como é quase impossível um isolamento total, chegaram-me ecos difusos de24-36 horas de insanidade geral. Graças a várias medidas preventivas que tomei, foram só ecos difusos.

Como já esperava - e acabo de verificar - também houve algumas repercussões aqui em casa, mas aos amigos perdoa-se tudo. Até o facto da encenação à volta do déficit (triste papel o do Governador Constâncio...) ter passado incólume a veia crítica de JPF e JCS (Dora Pê terá ficado pelo Yémen?...).As mais recentes críticas políticas aqui em casa zurzem Jorge Sampaio e Durão Barroso, por sinal, dois dos raros tipos decentes do cenário político nacional na última década. Voltarei a este assunto.

De regresso ao clima de insanidade geral do fim de semana e do início desta, apraz-me registar que houve quem escapasse. Como um Anonymous que passou por aqui e disse:

Um tal Padre Borga - famoso pela prática Pastoral da Galhofa e Festarola - apresentava-se, esta manhã, no seu programa televisivo da RTP, de camisola do Benfica.Devendo o sr. Padre Borga obediência ao Sr. Bispo de Santarém, não estaria na hora de Sua Eminência Reverendíssima mandar o pároco tomar conta do seu rebanho na paróquia de que é responsável, no Entroncamento?

Há gente sem cara nem nome, mas com muita lucidez.

24.5.05

 

Uma Excelência de Conteúdos

Sua Excelência apresta-se para completar um desastroso segundo mandato em Belém.

Sua Excelência autorizou que os sucessivos governos se matassem de culpas mútuas pelo défice.

Sua Excelência deixou que o Governador fosse o fiador do Regime. A suposta autoridade infalível devia em primeira instância ser o Governo.

Sua Excelência acha que nem todos os politicos são maus. Mas como não conhece os que são bons, não acertou nos timings de dissolução. E tornou-se num factor invisível de instabilidade, por falta de pulso - em 9 anos empossou 4 chefes de Governo, tendo os últimos dois aparecido por influência da arbitragem.

Sua Excelência não vetou o que devia ter vetado - os Orçamentos de Estado ruinosos, para começar. Teve medo das crises institucionais e agora diz-se preocupado.

Sua Excelência decide agora o inimaginável. Fazer campanha por um dos lados numa consulta popular. O que mais faltará ver no Canal Presidência ?

23.5.05

 

Para trautear tacteando




Que saudades eu tenho
De tuas carícias
Malícias
Delícias
Tuas mãos
Navegando meus caracóis
Loiros de mil sóis
Tua língua
Lambusando minha boca
Louca
Pouca
Teu corpo
Meu corpo



Aparta-os um comboio
Infernal
Maquinal
Sempre igual
Viagem dantesca por subúrbios
Carregados de distúrbios
Morte grotesca
De toda a volição
Emoção
Paixão
Teu querer
Meu querer

.


Sonho alucinado
Com um cataclismo
Malabarismo
Autoclismo
Capaz de destruir toda a distância
Quanta ânsia
O definitivo emergir de nossos desejos
Ensejos
Gracejos
Teu sentir
Meu sentir




Aparta-os um comboio
Infernal
Maquinal
Sempre igual
Tuas mãos
Navegando meus caracóis
Loiros de mil sóis
Tua língua
Lambuzando minha boca
Louca
Pouca
Teu corpo
Meu corpo


CARÍCIAS MALÍCIAS é uma canção dos Mão Morta, editada no álbum homónimo de 1988 (Ama Romanta) e reeditado em 98 pela Norte Sul. A letra é de Adolfo Luxúria Canibal, a música de Zé dos Eclipses.

As fotos são de Tyla, LASP e João Caetano Dias para Escritacomluz.com

 

Eis algo que Mourinho não conseguiu

Nem Mourinho, nem Camacho, Heynckes, Autuori, Manuel José ou Artur Jorge conseguiram ser campeões no Benfica nos últimos 11 anos.

Não que ele não estivesse "absorvido" : ( "O Benfica absorve, a dimensão social do clube é comparável à do Barcelona, para se ser profissional sem limites tem de se viver «à Benfica»."_in Mais Futebol, 2000).

Simplesmente as birras por mais dinheiro - que apenas repetiu com Abramovich - eram de uma dimensão social incompatível com esse profissional sem limites.

 

Bons augúrios

No ano seguinte à Taça dos Campeões que o Madjer, Futre e Juary fabricaram para o Porto, o Benfica foi à final da mesma competição. E se acham que o Benfica tem pernetas, lembro-vos que só perdemos nos penaltys com jogadores muito piores.

Miguel não é melhor que Veloso ?
Simão compara-se a Pacheco ?
Elzo era melhor que Petit ?
Um Shéu em fim de carreira era melhor que o actual Manuel Fernandes ?
Magnusson e Rui Águas não podem ser mesmo Nuno Gomes e Mantorras ?

 

O meu clube abana um país

O vulcão acordou. Agora aturem-nos. Sobretudo os mais fanáticos.

Confesso que este foi o título que menos festejei de todos os que assisti no Benfica. Não gosto nada de fasquias baixas. Bem sei que os nossos adversários foram ainda piores, menos regulares.

Ainda assim acho que devo saudar o meu grande clube.

Afinal ainda abanamos um país pela noite. Pelo menos um país.

22.5.05

 

Provérbios comentáveis - 3 tiradas chinesas

Bom vinho, palavras sinceras

Um ano de querelas, dez de rancor

Depois de um grande ódio, fica sempre um pequeno ódio

 

De chinelos na porta da guerra

Para rematar um dos assuntos da semana , deixo-vos uma história que prova que o pior é mesmo não ter sandálias de jeito para escolher.

Uma semaninha depois do 11 de Setembro, embarquei em serviço para o Paquistão. É uma terra quente, pegajosa, suadinha. Boa para a Marisa Cruz fazer uma edição sobre spas...

Depois de muitas corridas para a fronteira noroeste - a de Peshawar - a certa altura achei ( como outros) que a única forma de entrar no Afeganistão era pelo Sul, no Baluchistão. Voei para a cidade de Quetta num avião quase vazio (quem é que voava nessa altura?), para entrar nesse feudo taliban no Paquistão.

A guerra estava a estoirar. A malta estava toda controlada no Serena Hotel pelos serviços secretos, que nestes casos, assumem geralmente a forma de tradutores ou motoristas. Mas a partir de uma certa altura, a coisa começou a fartar e eu comecei a olhar com preocupação sobretudo para os meus pés de repórter.

Não sei como nem porquê, mas nem dois banhos diários e um calçado relativamente arejado impediram a formação de uma ferida que ainda hoje me afecta a palma do pé esquerdo.

Bom, estão a ver a coisa... a guerra a estalar, o passo seguinte era avançar para o Afeganistão e eu começava a coxear cada vez mais. A partir de um certo ponto, percebi que aquilo já não ia com curativos básicos e comecei a tomar um antibiótico de largo espectro que trago sempre comigo quando vou para esses sítios.

Mas só fiquei realmente preocupado quando fui com a equipa da RTP a uma simulação de hospital local. Comecei a ter suores frios com 40 graus lá fora... onde raio me vou tratar desta ferida feia ?

A resposta encontrei-a num hospital desmantelado, assim uma espécie de Hospital de Santa Maria para uma procura típica da Amareleja. O tipo que me viu fez uma cara feia face ao espectáculo do meu pé esquerdo. Poupo-vos os pormenores. Só vos digo que doeu um bocado e foi sem anestesia. Não havia...

A certa altura, percebemos que as autoridades e alguns fundamentalistas não nos largavam e as entradas no Afeganistão eram igualmente impossíveis. Fazer a guerra dali era não sair do hotel. E isso ninguém queria. Voei de regresso para Islamabad, ao lado de um mullah, não sem antes ter agredido verbalmente o pessoal do aeroporto local, que não foi capaz de me ajudar a carregar o material ou arranjar-me umas muletas. Confiscaram-me cerca de 20 pilhas, que tive o prazer de fazer voar contra um bidon mesmo nos narizes paquistaneses.

Eu já não conseguia andar quando cheguei a Islamabad. Já não sei a quem tenho de agradecer mas lá me dirigi por fim a um cirurgião militar que me garantiu que não era preciso cortar o pé, nem andar de muletas. Um antibiótico e lavagens de bicabornato eram suficientes. Só não estava preparado para a pior notícia.


No dia seguinte, tive que ir ao mercado comprar...

.

uns chinelos !!! (e não estes da foto...)

Resumindo, com o bicarbonato a pintar-me as unhas e um chinelo no pé esquerdo, este vosso amigo provocou alguns risos nos jardins da embaixada taliban onde o sr. Saeff desafiava o Ocidente em grandes conferências de imprensa, onde acabava quase tudo a rir.

Lá dizia o Olex - Um homem de unhas pintadas de chinelos num cenário de guerra não é natural...

21.5.05

 

Provérbios comentáveis

Dizem os árabes:

O homem é como o melão; é preciso apalpar mil para encontrar um bom.

20.5.05

 

Mini-férias (RPS)

Depois do meu penúltimo post - que me inspirou o último - acho que vou fazer umas mini-férias no fadofalado.Fiquei esgotado com tanta solicitação, uma onda que se estendeu muito para além dos "comments".

Pois é tendo em conta muitos dos comentários e outro tipo de reacções (algumas envergonhadas...) que pude recolher - nos "blogs do lado", em sms, e-mails, telefonemas e até presencialmente - deixo uma sugestão:
www.feetmag.com.br

Saudações blogueiras a todos!

 

Provérbios comentáveis

Dizem os árabes:

A mulher é como a abelha: ou te dá mel ou te pica.

19.5.05

 

Este senhor de Bruxelas vai decerto ajudar-me



Preciso de um helicóptero para ir no Domingo, dia 26 de Junho de Lisboa até ao Gerês, com regresso no dia seguinte de forma a entrar ao serviço às 14 horas.

Dado que o Arraial JellyJah passou para 25 de Junho, torna-se um bocadito apertado chegar a tempo ao Ermal para ver o Beck.

Não é preciso um helcóptero muito artilhado. Basta um daqueles que se utilizam para ir a ilhas privadas no Brasil ou daqueles que os magnatas gregos usam.

São só dois lugares, sff.

 

O inferno do desemprego (JCS)

Chegou ao fim um sonho, já em formato pesadelo. A vitória do CSKA, não me merece mais comentários. Nem a derrota do Sporting.

O país pode “adormecer” com estes episódios, depois de horas em filas de espera para comprar o “bilhetinho” para a “futebolada”. Agora sim, podemos voltar a pensar em coisas mais sérias.

Por exemplo que neste momento estão inscritas nos centros de emprego 412 mil pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

Num país onde por regra os patrões são maus e os empregados piores, não há volta a dar. E para os que dizem que “há tantos trabalhos por aí, os malandros não querem é trabalhar”, há sempre quem contraponha com um “por este preço, faz tu”.
Quem ganha e quem perde?

A propósito, o site do IEFP apresenta actualmente uma enormidade de 375 ofertas de trabalho. Consultei uma dezena no distrito de Setúbal, uma península cronicamente em crise, cronicamente por medicar.

Há quem ofereça 1000 euros a um engenheiro civil com experiência e carta de condução para dirigir obras (a oferta melhor remunerada que vi em Setúbal). Há quem ofereça 450 euros a um cozinheiro com direito a um dia de folga por semana, 40 horas de trabalho e “alimentação em espécie” (a pior remunerada).

Já agora, se perderam tanto tempo para comprar o “bilhetinho” para a “futebolada”, gastem 10 minutos e passem pelo centro de emprego da vossa zona.
Consultem os anúncios, e decidam qual o pior. É grátis. E ao contrário do Sporting-CSKA, a diversão é garantida.

 

A blogosfera enquanto ciência exacta (RPS)

O número de comentários a um post é inversamente proporcional à expectativa do autor do post sobre o número de comentários que o post vai ter.

 

Provérbios comentáveis - 1

O deserto é a única coisa que não pode ser destruída a não ser pela construção (origem árabe)

 

Sabiam assim tanto os antigos ?

Boa pergunta, acho eu. Certo é que nos moldaram.

De hoje em diante, trago-vos diariamente "provérbios comentáveis" de vários povos, com excepção do nosso. Foram literalmente roubados a um livrinho que o JJLetria compilou para a Editorial Notícias.

Nós aqui no FF vamos então recompilar pilhando.

 

O país dos intervalos da chuva

Pois é. Tão incensado que foi, o cuzinho da galinha afinal revelou-se borrado. Mas a culpa não é da fralda.

Hoje vivemos todos afogueados. A ansiedade - não o stress - é a doença do tempo. Já sabíamos que o povo sempre espera o pior. Mas os Media superam tudo com a sua mania dos cenários, das previsões, as antevisões, os foruns absolutamente inócuos, etc,etc.

Ontem tivemos uma overdose de parolismo jornalístico em torno de uma coisa que eu por acaso adoro - futebol. Ainda bem que existe o botão on/off. Porque chegámos a um ponto de paranoia que não tem pé.

A televisão que se diz de notícias e o canal pago pelos contribuintes, ambos gastaram pipas de massa para nos martirizar horas a fio com típicas informações de trânsito que no caso russo se resumem a isto:

"os russos afinal têm grana, estão no Alto de Santo Amaro, vão agora sair do hotel, já sairam, já chegaram, têm dois brasileiros mexidos, começou o jogo,1-0,1-1,1-2,1-3, ganharam os russos, Moscovo mexeu-se 3 graus para oeste e o avião vai voltar com os jogadores."

E sobre o Sporting ?

Ui, o serviço público que foi aquele senhor que assava sardinhas à beira do Centro de Alcochete...e o pobre do Morais cuja incapacidade física para actualmente meter um canto directo levou a uma montagem manhosa do editor de imagem !

Mas afinal a quem serve esta anestesia ?

Com mais de 416 mil pessoas sem emprego, temos muita sorte em não ter mais acesso a armas e gangs de vândalos efectivamente competentes.

Somos o país dos intervalos da chuva, onde a seca não se discute porque é indiscutível e não é possível culpar qualquer divindade pelas nossas trapalhadas. Caso contrário, abria-se já um forum e o Esteves enchia o directo com mais 10 minutos.

Perdemos a conta aos canecos de estroinice nesta democracia. Gastamos sempre mais do que podemos e geralmente em prol de um nada - uma vaga, não é RC?

Por defeito, procuramos dar outra roupa à velha questão:

-Sr. País, como se sente ?
-Não me chateie. Meta-se na sua vida.Vá ver se chove ali na esquina.

 

Volto sempre a isto. Sempre.

A heart that's full up like a landfill, a job that slowly kills you,bruises that won't heal. You look so tired-unhappy, bring down the government, they don't, they don't speak for us.I'll take a quiet life,a handshake of carbon monoxide, with no alarms and no surprises, no alarms and no surprises, no alarms and no surprises, Silent silence. This is my final fit,my final bellyache, with no alarms and no surprises,no alarms and no surprises,no alarms and no surprises please. Such a pretty house and such a pretty garden. No alarms and no surprises, no alarms and no surprises, no alarms and no surprises please.

18.5.05

 

Pés (RPS)

Li num blog um post em que o autor confessava ser amante de pés.
Deixei lá um comentário apressado que retomo agora, aqui, para dizer que não sou amante de pés e que já identifiquei a razão: a maioria das mulheres tem pés feios, horríveis.

A evolução da espécie ainda não tratou convenientemente deste assunto.
Não podemos, nós, humanos, ser responsabilizados por isso, muito menos as pobres vítimas deste mal tão disseminado.

Mas o que eu já não entendo é o sentido de pudor de tantas mulheres, incapazes de ousar num decote ou na altura de uma saia, mas disponíveis para exibirem pés horrendos, deformados, tortuosos, em sapatos abertos ou sandálias. Como se nada fosse.

Vá a gente entendê-las.

17.5.05

 

Another goodbye

Os que acompanham a música nos jornais habituaram-se a ler as prosas críticas do Fernando Magalhães. Jornalista que faleceu por paragem cardíaca aos 50 anos (50 anos !).

Há mais de uma dezenas de anos que ele escrevia no Público, onde me habituei a lê-lo, sobretudo numa fase em que ele escrevia sobre world music e música mais alternativa nas linhas pop, rock e electrónica.

Era um tipo que não escondia os seus ódios musicais, vertendo humor e corrosão.

São muito tristes estas partidas tão subitas de pessoas, sobretudo ainda com esta idade.

Mas se as lembramos desta forma é porque alguma marca deixaram.

 

Eu sou do CSKA de Moscovo (RPS)

Alguns dos meus melhores amigos são do Sporting.

O Sporting desta época não me é particularmente antipático. Sim, há o Dias da Cunha, eu sei, mas esta equipa do Sporting fez alguns bons jogos e tem alguns jogadores que gosto de ver jogar, casos do tão falado Moutinho e do menos falado Carlos Martins, um tipo que joga bonito.

Estavam, assim, reunidas todas as condições para que amanhã me sentisse solidário com a família leonina.

Estavam, até sábado à noite. O que se passou no estádio da Luz é imperdoável.

É imperdoável a atitude do treinador que foi lá jogar para o zero-zero. Peseiro é uma nódoa. Um adjunto de um medíocre só pode ser um medíocre. Entra para a História porque nunca um treinador tão mau chegou tão longe.

Imperdoável, também, a atitude de Liedson no jogo anterior, procurando o amarelo que o afastasse do jogo da Luz. Ele quer é jogar a final da UEFA, fazer um jogão, marcar dois golos e conseguir um mega-contrato lá fora. Isso é que é importante para ele. Benfica-Sporting e Campeonato português só é importante para “portuga”. Liedson é mais um exemplar dessa corja de malandros que são os futebolistas brasileiros. Pior do que a das alternadeiras. Que essas ainda se esforçam e dão tudo.

Imperdoável, finalmente, a prestação do guarda-redes do Sporting. O protegido de Scolari deu mais um frango monumental num momento decisivo. Como na final do Europeu.

Ricardo lembra-me Zé Beto: consegue umas flores, mas não tem categoria para manter um nível elevado durante muito tempo.

Aliás, basta olhar para a cara de Ricardo ou ouvi-lo falar para perceber que se trata de um indigente mental. E um indigente mental não pode ser um bom guarda-redes: será sempre um jogador da bola com algum jeito para a baliza.

Peseiro, Liedson, Ricardo: antes de entregarem as faixas de campeão ao Benfica, mandem para Alvalade, para estes.

Eu sou do CSKA de Moscovo.

 

Aliterações Climáticas


photo:Luxuria Canibal/Escrita com Luz


Não vos parece estranho, tipo estrume castanho,
este tempo,
este tampo de algodão,
que ora chão, ora tecto, "que horas são sr. arquitecto?"

este campo não vos parece branco,
de neve serrana, deve ser Ana a bater o queixo na Torre
e a Margarida na Caparica
uma tostando e tosquiando,
outra esquiando.

Não vos parece imundo
o mundo ?

E não é tonto
tanto sobretudo no braço
com este caloraço ?

 

Achtung Jelly People

Chamo a vossa atenção para este anúncio

16.5.05

 

Verão – palavra mágica todo o ano (JCS)

Li o teu post, e já sonho com as manhãs quentes, as tardes tórridas, o duche do início da noite, o jantar numa qualquer esplanada de Silves, cidade árabe no coração do Algarve.

Sonho com o cheiro a sardinhas na lota em Ferragudo, com os gelados em Portimão, com a frescura de Alte, com as praias de Lagos, Manta Rota, Tavira, com as águas azul-turquesa de Sagres.E com outras que não vale a pena mencionar, á esquerda do maltratado Carvoeiro.

Sonho com o cheiro a gasolina queimada na N125, com as invariáveis sandálias dos turistas; com as turistas que destilam na areia.

Sé peço que este Verão, não me incomodem com uma chuva de cinza na praia, que os fumos da co-incineração nacional (dos sobreiros ás amendoeiras, das azinheiras aos carvalhos, dos pastos e dos repastos) não tapem o sol.

Só peço que os “doentes” (pagos ou por pagar) não vejam nas televisões o rubro das chamas “do primeiro incêndio do ano”, do “único incêndio a lavrar até agora” do “Portugal em chamas”.

Vivam os velhinhos helicópteros Puma, a salvação nacional. Não se sabe como vão voar no futuro, quem os vai fazer voar, quem vai comprar os Kits (palavra mágica para o conjunto de que não sabemos o nome) para combater os incêndios. Sabemos que há esperança do verde sobreviver.

Senão no Verão pelo menos este fim-de-semana.

13.5.05

 

E se fossem abater os vossos quilinhos ?


 

Refugio



Anseio por essa praia agreste, já patinhada por William.
Quero mirar-te de viés, saborear Planalto ao som das chapadas marítimas.
Faltam dois meses para um dos últimos silêncios costeiros que ainda se encontram por cá.


Alheios a tudo...

 

Sem desculpa, sem perdão (RPS)

Fui ver A Queda.
Bom, francamente bom em todos os aspectos. Um grande filme.

Tendo por base aquilo que já sabia sobre aqueles factos, sobre aqueles dez dias finais no bunker de Hitler, o filme retrata bem a realidade.
Não consigo perceber como pode alguém ver no filme “uma tentativa de humanizar Hitler”, como já li e ouvi.

O filme relembra-nos uma verdade: que a distância entre a normalidade e a loucura, entre a civilização e a barbárie é muito curta. E que a fronteira entre os dois lados é muito ténue.

Não entendo, contudo, que isso possa desculpabilizar Hitler ou “branqueie” os seus actos. Como não podem ter desculpa ou perdão actos de muitos outros líderes políticos, de Estaline a Pinochet ou Fidel Castro.

Recordo-me de algo que é recorrente ouvir-se sobre a Guerra ou outras barbaridades - a pergunta “como foi possível acontecer?...”.

A pergunta certa é “como é que não acontece mais vezes?...”.

Mas quando acontece, não há desculpa.

12.5.05

 

Jellyjah Santo Já

É uma festa que não tem a ver com nada.Ou talvez com muitos de nós-cultores da moina.

Um novo santo popular irá emergir este ano, sob a forma de arraial na Caixa Económica Operária, 18 de Junho. Entre o Sto.António e o São João, uma nova efeméride assinalada com música exclusiva e uma bebida incluída. A do costume.

 

Amnésia Rodoviária (JCS)

Bastam uns quantos anos sem conduzir, viajar em carros de primeira com motorista, sem pagar gasolina nem revisões, para esquecer o que todos os portugueses sabem: que as estradas são uma miséria, a sinalização rodoviária terceiro-mundista, os agentes muito ciosos na aplicação da lei, os condutores Alain Prost do dia-a-dia.

Espanta-se quem vê os pés pesados tornarem-se leve ao lado dos subaru-bmw-radar, espanta-se quem vê na auto-estrada “carros pequenos” passarem a 150 kms por hora, ultrapassando em 30 (imagine-se) o código da estrada.

Espanta-se quem não fazia ideia de que os IC,s tinham tantos camiões, porque as auto-estradas são caras. Só quem já não paga do seu bolso nas portagens o pode fazer.

Espanta-se quem já esqueceu que nas campanhas eleitorais, (sem excepção para partidos ou candidatos) as caravanas rodam a velocidades quase impossíveis de acompanhar, com a vista grossa das autoridades. Espantam-se os políticos ou fazem questão de o esquecer?

Mas valeu a pena o esforço. Vale sempre a pena lembrar a todos, e em especial aos que andam em carros de primeira, que não pagam portagens nem revisões, nem circulam nos IC,s nem em estradas nacionais, que é um perigo andar na estrada. Os restantes já o sabem, só que sofrem de outro tipo de amnésia.

Só foi pena a caravana não ter “rolado” no passado fim-de-semana pelo Freeport de Alcochete.
A “viatura móvel da GNR” estava no parque de estacionamento. A multar quem estacionava mal.
Pedagogia? Não senhor, o que é preciso é mão pesada. Porque toda a gente sabe, é nos parques de estacionamento que mais se morre na estrada.

 

Nova aquisição

O Fado Falado abre as portas a mais um cronista, gente boa, livre e observadora. O José Carlos Silva passa a partilhar connosco histórias do dia-a-dia, desabafos, alertas, sugestões. Welcome Zeca !

11.5.05

 

Dúvidas sobre uma carta (RPS)




Sou admirador de D. António Ferreira Gomes.Lembro-me de quando comecei a gostar dele: foi logo após o 25 de Abril de 74.Até aí, sabia apenas que havia um Bispo que mandava nos padres e lá ouvia na missa "... e com o nosso Papa Paulo, o nosso Bispo António tornai-a perfeita na caridade....".

Tinha 10 anos no 25 de Abril. Um telefonema do meu Pai para casa, a meio da manhã, barrou-me a ida para as aulas, às 13.30. Apercebi-me, então, de que se passava algo. Lembro-me de perguntar "o que é um golpe de Estado?..." e de me terem respondido que era um bocado difícil explicarem-me.Sem deixar totalmente de fazer perguntas, comecei a procurar muitas respostas nos jornais. Era coisa que, aliás, nunca faltava lá em casa. Havia, diariamente, o "Janeiro" e diariamente também, à hora do jantar, o meu Pai trazia o "República". Por aqueles dias, entravam outros, variados, mas o JN com alguma regularidade.

Foi aí, por esses dias, nesses jornais, que comecei a ler declarações de D. António, artigos sobre D. António. Percebi que D. António tinha "uma história". Intuí que se tratava de um homem superior. O facto mais conhecido da biografia de D. António é, claro, o da carta a Oliveira Salazar e do consequente exílio. Essa história - então nova para mim - fez-me simpatizar de imediato com ele.Passada a fase conturbada de 74-75, D. António passou a ser uma referência menos frequente, mais rotineira. Nunca se pôs em "bicos de pés".Já trabalhava quando ele morreu e acabei por assistir a algumas celebrações na Sé do Porto, mas não ao funeral.

Volto a lembrar-me de D. António Ferreira Gomes porque começaram ontem as comemorações do centenário do seu nascimento. E ocorre-me, de novo, o pouco que, na verdade, sei e conheço sobre ele, sobre o seu pensamento e, muito em particular, sobre o "tal" episódio da carta.
Ocorrem-me várias perguntas, algumas delas "básicas". Afinal ele dirigiu mesmo a carta a Oliveira Salazar? Foi pelo Correio? Como chegou a São Bento? Salazar leu-a? Contaram-lhe?
D. António mostrou-a a outras pessoas? Salazar leu-a e agiu ou agiu apenas quando a carta se tornou pública? Quem a tornou pública? Com que intenção?Espero que ao longo do próximo ano, com as variadas iniciativas que se vão suceder até ao Congresso final sobre a vida e obra de D. António, em Maio de 2006, possa obter estas respostas. E muitas outras.
.

9.5.05

 

Haja coração !

Quero aqui prestar um grande tributo a alguém cuja paixão pelo futebol e pela rádio marcou decisivamente as minhas opções profissionais.

Para o bem e para o mal, muito para além do jornalismo, o Jorge Perestrelo colocou o seu coração nos nossos transístores.

A telefonia portuguesa deve-lhe muita da sua cor e ainda mais agora, quando o cinzentismo está de volta.

Com ele, aprendemos que um tipo do estéreo não pode ser um estereotipo. Da indiferença.

Até sempre Jorge !

 

Azevedo e Mourinho (RPS)

Ao verificar, agora, os dois últimos “posts”, lembrei-me de uma afirmação que ouvi - sim, ouvi de viva voz, fora da blogosfera - a Funes, el memorioso:
“O padre Carlos Azevedo é o Mourinho dos bispos portugueses”.

6.5.05

 

Um lobisomem português em Londres

É ele, Mourinho. E quem é Mourinho?

Um profissional de futebol que apresenta resultados. Ou seja, não se distingue dos melhores empregados da Microsoft. Está simplesmente ao nível dos mais produtivos trabalhadores do mundo.

É também o que se chama em futebolês um extraordinário "condutor de homens". Um pastor que saca tudo das suas ovelhas. É a sua capacidade de gestão das expectativas e desânimos dos futebolistas que o distingue.

E é aí que reside a admiração dos portugueses. Porque se os estrangeiros o estimam pela produtividade e coragem, os lusos gostam destes tipos neo-fascistas, que sugam os comandados em nome de superiores interesses - mais visiveis, os de um clube, mais terrenos, os da sua carteira pessoal.

Mourinho é o que vai na frente e isso não espanta.

Cerebralmente desbocado, ele expressa uma alegada arrogância, que mais não é que um teatro estudado para impressionar os de fora e motivar os de dentro.
Cientificamente preparado, Mourinho preparou a sua cama com o mesmo cuidado com que mexe nas brasas dos lumes que ateia com achas escolhidas pelo próprio.


Futebolisticamente, Mourinho não traz nada de novo. A famosa pressão alta é praticada no centro da Europa há anos. Não acrescenta uma linha ao jogo defensivo italiano, à raça espanhola, ao futebol todo-o-terreno alemão, ao kick and rush inglês, à magia brasileira e ao mais perfeito casamento da técnica com a táctica - inventado há 30 anos por Michels.

O nosso José é apenas e só ( e isso é tudo de momento) o melhor treinador do momento em todo o Mundo. Ver um português nesse altar é comovente, de facto.

Mas volto a dizer que Mourinho é apesar de tudo o mais bem preparado técnico da actualidade ( e talvez dos próximos 5 anos) nas novas valências magnas do Futebol: a preparação psicológica (o futebol é hoje muito mais que uma bola e 22 rapazes), a gestão de esforços físicos (vejam os calendários) e a observação 24/7 do Futebol dentro e fora dos campos.

 

Dinheiro e Futebol (RPS)



Serve este post para lembrar um facto: o treinador José Mourinho não ganhará este ano a Liga dos Campeões. Mas ganhou há um ano.

Ganhou com menos salário, com menos happenings sociais e sócio-caritativos, om menos roupas de marcas dispendiosas, com menos topos de gama, com menos iates de luxo, com menos jactos privados, com menos capangas à volta, com jogadores auferindo menores vencimentos.

Claro que a equipa de “orçamento 1000” ganhará sempre à equipa de “orçamento 10”. Mas não ganha sempre à equipa de “orçamento 100” - ou 50 ou 150 ou 200.

No futebol (talvez noutras áreas também) há um valor a partir do qual constitui uma verdadeira irracionalidade investir. Falo do ponto de vista desportivo, da conquista de títulos. Sei que alguns arautos dos tempos modernos - género Fernando Seara - dissertam deleitados sobre questões como os valores que o Real Madrid encaixa a vender camisolas... Eu estou-me nas tintas para este título e outros similares.

4.5.05

 

Há ministros que dizem coisas destas...

"Tapai os ouvidos com cera, como Ulisses, e amarrai-vos ao mastro grande para não escutardes o canto das sereias que vos concitam a obras desnecessárias, adiáveis ou redimensionáveis".

O autor desta frase é...

 

Quais os gostos musicais deste homem ?


Embora esta foto sugira outra pergunta...

 

Escalada de la Borrachera - uma visão basca (RPS)

Um amigo meu recolheu esta “Escalada de la Borrachera” na parede de um bar de Bilbau:


1. facilidad en la palabra
2. exaltácion de la amistad
3. cânticos regionales
4. tuteo à la autoridad
5. insultos al clero
6. delirium tremens

3.5.05

 

Sete palmos de terra



Escavar nas cidades tornou-se um imperativo eleitoral. Não importa o risco.

Não tenhamos medo das palavras .
Lisboa está a ser esventrada sem piedade, pondo em causa a estabilidade da maior parte dos terrenos mais sensíveis da cidade - Praça do Comércio, Marquês de Pombal, Campolide, Alcântara.

Carmona Rodrigues e Nunes Correia, pela sua formação técnica comum, deveriam contar toda a verdade sobre o solo lisboeta. Isto para não falar na triste história do Tunel do Terreiro do Paço, cujos capítulos principais deveriam ser escritos por Jorge Coelho, Ferro Rodrigues e João Soares.
A tendência para o buraco - que a brejeirice comprova - é um desporto político português, praticado por quem tem mais dinheiro para dar às construtoras. E alimentado por guerras inacreditáveis como a do Tunel de Ceuta.

Acreditam os governantes - mais e menos nacionais - que estas covas calam fundo nas urnas. As de voto.

O mínimo que se pode dizer - face ao que se passou em Campolide e mais recentemente na Avenida Calouste Gulbenkian - é que têm tido muita sorte.

Talvez porque Castelo de Paiva fica longe de Lisboa.

 

O bloqueio (RPS)

A cidade do Porto está prestes a ficar bloqueada. Sai à rua o Cortejo da Queima das Fitas.
Uma turba etilizada pára uma cidade em dia de semana. Porque sim. Não faz sentido.
Quando teremos um presidente de Câmara ou um Governador Civil com coragem para acabar com isto?

2.5.05

 

Assédio sexual (RPS)

No momento em que escrevo, não se conhece, ainda, a sentença do Tribunal de Tomar para o antigo vereador, acusado de assédio sexual por quatro funcionárias da autarquia. Tratava-se de funcionárias do pelouro da Educação, de que o antigo vereador – António Fidalgo – era responsável.
De acordo com um telex da Agência Lusa, desta manhã, o Procurador António Artilheiro, embora pedindo a condenação do arguido, admitiu a possibilidade do ex-autarca sair sem qualquer pena, porque "se as funcionárias fossem mulheres sérias" ele "não estaria aqui", a responder pelos crimes de assédio.
O Procurador notou ainda que o assédio "só se desenvolveu porque as assistentes também contribuíram para isso".
Se assim foi – e não admira nada que tenha sido – não deviam ser as funcionárias alvo do julgamento?...

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