30.11.05

 

Com a boca cheia de ética (RPS)

Manuel Alegre é deputado. Tem, por isso, obrigações a cumprir - perante quem o elegeu, perante o partido em cujas listas foi eleito e perante todos os portugueses, já que é pago pelo Estado.

Manuel Alegre tem faltado ao trabalho nos últimos meses. Não está, por isso, a cumprir as suas obrigações. Nem sequer os serviços mínimos a que um deputado está obrigado: assistir às reuniões plenárias e levantar os nadequeiros nas votações.

Manuel Alegre é - com toda a legitimidade - candidato à Presidência da República. Ao contrário de Jerónimo e do demagogo-mor Louçã, não pode concertar as duas tarefas com o seu partido, porque o seu partido não o apoia. Acresce que, mesmo que fosse apoiado pelo PS, seria objectivamente, por questões de tempo, difícil conciliar as duas missões.

O que devia, então, fazer Manuel Alegre?
Tenho dado voltas à cabeça porque esta é uma das situações em que a resposta me parece tão óbvia que penso se não me escapará algum dado ou se estarei a ver mal o problema.
Não é óbvio que Manuel Alegre deveria suspender o seu mandato de deputado até às eleições e, não sendo eleito, regressar, depois, ao seu lugar?
Sinceramente, parece-me uma evidência. E é aquilo que eu esperaria de quem está sempre a encher a boca com a ética republicana.

29.11.05

 

Mas há dúvidas sobre em quem votar ?


 

Jejum

Razões várias de ordem pessoal e profissional levaram a uma ausência prolongada. Estou de volta à lida da casa.

28.11.05

 

Rostos na pantalha (RPS)

Se ao domingo - e nas entrevistas-bocejo da Dois - temos que levar com esta:





... às segundas à noite, na RTP-1, é pior. Com esta:





... qualquer delas, obviamente, melhor que esta:



27.11.05

 

Não dá para correr com ela?... (RPS)


 

E não se pode acabar com os aguaceiros intermitentes e as bátegas de água; não? (SM)

"A chuva caiu"

Tom Jobim / Luiz Bonfa

"A chuva caiu,
Caiu lá no serra
Lavou o meu rosto
Molhou toda a terra
A chuva caiu dentro de mim tambem
Lavou meus pecados
Me fez querer bem
Inverno que vem
Inverno que vai
Só sei que o amor do meu peito não sai
O amor que eu lhe dei voce desprezou
Fugiu, foi embora
Só tristeza deixou"

E chove, e chove, que só visto.

25.11.05

 

OS MEUS BLOGUES - The Bright Nights

99 por cento de música. São raras outras incursões neste blogue de divulgação musical, The Bright Nights. Já disse ao Bruno que ele devia tentar mais, sem deixar, claro de nos "dar música". E de nos oferecer os downloads.
Eu vou lá todos os dias para saber coisas novas e recordar outras porque este não é um blogue geracional. O Bruno Santos tem consciência que há muita memória atrás dele, como há atrás de qualquer mortal.
Para lá da blogosfera, este blogue assume dimensão real nas Bright Nights que o Bruno Santos vai animando por aí. Hoje à noite, por exemplo, é no XL, nos Carvalhos.

 

O Quadrado politicamente patético (RPS)

Neste post - um dos muitos que tenho editado sobre Presidenciais, para desespero de alguns frequentadores, como este amigo - escrevi, há exactamente um mês, que estas eleições seriam entre Cavaco e Soares, sendo Alegre um outsider, uma espécie de Lurdes Pintassilgo, vinte anos depois - de calças, barba rija e voz grossa, claro.

O certo é que, durante este mês, Soares não descolou de Alegre. Por culpa própria.
Em primeiro lugar, porque entrou no frenesim da campanha cedo demais. Entrou como um vulgar candidato, enquanto Cavaco manteve (e mantem) a pose. Distante, lá num plano superior. Pode irritar muitas pessoas de esquerda e muitos comentadores, mas é a atitude em que o centrão se revê. Depois, porque Soares está obcecado com Cavaco Silva. Desatou a disparar contra ele, que é um candidato difícil de bater e que tem, neste momento, uma vantagem muito grande.
Soares está a colocar-se "em bicos-de-pés", tentando ficar de igual para igual com Cavaco e menosprezando Alegre. Cada vez que ataca Cavaco, Soares perde votos do centrão. Cada vez que menoriza Alegre, Soares perde votos na esquerda.

Mário Soares está a tentar saltar etapas. O velho tem duas batalhas pela frente e não pode ignorar a primeira - a batalha contra Manuel Alegre, à esquerda.
Eu sei que humildade é coisa que Soares não conhece, mas tem de a arranjar em qualquer lado para tentar ganhar essa batalha à esquerda e, com isso, impedir também que Cavaco tenha os 50 por cento. Se conseguir esse objectivo, então sim: Soares está lado a lado com Cavaco, atingiu o mesmo nível e pode atirar-se a sério ao homem na campanha da segunda volta. E no um contra um, tudo é possível.

Se Soares não mudar de rumo, Cavaco Silva ganha à primeira volta. Tem um passeio pela Avenida da Liberdade. Ironia das ironias: um passeio oferecido por Mário Soares..
Presumo que Soares terá percebido isso, pelo menos, atendendo às declarações que fez na entrevista da Renascença, ontem à noite. Soares criticou Alegre, com algumas tiradas e argumentos que podem surtir-lhe efeito favorável (mesmo que comentadores à esquerda e anónimos românticos desta área possam não ter gostado). Retenho uma frase. Uma frase assassina, que cito de memória, mas que traduz com fidelidade a ideia de Soares:
- Manuel Alegre hesitou muito. Estava lá no seu Quadrado, como ele diz, sem saber quem era o adversário nem para onde ia, como ele dizia. Ora... Esse quadrado é poeticamente muito interessante, mas politicamente é patético.

Nisto, Mário Soares tem razão.

23.11.05

 

Do totalitarismo dos humanos que gostam de animais (RPS)

Não gosto de cães. Não é por isso que fiz o post de há dois dias - Da irresponsabilidade dos humanos donos de cães - e que está ali abaixo. Se gostasse, defenderia o mesmo porque não tem a ver com gostos. Tem a ver com questões cívicas e jurídicas.
Mas a verdade é que não gosto de cães. Nem de gatos, nem de pássaros, nem de hamsters, nem de coelhos, nem de qualquer outro animal doméstico. Desde que me conheço que é assim e este facto tem-se custado as maiores incompreensões. Já ouvi de tudo. O mais comum é dizerem-me, em tom relativamente amigável: quem não gosta de animais não pode ser pessoa. Quando isto acontece, pergunto logo se o Hitler era boa pessoa (aplica-se a todos os outros facínoras da História que adoravam bicharada).

Algumas pessoas, contudo, são mais radicais. Ficam verdadeiramente indignadas por eu afirmar que não gosto de animais. Por não gostar de animais, já me chamaram indivíduo mal formado. Indaguei o fundamento de tão grave acusação. Resposta: porque queres mal aos bichinhos. Bolas!!! Eu só disse que não gostava, não disse que lhes queria mal, que os maltratava ou, sequer, que gostaria de o fazer!!!
Quem gosta de animais é assim. Pelos menos, a maioria é assim - totalitária. A maioria das pessoas que gostam de animais não admite que terceiros possam não gostar. São logo gente execrável.
Alguns há que são um bocadinho menos radicais. Em vez de se insurgirem, tentam, com alguma diplomacia, levar quem não gosta da bicharada para o seu lado. Diplomaticamente, dizem coisas como vê lá como é tão giro.... é tão fôfo, passa aqui a mão, faz-lhe festinhas... olha, olha, ele só quer brincadeira... vá lá, pega no bichinho que ele não faz mal... Fónix! Que insistência! Eu não entendo como se pode gostar de gatos e cães, mas respeito essa opção e não insisto com ninguém para deixar de gostar! Porque não fazem o mesmo comigo?...

Se eu tivesse um animal doméstico, só poderia ser um peixe. Não faz barulho, não larga excrementos, não perturba terceiros, não se baba, não cheira mal, não larga pêlo, não pede atenção, não se atira a gente, não nos lambe, não tem que ir regularmente ao veterinário, não tem que passear todos os dias. E não é pedir muito ao amigo, ao vizinho, à sogra, à cunhada ou ao irmão que fique com o peixe lá em casa durante uns dias.

 

Bloggers (RPS)

As informações que se seguem podem não estar totalmente correctas. São riscos da blogosfera. Mas aí vai...

A Didas tem dois blogues. De um deles já falei aqui há uns tempos, na rubrica OS MEUS BLOGUES, das sexta-feiras. É o Farinha Amparo. Estão lá a Didas e o seu alter ego, a Rosarinho. O blogue está praticamente parado, para desgosto de muitos fãs, entre os quais me incluo.
Do outro blogue da Didas não gosto tanto. É o Divas e Contrabaixos. Vou lá apenas esporadicamente. Mas foi lá que encontrei este interessante post sobre um encontro de bloggers que se realizou por aí e que juntou blogueiros de vários pontos do país. Blogueiros que, na sua maioria, não se conheciam para lá do monitor.
Deixo-vos um excerto.

não é só a curiosidade. tem que ser mais. eu acho que é um acto de negação. as pessoas dizem sim às novas tecnologias de comunicação, dispendem um tempo dos diabos à volta delas, mas nasceram quase todas ainda sob o signo do largo da minha aldeia, do recreio da escola, da eira da avó, do café da terra. e quando percebem que podem regressar a esse tempo, mesmo que apenas por umas horas, fazem mesmo os quilómetros necessários. no sábado, acho que fizemos uma desfolhada. até houve milho-rei. juntámos todos, casados e solteiros, jovens e menos jovens, e como o tempo passou depressa.

21.11.05

 

Da irresponsabilidade dos humanos donos de cães (RPS)

O pastor alemão, à solta, viu a miúda de sete ou oito anos ao longe. Fitou-a, rosnou, ladrou e a miúda de oito anos, assustada, correu em sentido contrário. O animal lançou-se também em corrida e derrubou-a. Fez-lhe uma primeira arremetida com o focinho, mas, quase em simultâneo, a intervenção do dono do bicho evitou o pior. Pelo menos, a miúda não tinha sido mordida. Uff...

Hoje, a miúda tem quase quarenta anos, é mãe de filhos e passa-se perante qualquer canídeo. Vá lá que não lhe pesa culpa alguma. Nem aquela que a dona do cão lhe quis imputar:
- a miúda não tinha nada que correr nem que mostrar medo. Ela tem de perceber que mostrar medo é o pior que se pode fazer.
Só faltou dizer que a miúda merecia dois estalos.

É em horas destas que admito rever a minha posição contrária à pena de morte. E rever, até, a minha posição favorável ao Estado de Direito. Porque não justiça pelas próprias mãos? Porque não matar, logo ali, a dona, o dono e o cão?
Tenho a sensação de que, apesar de só ter dez ou onze anos, pensei a fundo sobre estas questões.

Esta memória ocorre-me porque, há dias, depois de estacionar o carro, à noite, numa rua deserta numa área residencial do Porto, deparei-me, a uma certa distância, com um adolescente com ar de betinho passeando o seu rottweiller. Solto. E sem açaime. Bruscamente, meti-me de novo no carro. O cão não terá reparado, mas o puto, cheio de mesuras, ao passar pelo carro, pára e diz-me:
- Não tenha medo... Ele é mansinho...
- Foda-se, pá! - respondi eu -, também tenho aqui um revólver descarregado. Posso ir brincar com ele para tua casa?

O puto teve mais medo de mim que eu do cão dele e foi-se, acelerando o passo.
Ele deve ter pensado que eu era maluco por querer brincar com um revólver, mesmo descarregado. E tinha - teve - toda a razão. Só um maluco brinca com um revólver entre terceiros, mesmo que descarregado. Quanto mais não seja, pela insegurança que causa nesses terceiros.
E andar por aí, à solta, com cães de grande porte, de instinto feroz e sobre os quais o humano pode, numa fracção de segundos, perder todo e qualquer controle é coisa de pessoa mentalmente sã?

Percebo a necessidade de um pastor ter cães, de um caçador os ter, de um cego ter um para guia. Não entendo para além disto. Mas não vou discutir aqui esse gosto de muitos humanos por ter um cão. Sugiro apenas: se os querem ter, comprem, juntamente com todos os outros produtos que compram, uma trela e um açaime para andarem na via pública. Trata-se de respeitar os outros. E de evitar tragédias.

 

Saramagoooooo! (SM)

Eis um grande manhoso. Um dia destes, na festa do Avante, fiz questão de sorrir a Dias Lourenço, um dos históricos do PCP - aquele que aparece na fotografia em que Cunhal está agarrado às pernas e a olhar de lado, de bigode - e nem olhar para o Zé, o Saramago que estava colado a ele; e fiz questão de o fazer ostensivamente. Porque é antipático; e porque para ele todos os jornalistas,para lá de Pilar, são uma corja; porque foi viver para lá do meu país, lá onde a terra é negra e bela e que eu tenho inveja de não ser aqui, mas em Lanzarote.

Mas querido, "As intermitências da morte" que escreveste estão para lá dessa inveja, do mal que às vezes te quero quando te vejo, de Dias Lourenço que é doce mas não tanto como tu quando pegas na pena.

Saramago, um dia olha para mim, por favor.

 

A última de Sampaio (RPS)

Jorge Sampaio inicia esta tarde a sua derradeira Presidência Aberta. É dedicada à temática do Envelhecimento e Autonomia. Na actual conjuntura, a dois meses das Presidenciais, a iniciativa deverá ser vista como uma ironia cáustica do PR ou como uma ajuda ao velhote?...

18.11.05

 

Vai ser assim, com lume, fumo e tudo. (JCS)

Fim-de-semana. Finalmente Inverno, com frio e chuva, e pouca vontade de sair.

Este Sábado à noite pretendo desligar o telemóvel, colocar lenha na lareira, abrir um tinto e comer uns queijos, uns enchidos, e claro está pão.

O menú pode ser seguido à letra, ou ser ainda mais imaginativo:

O vinho será “Santa Fé”, de Arraiolos. Tinto aberto, com paladares generosos. (Obrigado meu bom Cardoso, homem do Porto, que me fizeste enamorar por néctares de qualidade).

Os enchidos de preferência de pequena produção, vão ser comprados em supermercado, e para o efeito aconselho um Intermarché. Uma paiola, um chouriço de porco preto, um paio York. Nunca salame, nem fiambre. Talvez uma fatia de paté.

O pão, caseiro, de forno a lenha também se arranja mesmo nas grandes cidades. Vou pedir já fatiado para não me dar ao trabalho.(é que afinal de contas é Sábado)

O queijo, será fresco e amanteigado das queijarias de Azeitão. Camarate é do que mais se vê, e não sendo o melhor, é muito bom.

O repasto não sairá muito caro se for para dois e sempre dá para desenjoar da comida de cantina que a maioria tem de comer diariamente. Os amigos podem telefonar antecipadamente a reservar um lugar no tapete.

Haverá outras receitas agradáveis para outros fim-de-semana? Venham elas.

 

OS MEUS BLOGUES - Virtualmente Irreal (RPS)

Nunca sabemos bem o que vamos encontrar. Porque Barbed Wire também é o Fora, e o Fora é SC. And so on, and so on... Um ser complexo, com várias faces. Num dia pode estar radical, no dia seguinte consensual. Se hoje se revela muito alternativo, amanhã não consegue esconder um tique de menino mimado, na fronteira do betinho. Hoje está bem humorado, amanhã está zangado com o mundo. Hoje é revolucionário, amanhã é conservador.
Em todo o caso, revela-se sempre um espírito livre e acutilante. E é um bom amigo, para lá da blogosfera.
O Virtualmente Irreal dá-nos temáticas diversificadas e é uma referência em matéria de música. Para lá do conhecimento profundo na área, partilho de muitos dos gostos de Barbed Wire o que faz dele, para mim, um leigo, um verdadeiro gurú musical.
Lamentavelmente, um qualquer problema técnico impede, há um mês ou mais, a edição do Top Virtualmente Irreal das quintas-feiras. Façam como eu: vão aos arquivos e continuem à espera...

 

A Lurdinhas saiu-se bem (RPS)

Em dia de greve dos professores, a ministra Lurdes Rodrigues e/ou a sua entourage põem no Diário de Notícias um relatório do Gabiente de Estatística do Ministério da Educação sobre o abestencionismo dos professores. E do conjunto de números, estatísticas, quadros e textos consegue-se tirar um grande título: Professores faltaram a mais de sete milhões de horas de aulas em 2004/05.
Assim, esta manhã - e vai durar todo o dia - a notícia nas rádios, nos sites, nas TVs já não é a greve dos professores, mas o relatório.

Como se pode verificar no post anterior a este, nada tenho contra a classe docente. Acho, até, que há muitos, mas mesmo muitos professores dedicados, competentes, esforçados que acabam por não ser devidamente reconhecidos pelo "sistema". Eu tive muitos desses professores na minha vida.
Penso, contudo, que a ministra da Educação saiu-se bem. Podem dizer que é uma jogada. É, claro. Mas é uma jogada de mestre. Uma jogada política de mestre. Porque isto é política e um ministro também deve fazer política. A ministra Lurdinhas está a sair melhor que o previsto.

17.11.05

 

Irritações. Ou embirrações, tanto faz. (RPS)

Por ordem alfabética, os dez grupos profissionais/sociais ou OUTROS que mais me irritam:

Advogados
Cabeleireiros de Senhora
Dirigentes Estudantis
Dirigentes do Futebol e da Arbitragem
Escuteiros
Jovens Talentos do Fado
Professores de Direito
Psicólogos
Seguros (qualquer grupo ou sub-grupo ligado ao ramo)
Vendedores de Automóveis

15.11.05

 

Outra vez, as presidenciais. (JCS)

Cavaco Silva tem de estar calado para ganhar as eleições. Já alguém o escreveu, e eu subscrevo.
O candidato parecia mudado. Até à entrevista na TVI.
Em fuga, sem conseguir entrar no presente e muito menos no futuro, escapou-se para o passado.
E escapou-se mal. O Cavaquismo mais puro e duro, com um nome CAVACO SILVA. A economia regressou ao plano terrestre.
Valeu a Cavaco, a capacidade de uma vez mais evitar tocar nos nomes do rivais, tal como num “Quiz Show”, onde só ganha quem não pronunciar as palavra Mario, Soares, Manuel, Alegre, Francisco, Louçã.
Não aponto outros porque há muito que ninguém deles fala, e como tal cair em erro, não seria para Cavaco um deslize, seria antes um atestado de incompetência.
Quanto a Soares, bem pelo contrário, continua igual ao que nos habituou. Ao ataque, porque sabe só assim poderá salvar-se da catástrofe prevista nas sondagens. O mesmo Soares, que se adivinha, em tempos terá telefonado a Sampaio, a incitar o candidato presidencial para desenterrar o machado de guerra. A populaça agradece o foguetório.
De resto, só assim se nota que a campanha está em marcha.

 

Gasolineiro, figura em extinção (RPS)

Não são muitas, no Porto, as possibilidades de abastecer de combustível o automóvel sem sair dele. Então à noite, depois de jantar, as possibilidades são mesmo praticamente nulas. Valem-me esta estação de serviço...




... a BP na Avenida da Boavista, junto ao Corcel e à SIC... e também esta...




... a estação da GALP na Rua do Campo Alegre, próximo do Capa Negra, ao lado da Junta de Massarelos.
Sei da existência de outra possibilidade, mas sai da minha rota habitual: é uma estação da GALP na Circunvalção, mesmo junto ao cruzamento do Ameal. Haverá mais uma ou outra que desconheço, mas, certamente, não são muitas. E, durante o dia, também não há muitas mais ofertas.
A figura do gasolineiro está em extinção. Nos meus seis-sete anos de idade, era a minha ambição: ser gasolineiro. Hoje, não queria sê-lo, mas queria tê-los em maior número, por aí.

post-scriptum - o meu sonho, confesso, era ter pedido a Carlos Romão para fazer as fotos deste post. Mas não tinha como e, em boa verdade, não ousaria perturbar um génio. Assim, recorri aos préstimos do meu bom amigo Funes. Também foi uma forma de ajudar ao lançamento de uma promessa da fotografia blogueira.


14.11.05

 

... e se Cavaco morrer?... (RPS)

Mário Soares candidatou-se às Presidenciais para evitar que a candidatura de Cavaco "seja um passeio pela Avenida da Liberdade...". Não está certo que o não seja, mas... e se Cavaco, até final do ano, morrer? Mário Soares desiste?

13.11.05

 

A minha selecção (RPS)

Esta tarde, vi o Portugal-Suíça em sub-21 ou Esperanças ou lá o que é. Não ganhámos, empatámos. Mas gostei. Gosto daquela selecção dos putos. Gosto da maioria dos jogadores, gosto do treinador e concordo com a generalidade das suas escolhas.
As escolhas de um seleccionador podem ser sempre contestadas, até estas de Agostinho Oliveira. Eu, treinador de bancada, não sei se faria exactamente aquele onze ou convocaria exactamente aqueles dezoito. Mas nota-se que as suas escolhas - que podem não ser, de outro ponto de vista, as mais certas - obedecem a uma lógica com sentido. Não decorrem de meros caprichos pessoais. Não são determinadas por esquemas de promoção de determinados lobbies escondidos nem são feitas para afrontar ninguém. Não servem de instrumento de uma batalha de contornos difusos. Gosto deste tipo:





A diferença entre um homem sério e um pulha é, como todos sabemos, muito grande.
Este é o meu selecionador. E esta equipa, a equipa de Esperanças, sim: é a minha selecção.

12.11.05

 

Música, eu nasci prá música (SM)

Não é o melhor álbum de sempre, nem aqui nem na lua. Mas é o que tem o título mais belo, e a capa mais comovente.

Ornatos Violeta - "O monstro precisa de amigos"

Olha, e é português.

 

Presidênciais?..cu,cu? (SM)

Já tenho o cabo, o microfone, e o gravador preparados; querem fazer o favor de se portar bem os meninos e dizer coisas com jeito? importam-se? Façam lá o favor à menina e sejam prestáveis ao país. Os cinco Belémzeiros, os cinco!

E não quero ouvir falar mais da OTA e do TGV! Podem dizer qualquer coisa sobre as alterações ao sistema eleitoral, mas só um bocadinho.

11.11.05

 

O anonimato (SM)

Porque escrevem os anonimatómanos? Sim, aqueles que perguntam, respondem, comentam, ameaçam, atingem com sorrisos ou pêros sem fazerem sorrisos, ou dar pêros que se vejam? Os que são doentes por dizer mal ou bem sem dar a cara. Porquê, que diabo!? Há jornais, como o "Independente", que aceitam insultar o parceiro; sem assinatura, sem responsabilidade. Vide as bocas. Então!? Faz-se? Anonimatómanos, doentes do esconderijo, é o que é!

Aconselharam-me a não responder neste blog a anónimos. E é o que vou fazer, ouviram? Tudo assinado, portanto.

 

Se pudesse, tinha um destes... (RPS)



 

Barulho a mais (RPS)

Estrebucha Soares, estrebucha Jerónimo - querem debates com Cavaco. Bolas! Faltam mais de dois meses! E Cavaco, claro, não quer debater porque percebe que está em vantagem. É sempre assim - quem vai à frente, procura proteger-se. Dessem, por qualquer razão, as sondagens uma cambalhota e Cavaco berraria por debates e o líder das sondagens evitá-los-ia.
Não se justifica tanto barulho. É que até parece que as eleições para a Presidência da República são muito importantes.

 

OS MEUS BLOGUES - food-i-do (RPS)

Por várias vezes, fiz referências ao food-i-do. É um blogue de consulta diária. Pelas temáticas, pelas ideias. Mesmo por aquelas que me colocam a larga distância do ATF. Mas ele gosta da discussão, do debate.
ATF, que tive o gosto de conhecer pessoalmente há uma semana, é o homem que, recentemente, lançou a petição para que a página web da FIFA tenha uma versão em português. Conseguiu.

10.11.05

 

A acção da CGTP em prejuízo dos trabalhadores (RPS)

Estava sem paciência e saí do edifício mais cedo do que é hábito. Decidi-me por uma volta mais prolongada pelo meu amado Chiado. Assim, na boa rotina das quintas-feiras, apenas se alteravam os tempos.
Lá fui à Benárd, evitando a sempre pantanosa Brasileira... Olhei transeuntes e montras, entrei na Bértrand. Numa velha livraria da Rua Anchieta, comprei o livro que, na montra, há várias quintas-feiras chamava por mim. Voltei à Garret e desci até aos Grandes Armazéns. Voltei a subir, entrei na Casa da Sorte, na esquina da Rua Ivens, e fiz o euromilhões. Subi de novo, até ao Camões, para apanhar o táxi, à hora de sempre.

Saiu-me um taxista conversador, solícito, simpático. Barrados na Calçada de São Francisco, o homem faz inversão de marcha e tenta o acesso ao Cais do Sodré. De novo barrados. Percebemos que há uma manifestação da CGTP. O homem insurge-se. Eu, pobre assalariado, contemporizo: deixe lá... se estão a lutar pelos interesses dos trabalhadores, só temos a ganhar. Tinha mais que tempo. Tinha, mas comecei a deixar de ter. Proponho Rua do Ferragial, até à Rua do Alecrim, para subirmos, depois, até à Rua da Misericórdia e descer ao Rossio, passando pelo Largo do Carmo.
Foi brilhante, de facto, a ideia, mas do Rossio não se passava para baixo. Aí propõe ele, já a par da minha urgência de apanhar o Alfa: vamos pelo Campo de Santana. Aí já não chegavam os meus conhecimentos, mas anuí. Chegamos lá rapidamente, mas lá... novo entupimento.. E prosseguimos a saga, continuamos de fuga em fuga, mas deparando sempre com novas barreiras.

Ligo para o meu companheiro de jornada, de quem me separara, mas imaginei barrado noutro táxi, noutro ponto qualquer da cidade. Estava certo. De Nokia para Siemens, conscienzializámo-nos da inevitabilidade da perda daquele Alfa. Tínhamos o Intercidades uma hora depois, a demorar mais meia hora no percurso.
Dois pobres assalariados, saídos do Porto às sete da manhã, ali estavam, no final de uma jornada de trabalho, pendurados por mais uma hora, a trezentos quilómetros de casa. Maldito patrão?... Maldito chefe?... Não. Maldita CGTP que não sabe o que se passa nas empresas e marca manifestações em quintas-feiras, ao final da tarde, em prejuízo de dois pobres e honrados trabalhadores.

9.11.05

 

Transmontanos (RPS)

Há uns dias, por aqui, nos comments a este pacífico post, abriram-se duas polémicas. Uma com sentido, sobre a qualidade da escrita e da obra de Miguel Torga, e outra sem sentido, sobre transmontanos. Uma visitante interpretou (erradamente) as palavras de outro como insultuosas para os naturais de Trás-os-Montes.

Quando dizemos, por exemplo, "os ingleses são fleumáticos" ou "os espanhóis são muito festivos" sabemos que esses povos não são uma massa uniforme. Mas sabemos que estamos a dizer algo com algum sentido porque os povos têm idiossincrasias. Vale para os povos de qualquer país e para os povos de qualquer região dentro de um país.
Por exemplo, quando afirmo que "os algarvios são o pior que este país tem", é óbvio que estou a dizer algo verdadeiro, embora eu tenha alguns amigos da região ou filhos de naturais da região que não incluo neste grupo.
Se reflectir um pouco mais, corrijo a afirmação anterior e concluo que "os algarvios são o pior que este país tem, se não contarmos com as pessoas de Coimbra". Por acaso, neste caso não consigo lembrar-me de uma excepção.

A polémica que referi, sobre os transmontanos, fez-me recordar a minha experiência com indígenas dessa região.
Enquanto fui crescendo, sempre ouvi falar da hospitalidade dos transmontanos, do modo único como sabem receber. Um ou outro que fui conhecendo fez-me assimilar essa tese como verdadeira.
Entretanto, numa fase posterior, dei comigo junto de muito transmontanos. Conheci e convivi com muita gente - em Trás-os-Montes e por cá. E mais confirmações obtive - gente boa!

Com o tempo, fui percebendo, contudo, outra realidade. Hospitalidade é o acto de bem receber e partilhar sem segundas intenções, sem procurar qualquer ganho, material ou de qualquer outra ordem. E fui concluindo que a hospitalidade do transmontano não é genuína, não é pura, não é desinteressada.
O transmontano recebe e oferece para mostrar que tem muito, que tem muito mais do que o vizinho ou o parente, que na sua casa não falta nada, que não precisa de ninguém e que todos lhe devem estar gratos e, até, admirá-lo.

Entra-se em casa de um transmontano - principalmente se no seu território - e de imediato enchem-nos a mesa com comida. Oferecem-nos um sem número de iguarias não para que nos deleitemos, mas para que nos impressionemos com a qualidade dos produtos e a fartura daquela casa. E para que não possamos dizer nada deles.
A insistência deles para que a gente coma e beba é exasperante. O maior erro em que o forasteiro pode cair é dizer que não gosta:
- Desculpe, mas não gosto de queijo...
- O quê ???!!! - berra o transmontano - Deste gosta! Gosta de certeza porque queijo deste não encontra por aí, homem!
Ao mesmo tempo, levamos uma palmada nas costas que, se não nos cuidamos, nos atira ao chão. É dada com ar folgazão e prazenteiro, mas representa, de facto, um castigo. O transmontano atira-nos a palmada e pensa: Cabrão! Não gostas? Estás a desdenhar? Então pega lá!

Pior ainda é a oferta de jerupiga. A maioria dos produtos locais tem, claro, qualidade, mas jerupiga... Tal como o vinho de Favaios, o da Madeira e o Moscatel (e ao contrário do Vinho do Porto e de outras bebidas), jerupiga é uma bebida banal. Nada justifica que seja apontada como um néctar especial. Nada? Nada a não ser, claro, o orgulho balofo dos transmontanos. Temos que beber e dizer que é um maravilha, senão eles ficam ofendidos.

E aquilo que é válido para as iguarias é válido para tudo. Numa ocasião, numa terra transmontana, anunciava-se um espectáculo de Marco Paulo, no programa das festividades locais. Assisti a uma cena com um transmontano - bom homem, mas grunho - recusar assistir à festa porque quem deviam convidar era o Roberto Leal que sempre é de Vale da Porca, em Macedo... E acrescentou, convicto, que temos de torcer pelo que é nosso, rematando com a sacramental pergunta: é assim ou não é? É, claro. Convém dar-lhes sempre razão.

Claro que não são todos iguais. Mas estas idiossincrasias transmontanas- acredite quem não conhece - são reais.
Agora, fiquei com saudades de Trás-os-Montes. Volto lá um dia destes.

7.11.05

 

Uma pergunta que, provavelmente, nunca terá resposta (RPS)



José Mourinho só perdeu um jogo. Vai ganhar de novo mais vinte ou trinta ou quarenta seguidos e vai continuar a ganhar títulos. O que aqui escrevo nada tem a ver com a derrota do Chelsea, no fim de semana.

Quando Mourinho treinava o Benfica, disse ao meu velho amigo Zekez Carvalho que ele, Mourinho, era o melhor treinador português. Quando saiu de Leiria para o Porto, disse-lhe que era o melhor treinador do mundo. De ambas as vezes, o velho Zekez Carvalho disse que eu estava tolo. É assim há trinta anos: ora acerto eu, ora acerta ele.

Desde cedo, mas em especial no Porto, percebi que Mourinho, para lá da sua competência e inteligência, era um homem deste tempo, com uma noção exacta daquilo a que se chama vulgarmente de fenómeno mediático, da sua lógica, dos seus mecanismos. Percebia-se que era um actor e que geria o seu espectáculo de forma magistral. Não tenho dúvidas que, na privacidade, ele se assiste, isto é, mede, avalia as suas aparições públicas e prepara as seguintes. E deve dar-lhe um enorme gozo. Como dizia, nos tempos de Mourinho no FCP, a minha amiga Jellygina, aquilo é tudo número.

Reconheço, pois, desde sempre, altíssima qualidade ao tipo e estou-lhe grato pelo que fez no meu FCP. Mas também confesso: estou enjoado de José Mourinho. Enjoado de ouvir falar dele. É o sucesso de Mourinho aqui, o génio de Mourinho ali, o talento de Mourinho acolá, o charme de Mourinho destacado por mulheres de todas as idades, os anúncios publicitários com Mourinho, os documentários sobre Mourinho, as crónicas assinadas por Mourinho, as declarações polémicas de Mourinho, o sobretudo de Mourinho, a barba por fazer de Mourinho, a iniciativa humanitária com a presença de Mourinho...

Há poucas semanas, uma pessoa de família, mulher, idosa, a quem, durante mais de cinquenta anos nunca ouvi falar de futebol, perguntou-me, num cair de noite de domingo, quanto é que ficou o Mourinho? Não o Chelsea, mas sim o Mourinho. Irra!

É evidente que, apesar deste enjoo, não desejo mal ao homem. Nem a ninguém. Mas confesso que, em certo sentido, gostava de o ver na mó de baixo. Gostava por uma mera curiosidade antropológica. Como será (seria) ele na mó de baixo? Que números inventaria?...
Não sei porquê, mas acho que nunca saberemos.

5.11.05

 

Alguém quer antecipar?... (RPS)

Se a eleição de Cavaco Silva acabar por se revelar um passeio pela Avenida da Liberdade - uma possibilidade que hoje não me parece afastada de todo - o que dirá, então, o doutor Mário Soares?

4.11.05

 

OS MEUS BLOGUES - Brolgue brolguista (RPS)

Poder de observação, sentido crítico, sentido de humor, oportunidade, frontalidade... Mas não esperem uma grande escrita - o tropel de pensamentos é directamente despejado para o teclado. À bruta. Resultado: textos (quase) em bruto de um bruto que, vistas bem as coisas, não é tão bruto quanto isso, mas gosta de o parecer.
Que não conheça o Everything in its right place até pode não gostar do blogue, mas quem o conhece e gosta dele gosta de certeza. Ele é aquilo.

3.11.05

 

Argumentos sem sentido (RPS)

Argumentos sem sentido que tenho ouvido para justificar o voto em Cavaco Silva:
- porque o PS está com muito poder e as coisas sempre se equilibram um bocado.
- porque é o mais competente.
- porque não é político.
- porque, afinal, até nem era assim tão mau quanto isso.
- porque já lhe perdoei.

Argumentos sem sentido que tenho ouvido para justificar o voto em Mário Soares:
- porque já lá esteve e foi um bom presidente.
- porque lutou contra o Fascismo.
- porque é um dos pais da Democracia.
- porque é mais conhecido lá fora.
- porque está em excelente forma e tomara nós chegar à idade dele como ele.

 

Um post sobre o post sobre blogues de gaja (RPS)

Foram muitos os comentários. Gostava mesmo de responder a todos, principalmente aos que revelaram alguma hostilidade. Mas se fosse para lá comentar, gastaria muito tempo. Acresce que aquilo virava chat. Era chato.

As reacções sucederam-se fora deste espaço, através de outros meios. E pela blogosfera apareceram referências. O post teve o mérito de por algumas pessoas a debater. Acho que isso é positivo.

Por exemplo, no food-i-do o amigo Torres Ferreira disserta sobre o assunto e conclui que o Murcon é um blogue de gaja. O amigo Everything deixou lá, a propósito desta afirmação, um comentário de antologia.
Ainda no food-i-do, o amigo Torres Ferreira tem lá, editado há já uns dias, este post notável sobre blogues de mulheres (diferentes dos blogues de gaja).

Enfim, é muito material, muita produção, muita reflexão. Valia a pena compilar tudo num opúsculo intitulado Contributos para uma Taxinomia dos Blogues.

Há por aí alguém que se mova no mercado editorial?...

2.11.05

 

Placebo (RPS)

É raro falar aqui de música porque conheço pouco do assunto. Principalmente se comparar os meus conhecimentos com os deste gajo ou com os deste ou deste. Ou com os conhecimentos nesta área do JPF, o dono do Fado Falado, que não posta nada aqui desde o passado dia 21... E já nem falo dos conhecimentos de outros amigos que não têm blogues nem dos elevadíssimos conhecimentos musicais do gurú.

Desculpem-me estes e outros a ousadia, mas li aqui um post que me fez lembrar que gosto de Placebo e que tenho lá em casa um dvd que não vejo/ouço há muito tempo.







É a gravação de um concerto em Paris, em 2003. Vale a pena ver/ouvir. E a fechar tem Where is my mind, com Frank Black em palco.

 

Carta deitada ao Rio (SM)

Querido tio Ruizinho,

Pensei logo em escrever-lhe uma carta para que viesse a Lisboa, à minha casinha em São Bento, fica ali perto dos carris do amarelinho; pois aqui está; razão das minhas intenções? oh pois que achei tão bem que tenha exigido aos ardinas que lhe fizessem perguntas apenas por escrito , por causa de uma entrevista a um jornal, que nem é de referência nem nada, nem sequer no Norte, nem vende mais do que os outros jornais todos; Com franqueza, esse diariozeco não tem noção ao fazer manchetes que o tiozinho não gosta não é? Pior dos níveis.

Achei muito bem também que tivesse virado costas à jornalista que lhe fez a pergunta no final da declaração (ai meu rico tio que sai sempre tão bem na imagem da televisão,e nas fotografias dos jornais todos, menos daquele, bleurgh!!!!) sobre se ia dar mais alguma explicação; pois fez muito bem, ora agora um HHHHomem da sua envergadura tem que responder a estas ponhonhós? Avance que vai muito bem assim, não tem nada que dar explicações ao povo sobre o que vai fazer durante quatro cuuuuuuurtíssimos anos na segunda câmara mais importante do país.

Adorava que viesse a Lisboa à casita de São Bento, que tem dormida para si, ora pois claro, para que lhe fazer uma só pergunta (ai, até tenho vergonha): Aldoar não lhe chegou, pois não?

Com um carinho muito grande e promessa de que responderemos a qualquer pergunta sua, meu querido tio.

1.11.05

 

Blogues de Gaja (RPS)

Há expressões ou conceitos que não precisam de definição. Falam por si. Arrastam a sua definição consigo próprios. Por exemplo: o conceito de ponhonhó aplicado ao trânsito. Se estamos a falar de tráfego automóvel e ouvimos alguém referir-se a ponhonhós, entendemos perfeitamente de que se está a falar, mesmo que até aí desconhecessemos a expressão. Ponhonhó foi um conceito que bebi de Everything in its right place.

Outra expressão que dispensa definição (e que costumo usar com alguma frequência) é chuchadeira. Se dissermos que um filme ou uma música ou um livro ou a conversa de uma determinada pessoa é uma chuchadeira, está tudo dito. Mesmo quando nos confrontamos, pela primeira vez, com o termo, não precisamos que nos expliquem o seu significado.

O mesmo se passa com a expressão blogue de gaja. A coisa define-se tão naturalmente por si própria, que se torna difícil ou mesmo impossível enunciar uma definição formal do conceito. Quem sabe o que é um blogue e o que é uma gaja sabe, naturalmente, o que é um blogue de gaja. Mais fácil do que estabelecer uma definição, é referir caracteristicas, marcas fortes que
levam à conceptualização natural do conceito.

Assim, num blogue de gaja é bem provável que por volta das dez da manhã surja um post a dizer unicamente "bom dia" sobre a imagem de uma flor ou de um arco-íris. Ou, então, algo mais profundo, como "Hoje acordei triste. Fico assim com a maldade e a hipocrisia das pessoas e blá, blá, blá...".
Comum é também o post com a foto de um gato e a legenda "Olhem o meu Piruças! Digam lá que não é o máximo!!!". E, depois, sucedem-se, nos comments, reacções como "ai... é super-fofo, uma bolinha de pêlo..." ou "Ai que kiducho... E que sorte tem ele em ter uma dona como tu, que és uma pessoa com um coração enorme!!!".

Num blogue de gaja com referências a música, é certo e sabido que mais de metade são de música brasileira. Músicas brasileiras com aquelas letras chorosas, tipo "você me deixou só/e eu ainda sinto o paladar do seu beijo/e o cheiro da sua pele/e eu sou uma desgraçada...".
Há também fortes probabilidades de estar repleto de referências a Adriana Calcanhoto e similares.
Se tem poesia, é sempre poesia do mais lamechas que há. Se há referências a livros, raramente passam da literatura romanesca. E há, de certeza, referências ao Código Da Vinci. Todas adoraram.

Num blogue de gaja, não há qualquer referência a futebol ou qualquer outro desporto e as referências às áreas de trabalho ou de estudo das autoras são praticamente nulas. Na melhor das hipóteses, sai um queixume sobre uma colega que é má ou post bem disposto sobre um colega que espirra charme para cima delas.
Em matérias como política ou actualidade internacional, nada se produz num blogue de gaja. O melhor que conseguem é uma abordagem piegas, superficial, oca contra a violência e a guerra. Perguntam-se: "Porque não optam os povos pelo caminho da Paz? Porque não dão os Homens as mãos e constroem um mundo de Harmonia e Amor?". Por vezes, acrescentam que há muitos interesses à volta do negócios do armamento.

Num blogue de gaja, não obtemos qualquer conhecimento. Nada do que lá está motiva reflexão. Nada nos dá uma nova perspectiva sobre algo que interesse. Nada nos faz pensar.
O que havemos de comentar num blogue de gaja?...
- Este mundo é injusto? Não me digas, querida, que queres ir já para o outro!
- Estás triste, filha? Não te ponhas a ouvir lamechices da Betânia e bota aí uma rockada!
- A tua colega anda a tramar-te? Oh filha... De que estavas à espera? Vocês estão a concorrer pelo mesmo e não há espaço para toda a gente! Safa-te!

A idade média das gajas dos blogues de gaja é baixa. Mas atenção: não tão baixa como alguns pensarão. Há mulheres maduras que têm um blogue de gaja. Até há homens que têm blogues de gaja.
No blogue de uma mulher estruturada, com a cabeça minimamente arrumada (algo que não depende tanto da idade quanto isso) há uma ou outra fraqueza deste tipo, mas essa não é a marca do blogue. Há blogues femininos muito interessantes. São os blogues de mulher, bem diferentes dos blogue de gaja.

Um blogue de gaja é uma chuchadeira. As gajas dos blogues de gaja são as ponhonhós da blogosfera.

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