25.11.05

 

O Quadrado politicamente patético (RPS)

Neste post - um dos muitos que tenho editado sobre Presidenciais, para desespero de alguns frequentadores, como este amigo - escrevi, há exactamente um mês, que estas eleições seriam entre Cavaco e Soares, sendo Alegre um outsider, uma espécie de Lurdes Pintassilgo, vinte anos depois - de calças, barba rija e voz grossa, claro.

O certo é que, durante este mês, Soares não descolou de Alegre. Por culpa própria.
Em primeiro lugar, porque entrou no frenesim da campanha cedo demais. Entrou como um vulgar candidato, enquanto Cavaco manteve (e mantem) a pose. Distante, lá num plano superior. Pode irritar muitas pessoas de esquerda e muitos comentadores, mas é a atitude em que o centrão se revê. Depois, porque Soares está obcecado com Cavaco Silva. Desatou a disparar contra ele, que é um candidato difícil de bater e que tem, neste momento, uma vantagem muito grande.
Soares está a colocar-se "em bicos-de-pés", tentando ficar de igual para igual com Cavaco e menosprezando Alegre. Cada vez que ataca Cavaco, Soares perde votos do centrão. Cada vez que menoriza Alegre, Soares perde votos na esquerda.

Mário Soares está a tentar saltar etapas. O velho tem duas batalhas pela frente e não pode ignorar a primeira - a batalha contra Manuel Alegre, à esquerda.
Eu sei que humildade é coisa que Soares não conhece, mas tem de a arranjar em qualquer lado para tentar ganhar essa batalha à esquerda e, com isso, impedir também que Cavaco tenha os 50 por cento. Se conseguir esse objectivo, então sim: Soares está lado a lado com Cavaco, atingiu o mesmo nível e pode atirar-se a sério ao homem na campanha da segunda volta. E no um contra um, tudo é possível.

Se Soares não mudar de rumo, Cavaco Silva ganha à primeira volta. Tem um passeio pela Avenida da Liberdade. Ironia das ironias: um passeio oferecido por Mário Soares..
Presumo que Soares terá percebido isso, pelo menos, atendendo às declarações que fez na entrevista da Renascença, ontem à noite. Soares criticou Alegre, com algumas tiradas e argumentos que podem surtir-lhe efeito favorável (mesmo que comentadores à esquerda e anónimos românticos desta área possam não ter gostado). Retenho uma frase. Uma frase assassina, que cito de memória, mas que traduz com fidelidade a ideia de Soares:
- Manuel Alegre hesitou muito. Estava lá no seu Quadrado, como ele diz, sem saber quem era o adversário nem para onde ia, como ele dizia. Ora... Esse quadrado é poeticamente muito interessante, mas politicamente é patético.

Nisto, Mário Soares tem razão.

Comments:
acho q cs vai ganhar o passeio...opssssss
jocas maradas
 
voltei para dizer, que és mui sabichão:))))))
jocas maradas
su
 
Ola!
Concordo contigo...

Abracicos!
 
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