31.10.05
A idade de Soares (RPS)
Este fim de semana, no Porto, Mário Soares apresentou a Comissão de Honra da sua candidatura. No discurso, lembrou uma frase que atribui à sua mulher, Maria de Jesus: todos os portugueses já votaram pelo menos uma vez em Soares e pelo menos uma vez contra Soares.
É mentira. Eu nunca votei - uma vez que fosse - em Mário Soares ou em qualquer lista onde constasse o seu nome. Também não voto desta vez.
Sou insuspeito de simpatias pelo doutor Soares, apesar dos méritos que lhe reconheço. Apesar de tudo isto, acho indecente as constantes referências à idade avançada do homem e ao seu estado mental. Como indecente é a contabilidade que agora se faz das suas gaffes e enganos. Não é bonito. Não foi bonito ouvir o elogio fúnebre que ontem lhe fez Marcelo Rebelo de Sousa, na RTP.
A idade não pode ser tema da campanha. Acresce que, do meu ponto de vista, há suficientes argumentos para não votar em Soares.
Se Mário Soares já não tem condições para isto, o problema é dele, dos seus familiares e dos seus amigos. Se o homem está gagá, o eleitorado não votará nele. Se, ainda assim, votar e ele for eleito, o sistema tem mecanismos para fazer face ao problema.
Não há limite de idade para uma pessoa se candidatar à Presidência da República. Nem poderia haver. Qual seria o limite? 70? Porquê? Porque não 72?
Seria um disparate definir um limite máximo. Como um disparate é o estabelecimento, na Constituição, de um limite mínimo de idade. Porque raio não pode haver um candidato a PR com menos de 35 anos? Não temos todo direito a voto aos 18?
É mentira. Eu nunca votei - uma vez que fosse - em Mário Soares ou em qualquer lista onde constasse o seu nome. Também não voto desta vez.
Sou insuspeito de simpatias pelo doutor Soares, apesar dos méritos que lhe reconheço. Apesar de tudo isto, acho indecente as constantes referências à idade avançada do homem e ao seu estado mental. Como indecente é a contabilidade que agora se faz das suas gaffes e enganos. Não é bonito. Não foi bonito ouvir o elogio fúnebre que ontem lhe fez Marcelo Rebelo de Sousa, na RTP.
A idade não pode ser tema da campanha. Acresce que, do meu ponto de vista, há suficientes argumentos para não votar em Soares.
Se Mário Soares já não tem condições para isto, o problema é dele, dos seus familiares e dos seus amigos. Se o homem está gagá, o eleitorado não votará nele. Se, ainda assim, votar e ele for eleito, o sistema tem mecanismos para fazer face ao problema.
Não há limite de idade para uma pessoa se candidatar à Presidência da República. Nem poderia haver. Qual seria o limite? 70? Porquê? Porque não 72?
Seria um disparate definir um limite máximo. Como um disparate é o estabelecimento, na Constituição, de um limite mínimo de idade. Porque raio não pode haver um candidato a PR com menos de 35 anos? Não temos todo direito a voto aos 18?
Power Rock (RPS)
Esquecida a promessa das tardes de domingo, há que olhar para a frente. E, no horizonte, desenha-se algo de poderoso. Provavelmente, a melhor noite do ano. Uma desgarrada rockeira entre Barbed Wire e Bruno Santos. A expectativa é elevada. Dizem alguns que haverá quem não aguente. Que não é para qualquer um. Veremos. Sábado à noite, no XL. É nos Carvalhos (também não podia ser perfeito, tinha que haver algo de mau).
30.10.05
Promessa de todas as tardes de domingo (RPS)
Isto tem de acabar, nunca mais lá ponho os pés nem em mais lado nenhum.
28.10.05
OS MEUS BLOGUES - Impressões e Intimidades (RPS)
Descobri, por mero acaso, o Impressões e Intimidades. De blogue dia-sim-dia-não, depressa se tornou num blogue de visita diária obrigatória. Como o de muitos amigos e blogamigos.
A Rosário é uma blogamiga. Não a conheço, não sei da existência de relacionamentos comuns, mas, entre o que é mostrado e o que se depreende, posso dizer-vos que estamos perante uma transmontana com memória e sensibilidade, inteligência e sentido de humor. Está radicada na Grã-Bretanha.
Se forem ao I&I, encontram variedade - da pintura às memórias, das reflexões intimistas à divulgação científica. Ou divulgação médico-científica, talvez seja mais correcto. Em qualquer caso, é divulgação em tempo real e com conhecimento de causa. Acresce que é um blogue despretensioso e muito bem escrito.
O I&I é um blogue feminino, mas completamente oposto ao tradicional (e insuportável) blogue de gaja. Bom... Esporadicamente - muito esporadicamente - cai uma lamechice ou outra. Mas também não há blogues perfeitos.
A Rosário é uma blogamiga. Não a conheço, não sei da existência de relacionamentos comuns, mas, entre o que é mostrado e o que se depreende, posso dizer-vos que estamos perante uma transmontana com memória e sensibilidade, inteligência e sentido de humor. Está radicada na Grã-Bretanha.
Se forem ao I&I, encontram variedade - da pintura às memórias, das reflexões intimistas à divulgação científica. Ou divulgação médico-científica, talvez seja mais correcto. Em qualquer caso, é divulgação em tempo real e com conhecimento de causa. Acresce que é um blogue despretensioso e muito bem escrito.
O I&I é um blogue feminino, mas completamente oposto ao tradicional (e insuportável) blogue de gaja. Bom... Esporadicamente - muito esporadicamente - cai uma lamechice ou outra. Mas também não há blogues perfeitos.
27.10.05
Se eu fosse candidato a PR... (RPS)
Se eu fosse candidato à Presidência da República, a primeira coisa que anunciava era que recusaria de modo absoluto e definitivo ter um Mandatário da ou para a Juventude.
26.10.05
Meninos, sejam imparciais. (JCS)
Na passada quinta feira, durante um directo no telejornal das 13 horas na SIC com o candidato Mario Soares, abriu-se uma porta para o que aí há-de vir.
Soares comentava a entrada “de facto” em cena de Cavaco Silva, e dizia-se pronto para o combate presidencial. Rematava esperar que a imprensa fosse imparcial. Dito pelo candidato Soares vale mais do que parece.
Soares nunca se pareceu importar, por exemplo, no regresso do exílio com a promoção a que teve direito nos poucos meios de comunicação social da altura. Nem com os sucessivos atentados jornalísticos a Cavaco Silva durante a estada deste em São Bento.
Cada um tem o que merece. Eventualmente Cavaco Silva teve bem o que mereceu. Ao ponto de se empanturrar de bolo-rei para escândalo da imprensa abespinhada com o senhor primeiro-ministro. Hoje parece um homem diferente. Mas ainda não estamos no day after eleitoral.
Quanto a Mario Soares prepara-se para o que aí vem. A onda de fundo da imprensa não lhe parece ser muito favorável. E pelos vistos Soares está pronto a abrir a caixa de pandora. Na passada Quinta-feira já colocou a chave na fechadura. E provavelmente lá tem as suas razões para o fazer.
Soares comentava a entrada “de facto” em cena de Cavaco Silva, e dizia-se pronto para o combate presidencial. Rematava esperar que a imprensa fosse imparcial. Dito pelo candidato Soares vale mais do que parece.
Soares nunca se pareceu importar, por exemplo, no regresso do exílio com a promoção a que teve direito nos poucos meios de comunicação social da altura. Nem com os sucessivos atentados jornalísticos a Cavaco Silva durante a estada deste em São Bento.
Cada um tem o que merece. Eventualmente Cavaco Silva teve bem o que mereceu. Ao ponto de se empanturrar de bolo-rei para escândalo da imprensa abespinhada com o senhor primeiro-ministro. Hoje parece um homem diferente. Mas ainda não estamos no day after eleitoral.
Quanto a Mario Soares prepara-se para o que aí vem. A onda de fundo da imprensa não lhe parece ser muito favorável. E pelos vistos Soares está pronto a abrir a caixa de pandora. Na passada Quinta-feira já colocou a chave na fechadura. E provavelmente lá tem as suas razões para o fazer.
The boys are back in town (SM)
Com algum atraso, mas lá vai:
-Toda a atenção para o novo "playing the angel" dos Depeche Mode, o pequeno rebuçado que me faltava para o regresso aos passos perdidos. Os meninos descem com o circo à cidade a 8 de Fevereiro.
-O amaciado Jay-Jay Johanson também está de volta; e é bom quando os amigos regressam a casa cheios de "Rush"; haverá agenda, pela enésima vez, para Portugal?
-Tinha-me esquecido deles, falhou-me a saída de "Nova Scotia", mas re-encontrei-os a tempo; Cousteau com banda a metade, sem Davey Ray Moor, mas a voz do tatuado Liam McKahey lá está.
-Toda a atenção para o novo "playing the angel" dos Depeche Mode, o pequeno rebuçado que me faltava para o regresso aos passos perdidos. Os meninos descem com o circo à cidade a 8 de Fevereiro.
-O amaciado Jay-Jay Johanson também está de volta; e é bom quando os amigos regressam a casa cheios de "Rush"; haverá agenda, pela enésima vez, para Portugal?
-Tinha-me esquecido deles, falhou-me a saída de "Nova Scotia", mas re-encontrei-os a tempo; Cousteau com banda a metade, sem Davey Ray Moor, mas a voz do tatuado Liam McKahey lá está.
25.10.05
Os apoiantes de Manuel Alegre andam iludidos (RPS)
Desculpem o pretensiosismo: este post é dedicado a todos aqueles que andam iludidos com a candidatura de Manuel Alegre. Em particular àqueles que pertencem também ao universo dos meus amigos e conhecidos e que são de esquerda ou complexados de esquerda.
O que a seguir exponho, em especial as previsões, decorre, tanto quanto me é possível, de uma análise racional. Pode ser contestada, poderá revelar-se errada, mas não é um mero palpite nem decorre das minhas antipatias, simpatias e manias.
A única semelhança entre Salgado Zenha em 86 e Manuel Alegre hoje é que ambos entraram em ruptura pessoal com Mário Soares. De resto, tudo é diferennte.
Entre Soares e Zenha a ruptura pessoal deu-se porque houve, antes, uma ruptura política insanável. Entre Soares e Alegre a ruptura foi meramente pessoal, com o primeiro a atraiçoar o segundo (Sócrates não entra neste filme porque não é amigo de Alegre e a sua atitude tem de ser vista como uma normal pulhice política).
Manuel Alegre não é o Zenha de 86. É a Pintassilgo de 86. Goza de simpatia generalizada à esquerda e até entra à vontade pelo centrão. Mas só porque a luta ainda não começou de facto. As sondagens, a longa distância, dão-lhe resultados muito bons. Até superiores aos de Soares. Quando as coisas começarem a sério, a doer, virá por aí abaixo.
Por muito que custe a algumas pessoas, estas Presidenciais são entre Cavaco e Soares. Mais nada.
Cavaco parte em clara vantagem. Soares padece, hoje, de vários handicaps, mas será um erro se o seu adversário - o único, Cavaco - o substimar. A Cavaco interessará, de algum modo, promover Alegre, mas terá de o fazer com savoire-faire, para não hostilizar Soares. Quanto mais Cavaco substimar e/ou hostilizar Soares, mais este lhe agradecerá.
Ainda sobre Soares, estas eleições poderão trazer um dado novo: pela primeira vez, a televisão poderá ser-lhe prejudicial. Poderá, não é certo que o seja.
Sê-lo-á se, na sua crueza, a televisão vier a revelar, na verdade, um velho. Uma troca de nomes aos 60 anos é uma gaffe. Aos 80 é um sinal de insanidade. Um cochilo aos 60 anos é resultado do cansaço natural. Aos 80 é arteriosclerose.
As candidaturas de Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã tem como único objectivo segurar o eleitorado natural e marcar terreno. Podem ir até ao fim, mas também podem desisitir a meio, a favor de Soares. Tudo depende do modo como as coisas decorrerem.
Volto a Manuel Alegre para dizer que o seu resultado não será substancialmente diferente do obtido por Lurdes Pintassilgo em 86.
Alegre terá 7, 8, 10, 12 - vá lá... - por cento. Mário Soares terá entre 25 e 30. Jerónimo 6 ou 7 e Louçã dois ou três.
Cavaco Silva terá quarenta-e-muitos ou cinquenta-e-poucos por cento.
Se houver segunda volta, continuará a ser favorito, mas correrá mais riscos.
Na primeira volta, Cavaco corre o risco de ganhar. Na segunda, corre o risco de perder.
(Se estiver errado, escusam-me de me o lembrar em Janeiro. Eu venho cá.)
O que a seguir exponho, em especial as previsões, decorre, tanto quanto me é possível, de uma análise racional. Pode ser contestada, poderá revelar-se errada, mas não é um mero palpite nem decorre das minhas antipatias, simpatias e manias.
A única semelhança entre Salgado Zenha em 86 e Manuel Alegre hoje é que ambos entraram em ruptura pessoal com Mário Soares. De resto, tudo é diferennte.
Entre Soares e Zenha a ruptura pessoal deu-se porque houve, antes, uma ruptura política insanável. Entre Soares e Alegre a ruptura foi meramente pessoal, com o primeiro a atraiçoar o segundo (Sócrates não entra neste filme porque não é amigo de Alegre e a sua atitude tem de ser vista como uma normal pulhice política).
Manuel Alegre não é o Zenha de 86. É a Pintassilgo de 86. Goza de simpatia generalizada à esquerda e até entra à vontade pelo centrão. Mas só porque a luta ainda não começou de facto. As sondagens, a longa distância, dão-lhe resultados muito bons. Até superiores aos de Soares. Quando as coisas começarem a sério, a doer, virá por aí abaixo.
Por muito que custe a algumas pessoas, estas Presidenciais são entre Cavaco e Soares. Mais nada.
Cavaco parte em clara vantagem. Soares padece, hoje, de vários handicaps, mas será um erro se o seu adversário - o único, Cavaco - o substimar. A Cavaco interessará, de algum modo, promover Alegre, mas terá de o fazer com savoire-faire, para não hostilizar Soares. Quanto mais Cavaco substimar e/ou hostilizar Soares, mais este lhe agradecerá.
Ainda sobre Soares, estas eleições poderão trazer um dado novo: pela primeira vez, a televisão poderá ser-lhe prejudicial. Poderá, não é certo que o seja.
Sê-lo-á se, na sua crueza, a televisão vier a revelar, na verdade, um velho. Uma troca de nomes aos 60 anos é uma gaffe. Aos 80 é um sinal de insanidade. Um cochilo aos 60 anos é resultado do cansaço natural. Aos 80 é arteriosclerose.
As candidaturas de Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã tem como único objectivo segurar o eleitorado natural e marcar terreno. Podem ir até ao fim, mas também podem desisitir a meio, a favor de Soares. Tudo depende do modo como as coisas decorrerem.
Volto a Manuel Alegre para dizer que o seu resultado não será substancialmente diferente do obtido por Lurdes Pintassilgo em 86.
Alegre terá 7, 8, 10, 12 - vá lá... - por cento. Mário Soares terá entre 25 e 30. Jerónimo 6 ou 7 e Louçã dois ou três.
Cavaco Silva terá quarenta-e-muitos ou cinquenta-e-poucos por cento.
Se houver segunda volta, continuará a ser favorito, mas correrá mais riscos.
Na primeira volta, Cavaco corre o risco de ganhar. Na segunda, corre o risco de perder.
(Se estiver errado, escusam-me de me o lembrar em Janeiro. Eu venho cá.)
Trinta anos depois - ainda há quem não tenha percebido? (JCS)
Já lá vão trinta anos e faz-me confusão que num país tão pequeno os Portugueses de primeira considerem que acolheram bem os Portugueses de segunda, vulgo, retornados.
Talvez até pensem que o passeio (Ex-colónias – Lisboa) não passou de isso mesmo, de um passeio. Talvez pensem que para os pais foi fácil ver os filhos no avião da TAP, sem direito sequer a um copo de leite. Para os pais foi agradável aterrar em Lisboa, e ver que estavam sós no meio da multidão anónima que os esperava.
Que o bom familiar que os recebeu e ofereceu um tecto, lhes ditou que o fogão lá da vivenda podia ser partilhado, a comida é que não. E tecto sim senhor, a troco de limpeza da casa. E já agora uma lavagem de quando em vez no Porche, no Volvo e no Fiat descapotável repousavam na garagem era muito bom.
Talvez até pensem que o pai não “podia” oferecer ao filho mais que um copo de água, porque não “queria”. Que é uma mentira que o “Iarne” tinha servido para uns quantos, provavelmente para muitos que não precisavam e eram portugueses de primeira.
Continuem a pensar assim, Portugueses de primeira. Mas lembrem-se que há feridas que 30 anos depois não sararam. Dói muito mais do muitos julgam. E postar sobre isso é mergulhar num passado negro em que africanos e europeus ficaram a ganhar. Mas conheço uns quantos branquinhos que mereciam que lhe pedissem contas. Porque não em breve?
Talvez até pensem que o passeio (Ex-colónias – Lisboa) não passou de isso mesmo, de um passeio. Talvez pensem que para os pais foi fácil ver os filhos no avião da TAP, sem direito sequer a um copo de leite. Para os pais foi agradável aterrar em Lisboa, e ver que estavam sós no meio da multidão anónima que os esperava.
Que o bom familiar que os recebeu e ofereceu um tecto, lhes ditou que o fogão lá da vivenda podia ser partilhado, a comida é que não. E tecto sim senhor, a troco de limpeza da casa. E já agora uma lavagem de quando em vez no Porche, no Volvo e no Fiat descapotável repousavam na garagem era muito bom.
Talvez até pensem que o pai não “podia” oferecer ao filho mais que um copo de água, porque não “queria”. Que é uma mentira que o “Iarne” tinha servido para uns quantos, provavelmente para muitos que não precisavam e eram portugueses de primeira.
Continuem a pensar assim, Portugueses de primeira. Mas lembrem-se que há feridas que 30 anos depois não sararam. Dói muito mais do muitos julgam. E postar sobre isso é mergulhar num passado negro em que africanos e europeus ficaram a ganhar. Mas conheço uns quantos branquinhos que mereciam que lhe pedissem contas. Porque não em breve?
24.10.05
Esquizofrénico e burguês arrogante (RPS)
Jamais votaria em Manuel Alegre. Por dezenas de razões. Mas basta uma: a relação esquizofrénica que ele tem com o Poder.
Alegre vive há 30 anos do Poder - ser Poder não é só estar no Governo ou na maioria...
Alegre vive do e no Poder, mas adora ser conta-poder.
Como adora ser contra-poder, vive mal, no fundo, com quem vive e com de quem vive.
Apesar do cargo de PR não ser nada de especial, pode ser perigoso se detido por um esquizofrénico.
Acresce que em alguns (poucos) contactos mantidos com o personagem, ficou para mim evidente uma incomensurável arrogância. Trata os outros do alto do seu pedestal. É um burguês refinado e tem, por isso, um certo sentimento de culpa que o leva a encher permanentemente a boca de liberdade e de democracia.
É um grande poeta.
Politicamente, é um zero. Recordo as duas grandes batalhas que travou, em trinta anos, como deputado:
- contra a co-incineração (porque é de Coimbra e achava que aquilo poluía muito a sua terra);
- e contra a falta de umas obras que impediriam cheias em Águeda (porque ele e a irmã têm lá uma casa e a água estragava-lhe os móveis).
O tipo chega a causar-me repulsa.
Alegre vive há 30 anos do Poder - ser Poder não é só estar no Governo ou na maioria...
Alegre vive do e no Poder, mas adora ser conta-poder.
Como adora ser contra-poder, vive mal, no fundo, com quem vive e com de quem vive.
Apesar do cargo de PR não ser nada de especial, pode ser perigoso se detido por um esquizofrénico.
Acresce que em alguns (poucos) contactos mantidos com o personagem, ficou para mim evidente uma incomensurável arrogância. Trata os outros do alto do seu pedestal. É um burguês refinado e tem, por isso, um certo sentimento de culpa que o leva a encher permanentemente a boca de liberdade e de democracia.
É um grande poeta.
Politicamente, é um zero. Recordo as duas grandes batalhas que travou, em trinta anos, como deputado:
- contra a co-incineração (porque é de Coimbra e achava que aquilo poluía muito a sua terra);
- e contra a falta de umas obras que impediriam cheias em Águeda (porque ele e a irmã têm lá uma casa e a água estragava-lhe os móveis).
O tipo chega a causar-me repulsa.
Preferem no original ou a tradução? (RPS)
na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã
mais nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
(José Luís Peixoto)
al momento di apparecchiare la tavola, eravamo in cinque:
mio padre, mia madre, le mie sorelle,
ed io. poi, la mia sorella maggiore
si è sposata. poi, la mia sorella minore
si è sposata. poi, mio padre è morto. oggi,
al momento di apparecchiare la tavola, siamo in cinque,
meno la mia sorella maggiore che è
a casa sua, meno la mia sorella
minore che è a casa sua, meno mio
padre, meno mia madre vedova. ciascuno
di loro è un posto vuoto a questa tavola dove
mangio solo, ma saranno sempre qui.
al momento di apparecchiare la tavola, saremo sempre in cinque.
fintanto che uno di noi sarà vivo, saremo
sempre in cinque.
(Traduzione di Julio Monteiro Martins)
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã
mais nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.
(José Luís Peixoto)
al momento di apparecchiare la tavola, eravamo in cinque:
mio padre, mia madre, le mie sorelle,
ed io. poi, la mia sorella maggiore
si è sposata. poi, la mia sorella minore
si è sposata. poi, mio padre è morto. oggi,
al momento di apparecchiare la tavola, siamo in cinque,
meno la mia sorella maggiore che è
a casa sua, meno la mia sorella
minore che è a casa sua, meno mio
padre, meno mia madre vedova. ciascuno
di loro è un posto vuoto a questa tavola dove
mangio solo, ma saranno sempre qui.
al momento di apparecchiare la tavola, saremo sempre in cinque.
fintanto che uno di noi sarà vivo, saremo
sempre in cinque.
(Traduzione di Julio Monteiro Martins)
22.10.05
Mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube (RPS)
Está lá, no cantinho superior esquerdo da primeira página do Expresso: PS puxa por Soares...
Este é o título. E o notícia começa: Mal Cavaco Silva anunciou a candidatura a Belém, o PS lançou os seus mais altos dirigentes no terreno para puxar por Mário Soares. Ontem, Edite Estrela esteve em Beja (...).
Não é dito o que fez a Edite em concreto. Mas se era para puxar, seja lá por quem for, mais valia dizerem-lhe para se deixar quieta.
Ainda de acordo com a notícia, outros indivíduos mandados puxar, foram Jorge Coelho, António Costa, o próprio Sócrates e Idália Moniz, seja lá quem esta for.
Eu sei, doutor Soares, que mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube. Mas... Oh doutor Soares... Com asnos destes...
Este é o título. E o notícia começa: Mal Cavaco Silva anunciou a candidatura a Belém, o PS lançou os seus mais altos dirigentes no terreno para puxar por Mário Soares. Ontem, Edite Estrela esteve em Beja (...).
Não é dito o que fez a Edite em concreto. Mas se era para puxar, seja lá por quem for, mais valia dizerem-lhe para se deixar quieta.
Ainda de acordo com a notícia, outros indivíduos mandados puxar, foram Jorge Coelho, António Costa, o próprio Sócrates e Idália Moniz, seja lá quem esta for.
Eu sei, doutor Soares, que mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube. Mas... Oh doutor Soares... Com asnos destes...
21.10.05
Noite de Reis (SM)
Caíram todos aos pés do rei. Foi lindo vê-los - Alegre, Jerónimo, Louçã - sentados, com desvelo, a ver Cavaco Silva a dar-lhes o Knock out técnico em directo. Lá estavam eles ao canto da SIC, quais moscas a beber as palavras do futuro soberano.
Alegre, em plena televisão, punha e tirava os óculos escuros conforme percebia que estava a ser filmado.
Jerónimo, canhoto, fingia que escrevia no escritório parlamentar emprestado por Bernardino Soares; se escrevia, será que viu Cavaco pelo canto do olho?
Quanto a Louçã sofreu o revés do Bernardo Ferrão lhe fazer uma pergunta, para trinta segundos depois ser calado para a imagem ir ao CCB...para o festival pós-declaração. Comem e cala.
E nem Soares resistiu.Não falou ele , mas falou o porta-voz Nuno Severiano Teixeira por ele, em tempo quase real.
Ora assim é que é; parabéns à SIC que conseguiu pôr todos os candidatos a fazer figura de parvos. Menos ao homem que diz nunca ter sido político profissional. O manhoso...
Alegre, em plena televisão, punha e tirava os óculos escuros conforme percebia que estava a ser filmado.
Jerónimo, canhoto, fingia que escrevia no escritório parlamentar emprestado por Bernardino Soares; se escrevia, será que viu Cavaco pelo canto do olho?
Quanto a Louçã sofreu o revés do Bernardo Ferrão lhe fazer uma pergunta, para trinta segundos depois ser calado para a imagem ir ao CCB...para o festival pós-declaração. Comem e cala.
E nem Soares resistiu.Não falou ele , mas falou o porta-voz Nuno Severiano Teixeira por ele, em tempo quase real.
Ora assim é que é; parabéns à SIC que conseguiu pôr todos os candidatos a fazer figura de parvos. Menos ao homem que diz nunca ter sido político profissional. O manhoso...
Quentes e Sinceros
Os produtores são também músicos, ás vezes até o esquecemos.
Geralmente dominam bem as máquinas e quando têm ideias são temíveis.
Neste caso, o trio tem um que rotativamente assume a boca de cena. Neste caso é
Domenico Lancellotti. Os outros são Moreno Veloso e Alexandre Kassim.
Algumas referências - Domenico trabalhou com Marisa Monte e Calcanhoto (compôs Borboleta, do album Partimpim), Moreno é filho do dito cujo e tem também carreira própria e Kassim trabalhou com os Los Hermanos, que estiveram recentemente em Portugal.
O Disco chama-se Sincerely Hot e entusiasma quem gosta do cruzamento da MPB com a electrónica.
Domenico +2 tocam em Lisboa (hoje no Forum Lisboa) e no Porto (sábado na Casa da Musica).
A propósito de um post que caiu mal por aí... (RPS)
Há três dias, neste post, colocava aqui uma questão (ou questões) para a qual (ou quais) nunca obtive, em trinta anos - desde miúdo, portanto - uma resposta satisfatória. E a questão é saber a razão que leva os retornados a dizerem permanentemente que preferiam Angola ou Moçambique à "Metrópole".
Nos retornados de Angola isso é particularmente notório. Incensam Angola e mal dizem a vida que tiveram e têm por cá (já "levaram" com dois ou três retornados a falarem sobre esses tempos?...). O certo é que por cá ficaram e por cá continuam, em contradição com o desejo manifestado no discurso.
O post provocou reacções ofendidas. Por exemplo, o meu amigo JCS - que é um dos nossos, como podem ver ali na coluna da esquerda, e não escreve nada aqui há meses... - até se deu ao trabalho de fazer um longo comment. E insinua que eu sou racista!!! Uma desfaçatez que a amizade perdoa.
A maior parte das reacções surgiu, contudo, através de outros meios. Mais directos. Incluindo a de uma amiga, retornada no útero materno.
Nunca pretendi ofender ninguém. Tenho família que fugiu de Angola em 75. Foi terrível para muita gente, para muitas famílias. Pelo que apreendi na altura e sei hoje, o Estado português, na época, não lhes prestou lá o apoio que deveria. Abandonou-os, mesmo. Mas isso é uma questão que têm de colocar aos responsavéis políticos de então. Basicamente, militares barbudos, alguns comunistas, muitos revolucionários e oficiais-generais, como Rosa Coutinho, Vasco Gonçalves e Costa Gomes. E outros de quem não conhecemos os nomes.
Tenho, contudo, a ideia - e a convicção - de que, por cá, os retornados foram na generalidade bem acolhidos. Pelo Estado e pelas pessoas em geral. Aliás, a maioria e a sua descendência está por aí em situação idêntica à dos que já cá estavam e respectivas descendências. Dir-me-ão que conhecem um caso X e outro Y diferentes. Provavelmente, há casos desses. Como os há de retornados que, não necessitando de nada, se fizeram e beneficiaram de toda a prebenda.
Nos meus dez-onze anos de idade, senti-me solidário com esta gente que fugia da guerra. Entretanto, no Verão Quente de 75, começava a falar-se da possibilidade de, por cá, eclodir também uma guerra civil. Nunca ouvi familiares e amigos dizerem que teríamos de fugir. Mas pensei: para onde irão fugir agora os retornados?...
Há uns anos, li, na revista Pública, uma excelente reportagem com "o mais velho português de Angola". Era um tipo com quase 90 anos. Tinha nascido lá, por volta de 1910. O seu avô tinha ido para Angola na primeira metade do século XIX.
O homem relatava a história da sua vida. Em 74 ou 75, quando rebentaram a sério as hostilidades em Angola, desfez a casa, carregou carros e camionetas e rumou, da cidade onde vivia, a caminho de Luanda, para se pirar com a família. Chegado a meio do percurso, de muitas centenas de quilómetros e milhares de perigos, parou o carro e pensou: vou fugir para onde? Porquê? Esta é a minha terra! Esta é a terra que eu gosto!
Voltou para trás com a família e ficou. Hoje terá perto de cem anos. Ou já morreu - na terra onde nasceu e que sempre amou. E onde foi enterrado pelos seus familiares.
Não tenho dúvidas de que este velhote amava mesmo de Angola.
O resto é cheap-talk.
Nos retornados de Angola isso é particularmente notório. Incensam Angola e mal dizem a vida que tiveram e têm por cá (já "levaram" com dois ou três retornados a falarem sobre esses tempos?...). O certo é que por cá ficaram e por cá continuam, em contradição com o desejo manifestado no discurso.
O post provocou reacções ofendidas. Por exemplo, o meu amigo JCS - que é um dos nossos, como podem ver ali na coluna da esquerda, e não escreve nada aqui há meses... - até se deu ao trabalho de fazer um longo comment. E insinua que eu sou racista!!! Uma desfaçatez que a amizade perdoa.
A maior parte das reacções surgiu, contudo, através de outros meios. Mais directos. Incluindo a de uma amiga, retornada no útero materno.
Nunca pretendi ofender ninguém. Tenho família que fugiu de Angola em 75. Foi terrível para muita gente, para muitas famílias. Pelo que apreendi na altura e sei hoje, o Estado português, na época, não lhes prestou lá o apoio que deveria. Abandonou-os, mesmo. Mas isso é uma questão que têm de colocar aos responsavéis políticos de então. Basicamente, militares barbudos, alguns comunistas, muitos revolucionários e oficiais-generais, como Rosa Coutinho, Vasco Gonçalves e Costa Gomes. E outros de quem não conhecemos os nomes.
Tenho, contudo, a ideia - e a convicção - de que, por cá, os retornados foram na generalidade bem acolhidos. Pelo Estado e pelas pessoas em geral. Aliás, a maioria e a sua descendência está por aí em situação idêntica à dos que já cá estavam e respectivas descendências. Dir-me-ão que conhecem um caso X e outro Y diferentes. Provavelmente, há casos desses. Como os há de retornados que, não necessitando de nada, se fizeram e beneficiaram de toda a prebenda.
Nos meus dez-onze anos de idade, senti-me solidário com esta gente que fugia da guerra. Entretanto, no Verão Quente de 75, começava a falar-se da possibilidade de, por cá, eclodir também uma guerra civil. Nunca ouvi familiares e amigos dizerem que teríamos de fugir. Mas pensei: para onde irão fugir agora os retornados?...
Há uns anos, li, na revista Pública, uma excelente reportagem com "o mais velho português de Angola". Era um tipo com quase 90 anos. Tinha nascido lá, por volta de 1910. O seu avô tinha ido para Angola na primeira metade do século XIX.
O homem relatava a história da sua vida. Em 74 ou 75, quando rebentaram a sério as hostilidades em Angola, desfez a casa, carregou carros e camionetas e rumou, da cidade onde vivia, a caminho de Luanda, para se pirar com a família. Chegado a meio do percurso, de muitas centenas de quilómetros e milhares de perigos, parou o carro e pensou: vou fugir para onde? Porquê? Esta é a minha terra! Esta é a terra que eu gosto!
Voltou para trás com a família e ficou. Hoje terá perto de cem anos. Ou já morreu - na terra onde nasceu e que sempre amou. E onde foi enterrado pelos seus familiares.
Não tenho dúvidas de que este velhote amava mesmo de Angola.
O resto é cheap-talk.
OS MEUS BLOGUES - A Coluna Vertebral (RPS)
Mudou de cara, há um ou dois dias. Provavelmente, ficou melhor, mas, pelo menos nestes primeiros tempos, não gosto. Estava habituado ao design anterior. É como quando um jornal altera o grafismo - a adaptação custa.
Passem por A Coluna Vertebral, o blogue de João M. Gonçalves - que não conheço, mas de quem tenho algumas referências porque temos amigos comuns.
A oferta é diversificada - actualidade, política, futebol, cinema... De tudo um pouco, enfim, e tudo apresentado de modo despretensioso. Mesmo os posts sobre música, assunto em que o autor - nota-se - é um verdadeiro conhecedor. E um grande divulgador.
Passem por A Coluna Vertebral, o blogue de João M. Gonçalves - que não conheço, mas de quem tenho algumas referências porque temos amigos comuns.
A oferta é diversificada - actualidade, política, futebol, cinema... De tudo um pouco, enfim, e tudo apresentado de modo despretensioso. Mesmo os posts sobre música, assunto em que o autor - nota-se - é um verdadeiro conhecedor. E um grande divulgador.
20.10.05
Nervos de um lado, excitação do outro - reacções sem muito sentido (RPS)
É hoje. Cavaco fala. A partir de agora todos poderão falar sobre o concreto. É que até aqui, anda toda a gente a falar de uma coisa que não existe.
Até aqui, em particular à esquerda, fala-se apenas de fantasmas. Como aquele de que o homem tem um projecto pessoal de tomada do poder a partir de Belém e dislates do género. O must foi-nos oferecido pelo gagá Almeida Santos: o homem disse estar acima dos partidos, logo é fascista como o Salazar. Bateram-lhe palmas.
Aliás, à esquerda impera um certo nervosismo. Faz-se notar, particularmente, junto do PS e dos apoiantes de Mário Soares. Talvez porque, como hoje fez notar Funes, el memorioso: ... os que apoiam Alegre fazem-no frontalmente, com convicção e uma ponta de orgulho. Os que apoiam Soares parecem comprometidos, como se tivessem vergonha, ou estivessem a confessar um pecadilho.
À Direita, instalou-se, entretanto, um contentamento algo pateta. Certo PSD, alguma Direita não alinhada e muito "centrão" mostram-se excitadinhos com a previsível entrada de Cavaco em Belém. Endeusam-no e parece que esperam algo. Não percebem, sequer, que Cavaco os detesta. E que não vai deixar-se cavalgar.
Nem o nervosismo da esquerda nem a excitação da direita fazem muito sentido. O homem, afinal, só vai ser Presidente da República. O que - convenhamos - não é nada de substancialmente importante.
Nem o homem nem o cargo valem tanto falatório. O cargo muito menos - só em situações excepcionais, de ruptura, tem alguma importância.
Até aqui, em particular à esquerda, fala-se apenas de fantasmas. Como aquele de que o homem tem um projecto pessoal de tomada do poder a partir de Belém e dislates do género. O must foi-nos oferecido pelo gagá Almeida Santos: o homem disse estar acima dos partidos, logo é fascista como o Salazar. Bateram-lhe palmas.
Aliás, à esquerda impera um certo nervosismo. Faz-se notar, particularmente, junto do PS e dos apoiantes de Mário Soares. Talvez porque, como hoje fez notar Funes, el memorioso: ... os que apoiam Alegre fazem-no frontalmente, com convicção e uma ponta de orgulho. Os que apoiam Soares parecem comprometidos, como se tivessem vergonha, ou estivessem a confessar um pecadilho.
À Direita, instalou-se, entretanto, um contentamento algo pateta. Certo PSD, alguma Direita não alinhada e muito "centrão" mostram-se excitadinhos com a previsível entrada de Cavaco em Belém. Endeusam-no e parece que esperam algo. Não percebem, sequer, que Cavaco os detesta. E que não vai deixar-se cavalgar.
Nem o nervosismo da esquerda nem a excitação da direita fazem muito sentido. O homem, afinal, só vai ser Presidente da República. O que - convenhamos - não é nada de substancialmente importante.
Nem o homem nem o cargo valem tanto falatório. O cargo muito menos - só em situações excepcionais, de ruptura, tem alguma importância.
19.10.05
Um chato e, afinal, também um palhaço (RPS)
O amigo Aristóteles não gostou muito de um comentário que fiz no seu Interrupções. Foi há uns meses, não sei bem quando, talvez antes do Verão. Não consigo encontrar o link para o post em causa.
Mas lembro-me de ter escrito, então, que o professor Vital Moreira é um chato.
Presumo que acrescentei não embirrar particularmente com o senhor nem pretender por em causa a sua capacidade intelectual, mas que era um chato como são todos os professores de Direito. Acho que não disse na altura, mas também entendo que os de Coimbra ainda são mais chatos que os outros.
Não quero implicar com o amigo Aristóteles, mas hoje tenho que acrescentar que o professor Vital Moreira também é um grande palhaço. Então não é que o professor colabora nesta fantochada !!!
(não está em causa a candidatura nem o apoio de quem lho queira dar - essa é outra questão. De que se falará muito nos próximos meses).
Mas lembro-me de ter escrito, então, que o professor Vital Moreira é um chato.
Presumo que acrescentei não embirrar particularmente com o senhor nem pretender por em causa a sua capacidade intelectual, mas que era um chato como são todos os professores de Direito. Acho que não disse na altura, mas também entendo que os de Coimbra ainda são mais chatos que os outros.
Não quero implicar com o amigo Aristóteles, mas hoje tenho que acrescentar que o professor Vital Moreira também é um grande palhaço. Então não é que o professor colabora nesta fantochada !!!
(não está em causa a candidatura nem o apoio de quem lho queira dar - essa é outra questão. De que se falará muito nos próximos meses).
Em causa própria
Não queria muito trazer isto para aqui, mas gostava de vos avisar que vou deixar aqui no FF algumas notas relacionadas com os destaques musicais que faço na Edição da Noite da RR.
Acreditem ou não, já tocaram na Rádio Renascença nomes como Nils Petter Molvaer, Françoiz Breut, Filipe Pinto-Ribeiro, Uri Caine ou Domenico +2...
Acreditem ou não, já tocaram na Rádio Renascença nomes como Nils Petter Molvaer, Françoiz Breut, Filipe Pinto-Ribeiro, Uri Caine ou Domenico +2...
Costumes
Para quem passa a vida a dizer mal do Governo (como quase todos fazemos), os últimos dias têm sido um pouco chocantes.
Lançada com o PSD no poder, a Autoridade da Concorrência lançou os cães à estrada com Sócrates no poder. O mistério é que o senhor Abel Mateus - inoperante até aqui - tornou-se no caça-carteis, acusando Laboratórios que lesam o Estado, detectando pão com preços combinados... e para quando as gasolineiras ? Ai se tivessemos um sistema judicial célere...
Parece-me que Sócrates encontrou aqui mais um instrumento político. É mau. A Autoridade da Concorrência não deve ser do PS ou do PSD.
Outro caso estranho é o da aparente ofensiva da PJ sobre a Banca. Que os nossos inspectores chamam os media quando querem já sabíamos - tornou-se um facto de regime. Agora que (como se pode ler na imprensa de hoje) avisem os bancos que amanhã vão lá buscar uns papeis comprometedores...
Assim é fácil atacar os costumes.
Lançada com o PSD no poder, a Autoridade da Concorrência lançou os cães à estrada com Sócrates no poder. O mistério é que o senhor Abel Mateus - inoperante até aqui - tornou-se no caça-carteis, acusando Laboratórios que lesam o Estado, detectando pão com preços combinados... e para quando as gasolineiras ? Ai se tivessemos um sistema judicial célere...
Parece-me que Sócrates encontrou aqui mais um instrumento político. É mau. A Autoridade da Concorrência não deve ser do PS ou do PSD.
Outro caso estranho é o da aparente ofensiva da PJ sobre a Banca. Que os nossos inspectores chamam os media quando querem já sabíamos - tornou-se um facto de regime. Agora que (como se pode ler na imprensa de hoje) avisem os bancos que amanhã vão lá buscar uns papeis comprometedores...
Assim é fácil atacar os costumes.
18.10.05
A viúva do enforcado (SM)
Saddam Hussein começa agora a ser julgado; e muito bem. Eis um julgamento que certamente irá terminar tão ao gosto do antigo governador do Texas. George W.Bush teve, enquanto ocupou o cargo, uma das maiores taxas de pena de morte dos Estados Unidos; e se tudo correr de feição a sentença do julgamento de Saddam irá aumentar a sua quota. Deve ser uma arte gostar de ter uma lista destas, ainda para mais aumentada a partir de fora.
E não, não me esqueço das atrocidades de Saddam contra a minoria curda e das valas comuns que de tempos a tempos são descobertas pelo Iraque; ou da fortuna colossal que açambarcou durante anos. Ou dos filhos desembestados que criou. E que o tradicional por aquelas bandas é o dente por dente.Mas o Ocidente de Bush tem a prisão perpétua (com a qual também não concordo, porque não dá hipótese à possibilidade de arrependimento) para dar como exemplo.Ou as penas de 20, 30 anos. E porque não?
Se estiver viva, o que pensará a mulher, pelo menos a legítima, de Saddam?Ou melhor, a futura viúva do enforcado?
E não, não me esqueço das atrocidades de Saddam contra a minoria curda e das valas comuns que de tempos a tempos são descobertas pelo Iraque; ou da fortuna colossal que açambarcou durante anos. Ou dos filhos desembestados que criou. E que o tradicional por aquelas bandas é o dente por dente.Mas o Ocidente de Bush tem a prisão perpétua (com a qual também não concordo, porque não dá hipótese à possibilidade de arrependimento) para dar como exemplo.Ou as penas de 20, 30 anos. E porque não?
Se estiver viva, o que pensará a mulher, pelo menos a legítima, de Saddam?Ou melhor, a futura viúva do enforcado?
Tic-tac-tic-tac....(SM)
Está quase. Cavaco está quase.Faltam dois-dias-dois. O homem do bolo rei vem aí.Será que as sondagens vão caír quando começar a falar?Ou conseguirá Velez, que outrora serviu Santana, e agora serve Soares, cavalgar o seu "jockey" nas sondagens?
Tica-tac para os dois.
Tica-tac para os dois.
Paleio de retornado (RPS)
Há trinta anos que ouço o mesmo discurso aos retornados - a todos os de Angola e a parte considerável dos de Moçambique: lá é que era bom, a vida era boa... isto aqui é uma merda, não vale nada...
Se lá era assim tão bom, porque se piraram? Se aqui é tão mau assim, porque não voltaram nem voltam?
Se lá era assim tão bom, porque se piraram? Se aqui é tão mau assim, porque não voltaram nem voltam?
16.10.05
Não contem comigo em 2019 (RPS)
Em 1977, foi 1-0, com golo de Chalana. Em 1991, foram os dois golos de César Brito. Ontem, foi o que se sabe. Maldito ciclo dos 14 anos! Anotem: em 2019 não ponho lá os pés. Não estou para me sujeitar àquilo.
Impressões (SM)
É impressão minha ou começa a notar-se que o Derlei, Jorge Costa, o Costinha, o Maniche, o Adriano, Leo Lima, já nem falando do Deco, andam a fazer falta?E que a arrogância dos treinadores deixou de dar resultado(s)?Se é impressão, olhem que está muito focada...
14.10.05
Koffi Annan contra o Mundo (SM)
Será possível irritar Koffi Annan? A cada discurso de Bush, como dormirá o Secretário Geral das Nações Unidas? De consciência tranquila?Ou terá que pensar em reparar danos a torto e a direito?
Koffi Annan é um dos meus heróis; quase tão bom como o dinâmico, mas de ar eternamente aflito, Perez de Cuellar, mas simplesmente óptimo perante a ineficácia de um Bouthros Ghali, de má memória.
Que outro cidadão do Gana poderia fazer frente a Bush durante tanto tempo, como por alturas da crise no Iraque? Se não conseguiu mais é porque as Nações Unidas estão à beira da falência técnica; na ONU já ninguém acredita, mas em Annan lá vamos confiando; até mesmo sabendo da duvidosa ligação do filho (pródigo?) no programa petróleo por alimentos (também) no Iraque.
Aliás o Iraque é um verdadeiro escolho na vida do homem-que-mesmo-não-estando-parece-sempre-sereno: lá perdeu o homem de mão, Vieira de Mello, que certamente o iria substituir.
Por tudo isto, Koffi Annan merece muito mais que o Nobel , ou todas as condecorações do Sampaio ou o doutoramento "honoris causa" da Nova e jantares chatos com Sócrates/Freitas, a que foi sujeito; o "meu" secretário geral merecia que todos os Bush desta vida fossem à fava com um bilhete de ida, sem volta. E também um jantar (em que eu participasse) regado com bom vinho, boa música e um eterno "piss off the boring people".
Koffi Annan é um dos meus heróis; quase tão bom como o dinâmico, mas de ar eternamente aflito, Perez de Cuellar, mas simplesmente óptimo perante a ineficácia de um Bouthros Ghali, de má memória.
Que outro cidadão do Gana poderia fazer frente a Bush durante tanto tempo, como por alturas da crise no Iraque? Se não conseguiu mais é porque as Nações Unidas estão à beira da falência técnica; na ONU já ninguém acredita, mas em Annan lá vamos confiando; até mesmo sabendo da duvidosa ligação do filho (pródigo?) no programa petróleo por alimentos (também) no Iraque.
Aliás o Iraque é um verdadeiro escolho na vida do homem-que-mesmo-não-estando-parece-sempre-sereno: lá perdeu o homem de mão, Vieira de Mello, que certamente o iria substituir.
Por tudo isto, Koffi Annan merece muito mais que o Nobel , ou todas as condecorações do Sampaio ou o doutoramento "honoris causa" da Nova e jantares chatos com Sócrates/Freitas, a que foi sujeito; o "meu" secretário geral merecia que todos os Bush desta vida fossem à fava com um bilhete de ida, sem volta. E também um jantar (em que eu participasse) regado com bom vinho, boa música e um eterno "piss off the boring people".
O Porto-Benfica da verdade absoluta (RPS)
Foi na baliza do topo Norte, nas Antas.
A bola sobrevoou a defesa do Benfica, vinda da meia-direita do ataque do Porto. (terá sido o Pavão?... Não me recordo, mas gostava que tivesse sido o Pavão).
Sentado no camarote número quinze, estava, recorrendo ao futebolês erudito, no enfiamento da jogada. Tinha os olhos na bola: ela a vir para cá, a vir para cá... Não sei como, mas, de súbito, o Lemos estava sozinho com a bola, frente ao guarda-redes. Sem eu dar conta, tinha-se desmarcado, ali por entre o defesa-direito e o central. Eles também não tinham dado conta...
Pois o Lemos esteve ali sozinho com a bola uma eternidade de umas fracções de segundo. Uma eternidade em que a minha função respiratória esteve suspensa e em que visualizei o pior: “vai falhar”, disse para mim, contagiado já pelos complexos e pelo pessimismo que então marcavam a atmosfera daquele estádio.
Mas não... Num ápice, desvaneceu-se aquela visão de terror e frustração: o Lemos não falhou. GOOOOOLOOO !!! - explodimos... Quarenta mil, cinquenta mil, sei lá bem... A caminho dos oito anos, esse era um detalhe que não me ocupava o espírito. Sei que a lotação do estádio era menor do que uns anos mais tarde porque ainda não tinha sido fechada a bancada. Havia uma espécie de praça da maratona, semelhante à do Jamor, mas menos sumptuosa. Contudo, as bancadas abarrotavam de gente. “Condições de segurança” era expressão que ninguém conhecia na época e não havia essa coisa chamada “stewards” nem seres similares de colete florescente. Estávamos em 1971, um adepto de futebol não era olhado como um criminoso em potência e, por isso, não era revistado à entrada do estádio.
O golo do Lemos deixou-me em êxtase, com pele de galinha, olhos molhados. Naquela tarde soalheira de domingo, uma qualquer bênção tinha acabado de cair do céu sobre aquele estádio, sobre aquela gente, sobre mim e, principalmente, sobre o Lemos. Na segunda parte, ele marcou mais três. A baliza do topo sul ficava mais distante do camarote número quinze, tenho uma vaga ideia de um golo após um canto... 4-0 àqueles bandidos, quatro golos do Lemos.
Daí para cá, vi dezenas de “Portos-Benfica” e, com o tempo, foi subindo exponencialmente o número de vitórias do Porto. Grandes tardes ou grandes noites de grandes jogos e grandes vitórias. Mas não houve nem haverá mais um Porto-Benfica como aquele dos quatro golos do Lemos. Nesse final de tarde de domingo, tive a certeza de que o meu clube era o melhor do Mundo.
E que o Benfica, afinal, não valia nada.
(Este texto foi aqui editado em 28 de Fevereiro. Iniciava eu, então, a minha aventura blogueira. Estávamos em vésperas de um Porto-Benfica e o JPF solicitou-me um texto a propósito. Porque se mantem actual e vem, de novo, a propósito, aqui fica a reedição.)
A bola sobrevoou a defesa do Benfica, vinda da meia-direita do ataque do Porto. (terá sido o Pavão?... Não me recordo, mas gostava que tivesse sido o Pavão).
Sentado no camarote número quinze, estava, recorrendo ao futebolês erudito, no enfiamento da jogada. Tinha os olhos na bola: ela a vir para cá, a vir para cá... Não sei como, mas, de súbito, o Lemos estava sozinho com a bola, frente ao guarda-redes. Sem eu dar conta, tinha-se desmarcado, ali por entre o defesa-direito e o central. Eles também não tinham dado conta...
Pois o Lemos esteve ali sozinho com a bola uma eternidade de umas fracções de segundo. Uma eternidade em que a minha função respiratória esteve suspensa e em que visualizei o pior: “vai falhar”, disse para mim, contagiado já pelos complexos e pelo pessimismo que então marcavam a atmosfera daquele estádio.
Mas não... Num ápice, desvaneceu-se aquela visão de terror e frustração: o Lemos não falhou. GOOOOOLOOO !!! - explodimos... Quarenta mil, cinquenta mil, sei lá bem... A caminho dos oito anos, esse era um detalhe que não me ocupava o espírito. Sei que a lotação do estádio era menor do que uns anos mais tarde porque ainda não tinha sido fechada a bancada. Havia uma espécie de praça da maratona, semelhante à do Jamor, mas menos sumptuosa. Contudo, as bancadas abarrotavam de gente. “Condições de segurança” era expressão que ninguém conhecia na época e não havia essa coisa chamada “stewards” nem seres similares de colete florescente. Estávamos em 1971, um adepto de futebol não era olhado como um criminoso em potência e, por isso, não era revistado à entrada do estádio.
O golo do Lemos deixou-me em êxtase, com pele de galinha, olhos molhados. Naquela tarde soalheira de domingo, uma qualquer bênção tinha acabado de cair do céu sobre aquele estádio, sobre aquela gente, sobre mim e, principalmente, sobre o Lemos. Na segunda parte, ele marcou mais três. A baliza do topo sul ficava mais distante do camarote número quinze, tenho uma vaga ideia de um golo após um canto... 4-0 àqueles bandidos, quatro golos do Lemos.
Daí para cá, vi dezenas de “Portos-Benfica” e, com o tempo, foi subindo exponencialmente o número de vitórias do Porto. Grandes tardes ou grandes noites de grandes jogos e grandes vitórias. Mas não houve nem haverá mais um Porto-Benfica como aquele dos quatro golos do Lemos. Nesse final de tarde de domingo, tive a certeza de que o meu clube era o melhor do Mundo.
E que o Benfica, afinal, não valia nada.
(Este texto foi aqui editado em 28 de Fevereiro. Iniciava eu, então, a minha aventura blogueira. Estávamos em vésperas de um Porto-Benfica e o JPF solicitou-me um texto a propósito. Porque se mantem actual e vem, de novo, a propósito, aqui fica a reedição.)
OS MEUS BLOGUES - Farinha Amparo (RPS)
Eis o empreendedorismo (belo economês, este...) em plena blogosfera.
No blogue Farinha Amparo multiplicam-se as iniciativas em que se apela à participação - e à imaginação - dos visitantes. Arte da Didas. Que não conheço.
Nota-se que é um blogue de culto para muito blogueiro. Eu passo por lá quase diariamente. Então às sextas não falho - é o dia da Rosarinho.
No blogue Farinha Amparo multiplicam-se as iniciativas em que se apela à participação - e à imaginação - dos visitantes. Arte da Didas. Que não conheço.
Nota-se que é um blogue de culto para muito blogueiro. Eu passo por lá quase diariamente. Então às sextas não falho - é o dia da Rosarinho.
13.10.05
Pós-Autárquicas V e último, uff... - ter boa imprensa e ter má imprensa (RPS)
Na generalidade dos países ocidentais, os chamados órgãos de comunicação social, em particular os jornais, tomam posição nas eleições. E fora do tempo eleitoral, assumem uma determinada tendência. Ir, por exemplo, a Espanha e optar entre comprar o El País ou comprar o El Mundo não deixa de ser uma atitude política.
Por cá, não. Os jornais, as rádios, as TVs são todos "independentes". Claro que não são tanto assim e uma pessoa atenta acaba por notar algumas diferenças na abordagem de determinados assuntos. Mesmo em temáticas não políticas. Por exemplo, o caso Casa Pia de Lisboa: na SIC, vemos a linha da defesa. Na TVI, a da acusação.
No plano mais estritamente político e partidário, a tendência por cá é a de manter um certo distanciamento, uma atitude plurarista. Que até é, normalmente, conseguida.
Não acontece muito em Portugal o fenómeno do órgão A tender para as posições do partido X e do órgão B alinhar pelas posições do partido Y. Mas dá-se outro fenómeno: em determinadas situações, em certos momentos, a comunicação social alinha, mais ou menos em bloco, mais por um lado ou mais contra um outro. Não por conluio ou conspiração, mas numa reacção motivada, às vezes, por mera embirração e que tem um efeito mimético. É assim que alguns - políticos, partidos, instiuições, clubes, ministros, deputados - têm boa imprensa e outros má imprensa. Ou têm fases de uma e fases de outra.
No futebol, por exemplo, o Futebol Clube do Porto tem habitulmente má imprensa. Assim, na TV ou n'A Bola uma agressão de um jogador do Benfica ou do Sporting é um acto irreflectido que só prejudica a equipa, enquanto a agressão de um jogador do Porto é uma atitude indigna num profissional e um mau exemplo de um ídolo de milhares de jovens.
Na recente campanha das Autárquicas, também houve casos evidentes.
Manuel Maria Carrilho teve má imprensa. Carmona Rodrigues beneficiou disso, mas boa imprensa teve, claramente, Maria José Nogueira Pinto.
No Porto, Rui Rio teve má imprensa. Teve sempre, ao longo de quatro anos, embora tenha boa imprensa em Lisboa. Francisco Assis teve boa imprensa na parte final da campanha e Rui Sá teve e tem sempre boa imprensa.
Todos os candidatos arguidos tiveram má imprensa. Mais má imprensa Ferreira Torres e Fátima Felgueiras do que Valentim Loureiro e Isaltino Morais. Em Gondomar, não me parece que alguém tenha beneficiado de boa imprensa, mas, em Oeiras, Teresa Zambujo beneficiou largamente de boa imprensa.
O Bloco de Esquerda tem sempre boa imprensa e nesta campanha isso foi mais do que evidente. O PCP não tem tido boa imprensa, mas a afabilidade de Jerónimo de Sousa parece estar a dar frutos...
Pode haver sempre quem discorde, claro, mas julgo que esta breve avalição que faço será mais ou menos consensual. Sendo-o, pode concluir-se que o posicionamento da imprensa não é, contudo, determinante. Há ganhadores com má imprensa e perdedores com boa imprensa.
De que serviu a Teresa Zambujo ter boa imprensa?
E a má imprensa não será um factor galvanizador para Rui Rio como o é para o Futebol Clube do Porto?...
Por cá, não. Os jornais, as rádios, as TVs são todos "independentes". Claro que não são tanto assim e uma pessoa atenta acaba por notar algumas diferenças na abordagem de determinados assuntos. Mesmo em temáticas não políticas. Por exemplo, o caso Casa Pia de Lisboa: na SIC, vemos a linha da defesa. Na TVI, a da acusação.
No plano mais estritamente político e partidário, a tendência por cá é a de manter um certo distanciamento, uma atitude plurarista. Que até é, normalmente, conseguida.
Não acontece muito em Portugal o fenómeno do órgão A tender para as posições do partido X e do órgão B alinhar pelas posições do partido Y. Mas dá-se outro fenómeno: em determinadas situações, em certos momentos, a comunicação social alinha, mais ou menos em bloco, mais por um lado ou mais contra um outro. Não por conluio ou conspiração, mas numa reacção motivada, às vezes, por mera embirração e que tem um efeito mimético. É assim que alguns - políticos, partidos, instiuições, clubes, ministros, deputados - têm boa imprensa e outros má imprensa. Ou têm fases de uma e fases de outra.
No futebol, por exemplo, o Futebol Clube do Porto tem habitulmente má imprensa. Assim, na TV ou n'A Bola uma agressão de um jogador do Benfica ou do Sporting é um acto irreflectido que só prejudica a equipa, enquanto a agressão de um jogador do Porto é uma atitude indigna num profissional e um mau exemplo de um ídolo de milhares de jovens.
Na recente campanha das Autárquicas, também houve casos evidentes.
Manuel Maria Carrilho teve má imprensa. Carmona Rodrigues beneficiou disso, mas boa imprensa teve, claramente, Maria José Nogueira Pinto.
No Porto, Rui Rio teve má imprensa. Teve sempre, ao longo de quatro anos, embora tenha boa imprensa em Lisboa. Francisco Assis teve boa imprensa na parte final da campanha e Rui Sá teve e tem sempre boa imprensa.
Todos os candidatos arguidos tiveram má imprensa. Mais má imprensa Ferreira Torres e Fátima Felgueiras do que Valentim Loureiro e Isaltino Morais. Em Gondomar, não me parece que alguém tenha beneficiado de boa imprensa, mas, em Oeiras, Teresa Zambujo beneficiou largamente de boa imprensa.
O Bloco de Esquerda tem sempre boa imprensa e nesta campanha isso foi mais do que evidente. O PCP não tem tido boa imprensa, mas a afabilidade de Jerónimo de Sousa parece estar a dar frutos...
Pode haver sempre quem discorde, claro, mas julgo que esta breve avalição que faço será mais ou menos consensual. Sendo-o, pode concluir-se que o posicionamento da imprensa não é, contudo, determinante. Há ganhadores com má imprensa e perdedores com boa imprensa.
De que serviu a Teresa Zambujo ter boa imprensa?
E a má imprensa não será um factor galvanizador para Rui Rio como o é para o Futebol Clube do Porto?...
Porto de Abrigo
Deixei esgotar o concerto de Lisboa. Nada mais a fazer senão rumar ao Porto para ver os Sigur Ros no dia 19 de Novembro, Coliseu.
A foto é do concerto da última semana em Hollywood, descrito como um dos mais excitantes concertos da banda nos tempos mais recentes.
12.10.05
Autárquicas IV - ou uma explicação sobre a estratégia do isto está a crescer (RPS)
Durante uma campanha eleitoral, um partido ou um candidato que se sente em dificuldades, em desvantagem, recorre normalmente a uma estratégia que pode ser designada como a estratégia do isto está a crescer. A frase terá conotações brejeiras, mas é reproduzida em tom sério pelos responsaveis partidários e/ou das campanhas. Principalmente junto dos jornalistas.
O objectivo é tentar fazer crer a toda agente - ao(s) candidato(s), aos apoiantes, à própria militância, aos jornalistas e, através destes, à opinião pública - que se verifica uma real inversão de tendência do eleitorado e que a vitória é, afinal, bem provável.
Acontece com todos os partidos. Senti isto directamente na campanha do PS e de Ferro Rodrigues, nas Legislativas de 2002. E verificou-se, agora, nas Autárquicas, com a campanha do PS no Porto.
No caso da campanha de Francisco Assis (um tipo que me merece consideração), a estratégia foi lançada da forma mais comum: à entrada do último fim de semana, a entourage do PS começou a falar da existência de sondagens - finalmente! - favoráveis. Não se trata propriamente de informação para difundir, mas para correr boca a boca. Anima e faz aumentar o optimismo da militância, dos apoiantes, dos próprios responsáveis da campanha e do próprio candidato.
A maioria dos jornalistas recebe e interioriza a informação sem a questionar. Nunca nenhum deles viu nem pediu um papel que pudesse, ao menos, dar algum crédito às tais sondagens.
De seguida, a organização aposta forte numas acções de rua, com muita gente. música e animação. Dá-se assim consistência ao optimismo de súbito reinante. É típico, nesta altura, virem os dirigentes juntos dos jornalistas chamar a atenção para a mobilização conseguida. E o jornalista médio - incauto e sem sentido crítico - vai interiorizando o tal isto está a crescer...
As mensagens difundidas pelos diversos órgãos de Comunicação Social começam a ter um tom geral mais positivo. E está para vir aí a grande cartada...
No caso da campanha de Francisco Assis, a cartada foi o comício no Rosa Mota com a presença de José Sócrates ao lado do candidato ao Porto. Lembram-se de como foi dada a notícia pela generalidade de rádios e TVs? Eu recordo-me. Basicamente foi assim:
- numa decisão de última hora, o secretário-geral do PS e Primeiro-Ministro decidiu vir ao Porto apoiar Assis. A deslocação do PM ao Porto NUNCA (!!!!!) esteve prevista e constitui mais um sinal de que a vitória no Porto é bem possível.
Se a generalidade dos jornalistas "comeu" sem se questionar a informação de que se tratava de um decisão sem precedentes e de última hora, mais dificlmente iria questionar as fontes sobre se a vinda de Sócrates ao Porto constituiria, de facto, uma ajuda a Assis ou se não viria antes a revelar-se contraproducente. Eu, no lugar de Assis, dizia ao engenheiro Sócrates para ficar em Lisboa ou ir ajudar outro candidato para outra terra.
De súbito, o comício com Sócrates passou a ser um grande acontecimento. Os relatos, na generalidade da imprensa, falavam num grande comício, numa fortíssima mobilização e num grande discurso de Assis. Associados à intervenção do candidato, ouvi adjectivos como imparável e arrebatador.
Depois de uma semana morna, o tom de todas as crónicas era, de súbito, positivo, optimista e assim se manteve até ao último minuto da campanha.
A campanha terminava ficando no ar a sensação de que a luta no Porto iria ser renhidíssima. Ora, como nas contas finais vemos uma vantagem de 10 pontos do PSD face ao PS, de duas uma: ou significativa fatia do eleitorado passou o sábado a reflectir e mudou de opinião, ou, então, não se verificava qualquer recuperação, muito menos uma viragem, sendo que a Comunicação Social reproduziu uma encenação.
A hipótese válida é a segunda, claro.
O mesmo se passou, por exemplo, em Sintra. A campanha acabou com a "certeza" de que a contagem de votos iria ser renhidíssima. O resultado final mostrou treze pontos de diferença.
Fomos, também, para o dia de reflexão convictos de uma extrordinária subida do Bloco de Esquerda: terceira força em Lisboa, à frente da CDU, e com dois vereadores eleitos. Vereador certinho no Porto. Vereadores eleitos por todo o país.
Os jornalistas têm alguma culpa nisto. Por incompetência e falta de sentido crítico - não por se venderem a A ou a B.
Mas é evidente que há quem tenha boa imprensa e há quem tenha má imprensa. Boa imprensa não garante, contudo, uma vitória. Nem ter má imprensa é necessariamente mau. Acho que falarei disso amanhã.
O objectivo é tentar fazer crer a toda agente - ao(s) candidato(s), aos apoiantes, à própria militância, aos jornalistas e, através destes, à opinião pública - que se verifica uma real inversão de tendência do eleitorado e que a vitória é, afinal, bem provável.
Acontece com todos os partidos. Senti isto directamente na campanha do PS e de Ferro Rodrigues, nas Legislativas de 2002. E verificou-se, agora, nas Autárquicas, com a campanha do PS no Porto.
No caso da campanha de Francisco Assis (um tipo que me merece consideração), a estratégia foi lançada da forma mais comum: à entrada do último fim de semana, a entourage do PS começou a falar da existência de sondagens - finalmente! - favoráveis. Não se trata propriamente de informação para difundir, mas para correr boca a boca. Anima e faz aumentar o optimismo da militância, dos apoiantes, dos próprios responsáveis da campanha e do próprio candidato.
A maioria dos jornalistas recebe e interioriza a informação sem a questionar. Nunca nenhum deles viu nem pediu um papel que pudesse, ao menos, dar algum crédito às tais sondagens.
De seguida, a organização aposta forte numas acções de rua, com muita gente. música e animação. Dá-se assim consistência ao optimismo de súbito reinante. É típico, nesta altura, virem os dirigentes juntos dos jornalistas chamar a atenção para a mobilização conseguida. E o jornalista médio - incauto e sem sentido crítico - vai interiorizando o tal isto está a crescer...
As mensagens difundidas pelos diversos órgãos de Comunicação Social começam a ter um tom geral mais positivo. E está para vir aí a grande cartada...
No caso da campanha de Francisco Assis, a cartada foi o comício no Rosa Mota com a presença de José Sócrates ao lado do candidato ao Porto. Lembram-se de como foi dada a notícia pela generalidade de rádios e TVs? Eu recordo-me. Basicamente foi assim:
- numa decisão de última hora, o secretário-geral do PS e Primeiro-Ministro decidiu vir ao Porto apoiar Assis. A deslocação do PM ao Porto NUNCA (!!!!!) esteve prevista e constitui mais um sinal de que a vitória no Porto é bem possível.
Se a generalidade dos jornalistas "comeu" sem se questionar a informação de que se tratava de um decisão sem precedentes e de última hora, mais dificlmente iria questionar as fontes sobre se a vinda de Sócrates ao Porto constituiria, de facto, uma ajuda a Assis ou se não viria antes a revelar-se contraproducente. Eu, no lugar de Assis, dizia ao engenheiro Sócrates para ficar em Lisboa ou ir ajudar outro candidato para outra terra.
De súbito, o comício com Sócrates passou a ser um grande acontecimento. Os relatos, na generalidade da imprensa, falavam num grande comício, numa fortíssima mobilização e num grande discurso de Assis. Associados à intervenção do candidato, ouvi adjectivos como imparável e arrebatador.
Depois de uma semana morna, o tom de todas as crónicas era, de súbito, positivo, optimista e assim se manteve até ao último minuto da campanha.
A campanha terminava ficando no ar a sensação de que a luta no Porto iria ser renhidíssima. Ora, como nas contas finais vemos uma vantagem de 10 pontos do PSD face ao PS, de duas uma: ou significativa fatia do eleitorado passou o sábado a reflectir e mudou de opinião, ou, então, não se verificava qualquer recuperação, muito menos uma viragem, sendo que a Comunicação Social reproduziu uma encenação.
A hipótese válida é a segunda, claro.
O mesmo se passou, por exemplo, em Sintra. A campanha acabou com a "certeza" de que a contagem de votos iria ser renhidíssima. O resultado final mostrou treze pontos de diferença.
Fomos, também, para o dia de reflexão convictos de uma extrordinária subida do Bloco de Esquerda: terceira força em Lisboa, à frente da CDU, e com dois vereadores eleitos. Vereador certinho no Porto. Vereadores eleitos por todo o país.
Os jornalistas têm alguma culpa nisto. Por incompetência e falta de sentido crítico - não por se venderem a A ou a B.
Mas é evidente que há quem tenha boa imprensa e há quem tenha má imprensa. Boa imprensa não garante, contudo, uma vitória. Nem ter má imprensa é necessariamente mau. Acho que falarei disso amanhã.
O nosso amigo Marco
Foi anunciado há pouco tempo.
Mark Eitzel vem a Portugal na próxima semana para dois concertos. Na terça, no Santiago Alquimista em Lisboa. E na quarta na Casa das Artes em Famalicão.
O líder dos American Music Club traz sobretudo Love Songs for Patriots. A abrir está uma canção chamada Ladies and Gentlemen. Tentem ouvir. As palavras são um desafio ao sorriso em tempos difíceis. E os últimos versos...
ladies and gentlemen it's time
for all the good that's in you to shine
for all the lights to lose their shade
for all the hate that's in you to fade
ladies and gentlemen it's time
for the maracas and the tambourines
to play them until they break or until day break
don't hide anymore its time to be seen
ladies and gentlemen it's time
for you to flash like a dancer who aims to please
time to unbutton every button of your embarrassment
time to be warm in the dark don't let the dancer freeze
ladies and gentlemen it's time
the bartender is looking you right in the eye
says I’m going to replace all that weak blood with my wine
if you can’t live with the truth go ahead try and live
with a lie
Recomendado
Esta quinta-feira em Coimbra estará mais uma das mais interessantes vozes da convencionada nova música francesa, assim na linha Carla Bruni mas mais trabalhado. Chama-se Françoiz Breut e lançou "Une Saison Vollée" agora em 2005.
Este disco é também acompanhado de algumas ilustrações (embora estas sejam do primeiro disco dela, de 97), o que nos lembra que o CD pode não ter aquele formato forte do LP mas continua a ser um objecto estético que também vale pelo inlay. Apesar da ofensiva da pirataria, mesmo para consumo próprio, há discos que valem também pela extraordinária composição gráfica. Um dia trarei aqui alguns desses exemplos.
11.10.05
Pós-Autárquicas III - ou uma história (real) sobre sondagens para reflexão de quem quiser reflectir e que terá por aqui continuidade (RPS)
A generalidade das pessoas tende a achar que as sondagens eleitorais têm de dar o resultado das eleições. Caso contrário, estão erradas. Nada mais errado.
As sondagens dão-nos apenas um "retrato" de uma intenção de voto num determinado momento, tendo por base uma amostra. Uma sondagem que dá um resultado diferente do final não está necessariamente errada.
As sondagens, contudo, podem ser mal feitas. Uma má escolha da amostra, por exemplo, constitui o erro mais comum. Podem ocorrer muitos outros.
Claro que as sondagens, ao serem publicadas, podem provocar efeitos no eleitorado, embora seja muito difícil determinar com segurança quais e como.
Ainda assim, os dirigentes partidários procuram ao máximo instrumentalizar as sondagens.
Já me custa crer que empresas de sondagens o tentem fazer. Em primeiro lugar, porque estão no mercado e pretendem, por isso, ser credíveis e sérias. Depois, porque tenho sempre relutância em obter explicações em teorias de conspiração.
Há, contudo, casos muito estranhos.
Por exemplo: face aos resultados em Sintra, como se explica que a poucos dias das eleições uma sondagem dê "empate técnico"?...
Outro exemplo: face aos resultados do Bloco de Esquerda, como se explicam sondagens apontando para resultados espectaculares em Lisboa e no Porto, no país todo?...
A propósito de tudo isto, vou contar-vos uma história. Real.
Sexta-feira, dia 30 de Setembro, final da tarde. Liga-me uma colega que faz a cobertura da campanha do PS no Porto:
- Os tipos do PS andam aqui a dizer-nos que o Expresso tem uma sondagem que dá empate técnico no Porto...
- E a sondagem sai amanhã...
- Não. Só sai de hoje a oito, na sexta-feira, dia 7.
- Então?... Se o Expresso tem os resultados dessa sondagem hoje porque não avança já amanhã?...
- ...
Um dado é certo: sexta-feira, dia 7, lá estava no Expresso, na Rádio Renascença, na SIC. Estudo da Eurosondagem dá empate técnico no Porto. Pensei: afinal, era verdade. Pego no Expresso e procuro a ficha técnica da sondagem. Verifico que o trabalho de campo se cumpriu entre os dias 2 e 5.
Moral da história: no dia 30 de Setembro, a entourage do PS/Porto sabia os resultados de uma sondagem cujo trabalho de campo iria começar no dia 2 de Outubro, daí a dois dias. Ou não sabia e atirou à sorte?
Em qualquer dos casos: porque passou a entourage do PS/Porto esta informação aos jornalistas?...
Quem tiver alguma ideia, diga.
Acho que voltarei ao assunto.
As sondagens dão-nos apenas um "retrato" de uma intenção de voto num determinado momento, tendo por base uma amostra. Uma sondagem que dá um resultado diferente do final não está necessariamente errada.
As sondagens, contudo, podem ser mal feitas. Uma má escolha da amostra, por exemplo, constitui o erro mais comum. Podem ocorrer muitos outros.
Claro que as sondagens, ao serem publicadas, podem provocar efeitos no eleitorado, embora seja muito difícil determinar com segurança quais e como.
Ainda assim, os dirigentes partidários procuram ao máximo instrumentalizar as sondagens.
Já me custa crer que empresas de sondagens o tentem fazer. Em primeiro lugar, porque estão no mercado e pretendem, por isso, ser credíveis e sérias. Depois, porque tenho sempre relutância em obter explicações em teorias de conspiração.
Há, contudo, casos muito estranhos.
Por exemplo: face aos resultados em Sintra, como se explica que a poucos dias das eleições uma sondagem dê "empate técnico"?...
Outro exemplo: face aos resultados do Bloco de Esquerda, como se explicam sondagens apontando para resultados espectaculares em Lisboa e no Porto, no país todo?...
A propósito de tudo isto, vou contar-vos uma história. Real.
Sexta-feira, dia 30 de Setembro, final da tarde. Liga-me uma colega que faz a cobertura da campanha do PS no Porto:
- Os tipos do PS andam aqui a dizer-nos que o Expresso tem uma sondagem que dá empate técnico no Porto...
- E a sondagem sai amanhã...
- Não. Só sai de hoje a oito, na sexta-feira, dia 7.
- Então?... Se o Expresso tem os resultados dessa sondagem hoje porque não avança já amanhã?...
- ...
Um dado é certo: sexta-feira, dia 7, lá estava no Expresso, na Rádio Renascença, na SIC. Estudo da Eurosondagem dá empate técnico no Porto. Pensei: afinal, era verdade. Pego no Expresso e procuro a ficha técnica da sondagem. Verifico que o trabalho de campo se cumpriu entre os dias 2 e 5.
Moral da história: no dia 30 de Setembro, a entourage do PS/Porto sabia os resultados de uma sondagem cujo trabalho de campo iria começar no dia 2 de Outubro, daí a dois dias. Ou não sabia e atirou à sorte?
Em qualquer dos casos: porque passou a entourage do PS/Porto esta informação aos jornalistas?...
Quem tiver alguma ideia, diga.
Acho que voltarei ao assunto.
Que vá de helicópetero! - um texto de HECU
Hecu é um discreto frequentador deste blogue.
Hecu é de Amarante e andava para rebentar nos últimos meses.
Hecu podia ter tido uma apoplexia no passado domingo.
Hecu solicitou a publicação deste texto no Fado Falado
(RPS)
A forma como reagiu aos resultados eleitorais não é mais do que uma prova da melhor opção do povo de Amarante. Povo que provou “Amar” a sua terra, ao não escolher a candidatura do pseudo-independente Avelino Ferreira Torres. Eu sempre duvidei dos amores súbitos, das paixões arrebatadoras. Ferreira Torres “atulhado”, com movimentos muito circunscritos no Marco de Canaveses, descobriu em Amarante, novos céus para tentar voar. E helicóptero não lhe faltava. Mas os amarantinos souberam cortar-lhe as asas.
Eu, que em alguns momentos ao longo da minha existência, já tive ocasiões, poucas é verdade, em que de forma envergonhada encolhi os ombros para sussurrar que sou de Amarante, no domingo à noite não me cansei de enviar mensagens, emails e SMS, aos meus amigos e conhecidos. O meu orgulho foi sendo alimentado ao longo da noite eleitoral, quando se confirmaram resultados incríveis em Gondomar e Felgueiras e pouco animadores em Oeiras.
Ah! Soube bem, ouvir mais uma vez, Miguel Sousa Tavares a exaltar a sua feliz infância em Amarante e a lembrar os nomes maiores do concelho, ao mesmo tempo que se vergava perante a escolha das gentes da minha terra.
É verdade que, depois dos resultados de Domingo, a Câmara tornou-se mais difícil de Governar. O Presidente eleito terá de encontrar arte para um novo jogo em que perdeu a maioria. A Armindo Abreu saúdo pela vitória. A Armindo Abreu peço que não desiluda quem mais uma vez o elegeu.
No domingo, 9 de Outubro, lá me desloquei mais uma vez do Porto até Gondar, para exercer o meu direito/dever de cidadania. Valeu a pena. Espero poder reafirmá-lo daqui a quatro anos. Entretanto, Avelino Ferreira Torres pode seguir viagem. E se aceita a minha sugestão, até pode ir de helicóptero. Afinal até nem é ele que paga. É um emigrante bem feitor nos Estados Unidos!
Hecu é de Amarante e andava para rebentar nos últimos meses.
Hecu podia ter tido uma apoplexia no passado domingo.
Hecu solicitou a publicação deste texto no Fado Falado
(RPS)
A forma como reagiu aos resultados eleitorais não é mais do que uma prova da melhor opção do povo de Amarante. Povo que provou “Amar” a sua terra, ao não escolher a candidatura do pseudo-independente Avelino Ferreira Torres. Eu sempre duvidei dos amores súbitos, das paixões arrebatadoras. Ferreira Torres “atulhado”, com movimentos muito circunscritos no Marco de Canaveses, descobriu em Amarante, novos céus para tentar voar. E helicóptero não lhe faltava. Mas os amarantinos souberam cortar-lhe as asas.
Eu, que em alguns momentos ao longo da minha existência, já tive ocasiões, poucas é verdade, em que de forma envergonhada encolhi os ombros para sussurrar que sou de Amarante, no domingo à noite não me cansei de enviar mensagens, emails e SMS, aos meus amigos e conhecidos. O meu orgulho foi sendo alimentado ao longo da noite eleitoral, quando se confirmaram resultados incríveis em Gondomar e Felgueiras e pouco animadores em Oeiras.
Ah! Soube bem, ouvir mais uma vez, Miguel Sousa Tavares a exaltar a sua feliz infância em Amarante e a lembrar os nomes maiores do concelho, ao mesmo tempo que se vergava perante a escolha das gentes da minha terra.
É verdade que, depois dos resultados de Domingo, a Câmara tornou-se mais difícil de Governar. O Presidente eleito terá de encontrar arte para um novo jogo em que perdeu a maioria. A Armindo Abreu saúdo pela vitória. A Armindo Abreu peço que não desiluda quem mais uma vez o elegeu.
No domingo, 9 de Outubro, lá me desloquei mais uma vez do Porto até Gondar, para exercer o meu direito/dever de cidadania. Valeu a pena. Espero poder reafirmá-lo daqui a quatro anos. Entretanto, Avelino Ferreira Torres pode seguir viagem. E se aceita a minha sugestão, até pode ir de helicóptero. Afinal até nem é ele que paga. É um emigrante bem feitor nos Estados Unidos!
Já repararam que...
... a esquerda sobe muito em Leiria....
... António Borges não vale mais de 100 votos de vantagem na sua terra...
... o PC e o Bloco subiram em Gaia...
... Sérgio Carrinho (que tenho em boa conta, mas é arguido por irregularidades financeiras na Chamusca) melhorou a votação...
... O PSD sobe no Montijo, onde nos útlimos 4 anos surgiram novas urbanizações para gente que não é de lá (novos votantes, presume-se pois)...
...O PSD ganhou em Nelas por 100 votos...
...Alegre anunciou candidatura a Belém num comício do PS em Águeda. Pois o PS ganhou de novo a câmara...
...Na Marinha Grande, onde Soares não foi, ganhou o PC...
... De todos os sítios onde Sócrates andou (Moura, Alter do Chão, Ponte da Barca, Sintra, Lisboa e Porto), só no Minho o PS se safou...
... António Borges não vale mais de 100 votos de vantagem na sua terra...
... o PC e o Bloco subiram em Gaia...
... Sérgio Carrinho (que tenho em boa conta, mas é arguido por irregularidades financeiras na Chamusca) melhorou a votação...
... O PSD sobe no Montijo, onde nos útlimos 4 anos surgiram novas urbanizações para gente que não é de lá (novos votantes, presume-se pois)...
...O PSD ganhou em Nelas por 100 votos...
...Alegre anunciou candidatura a Belém num comício do PS em Águeda. Pois o PS ganhou de novo a câmara...
...Na Marinha Grande, onde Soares não foi, ganhou o PC...
... De todos os sítios onde Sócrates andou (Moura, Alter do Chão, Ponte da Barca, Sintra, Lisboa e Porto), só no Minho o PS se safou...
Trânsito em Julgado
Pouco me espantou a noite eleitoral.
Talvez a vitória de Moita Flores em Santarém, a derrota dupla de Ferreira Torres, a mudança em Aveiro e, para efeitos histórico-familiares, a chegada do PS ao poder autárquico em Porto de Mós.
Trinta anos depois do 25 de Abril, o estado ético a que Portugal chegou é de tal forma comatoso que só uma coisa me ocorre:
Percebo bem agora por que raio demorámos 48 anos a remover os fascistas do poder. Somos assim, moles, conformados, subservientes. Dantes ao isolacionismo, hoje ao globalismo.
Quando uma pessoa repete a si próprio 20 vezes ao mês, durante anos, que "a Democracia está doente", e nada acontece, mais vale começar a pensar em emigrar. O sistema partidário está totalmente falido. Se antes os valorosos fugiam dos aparelhos, hoje são os inqualificáveis que batem com a porta. A diferença está no estrondo.
Começa a ser banal falar mal de Portugal.
Como não? Um povo que elege um suspeito de ser criminoso (nalguns casos com acusação lavrada por um juiz de direito) merece algum respeito ? Aqui em casa a memória trouxe-nos um cartaz de campanha na Bahia que no ano passado dizia "Roubo mas cumpro"...
Custa-me muito dizer isto, mas quando um país não tem instituições credíveis e referências sociais sólidas, é impossível concordar que o povo tem sempre razão.
Portugal descambou.
Transitou em julgado.
Ou ainda é passível de recurso ?
Talvez a vitória de Moita Flores em Santarém, a derrota dupla de Ferreira Torres, a mudança em Aveiro e, para efeitos histórico-familiares, a chegada do PS ao poder autárquico em Porto de Mós.
Trinta anos depois do 25 de Abril, o estado ético a que Portugal chegou é de tal forma comatoso que só uma coisa me ocorre:
Percebo bem agora por que raio demorámos 48 anos a remover os fascistas do poder. Somos assim, moles, conformados, subservientes. Dantes ao isolacionismo, hoje ao globalismo.
Quando uma pessoa repete a si próprio 20 vezes ao mês, durante anos, que "a Democracia está doente", e nada acontece, mais vale começar a pensar em emigrar. O sistema partidário está totalmente falido. Se antes os valorosos fugiam dos aparelhos, hoje são os inqualificáveis que batem com a porta. A diferença está no estrondo.
Começa a ser banal falar mal de Portugal.
Como não? Um povo que elege um suspeito de ser criminoso (nalguns casos com acusação lavrada por um juiz de direito) merece algum respeito ? Aqui em casa a memória trouxe-nos um cartaz de campanha na Bahia que no ano passado dizia "Roubo mas cumpro"...
Custa-me muito dizer isto, mas quando um país não tem instituições credíveis e referências sociais sólidas, é impossível concordar que o povo tem sempre razão.
Portugal descambou.
Transitou em julgado.
Ou ainda é passível de recurso ?
10.10.05
Notas da noite eleitoral (MV)
- Com um computador portátil à frente e uma ligação “wireless” à internet, Pacheco Pereira ia actualizando o seu blog enquanto comentava as eleições na SIC.
- O emplastro apareceu na sede de campanha de Rui Rio.
- No discurso de derrota, Francisco Assis respondeu a todas as perguntas com um “Assumo total responsabilidade pela derrota”.
- A vitória de Valentim em Gondomar entrou para o Guinness.
- O responsável pelos microfones na campanha de Valentim nunca mais arranja trabalho na vida.
- O carismático adepto do Boavista com o chapéu de coco e gravata aos quadradinhos estava ao lado de Valentim na hora da vitória. Esclareçam-me os leitores, ele vota em Gondomar?
- Fátima Felgueiras, Valentim e Isaltino sempre presentes.
- A derrota de Avelino em Amarante foi culpa dos jornalistas e de um tal de engenheiro Mota.
- O discurso de derrota de João Soares foi acompanhado por uma intérprete de linguagem gestual.
- O STAPE esteve em baixo durante quase toda a noite. Apanhou um choque tecnológico.
- Numa freguesia em Lisboa, o BE duplicou os seus votos em relação às últimas eleições. O candidato, sei eu, é simpatizante do PSD.
- A vitória mais renhida foi em Manteigas. Neste concelho da Guarda, o PSD conquistou a maioria absoluta por um voto (1327 contra 1326, 41 votos em branco e 68 nulos) ao PS.
- O emplastro apareceu na sede de campanha de Rui Rio.
- No discurso de derrota, Francisco Assis respondeu a todas as perguntas com um “Assumo total responsabilidade pela derrota”.
- A vitória de Valentim em Gondomar entrou para o Guinness.
- O responsável pelos microfones na campanha de Valentim nunca mais arranja trabalho na vida.
- O carismático adepto do Boavista com o chapéu de coco e gravata aos quadradinhos estava ao lado de Valentim na hora da vitória. Esclareçam-me os leitores, ele vota em Gondomar?
- Fátima Felgueiras, Valentim e Isaltino sempre presentes.
- A derrota de Avelino em Amarante foi culpa dos jornalistas e de um tal de engenheiro Mota.
- O discurso de derrota de João Soares foi acompanhado por uma intérprete de linguagem gestual.
- O STAPE esteve em baixo durante quase toda a noite. Apanhou um choque tecnológico.
- Numa freguesia em Lisboa, o BE duplicou os seus votos em relação às últimas eleições. O candidato, sei eu, é simpatizante do PSD.
- A vitória mais renhida foi em Manteigas. Neste concelho da Guarda, o PSD conquistou a maioria absoluta por um voto (1327 contra 1326, 41 votos em branco e 68 nulos) ao PS.
Pós-Autárquicas II - conferir o totobola eleitoral (RPS)
Venho aqui reconhecer o semi-fracasso das previsões para as Autárquicas que aqui postei na última sexta-feira, dia 7. Ou será um semi-êxito?
Vejamos:
- sucederam-se vários tiros na água: Gondomar, Felgueiras, Vila do Conde, Matosinhos, Oeiras e Guarda;
- confirmaram-se acertos em desfechos que eram, apesar de tudo, muito previsíveis: Sintra, Coimbra e Setúbal;
- registaram-se dois acertos algo mais ousados: os casos de Amarante e de Faro.
- no Porto, foi em cheio: acerto total, incluindo a distribuição dos vereadores.
- no caso de Lisboa, falhei um vereador. Ofereci-o ao Carrilho, mas ele deu-o à CDU.
Apesar de no dito post de dia 7 terem lá ido anónimos chamar-me palhaço e um anaço chamar-me palhónimo, não fiz má figura de todo.
Claro que entre ontem e hoje já cruzei com "n" pessoas que não foram supreendidas por nenhum resultado porque já sabiam que...
Vejamos:
- sucederam-se vários tiros na água: Gondomar, Felgueiras, Vila do Conde, Matosinhos, Oeiras e Guarda;
- confirmaram-se acertos em desfechos que eram, apesar de tudo, muito previsíveis: Sintra, Coimbra e Setúbal;
- registaram-se dois acertos algo mais ousados: os casos de Amarante e de Faro.
- no Porto, foi em cheio: acerto total, incluindo a distribuição dos vereadores.
- no caso de Lisboa, falhei um vereador. Ofereci-o ao Carrilho, mas ele deu-o à CDU.
Apesar de no dito post de dia 7 terem lá ido anónimos chamar-me palhaço e um anaço chamar-me palhónimo, não fiz má figura de todo.
Claro que entre ontem e hoje já cruzei com "n" pessoas que não foram supreendidas por nenhum resultado porque já sabiam que...
Pós-Autárquicas I - alguns vencedores e alguns vencidos (RPS)
Com eleições em 308 concelhos e mais de quatro mil freguesias, multiplica-se o número de vencedores e vencidos. Eis alguns.
LEITURA NACIONAL GLOBAL
Vencedores: PSD. CDU. PCP. Jerónimo de Sousa. Marques Mendes (apesar de nenhuma vitória eleitoral fazer dele um líder credível). Populismo.
Derrotados: PS. José Sócrates. Jorge Coelho. CDS. Ribeiro e Castro. Bloco de Esquerda (subiu, mas aquém das expectativas, não dando o "salto"). Carlos Carvalhas (o êxito de Jerónimo não deixa de ser uma derrota de Carvalhas).
PORTO
Vencedores: Rui Rio (mais Rui Rio do que propriamente o PSD). A vitória de Rio é, também, a vitória de um estilo diferente. Um estilo que, sem entrar em ruptura com o sistema, tem resquícios anti-sistema. Desagrada a uma imensa minoria. À maioria agrada ou ser-lhe-á indiferente. Rui Sá.
Derrotados: Francisco Assis (um bom discurso a assumir a derrota). A sub-cultura política que pode designar-se como Lota de Matosinhos. Também pode ser agora chamada de sub-cultura política de Campanhã ou Aldoar. Bloco de Esquerda e João Teixeira Lopes. As Redacções do Porto
LISBOA
Vencedores: PSD e acima de tudo Carmona Rodrigues. CDU. Maria José Nogueira Pinto. As Redacções.
Derrotados: PS e acima de tudo Carrilho que fez um discurso miserável (podia ter ouvido Francisco Assis). Bloco de Esquerda (elegeu Sá Fernandes, mas para quem ia ser terceira força...).
OUTROS
Na pequena guerra do CDS, Telmo Correia é um dos vencedores da noite. Portas também.
A família Soares é derrotada em toda a linha.
Com os resultados de Matosinhos e, principalmente, do Porto, Narciso Mirande é um dos grandes vencedores da noite.
LEITURA NACIONAL GLOBAL
Vencedores: PSD. CDU. PCP. Jerónimo de Sousa. Marques Mendes (apesar de nenhuma vitória eleitoral fazer dele um líder credível). Populismo.
Derrotados: PS. José Sócrates. Jorge Coelho. CDS. Ribeiro e Castro. Bloco de Esquerda (subiu, mas aquém das expectativas, não dando o "salto"). Carlos Carvalhas (o êxito de Jerónimo não deixa de ser uma derrota de Carvalhas).
PORTO
Vencedores: Rui Rio (mais Rui Rio do que propriamente o PSD). A vitória de Rio é, também, a vitória de um estilo diferente. Um estilo que, sem entrar em ruptura com o sistema, tem resquícios anti-sistema. Desagrada a uma imensa minoria. À maioria agrada ou ser-lhe-á indiferente. Rui Sá.
Derrotados: Francisco Assis (um bom discurso a assumir a derrota). A sub-cultura política que pode designar-se como Lota de Matosinhos. Também pode ser agora chamada de sub-cultura política de Campanhã ou Aldoar. Bloco de Esquerda e João Teixeira Lopes. As Redacções do Porto
LISBOA
Vencedores: PSD e acima de tudo Carmona Rodrigues. CDU. Maria José Nogueira Pinto. As Redacções.
Derrotados: PS e acima de tudo Carrilho que fez um discurso miserável (podia ter ouvido Francisco Assis). Bloco de Esquerda (elegeu Sá Fernandes, mas para quem ia ser terceira força...).
OUTROS
Na pequena guerra do CDS, Telmo Correia é um dos vencedores da noite. Portas também.
A família Soares é derrotada em toda a linha.
Com os resultados de Matosinhos e, principalmente, do Porto, Narciso Mirande é um dos grandes vencedores da noite.
9.10.05
O voto sereno, o apelo à participação e a tarde com a família - ou uma chuchadeira habitual em domingos eleitorais (RPS)
Ontem defendi aqui a alteração da lei, no sentido de acabar com o dia de reflexão.
Hoje, venho defender que a lei passe a proibir a recolha, por jornalistas, de depoimentos de candidatos nas suas secções de voto.
Não consigo encontrar o mínimo de interesse jornalístico na cobertura deste tipo de acontecimentos: o sr. X votou às 11.30 na Escola Gil Eanes e apelou à participação dos portugueses. A tarde será passada em família.
Hoje, por volta das 11, liguei a TV e deparei-me, na RTP-N, com um directo da Junta de Massarelos, onde Rui Rio aguardava a vez de votar. Directo, senhores!!!
A única reportagem deste género que poderia ter interesse seria qualquer coisa do tipo: o deputado Luís Fazenda entrou hoje na sua secção de voto armado, acompanhado de quatro amigos também armados, com gritos de Viva a Revolução albanesa! e Viva Henver Hoxa.
Isto já teria algum interesse jornalístico.
Acresce que a lei proíbe a difusão de qualquer tipo de propaganda num raio de não sei quanto metros das mesas de voto. Ora, um candidato a falar à porta da secção de voto, mesmo que só diga banalidades, prefigura um quadro de propaganda e apelo ao voto.
Se eu fosse candidato ou titular de um cargo político:
a) recusar-me-ia a produzir qualquer tipo de declaração quando fosse votar.
b) não divulgaria aos jornalistas a hora a que votaria.
c) votaria às 8 da manhã em ponto, correndo o risco de com isso ter má imprensa. Porque tê-la-ia: a preguiça é uma das piores características da classe jornalística.
Hoje, venho defender que a lei passe a proibir a recolha, por jornalistas, de depoimentos de candidatos nas suas secções de voto.
Não consigo encontrar o mínimo de interesse jornalístico na cobertura deste tipo de acontecimentos: o sr. X votou às 11.30 na Escola Gil Eanes e apelou à participação dos portugueses. A tarde será passada em família.
Hoje, por volta das 11, liguei a TV e deparei-me, na RTP-N, com um directo da Junta de Massarelos, onde Rui Rio aguardava a vez de votar. Directo, senhores!!!
A única reportagem deste género que poderia ter interesse seria qualquer coisa do tipo: o deputado Luís Fazenda entrou hoje na sua secção de voto armado, acompanhado de quatro amigos também armados, com gritos de Viva a Revolução albanesa! e Viva Henver Hoxa.
Isto já teria algum interesse jornalístico.
Acresce que a lei proíbe a difusão de qualquer tipo de propaganda num raio de não sei quanto metros das mesas de voto. Ora, um candidato a falar à porta da secção de voto, mesmo que só diga banalidades, prefigura um quadro de propaganda e apelo ao voto.
Se eu fosse candidato ou titular de um cargo político:
a) recusar-me-ia a produzir qualquer tipo de declaração quando fosse votar.
b) não divulgaria aos jornalistas a hora a que votaria.
c) votaria às 8 da manhã em ponto, correndo o risco de com isso ter má imprensa. Porque tê-la-ia: a preguiça é uma das piores características da classe jornalística.
8.10.05
Na estrada 5 - Torre Dona Chama (SM)
Quero ver se alguém foi a sítio mais irreal do país real; Torre Dona Chama é a freguesia mais populosa de Mirandela; não conheço outra, mas é concerteza a mais perigosa: fica a 20 quilómetros do concelho, todos eles de curva e contra-curva sem visibilidade; possibilidade de choque frontal é de 90 por cento; os outros dez foram os que me safaram.
É lá também que existe a população mais desvairada: fui atropelada por um espelho retrovisor quando me preparava para saír do carro; antes disso um tipo abriu-me a porta do citroen a pedir boleia para o comício.
O fim do mundo é lá; parece que têm fome de ver gente de fora, de desenvolver, conhecer. Nunca vi alguém abanar bandeiras com tanta força. E foi preciso subir bem alto ao país para perceber o quanto falta fazer, tanta estrada para melhorar, tanta gente preparada para ser feliz e que ninguém deixa; incrível, tudo o que se promete a esta gente e ingratamente não se faz.
Torre Dona Chama é inexplicável. E eu adorei.
É lá também que existe a população mais desvairada: fui atropelada por um espelho retrovisor quando me preparava para saír do carro; antes disso um tipo abriu-me a porta do citroen a pedir boleia para o comício.
O fim do mundo é lá; parece que têm fome de ver gente de fora, de desenvolver, conhecer. Nunca vi alguém abanar bandeiras com tanta força. E foi preciso subir bem alto ao país para perceber o quanto falta fazer, tanta estrada para melhorar, tanta gente preparada para ser feliz e que ninguém deixa; incrível, tudo o que se promete a esta gente e ingratamente não se faz.
Torre Dona Chama é inexplicável. E eu adorei.
Contra o dia de reflexão e contra a selecção do sr.Scolari e contra a selecção de Angola (RPS)
Esta coisa do dia de reflexão é uma fantochada. É preciso acabar com este estúpido preceito da lei.
A SIC Notícias, ao meio-dia, abriu com a notícia do sismo no Paquistão e, depois, deu-nos conta de que Boy George foi detido por posse de drogas. Mais: lá onde foi detido, não prestou declarações, mas lavou-se em lágrimas.
A RTP, por seu lado, dá-nos até à exaustão a selecção do sr. Scolari.
A selecção do sr. Scolari não me diz praticamente nada e irrita-me ter que ouvir comentários em que os jornalistas desportivos não se limitam a dizer as habituais asneiras e/ou banalidades. Eles assumem um registo de adepto, tomam parte pela selecção de todos nós. E querem obrigar-me a ser pela selecção, a ser da selecção. Mas eu não quero, porra!
E se isto me irrita, mais me irrita o mesmo modelo aplicado a uma selecção estrangeira. É que hoje vamos ter que levar também com Angola.
O politicamente correcto nacional vai torcer até à exaustão pelo apuramento da selecção angolana para o Mundial. E já estou a ver: não estando já o Jorge Perestrelo entre nós, ainda vamos levar com comentários do patibular Emídio Rangel ou do Porco da Bola David Borges sobre o futebol de Angola, as potencialidades de Angola, a beleza de Angola, os cheiros de Angola, os paladares de Angola. Apre! As minhas selecções africanas preferidas até são a Serra Leoa, o Togo e o Chade!
Acabe-se com o dia de reflexão! E com a selecção de Angola! E com o sr. Scolari!
A SIC Notícias, ao meio-dia, abriu com a notícia do sismo no Paquistão e, depois, deu-nos conta de que Boy George foi detido por posse de drogas. Mais: lá onde foi detido, não prestou declarações, mas lavou-se em lágrimas.
A RTP, por seu lado, dá-nos até à exaustão a selecção do sr. Scolari.
A selecção do sr. Scolari não me diz praticamente nada e irrita-me ter que ouvir comentários em que os jornalistas desportivos não se limitam a dizer as habituais asneiras e/ou banalidades. Eles assumem um registo de adepto, tomam parte pela selecção de todos nós. E querem obrigar-me a ser pela selecção, a ser da selecção. Mas eu não quero, porra!
E se isto me irrita, mais me irrita o mesmo modelo aplicado a uma selecção estrangeira. É que hoje vamos ter que levar também com Angola.
O politicamente correcto nacional vai torcer até à exaustão pelo apuramento da selecção angolana para o Mundial. E já estou a ver: não estando já o Jorge Perestrelo entre nós, ainda vamos levar com comentários do patibular Emídio Rangel ou do Porco da Bola David Borges sobre o futebol de Angola, as potencialidades de Angola, a beleza de Angola, os cheiros de Angola, os paladares de Angola. Apre! As minhas selecções africanas preferidas até são a Serra Leoa, o Togo e o Chade!
Acabe-se com o dia de reflexão! E com a selecção de Angola! E com o sr. Scolari!
7.10.05
Diário das Autárquicas, dia 12 (RPS)
Na noite de domingo - e durante o dia de segunda-feira, também - vamos ouvir a familiares, a amigos, a colegas de trabalho e a outros próximos frases como "eu sempre disse que o Carrilho ganhava" ou "eu já sabia que o Carrilho se ia tramar" ou "eu já tinha dito que o Rio ia ganhar" ou "eu previ logo que o Rio se espalhava".
Enfim... Independentemente dos resultados das eleições, vai acontecer o que sempre acontece: toda a gente já sabia tudo, todos já tinham dito que qualquer coisa... Coisa que se verificou, claro.
Irritam-me estes adivinhos da treta.
Faço diferente. Vou correr o risco de virem para aqui anónimos chamar-me palhaço.
Antes de conhecidos os resultados, revelo alguns dos meus palpites. São palpites - não coincidem necessariamente com aquilo que desejo em cada um dos casos.
Gondomar: vitória de Valentim Loureiro com maioria relativa.
Felgueiras: PS, PSD e Fátima Felguieiras com votações próximas. Vitória para o PSD.
Amarante: vitória do PS com maioria absoluta.
Vila do Conde: vitória do PSD.
Matosinhos: vitória de João Sá e do PSD com maioria relativa.
Porto: vitória de Rui Rio e do PSD com maioria absoluta (7 vereadores em 13). PS com 6 ou 5. CDU com 0 ou 1.
Lisboa: vitória de Carmona Rodrigues e do PSD com maioria relativa (8 vereadores em 17). PS com 6 vereadores. CDU, CDS, e BE com 1 vereador cada.
Sintra: o detestável Seara "esmaga" o odioso Soares.
Oeiras: vitória do PSD e de Teresa Zambujo com maioria relativa.
Guarda: vitória do PSD.
Coimbra: Encarnação e o PSD vencem e "esmagam".
Setúbal: vitória da CDU.
Faro: vitória do PS.
Enfim... Independentemente dos resultados das eleições, vai acontecer o que sempre acontece: toda a gente já sabia tudo, todos já tinham dito que qualquer coisa... Coisa que se verificou, claro.
Irritam-me estes adivinhos da treta.
Faço diferente. Vou correr o risco de virem para aqui anónimos chamar-me palhaço.
Antes de conhecidos os resultados, revelo alguns dos meus palpites. São palpites - não coincidem necessariamente com aquilo que desejo em cada um dos casos.
Gondomar: vitória de Valentim Loureiro com maioria relativa.
Felgueiras: PS, PSD e Fátima Felguieiras com votações próximas. Vitória para o PSD.
Amarante: vitória do PS com maioria absoluta.
Vila do Conde: vitória do PSD.
Matosinhos: vitória de João Sá e do PSD com maioria relativa.
Porto: vitória de Rui Rio e do PSD com maioria absoluta (7 vereadores em 13). PS com 6 ou 5. CDU com 0 ou 1.
Lisboa: vitória de Carmona Rodrigues e do PSD com maioria relativa (8 vereadores em 17). PS com 6 vereadores. CDU, CDS, e BE com 1 vereador cada.
Sintra: o detestável Seara "esmaga" o odioso Soares.
Oeiras: vitória do PSD e de Teresa Zambujo com maioria relativa.
Guarda: vitória do PSD.
Coimbra: Encarnação e o PSD vencem e "esmagam".
Setúbal: vitória da CDU.
Faro: vitória do PS.
OS MEUS BLOGUES - Cidade Surpeendente
Não sou apreciador de blogues temáticos, mas há excepções. Como esta.
É um blogue de culto para muitas pessoas. Para mim também. É de visita diária obrigatória. Mesmo que não tenha nada novo - e por vezes não tem porque um artista tem os seus ritmos - dá para rever as fotos mais antigas. Fotos da melhor cidade do mundo.
É supreendente, de facto, o Porto, e incomensurável o talento de Carlos Romão. Dele só conheço mesmo este talento - não sei quem ele é, apesar de umas "trocas de galhardetes" em comments e daquilo que está no profile.
Vão até lá e apaixonem-se ou reforcem a paixão pelo Porto.
É um blogue de culto para muitas pessoas. Para mim também. É de visita diária obrigatória. Mesmo que não tenha nada novo - e por vezes não tem porque um artista tem os seus ritmos - dá para rever as fotos mais antigas. Fotos da melhor cidade do mundo.
É supreendente, de facto, o Porto, e incomensurável o talento de Carlos Romão. Dele só conheço mesmo este talento - não sei quem ele é, apesar de umas "trocas de galhardetes" em comments e daquilo que está no profile.
Vão até lá e apaixonem-se ou reforcem a paixão pelo Porto.
6.10.05
Diário das Autárquicas, dia 11 (RPS)
Preparem-se para, na noite de domingo e ainda nos primeiros dias da próxima semana, ouvirem ad nauseam frases como "o eleitorado tem sempre razão" e "o povo tem mostrado sempre que sabe escolher bem" e "os portugueses são sábios e têm dado muitas lições aos políticos".
Odeio frases-feitas. Particularmente, em política. E mais particularmente, ainda, quando traduzem ideias erradas. Quando não passam da tradução de uma cretinice.
Não é preciso tirar um doutoramento em Ciência Política para saber que, em Democracia, a vontade da maioria é um critério de acção. Não é um critério de razão.
Do meu ponto de vista, "o povo", "o eleitorado", "os portugueses" é um grupo maioritariamente constituído por mentecaptos. Ou algo próximo.
Desde que sou eleitor, só uma vez me abstive. Foi nas Legislativas de 2002, quando Durão Barroso derrotou Ferro Rodrigues. Abstive-me por me encontrar em serviço em Lisboa, sem possibilidade de vir ao Porto. Assim, já votei:
- cinco vezes em Presidenciais. Foram quatro eleições, mas em 86 houve duas voltas.
- sete vezes em Legislativas: 83, 85, 87, 91, 95, 99 e 2005. Falhei as tais de 2002.
- cinco vezes para o Parlamento Europeu: 87, 89, 94, 99 e 2004.
- dezoito vezes em Autárquicas. Seis eleições - 82, 85, 89, 93, 97 e 2001 - para os três órgãos: Câmara, Assembleia Municipal e Junta.
- três vezes em Referendo. No da regionalização havia dois boletins, um deles sobre o mapa.
38 vezes votei. Não votei vencedor - sequer - em dez destas ocasiões. Se não foram trinta derrotas, anda lá muito perto.
Isto significa que trinta vezes eu não tive razão? Então não tinha! Tinha a razão toda do meu lado! Em todas as eleições era eu que estava certo. Não era a maioria.
Odeio frases-feitas. Particularmente, em política. E mais particularmente, ainda, quando traduzem ideias erradas. Quando não passam da tradução de uma cretinice.
Não é preciso tirar um doutoramento em Ciência Política para saber que, em Democracia, a vontade da maioria é um critério de acção. Não é um critério de razão.
Do meu ponto de vista, "o povo", "o eleitorado", "os portugueses" é um grupo maioritariamente constituído por mentecaptos. Ou algo próximo.
Desde que sou eleitor, só uma vez me abstive. Foi nas Legislativas de 2002, quando Durão Barroso derrotou Ferro Rodrigues. Abstive-me por me encontrar em serviço em Lisboa, sem possibilidade de vir ao Porto. Assim, já votei:
- cinco vezes em Presidenciais. Foram quatro eleições, mas em 86 houve duas voltas.
- sete vezes em Legislativas: 83, 85, 87, 91, 95, 99 e 2005. Falhei as tais de 2002.
- cinco vezes para o Parlamento Europeu: 87, 89, 94, 99 e 2004.
- dezoito vezes em Autárquicas. Seis eleições - 82, 85, 89, 93, 97 e 2001 - para os três órgãos: Câmara, Assembleia Municipal e Junta.
- três vezes em Referendo. No da regionalização havia dois boletins, um deles sobre o mapa.
38 vezes votei. Não votei vencedor - sequer - em dez destas ocasiões. Se não foram trinta derrotas, anda lá muito perto.
Isto significa que trinta vezes eu não tive razão? Então não tinha! Tinha a razão toda do meu lado! Em todas as eleições era eu que estava certo. Não era a maioria.
Radio
Algumas memórias da rádio acabaram comentadas noutros blogues, nomeadamente aqui e aqui.
Apetece-me apenas pedir uma coisa a quem gosta de rádio: lutem por ela, ouvindo-a, comentando-a. Caso contrário, ficamos presos a memórias. Apenas isso.
Apetece-me apenas pedir uma coisa a quem gosta de rádio: lutem por ela, ouvindo-a, comentando-a. Caso contrário, ficamos presos a memórias. Apenas isso.
5.10.05
Diário das Autárquicas, dia 10 (RPS)
Façam como eu. Até agora trabalhei, mas vou passar parte do Feriado a fazer uma Volta a Portugal. Uma Volta a Portugal em cartazes: de todos os cantos do país, de todos os partidos e coligações. Vale a pena. Vejam aqui.
4.10.05
Jantar estragado (RPS)
Porque o final de tarde se complicou, porque estava muito trânsito, porque não havia nada adiantado em casa para o jantar, porque já era algo tarde, há que jantar fora. Pois vamos lá ao "Convívio", mesmo à mão de semear, ali na Boavista.
Entrar, sentar, pedir e de súbito perguntam-me porque estou para ali a rosnar. Pudera! A cinco metros de mim, noutra mesa, deparo-me com um tipo a ruminar apressada e boçalmente. Era o Ascenso Ignições!
Sugiro mudança de restaurante, mas sou logo duplamente contrariado. Manda a maioria. E a maioria pergunta-me a razão do meu súbito fastio (se consultassem o Fado Falado, não teria de explicar...).
Lá expliquei. E tentam apaziguar a minha irritação: "Coitado... Deve estar aí por causa dos incêndios. Hoje havia fogo em Gondomar...".
Engoli em seco e anuí. Já não tive forças para explicar que o sabujo estava ali a deglutir à pressa para ir, a seguir, ao Pavilhão de Desportos lamber as botas ao chefe. Que veio ajudar(?) o Francisco Assis.
Entrar, sentar, pedir e de súbito perguntam-me porque estou para ali a rosnar. Pudera! A cinco metros de mim, noutra mesa, deparo-me com um tipo a ruminar apressada e boçalmente. Era o Ascenso Ignições!
Sugiro mudança de restaurante, mas sou logo duplamente contrariado. Manda a maioria. E a maioria pergunta-me a razão do meu súbito fastio (se consultassem o Fado Falado, não teria de explicar...).
Lá expliquei. E tentam apaziguar a minha irritação: "Coitado... Deve estar aí por causa dos incêndios. Hoje havia fogo em Gondomar...".
Engoli em seco e anuí. Já não tive forças para explicar que o sabujo estava ali a deglutir à pressa para ir, a seguir, ao Pavilhão de Desportos lamber as botas ao chefe. Que veio ajudar(?) o Francisco Assis.
Diário das Autárquicas, dia 9 (RPS)
Já aqui defendi que a lei deveria permitir que um eleitor votasse nas Autárquicas em vários concelhos e freguesias. Onde lhe apetecesse. Se assim fosse, já teria plano traçado para domingo.
Às oito da manhã, estaria em Braga. Para votar PSD, contra aquele gajo de rosto patibular que lá está há trinta anos.
De volta pela A3, apanharia a A4 para votar em Felgueiras (PSD, provavelmente) e Amarante (PS, certamente). Porque nestes dois concelhos está em jogo muito mais do que as respectivas Câmaras. Se visse que ainda teria tempo para tudo, iria ao Marco de Canaveses votar no Manel.
Tentaria ainda votar em Vila do Conde, antes de o fazer na minha cidade, o Porto. Aqui, votaria também para as quinze Juntas de Freguesia. Tentaria obter mais informação do que a que possuo, mas em muitas delas votaria, provavelmente, na CDU.
Seguir-se-iam:
Gaia - voto para a Ilda, claro;
Matosinhos - voto contra a corja socialista local;
Valongo - voto contra a corja social-democrata local;
e
Gondomar - voto contra a corja.
Rumando a sul, não deixaria de parar em Espinho. Porque há criminosos não investigados e não indiciados.
Seguir-se-ia Águeda, onde votaria PS, depois, claro, de almoçar no Vidal, em Aguada de Cima.
Cochilando uma sesta, daria a indicação de Palmela ao motorista. Não iria deixar de votar no Octávio.
Nova passagem na Ponte ex-Salazar 25 de Abril, para fazer a ronda por:
- Oeiras - contra a rasquice e o crime;
- Sintra - contra os dois execráveis, cada um à sua maneira (provavelmente, a CDU é que ficaria a ganhar);
- Amadora - contra mais um candidato de rosto patibular e de actos duvidosos;
e
- Cascais - só porque tenho grande consideração por António Capucho.
Finalmente, a capital. Lisboa. Onde tentaria a chapelada. Tentaria meter três votos na urna: um no Ruben, outro na Zézinha e outro no Carmona.
Às oito da manhã, estaria em Braga. Para votar PSD, contra aquele gajo de rosto patibular que lá está há trinta anos.
De volta pela A3, apanharia a A4 para votar em Felgueiras (PSD, provavelmente) e Amarante (PS, certamente). Porque nestes dois concelhos está em jogo muito mais do que as respectivas Câmaras. Se visse que ainda teria tempo para tudo, iria ao Marco de Canaveses votar no Manel.
Tentaria ainda votar em Vila do Conde, antes de o fazer na minha cidade, o Porto. Aqui, votaria também para as quinze Juntas de Freguesia. Tentaria obter mais informação do que a que possuo, mas em muitas delas votaria, provavelmente, na CDU.
Seguir-se-iam:
Gaia - voto para a Ilda, claro;
Matosinhos - voto contra a corja socialista local;
Valongo - voto contra a corja social-democrata local;
e
Gondomar - voto contra a corja.
Rumando a sul, não deixaria de parar em Espinho. Porque há criminosos não investigados e não indiciados.
Seguir-se-ia Águeda, onde votaria PS, depois, claro, de almoçar no Vidal, em Aguada de Cima.
Cochilando uma sesta, daria a indicação de Palmela ao motorista. Não iria deixar de votar no Octávio.
Nova passagem na Ponte ex-Salazar 25 de Abril, para fazer a ronda por:
- Oeiras - contra a rasquice e o crime;
- Sintra - contra os dois execráveis, cada um à sua maneira (provavelmente, a CDU é que ficaria a ganhar);
- Amadora - contra mais um candidato de rosto patibular e de actos duvidosos;
e
- Cascais - só porque tenho grande consideração por António Capucho.
Finalmente, a capital. Lisboa. Onde tentaria a chapelada. Tentaria meter três votos na urna: um no Ruben, outro na Zézinha e outro no Carmona.
Edifícios
Vivemos rodeados deles.Por isso a notícia da classificação de algumas obras de arquitectura já dos anos 80 deve merecer a nossa atenção. A lista vem parcialmente publicada hoje aqui. Querem comentar ?
Absurdina
É o verso final da peça "Nelken" (Cravos) que Pina Bausch trouxe a Lisboa, com 23 anos de atraso. Um bailarino, vestido como se a Maximiana fosse para o ballet, apresenta-se ao riso da plateia, justificando a sua opção profissional:
"Fui para bailarino porque tive um acidente. E não queria ser soldado".
Não é fantástico, o absurdo ?
Morais Sarmento não faria melhor
O ElPaís- um dos meus jornais de referência e propriedade da Prisa, proxima da área socialista espanhola- decidiu trocar de correspondente em Portugal.Vem para Lisboa Miguel Mora, dos quadros do jornal, 41 anos, que estava na secção de Cultura há 9 anos.
Assim que chegou, tratou de assassinar o trabalho da antecessora. Nas suas primeiras palavras à chegada a Lisboa (como se diz há 50 anos no jornalismo), Mora disse que a prioridade do jornal é que "a imagem de Portugal em Espanha deixe de ser inexistente ou catastrófica, que não tenha de ser apenas a má notícia".
Nestas declarações ao Público, acrescenta que "vai mostrar mais aspectos positivos de Portugal, de âmbito cultural ou político".
Amigo Mora, chegas em boa hora. A Cultura está sem cheta e com ordenados em atraso. Quanto à política, basta andar pelas ruas. Ao terceiro café, vais perceber que o único lado positivo da politica é que nos faz rir (para não chorar, claro).
Resta acrescentar que Margarida Pinto esteve dois anos a escrever para o ElPaís. Como leitor, devo dizer que os seus artigos sempre contaram a verdade e respeitaram o rigor. E tiveram sempre impacto.
Agora somem dois mais dois.
E não digam que eu vos sussurrei "quatro".
Assim que chegou, tratou de assassinar o trabalho da antecessora. Nas suas primeiras palavras à chegada a Lisboa (como se diz há 50 anos no jornalismo), Mora disse que a prioridade do jornal é que "a imagem de Portugal em Espanha deixe de ser inexistente ou catastrófica, que não tenha de ser apenas a má notícia".
Nestas declarações ao Público, acrescenta que "vai mostrar mais aspectos positivos de Portugal, de âmbito cultural ou político".
Amigo Mora, chegas em boa hora. A Cultura está sem cheta e com ordenados em atraso. Quanto à política, basta andar pelas ruas. Ao terceiro café, vais perceber que o único lado positivo da politica é que nos faz rir (para não chorar, claro).
Resta acrescentar que Margarida Pinto esteve dois anos a escrever para o ElPaís. Como leitor, devo dizer que os seus artigos sempre contaram a verdade e respeitaram o rigor. E tiveram sempre impacto.
Agora somem dois mais dois.
E não digam que eu vos sussurrei "quatro".
Saudades da Voxx (RPS)
Oito da manhã de ontem. Com algum atraso, sigo ao volante pela marginal, sentido Foz-Restauração. Acaba o noticiário das 8. Como sempre, mudo para os 90 do FM, num gesto já instintivo, sem tirar os olhos do carro da frente. Entra-me pelos ouvidos a voz de uma jovem a falar de trânsito ou da campanha ou de qualquer coisa assim como nas outras rádios. Pensei que me tinha enganado. Desvio o olhar e vejo bem: 90.0.
A velha Voxx, do Miguel Bacelar (um tipo que só conheço de vista, de me cruzar por aí com ele, há mais de vinte anos) já tinha acabado há muito tempo, mas nos 90 continuava a ouvir-se boa música. Agora acabou mesmo. Sabia que acabaria, mas não sabia quando. Diz o Bruno que foi no sábado, dia 1.
Acabou a boa música nos 90 FM. Antes, já tinha acabado uma grande rádio. E recordo aqui alguns dos slogans ou spots de marca da velha Voxx:
- Voxx - Rádio Disfunção Portuguesa.
- Tudo o que se passa, passa ao lado da Voxx.
- Se gosta de carapaus de um dia para o outro, passe por cá amanhã...
- Sou pecador e tu vais-me tramar, não vais, Deus?...
- Você é gay? Em caso afirmativo, sorria...
Lembram-se de outros? Recordem-me lá...
A velha Voxx, do Miguel Bacelar (um tipo que só conheço de vista, de me cruzar por aí com ele, há mais de vinte anos) já tinha acabado há muito tempo, mas nos 90 continuava a ouvir-se boa música. Agora acabou mesmo. Sabia que acabaria, mas não sabia quando. Diz o Bruno que foi no sábado, dia 1.
Acabou a boa música nos 90 FM. Antes, já tinha acabado uma grande rádio. E recordo aqui alguns dos slogans ou spots de marca da velha Voxx:
- Voxx - Rádio Disfunção Portuguesa.
- Tudo o que se passa, passa ao lado da Voxx.
- Se gosta de carapaus de um dia para o outro, passe por cá amanhã...
- Sou pecador e tu vais-me tramar, não vais, Deus?...
- Você é gay? Em caso afirmativo, sorria...
Lembram-se de outros? Recordem-me lá...
3.10.05
Na estrada 4 (SM)
Sócrates afinal vai ao Porto, mas não vai a Felgueiras, o malandro; Rio está a ficar aflito(?), a gritar pela judiciária; Castro vai a Ponte de LIma, mas não a Amarante; prepara-se para levar com a pergunta, e irritar-se com os ardinas, mais uma vez. E Mendes ainda não conseguiu explicar porque gosta mais de Damasceno do que de Valentim e de Isaltino. Quanto ao Jerónimo anda a levantar a garimpa e a responder ao Coelho; arrisca-se a levar com um repetido "quem bate no PS, leva".
Tudo normal, portanto; enquanto isso no mercado de Pombal, o Castro patina ao ver uma comerciante queixar-se da falta de venda; resposta do líder popular: "ah, então mas porquê, é fim do mês?" e a mulher encolhe os ombros e diz "sei lá, é a situação..." e o castro lá cai em si e diz ...pronto é preciso mudar a situação."
Mas em que castro vive este Castro que parece nunca ter visto gente a precisar de dinheiro?
Tudo normal, portanto; enquanto isso no mercado de Pombal, o Castro patina ao ver uma comerciante queixar-se da falta de venda; resposta do líder popular: "ah, então mas porquê, é fim do mês?" e a mulher encolhe os ombros e diz "sei lá, é a situação..." e o castro lá cai em si e diz ...pronto é preciso mudar a situação."
Mas em que castro vive este Castro que parece nunca ter visto gente a precisar de dinheiro?
Na estrada 3 (SM)
Segunda semana; o discurso vai aquecer; é sempre assim; mas o Castro não pensou que fosse tão cedo e tão dentro do próprio ninho. A víbora veio de onde menos esperava, ou talvez não. Telmo falou a uma sexta-feira à noite, ocasião privilegiada, o malandro: as rádios e as televisões apanham na hora, mas até domingo andam os jornais à nora a falar do assunto. Três dias de traição é obra. Telmo ganhou o round. Mas o congresso é só em 2007. O castro está a gostar de ser chefe. Mas não acha graça a jornalistas nem aos Telmos. Precisa de amaciar senão leva pancada nossa e deles.
Na estrada 2 (SM)
Compreendo agora a hipnose que a auto-estrada provoca; o sono é um amiguinho muito traiçoeiro. À noite a campanha pode tornar-se verdadeiramente perigosa. O IP 5 pisca o olho à falha, uma guinadela e a sopa está estragada. Nunca por nunca seguir o motorista do Castro; ninguém consegue. A velocidade dos políticos continua a não ser cumprida na AE.
Diário das Autárquicas, dia 8 (RPS)
Está visto: falta mesmo decência a esta gente, aos líderes partidários deste tempo.
Falta decência e muito mais. A expressão é vulgar, mas não há termo mais adequado em português corrente: há falta de tomates na classe política.
Há uma semana, a 26, no primeiro Diário das Autárquicas, escrevi que caso Sá Carneiro, Mário Soares ou Freitas do Amaral se vissem num situação idêntica à de Sócrates perante Felgueiras ou à de Mendes perante Gondomar ou Oeiras, não deixariam de marcar comícios nestas terras. Insuspeito que sou de simpatia por Santana Lopes, acho que ele teria também coragem para fazer isso.
Sócrates corta-se a Felgueiras. Manda para lá um patarata: Almeida Santos, o tipo que comparou Cavaco Silva a Salazar pelo facto de Cavaco ter dito estar distante dos partidos. Crime! - gritou o idiota.
Marques Mendes corta-se a Gondomar. E em boa verdade cortou-se a Oeiras. Foi lá, é certo, mas limitou-se a almoçar num restaurante e a cumprir um percurso de cem ou duzentos metros na rua, em Algés.
Marques Mendes não tem sequer coragem para fazer campanha em Gaia, para não se juntar a Meneses, o seu adversário interno. Sabemos que um líder a sério não se pode agachar nestas situações.
O caso de Marques Mendes é tanto mais chocante quanto o líder do PSD fez voz grossa e desafiou Sócrates a ir a Felgueiras.
A desfaçatez deste tipo não conhece limites.
Falta decência e muito mais. A expressão é vulgar, mas não há termo mais adequado em português corrente: há falta de tomates na classe política.
Há uma semana, a 26, no primeiro Diário das Autárquicas, escrevi que caso Sá Carneiro, Mário Soares ou Freitas do Amaral se vissem num situação idêntica à de Sócrates perante Felgueiras ou à de Mendes perante Gondomar ou Oeiras, não deixariam de marcar comícios nestas terras. Insuspeito que sou de simpatia por Santana Lopes, acho que ele teria também coragem para fazer isso.
Sócrates corta-se a Felgueiras. Manda para lá um patarata: Almeida Santos, o tipo que comparou Cavaco Silva a Salazar pelo facto de Cavaco ter dito estar distante dos partidos. Crime! - gritou o idiota.
Marques Mendes corta-se a Gondomar. E em boa verdade cortou-se a Oeiras. Foi lá, é certo, mas limitou-se a almoçar num restaurante e a cumprir um percurso de cem ou duzentos metros na rua, em Algés.
Marques Mendes não tem sequer coragem para fazer campanha em Gaia, para não se juntar a Meneses, o seu adversário interno. Sabemos que um líder a sério não se pode agachar nestas situações.
O caso de Marques Mendes é tanto mais chocante quanto o líder do PSD fez voz grossa e desafiou Sócrates a ir a Felgueiras.
A desfaçatez deste tipo não conhece limites.
2.10.05
Diário das Autárquicas, dias 6 e 7 (RPS)
Saí do Porto a meio da tarde de sexta. Para longe. Nem sei se este fim de semana houve campanha. Vou tentar perceber, agora que estou a acordar para a realidade. Estou a tentar, por isso vim aqui. Tinha medo de não conseguir, mas ainda bem que há internet em Lisboa. E agora vou apanhar o Alfa.