31.8.05
Trova de um vento que passou frouxo (RPS)
Há sempre alguém que desiste/Há sempre alguém que diz nim
Vamos beijar o Sol ?
Aqui, ao vivo, há 3 anos em Paris.
Tempo Verbal
Na letra e na forma, foi uma manobra de mestre. Convenhamos que poucos políticos deste tempo conseguiriam exprimir a sua ambiguidade de forma tão notável. Cavaco, por exemplo, é mais fino, vai de tabu, em sussurro pelos outros.
Eticamente, Alegre foi baixo. Não foi capaz de dizer que não consegue, que não convence, que não vale nada no partido. Alguém que resiste é alguém que diz não. Ou sim.
Fica onde está, declama ele. Quiçá para um terrorismo light no partido.
A esquerda tem mais razões para estar deprimida.
O país então nem se fala.
26.8.05
Sá de Miranda featuring katastrophe
Dezarrezoado amor, dentro em meu peito
tem guerra com a razão. Amor, que jaz
i já de muitos dias, manda e faz
tudo o que quer, a torto e a direito.
Não espera razões, tudo é despeito,
tudo soberba e força, faz, desfaz,
sem respeito nenhum, e quando em paz
cuidais que sois, então tudo é desfeito
Doutra parte a razão tempos espia,espia ocasiões de tarde em tarde,
que ajunta o tempo: em fim vem o seu dia.
Então não tem lugar certo onde aguarde
amor; trata traições, que não confia
nem dos seus.
Que farei quando tudo arde?
25.8.05
Fazem falta egos destes (RPS)
Mas volto ao ciclismo para prestar homenagem (singela) a este senhor:
Normalmente, nestas coisas do desporto, não adiro aos fenómenos de popularidade massiva. Isto é, por uma qualquer razão que não sei explicar, tendo a não "torcer" pelo melhor ou pelo mais popular, mas antes a "ser contra" o vencedor crónico, o ídolo das multidões, e a apoiar mais um "segunda linha".
Cândido Barbosa, contudo, é para mim uma excepção. Estou naquele grupo de portugueses que, durante a última Volta, "puxava" pelo Cândido. Um grupo imenso e que, por força do tamanho do seu ego, o Cândido designava como "o país inteiro".
Sou, contudo, um pioneiro. Comecei a ser fã do Cândido Barbosa há uns bons anos (seis, sete, oito, sei lá!...) por força das vitórias que começou a conseguir ao sprint e das declarações que proferia no final das vitórias. Não eram declarações de um português comum. Tinham forte carga positiva, eram de alguém que acreditava em si mesmo e que pretendia e trabalhava no duro para conseguir ser melhor. Alguém ligado ao ciclismo disse, um dia, que "o Cândido tem um ego do tamanho do pelotão". Talvez tenha, mas acho muito bem.
Um dos problemas do país é falta de egos. Claro que há por aí muito ego grande, mas balofo, mas não me refiro a esses. Refiro-me a egos grandes, assentes em fundações minimanente sólidas. Tipos de facto bons, com a noção de que são bons e querem ser melhores. Como o Cândido Barbosa que, de excelente sprinter, se transformou num ciclista completo. Ele merece e eu acredito que um dia ele ganhará a Volta a Portugal.
Post Comment: ou mais uma foto clickavel
Época balnear
Certamente pressionado, o professor Carrilho decidiu visitar os balneários do Belenenses. Confesso que a primeira ideia que me assaltou foi mazinha. Teria Manuel Maria procurado nas catacumbas do Restelo os restos do gel duche de Fábio Januário ? O amaciador de Romeu ? A santinha privada de Marco Aurélio ? Ou apenas um desconto nas piscinas ?
Percebi depois pelas reacções que o Belém tem apalavrado um empreendimento de 8500 metros quadrados que Carrilho quer vetar.
Não é que a ideia de não autorizar mais betão não seja interessante. O problema é que parece existir um certo fetiche de Carrilho por balneários de estádio. E isso prenuncia uma opção por duches rápidos - quiçá frios ou saunosos então - na gestão da cidade. Não é que a candidatura do professor Carrilho mandou avisar que hoje às 16.15 vai visitar os balneários do Alvalade XXI ? Talvez Douala cheire mesmo mal. Ou então Polga está sem desodorizante.
Por uma questão de higiene mental, parece-me importante lembrar estas palavras do próprio ao Expresso em 1997.
"Nunca entrei num estádio de futebol, nem tenciono entrar. E deixe-me dizer-lhe: acho grave a dimensão que o futebol tem hoje na nossa vida política.(...) A classe política dá demasiada atenção ao futebol".
Rapazes, ele não vai lá pelo futebol. Vai pela gelatina.
Pela pura gelatina politica.
24.8.05
Mobile Phone Throwing (RPS)
SATURDAY, AUGUST 27
SAVONLINNA, Finland - 6th International Mobile Phone Throwing
World Championships.
Que bela modalidade! Entusiasmem-se como eu! Podem consultar o site oficial do evento.
Tivesse pintado o euromilhões, que neste fim de semana era certinho: estaria em Savonlinna, nessa distante Finlândia, grande produtora de telemóveis e pátria de grandes atletas lançadores de dardo. São dois factores que podem, aliás, explicar a realização deste campeonato.
Mas não tirem conclusões precipitadas. Pelo que se verifica aqui, os finlandeses não são os melhores do mundo na modalidade.
Quem quiser dar-se ao trabalho encontrará por aí muita informação sobre este desporto sem tradição no nosso país, apesar de haver alguns talentos escondidos. Eu - garanto-vos - conheço um verdadeiro craque no lançamento de telemóveis. Quem quiser que o desafie. Eu não me atrevo.
23.8.05
O meu primeiro concerto da minha nova idade
Já que falas nisso RPS...
Ainda não há anúncio oficial, mas a escolha é óbvia. Ainda há quem tenha uma visão, ideias claras para Portugal... "O importante em política não é ganhar, é competir". Não é a competitividade o magno problema da nossa economia ?
22.8.05
Declaração Política (RPS)
Eu, cidadão eleitor, inscrito na freguesia de Paranhos, declaro que apoiarei o candidato que assumir o compromisso de nunca promever nem defender de nenhuma forma a elevação de Canas de Senhorim a concelho. Sou pela integridade do concelho de Nelas.
19.8.05
De volta, entorpecido e ressacado (RPS)
Na mente subsiste, contudo, o espírito silly season. E no corpo instalou-se o torpor de três semanas a fazer nenhum. A tudo isto junta-se a ressaca de uma noite em Paredes de Coura. Já foi na quarta-feira, é certo, mas caí na asneira de tentar acompanhar este gajo. Não tenho pedal para ele.
Fui para ver Pixies. Gostei. Revejo-me em muitas das palavras escritas hoje aqui por Inês Nadais. Por exemplo:
- foi mais que um concerto;
- nem bom nem mau, muito acima disso;
- foi uma efeméride;
- os Pixies ainda são um desses lugares comuns, onde pessoas que nunca se cruzaram se encontram quinze anos depois e descobrem que deviam ter sido grandes amigas;
Mas o momento da noite foi proporcionado por estes senhores:
... eram mais (eram oito) no palco de Paredes de Coura. Dos Arcade Fire conhecia apenas um tema, que ouço habitualmente aqui. Ouvi outros temas excelentes e, principalmente, vi aquilo de que gosto: uma grande actuação em palco. Séria - eles são profissionais - e divertida - eles gostam de ali estar.
Ouçam-nos e, se possível, vejam-nos porque eles são mesmo muito bons.
16.8.05
LX Station
Para me redimir da ausência de 1993, fui a Alvalade ver se os U2 ainda eram uma bomba ao vivo. Pois que sim e que não.
Coloquemos de lado a inovação musical. Disso já sabia que não encontrava nada. Mais de um terço das canções já tinham sido interpretadas em Portugal. E os discos mais recentes não estão propriamente no melhor rock do mundo. Também já sabia que o espectáculo não era tão espectacular como a ZooTv ou PopMart.
Mas confesso que não estava à espera de um tão acentuado regime greatest-hits-em-versão-paz-e-amor. Os Xutos e Pontapés fazem o mesmo com mais energia e menos neons. E ninguém acaba um concerto como os U2 o fizeram em Alvalade, chocho e murcho.
Uma vez perguntaram a Keith Richards quantas vezes ia ao ginásio para manter a forma aos 62 anos. Ele riu-se e respondeu "ouça, eu toco nos Roling Stones". Os U2, quinze anos mais novos, estão mais pesadotes.
O que mais impressiona é a constatação de que Bono é hoje, por mérito e falta de concorrência, uma personalidade galáctica. Esqueçam os outros. Ninguém abraça o mundo como Bono o faz nos passadiços que entram pela relva dos estádios sempre esgotados. O vocalista dos U2 é pregador rocker a que temos direito. Um bocadinho meloso às vezes, mas sempre contra o vento.
15.8.05
Fui lá, finalmente! (RPS)
Subir a Senhora da Graça não é, de facto, para qualquer um. Tinha consiciência disso quando às 10 da manhã de sábado cheguei ao Marquês e me sentei no "supersónico" Mercedes do meu amigo Paulo Teixeira. Queríamos ver a partida da etapa em Celorico, e tê-lo-íamos conseguido tranquilamente, não fora o "pára-arranca" a dois quilómetros das portagens da A4. Aos ponhonhós juntaram-se os invejosos, aqueles automobilistas que não têm Via Verde, mas se mantêm na faixa da esquerda até junto das cabines de portagem, numa lógica de "se eu tenho de esperar, vocês também podem esperar". Era a tiro. Ou queimados vivos, atados a uma árvore.
Em Celorico, ainda vimos a concentração da meta. Profundo conhecedor do terreno, Paulo Teixeira guinou o Mercedes para outras paragens, em busca de melhor ponto de observação. Esqueceu-se ele de que há mais celoricenses expeditos. Ficámos barrados, mas paciência: o principal não perderíamos nós.
Seguimos de imediato para Mondim e verifiquei, então, quanto é agreste o clima no exterior de um Mercedes. Mal passava do meio-dia, estava um bafo de 35 graus. Mercedes estacionado e juntamo-nos a uma das melhores equipas da Volta: José Ferreira, Alexandre Santos e Joaquim Vieira, a equipa da RR. E inicamos a escalada.
Não tenho palavras para descrever o clima que se vivia por aquela encosta. Elementos da organização ainda montavam as metas e placards publicitários e já milhares de pessoas andavam por ali. Muitos, em tendas, tinham lá passado a noite e perfilavam latas e garrafas de cerveja na berma da estrada. Muitas latas, muitas garrafas.
Outros faziam piqueniques e, por isso, cheirava a febra e frango.
Muitos cicloturistas mostravam que passaram ao lado de grandes carreiras, pedalando por lá acima. Outros seguiam a pé. Coitados, pensei, ainda bem que este carro tem livre-trânsito.
Tinha, mas não dava acesso lá ao topo. Éramos obrigados a ficar pelo parque fechado e fazer o resto da escalada a pé. Um quilómetro, disseram os entendidos. Pelos meus cálculos, seriam dois. Quando cheguei ao fim, era capaz de jurar que tinha sido dez. Dez quilómetros, no mínimo. Julgava eu que tinha as pernas doridas. Só no dia seguinte percebi que aquelas dorzitas da véspera eram uma brincadeira. O ácido lácteo tinha-se acumulado em doses industriais...
Pelo caminho, um veículo oficial da Organização da prova passou por mim e pelo Quim Vieira (éramos os em pior forma do nosso grupo) e buzinou para um magote de adeptos que seguia mais pelo meio da estrada. Ouviram-se todos os impropérios: "filhos da puta! ides aí no fresquinho e a gente aqui é que faz o espectáculo, oh seus caralhos!".
Não há dúvida de que os adeptos são essenciais naquele espectáculo. No momento em que o Cândido Barbosa passou pelo camisola amarela, foi impressionante o "bruá" que os milhares de pessoas produziram e que ecoou naquela encosta.
Mas o papel principal é, claro, dos ciclistas. Impressionante a força dos melhores, admirável o esforços dos menos capazes. Quase meia-hora após o primeiro ter cortado a meta, ainda via chegar ciclistas. Exauridos.
Assisti à festa do pódio e ainda vi chegar o último, 47 minutos e trinta e quatro segundos depois do primeiro. Desfalecia, chamaram um médico. Merece que refira o seu nome: Jorge Costa. Era o dorsal 26, corredor da Imoholding-Loulé. Para mim é tão herói como os outros.
E a festa da Senhora da Graça tinha chegado ao fim. Começa bem cedo, de véspera, mas sabe a pouco. É que embora os preliminares se prolonguem, chega-se ao climax e fica uma sensação de efémero. Uma hora depois, a Senhora da Graça só não é um deserto porque estão lá os elementos da organização a desmontar as metas e os placards publicitários e alguns jornalistas a enviar serviço para as redacções. É preciso esperar mais um ano.
Nunca subscrevi aquela máxima de que um homem, para ter uma existência plena, tem de escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore. Entendo, aliás, que uma existência plena dispensa, até, estas três premissas e depende de uma série muito maior de outras. Algumas não me atrevo a mencionar, mas há uma que acabo de comprovar como certa: pode um tipo ter tido muito sucesso na vida, mas teve uma existência incompleta se for desta para melhor sem ter ido à Senhora da Graça.
12.8.05
Férias Desportivas (RPS)
Mal acordo, bem para lá das onze da madrugada, ligo-me a Helsínquia e acompanho os Mundiais de Atletismo. Interrompo a meio da tarde para acompanhar a chegada da etapa do dia da Volta a Portugal em Bicicleta. Volto a Helsínquia até à hora do jantar. Apanho, depois, algum futebol e não termino o dia sem ver mais um jogo da nossa selecção no Mundial de Hóquei em Patins, que decorre em San José, na Calfórnia.
É certo que acabo os dias extenuado, mas sinto-me satisfeito, preenchido.
Amanhã - daqui a umas horas - será mais duro. Vou estar aqui:
Finalmente! Há mais de vinte anos que chega esta altura do ano e digo para mim próprio: um dia, vou à Senhora da Graça.
É desta. Vai ser duro (35 graus de máxima prevista...) mas lá terá que ser.
Espero que eu e o Cândido Barbosa nos aguentemos.
Berlim 1986 - Lights out (3)
Subimos as escadas. Ao jantar, descobri com a ingenuidade pré-adolescente que não havia Coca-Cola em terras comunistas. Serviram-me uma zurrapa tipo Canada Dry. Foi o motivo mais fútil que poderia arranjar mas o mais óbvio para a idade, aquele que me fez pensar, “ainda bem que não vivo aqui neste mofo”. Este era o restaurante.
Do lado de dentro, 1001 lampadas no foyer de entrada faziam do Palácio o Lamp Shop de Honecker. Aqui se reunia o comité central na RDA. Para aqui se encaminhava o povo para o espectáculo possível. Cinco mil lugares tinha o auditório principal. Não o voltaremos a ver. Vai tudo a demolir ainda este ano.
Há quem projecte para ali. Aqui têm uma síntese das propostas. Esta é uma delas, com mão portuguesa. O atelier ANC do Porto (que foram associados de Koolhas na Casa da Música) propõe em parceria com o alemão Christian Gänshirt – que começou carreira com Siza, justamente na Invicta – um projecto que chamam de “slow arquitechture”, de pequenos passos.
Oxalá ganhem. Ainda que me custe a ideia de nunca mais ver este edifício.
Eu sei bem que a minha memória está no lado errado da História.
Berlim 1986 - uma viagem ao interdito (2)
Tremia. Sim, tremia. Para um miúdo, o outro lado era assim uma espécie de Boca do Inferno ou de Estrada Marginal na época. Entrava-se e com sorte saia-se ileso. E no meio, os mitos e as ideias feitas.
O Metro fazia um barulho assustador. Teremos voado para Berlim Leste rompendo o cerco pelo chão. Era como se o cimento estalasse à velocidade do som.
Acima de nós, o interdito, Potsdamer Platz.
Uma espécie de coágulo de terra inculta entre duas veias do Muro, deixando o vazio para o mistério do bunker de Hitler. A foto é de Pascal Valu, tirada nesse ano.
Hoje é já o resultado de uma das mais impressionantes recuperações urbanas em todo o mundo. Os meus olhos vão cegar quando vir isto.
Tudo era velho, tudo era mofo, tudo era História pesada e temível.
Hoje, pelo que me contam, tudo é arty, chique, quase tudo limpo, provavelmente vivo.
Naquela tarde de Agosto quente em 1986, a Ironia bateu no meu ombro quando o chão firme estava-me a 365 metros do pé.
Por que raio, no meio desta arqueologia, se erguia essa torre, com vista para uma cidade dividida ? Para mostrar as diferenças ? Para efeitos de orgulho comunista ?
Mal suspeitava que pouco depois, ao cair da noite, esse outro mundo me entraria directamente goela abaixo, amargamente para fasquias de miúdo ocidental.
11.8.05
Berlim 1986 (I)
Não sei o que é Berlim em paz consigo mesmo.
Não sei, juro-vos.
Para mim - estupidamente para a minha memória - ainda não é possível passar na Porta de Brandenburgo. Naquele Agosto de 1986, estava montado no lado Oeste um palanquete nas barbas do Muro. Parecia talhado para câmaras de televisão, abandonado como um resíduo de um acontecimento mediático da véspera. Convenci-me que teria sido Reagan, na véspera, com o discurso escrito por Peter Robinson, “Senhor Gorbachev” ecoava em mim “deite abaixo este muro” ecoava.
Hoje sei que Reagan esteve ali no ano seguinte.
Sei que o palanque foi montado para ajudar a soprar os 25 anos de vida daquele Muro horrendo.
Photo:Anthony Suau
E sei que o Muro não morreu dentro de mim. Ainda me mordo por isso.Os meus olhos pedem-me para o confirmar, ali ausente. Em paz comigo.
Consciência intranquila
Esvoaçando na minha insónia.
Tenho problemas em regressar. Este rapaz também.
Hoje e amanhã o meu exorcismo passa por aqui, com 3 posts sobre a cidade que conheci há 19 anos.
Uma noite, para as câmaras, Bono caiu numa avenida de Berlim
Nunca fui grande fã do homem.
Aliás nunca fui um indefectível dos U2, apesar de ter muitos discos dos rapazes.
Mas concedo que esta é provavelmente a banda que mais tempo esteve no limbo de tudo.
Os U2 quase descambaram, lembrem-se.
A viragem de Achtung Baby e depois Zooropa foi a queda do muro para o grupo.
Wenders e Bono lembraram-me nos anos 90 como estive e estou ( e acho que estarei) apaixonado por Berlim.
Quando decidiram deitar abaixo o seu muro, aplaudi. Hoje – ou no domingo, tanto faz – já sei que o reconstruíram com a mesma pedra da destruição. Aprenderam essa lição muito antiga que Bowie ou Madonna conhecem de cor. Com os Stones descobriram que é possível utilizar quase sempre os mesmos materiais para fins perpétuos.
E é preciso estar vivo.
Mas uma noite, qual anjo Damiel, o MacPhisto espalhou-se no asfalto de Berlim voando da Siegesaulle.
Sete anos antes, dali avistei Berlim
Do Tiergarten ao Muro
Brandenburgo e tudo.
Depois, um dia, cinzento
como a Alemanha,
ele quase beijou uma cantora.
And, if you listen, I can't call.
And, if you jump, you just might fall.
And, if you shout, I'll only hear you.
If I could stay, then the night would give you up.
Stay, and the day would keep its trust.
Stay with the demons you drowned.
Stay with the spirit I found.
Stay, and the night would be enough.
Se há canção que lhes agradeço é Stay (Faraway So Close).
8.8.05
No rastilho da demagogia
Este tipo de anúncios mostram que somos governados por gente de cabeça quente, quando não completamente perdida.A compra de meios aéreos no quadro do Ministério da Administração Interna é um absurdo.
Dou de barato que os meios são insuficientes. De facto não é humanamente possível combater esta incúria, esta inconsciência dos portugueses que fazem queimadas, não limpam mato, não vigiam e não deixam de pôr fogo.
Olhando para Espanha, talvez se aprenda algo. Eles têm mais meios, mas queixam-se agora que as bases aéreas estão obsoletas. E os fogos não deixam de ser gigantescos e assassinos. O que mostra que o Sul da Europa, com incúrias distintas, é um pasto quase natural.
Antes de comprar helicópteros para o MAI, sugiro que os políticos tornem os fogos uma questão tão importante como o défice. Não se percebe por que razão não nos sentamos à mesa com os espanhois para criar uma frente comum para a criação - inevitavelmente abençoada por Bruxelas - de um dispositivo ibérico de combate aos fogos. A Europa tem que ser solidária com o combate à desertificação na Península.
Por outro lado, é bem melhor reforçar os meios aéreos do Exército e requisitar cada vez mais os militares para o combate aos fogos. Têm de certeza uso não-sazonal e o povo compreenderia. Só os submarinos não ajudam a combater fogos.
Comprar helis é partir do princípio que há inevitavelmente uma industria privada do fogo. Ao menos que seja pública, sustentável e ibérica.
6.8.05
... e levo com o grunho em plenas férias... (RPS)
Está aí o novo Código de Estrada. Para “Padrinho Oficial” do novo Código, o governo encontrou a pessoa certa: um jovem-velho secretário de estado, o tal que chorou na tomada de posse. Um tipo de aspecto seboso e boçal. E que se leva a sério de mais – o que lhe augura um grande futuro nos tempos que correm.
Ao sexto dia de férias, longe da melhor cidade do mundo, liguei pela primeira vez na SIC-Notícias. Quem me sai no Opinião Pública?... Pois sai-me o jovem-velho secretário de estado, o tal que chorou na tomada de posse. O tal tipo de aspecto seboso e boçal. E que se leva a sério de mais. Já não se lhe augura um grande futuro porque o presente já é dele, os tempos que correm são para tipos como ele. O arzinho dele de contentinho e satisfeito consigo próprio mete nojo.
Desta vez, o grunho falava dos incêndios, tentando justificar o injustifícável. Repetiu vezes sem conta termos e expressões como "meios alocados", "coordenação de meios", "ignições"... Ou seja, nada tinha a dizer, como se previa.
Inusitado foi vê-lo insisitir na necessidade dos populares colaborarem com os bombeiros, depois de vistas imagens em que pessoas, muitas delas idosas, desesperadas mal conseguiam carregar pequenos baldes de água, tentando fazer frente a chamas com quatro ou mais metros de altura.
Se me tivesse visto no papel desses anónimos desesperados que tentam salvar o que têm estou quase certo que não descansava enquanto não desse um tiro nesse indigente mental com nome de elevador - acho que a besta se chama Ascensor.
Certamente que o grunho saiu dos estúdios da SIC e telefonou para a terra: "Então?... Viram-me?...".
Faz agora dois anos, o panorama dos incêndios no país era ainda mais grave e desesperante. Tenho na memória algumas declarações demagógicas feitas por alguns elementos da então Oposição. Por acaso, desta figurinha não, Mas... o que terá dito esta besta? Vou tentar encontrar alguma coisa.
3.8.05
Passatempo de Férias (RPS)
a) sim, a voz dele não engana.
b) não, a voz dele é um disfarce.
c) hã?...
(soluções no final das férias ou talvez antes)