12.8.05
Berlim 1986 - Lights out (3)
Subimos as escadas. Ao jantar, descobri com a ingenuidade pré-adolescente que não havia Coca-Cola em terras comunistas. Serviram-me uma zurrapa tipo Canada Dry. Foi o motivo mais fútil que poderia arranjar mas o mais óbvio para a idade, aquele que me fez pensar, “ainda bem que não vivo aqui neste mofo”. Este era o restaurante.
Do lado de dentro, 1001 lampadas no foyer de entrada faziam do Palácio o Lamp Shop de Honecker. Aqui se reunia o comité central na RDA. Para aqui se encaminhava o povo para o espectáculo possível. Cinco mil lugares tinha o auditório principal. Não o voltaremos a ver. Vai tudo a demolir ainda este ano.
Há quem projecte para ali. Aqui têm uma síntese das propostas. Esta é uma delas, com mão portuguesa. O atelier ANC do Porto (que foram associados de Koolhas na Casa da Música) propõe em parceria com o alemão Christian Gänshirt – que começou carreira com Siza, justamente na Invicta – um projecto que chamam de “slow arquitechture”, de pequenos passos.
Oxalá ganhem. Ainda que me custe a ideia de nunca mais ver este edifício.
Eu sei bem que a minha memória está no lado errado da História.