14.3.05
A complexidade de um isósceles (RPS)
Um serão familiar. Várias pessoas. Digestão e sofá...
Atenção dividida entre conversas cruzadas, leitura distraída de jornais e revistas, duas crianças de um lado para o outro e um concurso televisivo.
O concorrente baqueia perante o nome da capital de um país distante. Em casa, a maioria sabe. “Ignorante”, “nabo”, “burro”... Não sei se foram estes os exactos termos, mas andou por aí.
Semanas depois, o mesmo quadro, algumas das mesmas pessoas, outro concorrente no écran. Era uma concorrente que mostrara já algum conhecimento em várias áreas. Mas ela sabe lá o que é um triângulo isósceles ! Não sabe e claramente não quer saber nem se importa. O apresentador também acha normalíssimo. Em casa, alguns também acham. “A mulher não é professora de Matemática!”...
Se fosse uma capital de um país recôndito, ninguém desculpabilizaria com o facto da mulher não ser agente de viagens. A concorrente decerto mostraria algum incómodo. O apresentador, então, não resistiria a um tom ligeiramente reprovador: “então, Maria do Céu?... Ai, ai... “...
É chocante a ligeireza com que se encara a ignorância do mais básico da matemática, da geometria, da trignometria...
Não é grave ignorar o que é um triângulo isósceles? Não fazer sequer a mínima ideia do que possa ser?
Não é mais óbvio saber isso do que ter na ponta da língua as capitais do Laos, do Belize e de Madagáscar?...
Atenção dividida entre conversas cruzadas, leitura distraída de jornais e revistas, duas crianças de um lado para o outro e um concurso televisivo.
O concorrente baqueia perante o nome da capital de um país distante. Em casa, a maioria sabe. “Ignorante”, “nabo”, “burro”... Não sei se foram estes os exactos termos, mas andou por aí.
Semanas depois, o mesmo quadro, algumas das mesmas pessoas, outro concorrente no écran. Era uma concorrente que mostrara já algum conhecimento em várias áreas. Mas ela sabe lá o que é um triângulo isósceles ! Não sabe e claramente não quer saber nem se importa. O apresentador também acha normalíssimo. Em casa, alguns também acham. “A mulher não é professora de Matemática!”...
Se fosse uma capital de um país recôndito, ninguém desculpabilizaria com o facto da mulher não ser agente de viagens. A concorrente decerto mostraria algum incómodo. O apresentador, então, não resistiria a um tom ligeiramente reprovador: “então, Maria do Céu?... Ai, ai... “...
É chocante a ligeireza com que se encara a ignorância do mais básico da matemática, da geometria, da trignometria...
Não é grave ignorar o que é um triângulo isósceles? Não fazer sequer a mínima ideia do que possa ser?
Não é mais óbvio saber isso do que ter na ponta da língua as capitais do Laos, do Belize e de Madagáscar?...
Comments:
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Para os ignorantes nada como repousar o corpo o Genuflexório. Lá todos podem orar e implorar por sabedoria.
O problema é que para a nossa elite, de há séculos a esta parte predominantemente influenciada pela tradição francesa, cultura é a cultura literária, não a cultura científica.
O mais chocante, todavia, não é o inumerismo (o equivalente para a matemática, do analfabetismo para as letras)em si mesmo. É o orgulho com que, de um modo geral, os inumeristas alardeiam a sua ignorância matemática, como se de uma grande qualidade se tratasse.
O mais chocante, todavia, não é o inumerismo (o equivalente para a matemática, do analfabetismo para as letras)em si mesmo. É o orgulho com que, de um modo geral, os inumeristas alardeiam a sua ignorância matemática, como se de uma grande qualidade se tratasse.
por acaso ainda noutro dia vi assim uma cena... so que AINDA mais grave!!
uma professora de fisico-química que não sabe quantos graus tem um ângulo recto... será 90º? será 180º? será 0º?
ora bolas! e uma professora com emprego...
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uma professora de fisico-química que não sabe quantos graus tem um ângulo recto... será 90º? será 180º? será 0º?
ora bolas! e uma professora com emprego...
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