20.3.05
não estava torto o chão não estava não torto não estava
Falar de flamenco é coisa muito delicada aqui na casa. Há leitores assíduos deste blog para quem o assunto é sagrado. Não para mim, certamente, que recuso comentar as belezas do Flamenco-dança. Simplesmente porque não gosto muito e nem sequer sei apreciar tecnicamente.
Daí que não falarei sobre o bamboleo deste rapaz, Tomasito, o cantador/bailador que Chano Dominguez trouxe na sexta-feira a Lisboa para estremecer o tablado do Arco do Cego. Foi um dos homens da noite.
Outra coisa é a vertente musical. Desse flamenco, rasgado à guitarra, ah isso eu gosto.
Concedo que, a solo, um bailador pinta uma parte fundamental do quadro. O ritmo cadenciado é uma marca furiosamente repetida contra o chão. É uma música/dança de desafio, de curvas, extremamente ligada à terra. E portátil.
Ora como transportar uma fogueira de guitarras, palmas e botas para um palco institucional, em versão bateria, contrabaixo e piano? Pois há muito que estava para ver como era o flamenco deste outro senhor.
Chano Dominguez, pianista de Cadiz, ficou-me com a barriga a três quartos na Culturgest, na sexta-feira.
Quanto ao estilo, nada a dizer - gosto destes pianistas totais, que percorrem todas as oitavas a que têm direito, brancas e pretas, martelando como quem baila. E, oh, como dançava o pé direito de Chano...
Ora, o quarto de barriga que Dominguez me ficou a dever remete para um problema chamado "síndroma Quaresma" - uma irreprimível vontade de fazer várias fintas sobre uma matriz que podia ser mais bem trabalhada.
Começa-se no flamenco, depois passa-se pela salsa, mais uns rodriguinhos rítmicos a dar passagem para o samba (cujo balanço anda perto do flamenco) e depois a coisa resvala perigosamente para a confusão (a irmã feiosa da fusão).
Atenuante - a abordagem apaixonada da Música e a anarquia transbordante da alma latina. É por aí que o jazz anda nesta formação de Chano. Todo aí, uma vez que não o encontrei nos swings que desenhou sem especial convicção - um grupo de grand-hotel na América Latina faria o mesmo...
O que, bem vistas as coisas, também não é um elogio a menos.
Nos halls dessas geografias - em regra - não é justo atirar sobre o pianista.
Comments:
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BEM, BEM, PVC NÃO PODIA DEIXAR DE COMENTAR ENTÃO: PARA DIZER QUE...NÃO HÁ NADA DIZER! JPF NÃO COMETEU ERROS DE EXPRESSÕES TÉCNICAS PASSÍVEIS DE PUNIÇÃO POR PARTE DESTA "ASSÍDUA LEITORA". E COMO VÊS, MEU CARO (E QUERIDO) RPS, É POSSÍVEL FALAR DE ASSUNTOS SAGRADOS PARA ALGUNS SEM FERIR SUSCEPTIBILIDADES...AH, POIS É!
MUCHOS BESOTES!
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