16.3.05

 

os lábios do esquiador


Dave Douglas diz que compôs Mountain Passages, de encomenda e em tributo.

Pediram-lhe música para tocar em montanha a uma altitude entre 9 e 12 mil pés. E ele compôs a pensar no pai montanhista. O disco ainda não o ouvi, mas pelo concerto é uma belíssima escalada.

No CCB, no sábado, DD mostrou que é possível contemplar o campo a partir da cave de um arranha-céus. Projectou avalanchas, depois o silêncio, o vento, pássaros, o susto dos engarrafamentos na auto-estrada para a neve.

Pitoresco o quadro de Douglas, um careca de óculos na trompete, mais um sax tocado pelo gémeo do Augusto Santos Silva(chama-se Michael Moore acreditam?), um cello albanês (Rubin Kodheli) e dois absolutos craques - Tyshawn Sorey, um baterista piece of cake-tás na boa que toca como quem respira, sempre de cabeça levantada a desmarcar os parceiros, e que mostrou como se faz música com uma garrafa de Serra da Estrela. E ainda Marcus Rojas, o mais impressionante intérprete de tuba que eu já vi.

Um dos candidatos a concerto do ano nas minhas listas. Mal posso esperar por Chano Domínguez, daqui a poucos dias - concertos em Lisboa, dia 18 e Aveiro, dia 17.

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