31.8.06
Série "Patetas inofensivos, passíveis de comiseração e, eventualmente, até, de alguma simpatia (RPS)
Erosão... (RPS)
Dos meus quatro sobrinhos, três são rapazes. Com alguma frequência, aos chamá-los, troco-lhes os nomes.
Quando era miúdo, isso acontecia com os meus tios e, em particular, com os meus tios-avós. Achava ridículo. E achava, também, que os meus tios estavam um bocado gagás.
Quando era miúdo, isso acontecia com os meus tios e, em particular, com os meus tios-avós. Achava ridículo. E achava, também, que os meus tios estavam um bocado gagás.
30.8.06
Série "Patetas inofensivos, passíveis de comiseração e, eventualmente, até, de alguma simpatia (RPS)
Silly Season (RPS)
29.8.06
Nem a murro! (RPS)
Era muito miúdo - cinco, seis anos - quando me deparei, pela primeira vez, com a realidade do mundo rural. Um dos meus divertimentos preferidos era pegar em batatas, atirá-las aos porcos e vê-los emborcar golosamente aquilo com casca. Procurava sempre os tubérculos maiores e de formas mais irregulares (ainda não havia imposições da UE sobre calibragem e afins...).
Esta memória terá alguma influência no facto de me recusar comer batatas a murro: batatas com casca é para porcos. Mas acho que recusaria, mesmo que não tivesse essa recordação. É que não suporto cozinheiros preguiçosos.
Esta memória terá alguma influência no facto de me recusar comer batatas a murro: batatas com casca é para porcos. Mas acho que recusaria, mesmo que não tivesse essa recordação. É que não suporto cozinheiros preguiçosos.
28.8.06
Fé, confiança (RPS)
26.8.06
O culpado em quem ninguém fala (RPS)
Aí está a confusão instalada no futebol. Mais um caso bem à portuguesa que não surpreende. Não surpreende porque estamos no reino dos Majores Loureiros, dos Madaís, dos Scolaris e dos Cunhas Leais desta vida. Estamos no reino de A Bola e do Record, dos Searas e dos Guilhermes Aguiares, dos Veigas e dos Coroados. Estamos num reino - convém não esquecer - em que reinou, com o aplauso generalizado, João Vale e Azevedo...
No meio de tudo isto, um dado é certo: em condições normais, o Belenenses - desportivamente - não desceria. Tinha equipa e estruturas para se manter tranquilamente na primeira divisão. Mas há um tipo que conseguiu o mais difícil: por o Belenenses nos últimos lugares!!! É esta figurinha:
Chama-se José Couceiro. Em última análise, é ele o responsável pelo que se passa. Um treinador sério e competente não teria enterrado o Belenenses - ele conseguiu esse feito quase impossível. Como prémio, com a benção do sr. Scolari, o sr. Madaíl deu-lhe uma sinecura.
No meio de tudo isto, um dado é certo: em condições normais, o Belenenses - desportivamente - não desceria. Tinha equipa e estruturas para se manter tranquilamente na primeira divisão. Mas há um tipo que conseguiu o mais difícil: por o Belenenses nos últimos lugares!!! É esta figurinha:
Chama-se José Couceiro. Em última análise, é ele o responsável pelo que se passa. Um treinador sério e competente não teria enterrado o Belenenses - ele conseguiu esse feito quase impossível. Como prémio, com a benção do sr. Scolari, o sr. Madaíl deu-lhe uma sinecura.
23.8.06
Silly Season (RPS)
22.8.06
Náuseas (RPS)
Depois de mais uma jornada de piscina, chego a casa, arrumo as tralhas, procuro um cd, hesito... opto pela televisão. Ligo na SIC Notícias e vejo o Opinião Pública. Fala-se do jogo do Benfica com o Áustria e da convocatória da selecção, que desconheço. Marta Atalaya lança um "tele-ouvinte" que, feitas as saudações da praxe, anuncia: vou começar pela selecção. E começa: quem somos nós para criticar a convocatória do Scolari?
Acometido de náuseas, desligo o televisor e estico-me no sofá.
Acometido de náuseas, desligo o televisor e estico-me no sofá.
19.8.06
Paredes de Coura de 0 a 10 (RPS)
Gang of Four - 4
Yeah Yeah Yeahs - 9
Bloc Party - 8
!!! (chk chk chk) - 5
The Cramps - 9
Bauhaus - 8
Yeah Yeah Yeahs - 9
Bloc Party - 8
!!! (chk chk chk) - 5
The Cramps - 9
Bauhaus - 8
16.8.06
Três grandes (RPS)
Admiro muito mais estes três do que a maioria dos scolaris.
14.8.06
Rolling Stones (RPS)
Mal saí do Metro, uma jovem simpática abordou-me, perguntando-me se eu queria bilhetes por 30 euros. Dois metros à frente, um tipo com ar sebento perguntou-nos se queríamos bilhetes. Fomos à zona das bilheteiras onde se juntava cerca de uma dezena de pessoas... procurando vender bilhetes... Esqueci a possibilidade de vender o bilhete que tinha comprado há quatro meses e um outro, de uma amiga em busca de uma rendazita extra.
Um amigo meu, entendido em música, diz que a música dos Rolling Stones é limitada. Outro garante que eles não são nem nunca foram grandes músicos. Acredito que estas críticas até tenham algum fundamento. Mas, como ouvi, na véspera do concerto, ao meu caro Álvaro Costa, na RTP-N, os Stones têm a força das canções. Canções que ouvi ao longo da minha vida. Muitas delas, não sei, sequer, de que álbum, ano ou época são. Podem vir especialistas apontarem defeitos, mas são canções eternas e a força de uma banda ou de um intérprete está na força das suas canções.
Dizem que é mau? Quero lá saber, se posso ouvir Miss You, Brown Sugar, She's so cold, Satisfation, Honky Tonk Woman, It's only rock'n'roll, Please to meet you... Sim, também tocaram algumas do último álbum que mal conheço. Faltou Angie.
O concerto dos Rolling Stones é um enorme show, de dimensão impressionante e de um profissionalismo total, e é também um show de uma superstar: Mick Jagger.
Acredito que, por exemplo, um concerto da Madonna possa ter estas mesmas características, mas eu nunca o irei ver. Porque, para além de Madonna não ser Jagger, na minha vida não há canções dela.
Não sei porquê, mas acho que ainda voltarei a ver Rolling Stones.
Um amigo meu, entendido em música, diz que a música dos Rolling Stones é limitada. Outro garante que eles não são nem nunca foram grandes músicos. Acredito que estas críticas até tenham algum fundamento. Mas, como ouvi, na véspera do concerto, ao meu caro Álvaro Costa, na RTP-N, os Stones têm a força das canções. Canções que ouvi ao longo da minha vida. Muitas delas, não sei, sequer, de que álbum, ano ou época são. Podem vir especialistas apontarem defeitos, mas são canções eternas e a força de uma banda ou de um intérprete está na força das suas canções.
Dizem que é mau? Quero lá saber, se posso ouvir Miss You, Brown Sugar, She's so cold, Satisfation, Honky Tonk Woman, It's only rock'n'roll, Please to meet you... Sim, também tocaram algumas do último álbum que mal conheço. Faltou Angie.
O concerto dos Rolling Stones é um enorme show, de dimensão impressionante e de um profissionalismo total, e é também um show de uma superstar: Mick Jagger.
Acredito que, por exemplo, um concerto da Madonna possa ter estas mesmas características, mas eu nunca o irei ver. Porque, para além de Madonna não ser Jagger, na minha vida não há canções dela.
Não sei porquê, mas acho que ainda voltarei a ver Rolling Stones.
11.8.06
Senhora da Graça e Stones (RPS)
Lamentavelmente, não vou amanhã à Senhora da Graça.
Em Março, quando comprei bilhete para os Stones no Dragão, já temia que se desse a coincidência de datas, como então escrevi aqui.
Opto pelos Stones. Essencialmente porque, para o ano, há mais Senhora da Graça e não deve haver Stones.
Antes de sair para o Dragão, amanhã, acompanharei a etapa pela televisão e estarei com Cândido Barbosa. Depois, vou ver os velhinhos. São de um tempo anterior ao meu, mas passaram pela minha adolescência. Não sendo particular fã, gosto. E nunca vi.
Em Março, quando comprei bilhete para os Stones no Dragão, já temia que se desse a coincidência de datas, como então escrevi aqui.
Opto pelos Stones. Essencialmente porque, para o ano, há mais Senhora da Graça e não deve haver Stones.
Antes de sair para o Dragão, amanhã, acompanharei a etapa pela televisão e estarei com Cândido Barbosa. Depois, vou ver os velhinhos. São de um tempo anterior ao meu, mas passaram pela minha adolescência. Não sendo particular fã, gosto. E nunca vi.
9.8.06
VENDO - 2.ª edição (RPS)
Dois bilhetes para os Stones, sábado, no Dragão, Porto.
Um de 97 euros, outro de 71 euros.
O de 97 está à venda por 75
O de 71 está à venda por 50
Um de 97 euros, outro de 71 euros.
O de 97 está à venda por 75
O de 71 está à venda por 50
8.8.06
Estranho... (RPS)
O caso ainda não chegou ao fim, há um qualquer recurso ainda por analisar, mas a verdade é que, a menos de um mês do início do campeonato, ou Superliga, na linguagem dos tempos modernos, o Gil Vicente foi despromovido ao segundo escalão, por causa de uma qualquer ilegalidade burocrática.
Por Barcelos, à excepção de umas declarações do presidente do clube, reina a tranquilidade. Talvez mesmo a indiferença.
Não tenho dúvidas de que, há dez anos, um caso destes já tinha originado protestos acesos, quiçá cortes de estrada. Arderiam alguns pneus no centro da cidade.
Não sei se a actual situação representa algo de positivo ou de negativo.
Não sei se é um sinal de maturidade cívica ou se é um sinal de amorfismo colectivo.
Que é estranho, sei que é.
Por Barcelos, à excepção de umas declarações do presidente do clube, reina a tranquilidade. Talvez mesmo a indiferença.
Não tenho dúvidas de que, há dez anos, um caso destes já tinha originado protestos acesos, quiçá cortes de estrada. Arderiam alguns pneus no centro da cidade.
Não sei se a actual situação representa algo de positivo ou de negativo.
Não sei se é um sinal de maturidade cívica ou se é um sinal de amorfismo colectivo.
Que é estranho, sei que é.
7.8.06
VENDO (RPS)
Dois bilhetes para os Stones, sábado, no Dragão, Porto.
Um de 97 euros, outro de 71 euros.
Faço desconto atraente.
Um de 97 euros, outro de 71 euros.
Faço desconto atraente.
Um poema à segunda-feira (RPS)
E Aprendemos
Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...
Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeca levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm um forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.
Jorge Luis Borges
Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma,
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...
Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeca levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm um forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.
Jorge Luis Borges
6.8.06
Volta (RPS)
Aí está ela, de novo. E ele. Ela, a Volta, ele Cândido. Hoje, houve aquele incidente na meta, mas, tal como ontem, ficou mostrado quem é o melhor. Espero que seja desta!
4.8.06
"Secador de mãos" (RPS)
Há umas semanas, o amigo Everything afirmava e questionava com toda a pertinência:
Este objecto é completamente estúpido e tem um nome ainda mais estúpido:
"secador de mãos".
Como é que isto se chama "secador de mãos" se nunca me secou sequer uma mão??
É bem verdade. E, agora, não há ocasião em que, deparando-me com um destes estúpidos objectos, não me lembre do Everything . Ainda aconteceu há uns dias, quando viajava no Alfa Pendular. E concluí que, na família dos irritantemente inúteis "secadores de mãos", não há nenhum mais irritantemente inútil que os das casas de banho do Alfa Pendular.
Este objecto é completamente estúpido e tem um nome ainda mais estúpido:
"secador de mãos".
Como é que isto se chama "secador de mãos" se nunca me secou sequer uma mão??
É bem verdade. E, agora, não há ocasião em que, deparando-me com um destes estúpidos objectos, não me lembre do Everything . Ainda aconteceu há uns dias, quando viajava no Alfa Pendular. E concluí que, na família dos irritantemente inúteis "secadores de mãos", não há nenhum mais irritantemente inútil que os das casas de banho do Alfa Pendular.
2.8.06
Rivoli, outra vez (RPS)
Há três-quatro anos, numa fase em que ensaiei fazer um Mestrado, assisti a uma conferência sobre Políticas Culturais, proferida por Augusto Santos Silva, então deputado do PS e ex-ministro da Cultura e também da Educação.
Santos Silva procurou definir e fazer uma distinção entre uma Política Cultural de Direita e uma Política Cultural de Esquerda. A dado passo, apontou como marca-forte de uma Política Cultural de Esquerda a concessão de apoios directos (subsídios, dinheiro) à produção e aos produtores, ou seja, aos agentes culturais. É exactamente por isto que eu, em matéria de Política de Cultura, sou de Direita.
Devo dizer que a conferência foi excelente - foram as duas melhores horas do meu Mestrado, para além das aulas de Ciência Política do meu amigo Milan Rados.
Santos Silva mostrou conhecimentos, capacidade de comunicação e não foi minimamente sectário. Ao enumerar as fragilidades das diferentes políticas, não deixou de afirmar que a prática da concessão de subsídios constituía uma das fragilidades de uma Política Cultural de Esquerda, já que, sendo preciso seleccionar os beneficiários, era impossível adoptar um critério cem por cento justo ou neutro. Obviamente que corre-se o risco de aquele que dá dinheiro acabar por beneficiar os amigos, os próximos, os politicamente próximos... E, acrescento eu, sabemos como são os agentes culturais, ou a sua maioria: uns chulos. Ou, então, uns presumidos (veja-se o caso recente de Maria João Pires) que partem do princípio de que, por serem gente da Cultura, o Estado tem o dever de lhes satisfazer todos os caprichos.
Vem isto a propósito do caso do Rivoli. Concessionar a privados a gestão de um Teatro Municipal é, obviamente, uma opção de Direita. Não me repugna o anterior modelo, mas, em tempo de crise, a opção da Câmara do Porto parece-me totalmente justificada. E parece-me tanto mais justificada quanto vivemos um tempo em que as pessoas já acham natural que empresas encerrem e em que trabalhadores negoceiam perda de direitos e baixas de salários para manterem postos de trabalho. Não é isso muito mais revoltante?!
Acresce que a proposta da Câmara do Porto me parece equilibrada, tendo em conta algumas das cláusulas tornadas públicas: garante actividade e animação em 300 noites por ano (quantas há, actualmente?...) e garante produções experimentais e para crianças. O edifício continua a pertencer à autarquia e o contrato é a termo. Ouvi Rui Rio explicar que se definiu um prazo de quatro anos de modo a que o contrato não expire em cima do próximo período eleitoral e para que aqueles que possam vir a seguir possam, um ano depois de eleitos, tomar outra opção.
Admito perfeitamente que se possa ser contra a proposta da Câmara do Porto, mas ainda não ouvi um argumento convincente. Aliás, é difícil encontrar argumentos válidos no meio da histeria.
O movimento de oposição à concessão do Rivoli tem como principal factor impulsionador a oposição a Rui Rio. Fazer oposição a Rio é algo totalmente legítimo e necessário, mas importava que fosse trabalho bem feito. Como Rui Sá faz esporadicamente.
Sendo a questão do Rivoli um mero pretexto para contestar a pessoa de Rui Rio, domina na argumentação dos opositores a demagogia e a má fé. Afirmar, como li num comment no meu anterior post sobre este assunto, que, ao fazer um contrato a termo para concessionar a gestão do Rivoli, Rui Rio está a destruir, tranquilamente, o património do Porto também pode ser visto como uma mera cretinice. Mas o comentador mcjaku não é um cretino.
Há uns dias, durante uma vigília frente ao Rivoli, vi os de sempre: os subsídio-dependentes, os esquerdistas ressabiados, os socialistas-burgueses também ressabiados, os mirones do costume (com a excepção do Animal ou Empelastro, por onde andava ele?...) e, claro, o incontornável Abrunhosa. Não o via desde um protesto idêntico, no Bolhão. A propósito: o que fez, desde aí, Abrunhosa em prol dos comerciantes do Bolhão?... Espero que alguém o questione sobre isso no próximo protesto anti-Rui Rio. Onde estejam câmaras de televisão, claro...
Santos Silva procurou definir e fazer uma distinção entre uma Política Cultural de Direita e uma Política Cultural de Esquerda. A dado passo, apontou como marca-forte de uma Política Cultural de Esquerda a concessão de apoios directos (subsídios, dinheiro) à produção e aos produtores, ou seja, aos agentes culturais. É exactamente por isto que eu, em matéria de Política de Cultura, sou de Direita.
Devo dizer que a conferência foi excelente - foram as duas melhores horas do meu Mestrado, para além das aulas de Ciência Política do meu amigo Milan Rados.
Santos Silva mostrou conhecimentos, capacidade de comunicação e não foi minimamente sectário. Ao enumerar as fragilidades das diferentes políticas, não deixou de afirmar que a prática da concessão de subsídios constituía uma das fragilidades de uma Política Cultural de Esquerda, já que, sendo preciso seleccionar os beneficiários, era impossível adoptar um critério cem por cento justo ou neutro. Obviamente que corre-se o risco de aquele que dá dinheiro acabar por beneficiar os amigos, os próximos, os politicamente próximos... E, acrescento eu, sabemos como são os agentes culturais, ou a sua maioria: uns chulos. Ou, então, uns presumidos (veja-se o caso recente de Maria João Pires) que partem do princípio de que, por serem gente da Cultura, o Estado tem o dever de lhes satisfazer todos os caprichos.
Vem isto a propósito do caso do Rivoli. Concessionar a privados a gestão de um Teatro Municipal é, obviamente, uma opção de Direita. Não me repugna o anterior modelo, mas, em tempo de crise, a opção da Câmara do Porto parece-me totalmente justificada. E parece-me tanto mais justificada quanto vivemos um tempo em que as pessoas já acham natural que empresas encerrem e em que trabalhadores negoceiam perda de direitos e baixas de salários para manterem postos de trabalho. Não é isso muito mais revoltante?!
Acresce que a proposta da Câmara do Porto me parece equilibrada, tendo em conta algumas das cláusulas tornadas públicas: garante actividade e animação em 300 noites por ano (quantas há, actualmente?...) e garante produções experimentais e para crianças. O edifício continua a pertencer à autarquia e o contrato é a termo. Ouvi Rui Rio explicar que se definiu um prazo de quatro anos de modo a que o contrato não expire em cima do próximo período eleitoral e para que aqueles que possam vir a seguir possam, um ano depois de eleitos, tomar outra opção.
Admito perfeitamente que se possa ser contra a proposta da Câmara do Porto, mas ainda não ouvi um argumento convincente. Aliás, é difícil encontrar argumentos válidos no meio da histeria.
O movimento de oposição à concessão do Rivoli tem como principal factor impulsionador a oposição a Rui Rio. Fazer oposição a Rio é algo totalmente legítimo e necessário, mas importava que fosse trabalho bem feito. Como Rui Sá faz esporadicamente.
Sendo a questão do Rivoli um mero pretexto para contestar a pessoa de Rui Rio, domina na argumentação dos opositores a demagogia e a má fé. Afirmar, como li num comment no meu anterior post sobre este assunto, que, ao fazer um contrato a termo para concessionar a gestão do Rivoli, Rui Rio está a destruir, tranquilamente, o património do Porto também pode ser visto como uma mera cretinice. Mas o comentador mcjaku não é um cretino.
Há uns dias, durante uma vigília frente ao Rivoli, vi os de sempre: os subsídio-dependentes, os esquerdistas ressabiados, os socialistas-burgueses também ressabiados, os mirones do costume (com a excepção do Animal ou Empelastro, por onde andava ele?...) e, claro, o incontornável Abrunhosa. Não o via desde um protesto idêntico, no Bolhão. A propósito: o que fez, desde aí, Abrunhosa em prol dos comerciantes do Bolhão?... Espero que alguém o questione sobre isso no próximo protesto anti-Rui Rio. Onde estejam câmaras de televisão, claro...
Padre Fontes (RPS)
Foi durante o recente Mundial de Futebol que um amigo me chamou a atenção: o treinador de França, Raymond Domenech, é irmão do Padre Fontes, o homem do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes. Foram separados à nascença. Nem sei de qual dos dois é a foto...
1.8.06
Castro (RPS)
Fidel Castro está doente e cedeu o poder ao irmão, Raul Castro. Nada que choque muita esquerda, entretanto chocada com a concessão do Rivoli, por quatro anos, a privados, tramóia congeminada pelo terrível Rui Rio.
Como é habitual nestes casos, especula-se sobre as possibilidades de recuperação de Fidel. Sem surpresa, as fontes oficiais falam de uma extraordinária recuperação, enquanto as contrárias garantem que Fidel está às portas da morte.
Morra a curto-prazo ou morra daqui a muitos anos, um dado é certo: quando a hora de Fidel chegar, multiplicar-se-ão pela blogosfera os panegíricos, os posts encomiásticos do tirano, um dos mais sanguinários do nosso tempo.