31.7.07

 

Estranheza (RPS)

Estranho que Funes ainda não tenha postado sobre o acampamento nacional de escuteiros, a decorrer em Idanha-a-Nova.

 

Objecção de consciência (RPS)

Na época em que andava preocupado com a possibilidade de ter de cumprir o Serviço Militar Obrigatório, foi consagrado na lei o estatuto de objecção de consciência. Vi muitos exultarem e passarem a objectores, embora ameaçassem terceiros de porrada e andassem à porrada.
Preferi arriscar ser chamado e acabar num presídio militar - com a secreta esperança de que fosse no da Rua de São Brás, no Porto, onde passava amiúde, de modo a respirar ar do Porto e criando-se a possibilidade de me levarem alguma comida de casa. Tive sorte, contudo: não me quiseram na tropa!
Sempre me fez impressão avaliar consciências alheias ou que me avaliassem a minha.
Agora, temos os médicos a terem a possibilidade de reclamar objecção de consciência para não realizarem abortos. O princípio parece ter aceitação generalizada, desde que, costumo ouvir, "não sejam objectores no público para não o serem no privado".
Se é reconhecido a um médico o direito de não realizar abortos por objecção de consciência, não deverá ser reconhecido igual direito a outro para quem é um violentação de consciência realizar abortos a preço da chuva, mas já o não é caso seja bem pago?...

29.7.07

 

Bons velhos tempos... (RPS)




Um amigável entre os dois teve porrada à moda antiga.
Poderá parecer paradoxal, mas é bom para o futebol.

28.7.07

 

Neste vídeo vê-se melhor o último momento político verdadeiramente interessante vivido na Europa ocidental (RPS)


26.7.07

 

O feiticeiro (RPS)












Rebelo de Sousa disse, domingo passado, na sua habitual homilia, ter lido todo o novo Harry Potter, na versão inglesa, durante o fim-de-semana. "Em dois períodos, ontem e hoje, num total de 7 horas", disse, ufano.
Ora, 700 páginas em 7 horas, dá 100 páginas por hora. É mais de uma página e meia - 1,66666.... - por minuto.

 

Teste (RPS)


Estudo
Lisboa mal classificada, em matéria de honestidade
Um original trabalho da “Reader´s Digest” deixa os portugueses, representados por Lisboa, com uma imagem negativa em matéria de honestidade.
A revista decidiu fazer um “Teste Mundial de Honestidade”, espalhando em 32 cidades, como se fossem deixados esquecidos, 30 telemóveis.
Depois de colocarem os telemóveis em zonas movimentadas das cidades escolhidas, os jornalistas da revista ligavam para os aparelhos e, caso alguém atendesse, tentavam a devolução.
Lisboa, a capital portuguesa, ficou em 28º lugar, tendo sido recuperados 15 telemóveis, ou seja, metade do total de aparelhos “esquecidos”.
Pior que Lisboa, revelaram-se as cidades de Amesterdão, Bucareste, Hong Kong e Kuala Lumpur.
No primeiro lugar da tabela, denotando um elevado grau de honestidade, ficaram os eslovenos, que, em Liubiliana, devolveram todos os 30 telemóveis. Depois da capital eslovena, ficaram as cidades de Toronto, no Canadá, e de Seul, na Coreia do Sul.




A classificação portuguesa seria a mesma se o teste tivesse sido feito em Viana ou Castelo Branco ou Beja ou no Porto?...

25.7.07

 

Madrid, 1981: o último momento político verdadeiramente interessante vivido na Europa ocidental (RPS)


24.7.07

 

Inquietações sobre o futuro do país e da própria Humanidade (RPS)

A Natércia era empregada doméstica em casa de familiares distantes. Lá, nessa casa, onde, miúda, aprendeu as letras que não aprendera na escola e, também, a comer à mesa, tinha, tal como em nossa casa, um estatuto próximo de pessoa de família.
Aparecia amiúde "para ver os meninos" e para oferecer inúmeros produtos frescos do quintal que tratava com esmero. Couves, legumes diversos, frango caseiro já morto e respectivo sangue, num frasco, para a cabidela, outros animais devidamente depenados enchiam aqueles sacos pesadíssimos, que parecia carregar sem esforço.
Os "grandes" ficavam agradecidos e nós aprendíamos a ficar também. Os "grandes" só não entendiam como saía ela à rua tão mal arranjada, quando podia e sabia arranjar-se bem. Tal desleixo só era explicável pela complacência dos patrões-amigos de sua casa, sendo essa complacência um primeiro sinal da decrepitude dos mesmos.
Lembro-me que particularmente chocante era o calçado que trazia. Era como este:

"Como é possível andar na rua com aqueles chinelos de dedo?", ouvi eu numa conversa? "Aquilo levam os miúdos para a praia!" Francamente...".
São as voltas que a vida dá. Agora, não se chamam "chinelos de dedo", mas sim "havaianas". E viraram moda, por cá. Moda incrivelmente duradoura: apareceram há uns anos e não há modo de desaparecerem.
Que as mulheres são estranhas em matéria de moda todos sabemos, mas até homens (?) as usam.
Há uma explicação. É moda que vem do Brasil e o portuga "compra" brasileiro com a maior das facilidades.
Os sinais da moda, contudo, não me deixam nada optimista quanto ao futuro do país e da Humanidade em geral.

 

Em dificuldades... (RPS)

Ingredientes:
300 gr de ricota fresca
2 colheres de sopa de maionese
100 gr de salmão fumado
1 a 2 colheres de sopa de ketchup
1 colher de sopa de cebola picada
2 colheres de sopa de vodka
4 colheres de sopa de natas
Sal e pimenta q.b.
Salsa para decorar


Modo de Preparação:
Bata num processador todos os ingredientes à excepção da salsa.
Se a mistura estiver muito firme e difícil de bater, acrescente um pouco mais de natas.
Rectifique o ponto de sal e pimenta e leve ao frigorifico por 4 horas.
Sirva montando canapés decorados com folhinhas de salsa.




MAS QUE RAIO É RICOTA???

23.7.07

 

Herman's good old days (RPS)


22.7.07

 

Wake Up (RPS)


20.7.07

 

Mais salmão fumado (RPS)

A marca "Modelo" proporciona-nos salmão fumado a 29,90 euros o quilograma. Tanto o da Noruega como o da Escócia.
A marca "Pingo Doce" coloca o da Noruega nos 20 euros exactos por cada quilograma. Não sei se vendem o da Escócia.
Os preços das marcas estrangeiras disparam. O salmão da Noruega "Martiko" atinge os 51,50 euros por quilograma e o da Escócia chega mesmo aos 62,38 euros.
Já a "Skandia" fixa-se em 57,40 euros por quilograma, sem nos informar da origem geográfica.



Não dá para entender a disparidade de preços. Desde logo, entre o do "Modelo" e o do "Pingo Doce".

E porque raio a "Markito" atribui preços diferentes aos salmões da Noruega e da Escócia e "Modelo" põe tudo igual?...

Porque não indica a "Skandia" a proveniência do bicho?...

Tenho que abordar o assunto com Arlindo do Rêgo, conhecedor que me chamou a atenção para os preços dos "Pingo Doce".

 

Plaza Real (RPS)
















Amigos, familiares, conhecidos falaram-me de 30 mil coisas de Barcelona. Nunca ninguém me tinha falado da Plaza Real. Só os Mão Morta, no seu tema "Barcelona", mas não tinha ouvido. Ou tinha, mas não escutei. É o meu sítio em Barcelona.

19.7.07

 

Salmão fumado (RPS)


O da Noruega é mais claro. O da Escócia, mais escuro - mais avermelhado ou menos rosado. E é também um pouco mais rijinho. No paladar, contudo, não diferem.

 

O Afonso Henriques que vive dentro de mim (RPS)


Ontem, disseram-me mais ou menos isto:
"Oh pá, tu não és nada vaidoso. Andas sempre mal arranjado, com as calças a cair, roupa velha, meio maltrapilho... Mas é fixe... Eu gosto de te ver assim porque és mesmo assim".
Dizer que, desde a adolescência, já ouvi, de amores e de amizades, algo como isto mais de cem vezes será exagero. Mas mais de 30 não é exagero nenhum.
É nestes momentos que reganho alento e me sinto com todas as forças para - qual Afonso Henriques! - prosseguir a luta sem quartel contra a minha Mãe.

18.7.07

 

Monteiro, o lúcido (RPS)

Vindo da Juventude Centrista, chegou a líder do CDS, transformando-o em PP. Decerto para limpar a sua imagem de betinho, lembro-me de se ter metido de imediato numa qualquer acção de propaganda num mercado ou numa feira. Dentro do seu blazerzinho e camisa às riscas, Manuel Monteiro distribuiu beijinhos e "bacalhaus" por toda a gente. Uma repórter televisiva perguntou-lhe algo sobre como se sentia ele naquele meio, ao qual era evidentemente estranho. Respondeu:
- Disparate! Eu sou do povo, 'tá a ver?...

Com o seu arzinho apatetado, lá andou uns tempos a fazer o que Portas o mandava fazer. Quando percebeu, era tarde e "foi comido". Alguém disse, então, que a criatura foi morta pelo criador. Foi. E foi um alívio. Aparente, apenas. É que se lhe seguiu Portas. Disse, então, o meu amigo Zekez: o Portas conseguiu o feito de me fazer sentir saudades do Monteiro.

Perdendo votos em relação a Monteiro (muito não terão noção disso), mas ganhando visibilidade e influência, Portas apagou Monteiro do mapa. Este fez o seu partido, mas sem sucesso.

Tenho notado, contudo, que Monteiro vai por aí dizendo coisas muitas vezes com sentido. E, no rescaldo das eleições de Lisboa, disse a coisa mais lúcida e acertada que alguma terá dito na vida.
Admitindo sair da presidência do seu partido, Monteiro disse que o PND poderia ter alcançado um outro resultado nas eleições com outro líder que não ele. Explicou: "As pessoas consideram-me um político do passado. Foi isso que eu retive da campanha. Senti que as pessoas querem caras novas". Foi mais longe e, penso eu, acertou em cheio: "O país está cansado de Marcelos Rebelos de Sousa, de Paulos Portas, de Monteiros e de Marques Mendes e nós não temos consciência disso, em vez de andarmos entretidos com as nossas palmas e com as notícias que saem no jornal".

Este Monteiro não é grande espingarda, coitado, mas também não é tão mau quanto parecia.

17.7.07

 

Pobre Lisboa (RPS)

A melhor coisa das férias é o facto de acabarem. Ao prazer de voltar à rotina, junta-se o desejo reforçado de chegarem as férias seguintes. É tanto mais motivador quanto para o próximo período não falta sequer um mês...
Desta feita, descobri outra coisa óptima das férias: podem evitar que se acompanhe umas eleições intercalares para a Câmara de Lisboa. É preciso é ter sorte: no início do ano, quando marquei e planeei férias, não sonhava que tal pudesse acontecer.
Felizmente, na Catalunha, aquele pessoal estava a cagar para as eleições de Lisboa e a última semana de campanha passou-me ao lado. Foi óptimo, já que aquilo que tinha visto antes da partida foi por demais confrangedor. Nem me lembrei, sequer, no domingo, que Lisboa votava. Só perto das 11 da noite é que um sms amigo, com os resultados, me lembrou do que estava a passar-se por cá.

Pobre Lisboa... É triste ver a terceira mais bela cidade do país, cidade de que tanto gosto e onde tenho bons amigos, entregue àquela gente. Àquela gente toda. Entregue a um tipo que, nas últimas Europeias, jurou, ainda com o corpo de Sousa Franco quente e salpicado de escamas, cheirando a peixe da Lota de Matosinhos, defender Portugal nos cinco anos seguintes, em Estrasburgo e Bruxelas (seis meses depois, estava cá para fazer de personagens tão diversos como Ascenso Simões e José Magalhães secretários de estado). Entregue a um trafulha desajeitado, ainda que com ar simpático. Entregue, a um tipo que geriu as finanças camarárias ao colo do CDS, do PS e do PSD (!!!). Entregue a uma maníaco-dissidente que é tratada como independente e sonha com uma revolução qualquer, que gostava de ter vivido em nova e não viveu. Entregue a um gagá que se sujeita a ser imolado e confessa ter dificuldades com siglas. Entregue a um maníaco-justiceiro que embarga obras que depois se concluem exactamente como estavam previstas, mas com dois anos de atraso, cavando mais o fosso das dívidas. Entregue, enfim, ao organizador da Festa do Avante (esse farol da Democracia...), que também vai conseguindo sobreviver a todos os executivos municipais, apesar das pesadas responsabilidades que sobre ele também recaem.

Pobre Lisboa.

16.7.07

 

Etilo-diversidade (RPS)

Não que tivesse dúvidas, mas confirmei agora, no terreno: é possível organizar um festival sem impôr a ditadura da cerveja, vendendo também bebidas brancas.

12.7.07

 

Confirmaçoes (sem til pq o teclado nao tem) (RPS)

Confirmam-se as expectativas, que até já eram elevadas: vale a pena.
Nada é perfeito, contudo, e confirmei, também, algo que temia: é um horror a famosíssima Sagrada Família, de Gaudi.
Como recentemente disse Funes, "uma igreja clandestina, inacabada, excessiva e horrorosa".
Leva-se com muito Gaudi em cima. 10% bastaria.

10.7.07

 

A caminho... (RPS)


9.7.07

 

Cinco livros, a pedido da Marta (RPS)

Solicitou-me a Marta que referisse os últimos cinco livros que li. Complicado. Não me lembro bem. E leio pouco. Principalmente, ficção. Falta-me tempo e, principalmente, falta-me disponibilidade mental para ler ficção. Leio História e Política. Leio sobre o "real". Ficção, praticamente, só releio. Há umas semanas, reli "Crónica de uma Morte Anunciada", do Marquez.
Depois de meses de interrupção, retomei e estou a acabar a biografia oficial de Churchill. Chata, mas com algumas referências interessantes.
Li, também, há uns meses, "A Vida Quotidiana no Vaticano - do tempo de Leão XIII ao final do séc. XIX". Autor: Jean-Jacques Thierry. É, basicamente, o relato romanceado do conclave de sucessão de Pio IX, que elegeu Leão XIII. Um excelente livro, não sobre Religião ou Fé, mas sobre História, Política e jogos de poder.
Actualmente, vou lendo também os dois últimos livros que comprei - "Pão com Manteiga", colectânea dos textos (fantásticos) desse programa da Comercial, nos idos de 80, numa edição da Oficina do Livro, e "50 Discursos Históricos", um edição da Sílabo, com intervenções famosas de personagens que entraram (também por isso) para a História.

 

Corridas (RPS)




Teria 7 ou 8 anos, estávamos já, seguramente, na Primavera Marcelista (embora eu não tivesse noção disso), quando o meu Pai me levou, pela primeira vez, às corridas de Vila do Conde. Fui com ele três ou qautro vezes e continuei a ir, depois, como o seu (nosso) amigo Ireneu. E, mais tarde, com alguns amigos. Isto não fez de mim um verdadeiro amante do desporto automóvel ou motorizado, como conheço muitos, mas um apreciador algo distante e desfazado. Gosto do ambiente das corridas, gosto de ouvir o ronco dos motores, gosto de ver ultrapassagens e estouros, mesmo não sabendo bem quem são nem o que representam, naquele meio, os pilotos. Mesmo não distinguindo em profundidade os diferentes tipos de bólides. Mesmo não sabendo mil e uma coisas que os verdadeiros apreciadores sabem. E gosto também de ver as gajas que vão às corridas.
Não me lembro de o meu Pai me ter alguma vez falado das corridas da Boavista, mas lembro-me, teria já 12/13 anos, de a minha Mãe o fazer. Acho que terá sido mesmo a ela que ouvi falar disso pela primeira vez. Fiquei espantado! Como era possível?... A minha Mãe recordava-se (e recorda-se), contudo, pouco das corridas. A sua memória centra-se mais num qualquer palacete na Avenida, de amigos da família do meu Pai, onde ela, ainda solteira, viu as corridas, por duas ou três vezes, em ambiente festivo e faustoso.
Mais tarde, li coisas sobre essas corridas, já depois de ouvir os espantosos relatos da Avó Paulina, sobre as corridas da Boavista! Nunca mais encontrei na vida uma pessoa que contasse histórias como a Avó, fosse sobre o que fosse.
Pessoalmente, portanto, só tenho razões para gostar da reedição do Circuito da Boavista. Estive lá nos "Clássicos", em 2005, estive lá este fim-de-semana. Ausente do Porto, não poderei lá estar no próximo. Com muita pena minha. Para mais, aprecio particularmente os "Clássicos".

Para lá do gosto, das memórias e das razões pessoais, a reedição do Circuito da Boavista constitui uma viagem, um "mergulho" da cidade na sua própria memória. É das melhores coisas que a Câmara do Porto fez nos últimos anos. Anima a cidade, interessa a uma fatia significativa de indígenas e chama outras pessoas à cidade. Nacionais e estrangeiros. Serve de propaganda da cidade e do próprio país, atingindo "nichos" de mercado turístico que interessa captar.
Um colega meu, que nasceu no Porto há quase quarenta anos e sempre cá viveu, conhece múltiplos resorts em múltiplos paraísos(?) tropicais. Adora enumerar os países que diz conhecer. Pelo menos até há dois ou três anos, nunca tinha entrado em Serralves.
Há uns meses, pôs-se a gabar uma qualquer cidade espanhola (Huelva ou Córdoba, já não sei bem) porque, numa ocasião, passou lá e "aquilo tinha um jardim com três bandas a tocar e palhaços e malabaristas e muita animação". Concluiu, então, que "este país é uma merda e os espanhóis é que sabem fazer as coisas". Obviamente, ele diz que o Circuito da Boavista é um disparate sem interesse nenhum, com a agravante de custar balúrdios (não me soube dizer quanto...). Se tivesse visto algo semelhante em Valência ou em Oviedo, já seria fantástico, claro.

8.7.07

 

Concursos (RPS)









Já se tinha discutido se o Pessoa era melhor que o D. Dinis e se a Amália Rodrigues era mais venturosa que o Afonso de Albuquerque.
Agora, discutiu-se qualquer coisa entre o Castelo de Óbidos e a Casa de Mateus, o Covento de Mafra e o Templo de Diana. Nem sei bem o quê. Talvez sobre qual era mais giro. Parece que também se discutiu "lá fora".
A próxima deve ser um concurso sobre se gostamos mais do papá ou da mamã.

6.7.07

 

Filosofia sms de Arlindo do Rêgo (RPS)

Todos os desígnios definitivos são provisórios, salvo este.
O futuro obriga a navegar à vista e a mudar de vida.
Eis a filosofia para viver neste novo mundo filho da puta.

 

JAMC (RPS)

Quando apareceram e existiam, não sabia que existiam. Assim, também não soube, em 96, que se tinham desagregado.
Há meia dúzia de anos, ele deu-me a conhecer o produto. JAMC - The Jesus and Mary Chain - entrou de imediato na minha banda sonora. Trouxe-os , uma vez.
Passaram-me ao lado, quando estavam no auge, mas fruí agora. Valeu a pena.

5.7.07

 

Sim! (RPS)

O amigo Funes costuma dizer que há, basicamente, dois tipos de pessoas: as que dizem "sim" e as que dizem "não". Devo reconhecer que sou do grupo dos que dizem "não".
Obviamente, que não há ninguém que diga sempre "sim" nem ninguém que diga sempre "não". Por isso, sendo do "não", venho aqui dizer "sim". Aos Arcade Fire. Junto-me ao coro de panegíricos que se ouve por aí desde há dois anos, desde um final de tarde de Agosto, em Paredes de Coura. Estava lá e falei disso aqui.
Eles voltaram, agora, a Lisboa, e mostraram que são o maior fenómeno do momento. Deram, de novo, um concerto fabuloso! Gosto da música deles e, para além disso, são excepcionais em palco. O acaso faz com que, dentro de dias, estejam de novo perto de mim. Vou ver, de novo.
A unanimidade à volta deles é tal, que me apetecia mesmo dizer "não". Mas não consigo. Digo "sim!!!!!" com muitos pontos de exclamação.


2.7.07

 

Touradas (RPS)

Touradas. Touros. Tauromaquia. Não há muitas temáticas assim tão fracturantes. Há dias, deixei aqui um texto sobre touradas e houve logo "barulho". Formam-se logo os dois grupos. Mas eu sinto-me como pertencente a um terceiro grupo. Passo a explicar.

Detesto touradas.
Detesto touradas, mas não sou particularmente sensível à questão do sofrimento do touro. Estou convencido de que se o bicho sofresse, do modo como nós sentimos "sofrimento", se sentaria na arena. Devo confessar que a minha indiferença é extensível aos toureiros e forcados que possam sair feridos.
Detesto touradas porque detesto a estética daquilo e tudo quanto envolve o espectáculo, como seja o registo místico com que os aficcionados falam daquilo ou o culto marialva e "muito macho" que só me levanta desconfianças sobre aquela gente...
Detesto ainda a (falta de) higiene daquilo. Passei, uma ocasião, por uns curros e o cheiro a bosta era nauseabundo. Na arena, mistura-se bosta de touro, bosta de cavalo, sangue do bicho, pó, suor... Um nojo.
Nunca fui, não vou nem irei a uma tourada de livre vontade e com o objectivo de me divertir e fruir do "espectáculo".

Detesto, portanto, touradas, mas não sou contra touradas. Não concordo que devam ser banidas, proibidas. Tenho sempre muitas reservas face ao proibicionismo, algo muito em voga no nosso tempo. Irrita-me, em particular, atitudes proibicionistas feitas em nome de motivações civilizacionais, da modernidade, do europeísmo e quejandos. E irrita-me também quando estas medidas visam tradições. Mesmo quando não gosto delas.
As touradas não me fazem falta alguma. Por mim, poderiam acabar, como poderiam acabar as para mim detestáveis provas de motocross, as de patinagem artística e as de luta greco-romana. Não faria sentido proibir estas actividades. Penso o mesmo em relação às touradas. Espero que acabem naturalmente, com o tempo, por falta de aficionados. Depois, podem fazer recriações, como fazem com as feiras medievais.

Sobre touradas, há questões que nunca os aficionados me souberam esclarecer. Além da que expus há dias, não percebo porque é que os corajosos forcados não fazem as pegas antes da lide. E não percebo porque raio aparam os cornos ao touro. Ou bem que é para homens ou bem que não é...

 

São Pedro (RPS)

O aniversário da Avó era no São Pedro e o jantar da noite de 29 de Junho era um ritual. Com alguns rituais. Mas sem protocolo.
A Avó juntava filhos(as), alguns amigos da família e, claro, os dez netos, nos quais deixou memórias e marcas profundas porque os Avós não são todo iguais e alguns são mesmo especiais. O grande ritual da noite era o lançamento de balões, fogo de artifício e, a partir de dada altura, o atear de uma fogueira no fim da rua, que não tinha saída.
O último São Pedro da Avó foi em 88. Ela, quase da idade do século, foi embora no início do ano seguinte e o jantar de São Pedro passou a recordação saudosa.

Em 99, uma das primas teve a iniciativa de juntar, no seu aniversário, os dez primos e, inevitavelmente, as conversas passaram em muito pela Avó. Não sei quem lançou a ideia, mas decidiu-se retomar a iniciativa logo nesse ano, na mesma casa dos tios onde a Avó vivia.
O jantar de São Pedro virou de novo ritual e, pelo menos uma vez no ano, estamos juntos. E a equipa está reforçada. É certo que alguns amigos já cá não estão, mas, no núcleo estritamente familar, só falta uma pessoa, que foi embora muito cedo, logo nos primeiros tempos, bem antes da Avó. Agora, por lá, está também a geração dos bisnetos. Só a mais velha a conheceu.

O essencial do espírito mantém-se, apesar das diferenças inevitáveis. E, entre estas, uma há que se revela verdadeiramente chocante. No ritual do fogo. Então não é que aquela brincadeira inebriante e excitante é, agora, uma brincadeira perigosa?!
- "Cuidado! Sai daí!". "Tu não pegas nesses foguetes!". "Ficas aqui ao longe!". "Vocês são doidos?!". "Ele pode ficar assustado, coitadinho". "Não quero que ela fique sem mão!".
Alguém, mais lúcido, puxa pelo exemplo do passado, de como era e da felicidade que tudo aquilo nos causava, quando éramos crianças e adolescentes. "Os nossos pais eram uns inconscientes", sentencia outrém.

Bolas! Será que a geração dos bisnetos não pode fruir dos prazeres da dos netos? Para mais, alguns revelam grande vontade nesse sentido e são, de imediato, coartados nos seus impulsos, em nome de normas legais e de segurança.
É mesmo preciso salvar as crianças de alguns pais e do espirito politicamente correcto, lavadinho e ascético deste tempo. Eu já comecei e prometo continuar, a cada ano, empenhado nesse trabalho. E acalento mesmo a esperança de vir a derrubar todas as regras de segurança e de consciência ambiental: apesar da rua ter sido prolongada e de, agora, passarem carros, hei-de voltar a fazer a fogueira com pneus, restos de material pirotécnico e embalagens de spray. O efeito explosivo das nossas latas vazias de desodorizante, laca de cabelo, espuma de barbear, insectisida e outros produtos era lindo! Principalmente, o das latas que ainda tinham um resto de produto. E das que ainda tinham bastante...
E aquele cheiro a Brise contínuo no ar? Ah! que saudades daquele cheiro a Brise contínuo no ar...

1.7.07

 

Tempos perigosos (RPS)

Aceito que não é correcto que um médico de um Centro de Saúde coloque no seu local de trabalho, que é de acesso público, um papel com críticas ao ministro do sector.
Aceito que - num serviço público ou até numa empresa - um caso deste tipo (não necessariamente este caso, que não conheço a fundo) possa ser objecto de um procedimento disciplinar. Mas nunca nos moldes em que o episódio se passou. É que não podemos aceitar que o visado pelas críticas reaja dando cobertura a uma delação. O dr. Correia de Campos, agora, e a dra. Maria de Lurdes, antes, com o caso da DREN (e com eles, convém não esquecer, o bacharel José Sócrates) disseram ao país que a "bufaria" é um método aceitável. Mais: que é um método correcto e justo.
Como se não bastasse isto, sabemos que, neste caso de Vieira do Minho, o delactor é dirigente do PS, o "réu" é autarca da CDU, a chefe do "réu", que foi responsabilizada pelo sucedido e corrida, é casada como um autarca PSD e que o seu substituto é autarca do PS.
Isto está a ficar perigoso. São tempos perigosos, estes, os da governação "socialista" de Sócrates. Pelas razões óbvias e pelas outras. É que, ao saber de mais este caso, dei comigo a pensar que nos tempos de Guterres ou nos de Santana Lopes isto não era assim. Quase se me afiguram tipos aceitáveis para nos governarem...

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