29.11.06
Há quase uma década em busca de uma resposta... (RPS)
O que levou o futebolista Ricardo Sá Pinto a agredir, um dia, o selecionador nacional, Artur Jorge?
Foi há quase dez anos e nunca entendi nem soube quais terão sido as motivações do chanfradito.
Foi há quase dez anos e nunca entendi nem soube quais terão sido as motivações do chanfradito.
28.11.06
não se arranja um artista para melhor do mundo ?
Escolheram um tipo que no Brasil nem conseguiriam perceber onde fica nesta sauna...
Quando se elege um defesa como melhor do mundo, vamos mal de artistas. Será ?
27.11.06
Enfrentando os lobos... (RPS)
Sou um céptico face a qualquer empresa que se faça em nome do diálogo inter-religoso, ou do diálogo ecuménico, ou da aproximação de civilizações. Os tempos só reforçam o meu cepticismo - como vamos dialogar com que não sabe o que é dialogar?
Mas neste mundo não há só cépticos, o que é muito bom, porque não é com cépticos que o mundo avança. Assim, aí temos o Papa Bento XVI prestes a partir para a Turquia.
Coragem não falta a Ratzinger. Coragem anímica e intelectual para se lançar numa empresa que é difícil (em que outros, de um lado e do outro, também se lançaram) e coragem física para se lançar numa viagem que é arriscada, mau grado todos os esquemas de segurança que envolvem estas coisas.
Há dias, alguém me recordou um apelo que Bento XVI deixou no primeiro dia do seu Pontificado: rezem para que eu não fuja, com medo, diante dos lobos.
Mas neste mundo não há só cépticos, o que é muito bom, porque não é com cépticos que o mundo avança. Assim, aí temos o Papa Bento XVI prestes a partir para a Turquia.
Coragem não falta a Ratzinger. Coragem anímica e intelectual para se lançar numa empresa que é difícil (em que outros, de um lado e do outro, também se lançaram) e coragem física para se lançar numa viagem que é arriscada, mau grado todos os esquemas de segurança que envolvem estas coisas.
Há dias, alguém me recordou um apelo que Bento XVI deixou no primeiro dia do seu Pontificado: rezem para que eu não fuja, com medo, diante dos lobos.
Jejum quebrado com buraco no estômago
Tantas mortes são tão faceis para paleio.
Glorias então, mil e vinte e quatro ao segundo, concerteza.
Nada me fez voltar a escrever no meu, nosso, vosso lugar como uma certa dor.E no entanto tão típica em mim.Magoa-me a morte, não sei se vos acontece.
Só vos digo - é muito triste ter que usar a voz para comunicar a morte de camaradas de profissão ou de um grande poeta.
Não sei se vos acontece estas coisas que me ocorrem.
Glorias então, mil e vinte e quatro ao segundo, concerteza.
Nada me fez voltar a escrever no meu, nosso, vosso lugar como uma certa dor.E no entanto tão típica em mim.Magoa-me a morte, não sei se vos acontece.
Só vos digo - é muito triste ter que usar a voz para comunicar a morte de camaradas de profissão ou de um grande poeta.
Não sei se vos acontece estas coisas que me ocorrem.
26.11.06
O Porto visto de Gaia (RPS)
As fotos são da minha amiga TR e dispenso-me de as comentar.
Residi mais de 80% do meu tempo de vida em Gaia, mas sempre me senti mais do Porto do que de Gaia. Talvez por ter vivido uma época em que Gaia, em bom rigor, não existia (mais uma ideia para um post...).
Em todo o caso, Gaia é uma terra com duas qualidades excepcionais: uma rara, outra mesmo única.
A qualidade rara é a proximidade do Porto. São 170 metros - a extensão aproximada do tabuleiro inferior da Ponte D. Luís. Só Matosinhos, Maia, Valongo e Gondomar podem reclamar-se de maior proximidade.
Mas só Gaia tem a possibilidade de nos permitir ver o Porto de múltiplos ângulos previlegiados. Já não sei quem disse: vivo em Gaia para ver melhor o Porto.
E a Ribeira é como muitas mulheres: mais bela ao longe do que de perto.
23.11.06
Honni soit qui mal y pense ou... RPS, o lorpa (RPS)
Da última vez que nos cruzámos - já passou mais de ano e meio - notei nela alguma erosão do tempo. Presumo que tenha passado já dos 50. Mas continuo a achá-la encantadora. E ela, estou certo, não reparou na minha erosão...
Desde há muitos anos, através de fotos na imprensa e de aparições televisivas (ambas pouco frequentes, diga-se) sempre encontrei nela um encanto especial.
Uma vez, ao fazer um telefonema de teor profissional, liguei por lapso para casa dela. O diálogo foi curto e cingiu-se ao habitual nos enganos telefónicos, mas o certo é que subiu o meu encantamento.
Vi-a pela primeira vez meses depois, quando tive que acompanhar uma qualquer reunião partidária, no Porto. Pensei em abordá-la, a pretexto de lhe pedir desculpa pelo lapso, mas pareceu-me rídiculo lembrar-lhe uma coisa sem importância nenhuma, uma banalidade, passada quase um ano antes e de que ela, certamente, nem se lembrava. Não falei com ela, mas confirmei tudo o resto.
Falei com ela uma única vez, volvidos mais uns anos. Aí em 98 ou 99. Nova reunião partidária, desta vez numa pequena localidade do interior, num dia de muito, muito frio. À hora de almoço, quase toda a gente confortava o estômago no mesmo restaurante. Ela estava lá, numa mesa com vários outros dirigentes. Eu na minha, com o meu companheiro de jornada.
O meu colega estava, por sinal, em busca de uma qualquer informação que pretendia obter junto de um dos dirigentes que a acompanhava. No final da refeição, na outra mesa, levantam-se todos, à excepção dela e do tipo que o meu colega queria "apanhar". Senti que os planetas se alinhavam e instei o meu companheiro a que fizéssemos um compasso de espera, de modo a que ele pudesse abordar o gajo à saída. Sugestão interesseira, claro: eu queria mesmo era poder falar com ela.
Ficámos ali, "a enrolar", até que eles se levantaram da mesa. Nós também, de imediato. No exíguo espaço junto à caixa de pagamento, próximo da saída, juntámo-nos os quatro. Eu conhecia o tipo que estava com ela e ela conhecia o meu colega, pelo que percebeu quem eu era ou, pelo menos, o que estava eu ali a fazer. Cumprimentos da praxe e conversa de circunstância. Provoquei, então, simpaticamente o dirigente: não os abordámos durante o almoço porque notámos que estavam a conspirar... Não sabemos é contra quem...
Que não, que não, disse ele entre risadinhas, ela também, e eis-nos ali, os quatro, a empalear. De súbito, o meu colega, com um movimento de corpo e um pequeno passo, bloqueia o gajo junto ao balcão, criando condições para, em tom baixo, lhe colocar a questão que pretendia. E ali fico eu, enquadrado com ela. Frente a frente. Eu, ela e a ameaça de um silêncio prolongado que não podia acontecer. Busco assunto e nada mais me ocorre senão repetir a gracinha: estavam a conspirar, sim, nós reparámos... Ah, ah, ah...
Ela olha-me nos olhos, com aquele sorriso que não consigo adjectivar, e atira: honni soit qui mal y pense.
Chegado ao Porto, entrei em casa e fui direito à estante, peguei no Dicionário Prático Ilustrado, da Lello, em busca das folhas cor-de-rosa, do meio, rezando para que junto às locuções latinas houvesse também algumas em francês. Não me lembro se havia ou não. Desse dia lembro-me apenas de me ter sentido completamente lorpa.
Desde há muitos anos, através de fotos na imprensa e de aparições televisivas (ambas pouco frequentes, diga-se) sempre encontrei nela um encanto especial.
Uma vez, ao fazer um telefonema de teor profissional, liguei por lapso para casa dela. O diálogo foi curto e cingiu-se ao habitual nos enganos telefónicos, mas o certo é que subiu o meu encantamento.
Vi-a pela primeira vez meses depois, quando tive que acompanhar uma qualquer reunião partidária, no Porto. Pensei em abordá-la, a pretexto de lhe pedir desculpa pelo lapso, mas pareceu-me rídiculo lembrar-lhe uma coisa sem importância nenhuma, uma banalidade, passada quase um ano antes e de que ela, certamente, nem se lembrava. Não falei com ela, mas confirmei tudo o resto.
Falei com ela uma única vez, volvidos mais uns anos. Aí em 98 ou 99. Nova reunião partidária, desta vez numa pequena localidade do interior, num dia de muito, muito frio. À hora de almoço, quase toda a gente confortava o estômago no mesmo restaurante. Ela estava lá, numa mesa com vários outros dirigentes. Eu na minha, com o meu companheiro de jornada.
O meu colega estava, por sinal, em busca de uma qualquer informação que pretendia obter junto de um dos dirigentes que a acompanhava. No final da refeição, na outra mesa, levantam-se todos, à excepção dela e do tipo que o meu colega queria "apanhar". Senti que os planetas se alinhavam e instei o meu companheiro a que fizéssemos um compasso de espera, de modo a que ele pudesse abordar o gajo à saída. Sugestão interesseira, claro: eu queria mesmo era poder falar com ela.
Ficámos ali, "a enrolar", até que eles se levantaram da mesa. Nós também, de imediato. No exíguo espaço junto à caixa de pagamento, próximo da saída, juntámo-nos os quatro. Eu conhecia o tipo que estava com ela e ela conhecia o meu colega, pelo que percebeu quem eu era ou, pelo menos, o que estava eu ali a fazer. Cumprimentos da praxe e conversa de circunstância. Provoquei, então, simpaticamente o dirigente: não os abordámos durante o almoço porque notámos que estavam a conspirar... Não sabemos é contra quem...
Que não, que não, disse ele entre risadinhas, ela também, e eis-nos ali, os quatro, a empalear. De súbito, o meu colega, com um movimento de corpo e um pequeno passo, bloqueia o gajo junto ao balcão, criando condições para, em tom baixo, lhe colocar a questão que pretendia. E ali fico eu, enquadrado com ela. Frente a frente. Eu, ela e a ameaça de um silêncio prolongado que não podia acontecer. Busco assunto e nada mais me ocorre senão repetir a gracinha: estavam a conspirar, sim, nós reparámos... Ah, ah, ah...
Ela olha-me nos olhos, com aquele sorriso que não consigo adjectivar, e atira: honni soit qui mal y pense.
Chegado ao Porto, entrei em casa e fui direito à estante, peguei no Dicionário Prático Ilustrado, da Lello, em busca das folhas cor-de-rosa, do meio, rezando para que junto às locuções latinas houvesse também algumas em francês. Não me lembro se havia ou não. Desse dia lembro-me apenas de me ter sentido completamente lorpa.
22.11.06
Futebolices II ou… diga lá quem tem razão (RPS)
A polémica passou, mas há-de repetir-se um dia destes. Do que já passou, digam lá quem tem razão: Scolari ou Carlos Queirós?
Futebolices I ou… anda tudo ao mesmo (RPS)
Depois de detido, José Veiga veio a publico tentar entalar o Sporting.
Um dia depois, veio o Sporting, por interposta figura de ar marialva e aspecto besuntoso, um tal Duque, tentar entalar JVP ou João Vieira Pinto.
Nos bastidores, comenta-se que a denúncia do caso partiu da ex-mulher de JVP, conhecedora da existência de umas massas que não entraram nas contas do divórcio (a ser verdade, tê-lo-á feito, certamente, em defesa do futuro dos filhos porque, nestas circunstância, elas nunca precisam de nada do que é dele).
Em todo o caso, cheira-me que neste filme (como noutros…) andaram vários a comer da mesma gamela.
Um dia depois, veio o Sporting, por interposta figura de ar marialva e aspecto besuntoso, um tal Duque, tentar entalar JVP ou João Vieira Pinto.
Nos bastidores, comenta-se que a denúncia do caso partiu da ex-mulher de JVP, conhecedora da existência de umas massas que não entraram nas contas do divórcio (a ser verdade, tê-lo-á feito, certamente, em defesa do futuro dos filhos porque, nestas circunstância, elas nunca precisam de nada do que é dele).
Em todo o caso, cheira-me que neste filme (como noutros…) andaram vários a comer da mesma gamela.
20.11.06
Mais barricados?... (RPS)
O Ministério da Cultura cortou o financiamento para a Festa da Música do CCB.
Será que vai alguém barricar-se no CCB?
Se sim, receberão o apoio entusiasta de tantos que apoiaram a ocupação selvagem do Rivoli?...
Será que vai alguém barricar-se no CCB?
Se sim, receberão o apoio entusiasta de tantos que apoiaram a ocupação selvagem do Rivoli?...
Braga (RPS)
O Bessa é uma obra moderna, mas banal, um estádio banal.
O Dragão é, indiscutivelmente, uma grande obra de arquitectura, uma estrutura lindíssima, embora não seja o "meu" estádio. O "meu" estádio, para lá de muitas outras coisas que não vou agora referir, tem de ser totalmente fechado. Aquela abertura nos topos é excelente à vista, mas tira "peso" ao ambiente. Enfim... Não vou deter-me nos defeitos e em tudo quanto me irrita nos novos estádios de futebol, sobre os quais ouvi a um amigo a sublime definição de estádios AMC...
Vem isto a propósito de me ter deslocado na noite de sábado ao estádio de Braga, onde assisti ao Sporting de Braga-Benfica. Ia com a ideia de que não iria lá ver o "meu" estádio, mas que iria ver uma grande obra de arquitectura. A expectativa foi confirmada. Superada, até, porque a obra é ainda mais fantástica e impressionante do que aquilo que imaginava.
Não sei como é a entrada pela bancada nascente, mas pela poente, a que "encosta" à ravina de pedra, à pedreira, é surpreendente. A descida pelos elevadores remete-nos para o cenário - inesperado - de descida de uma mina. Da bancada, a vista para os topos é também única. Os cabos que ligam o topo das coberturas das bancadas dão um efeito espectacular.
Comentando o que via, ouvi duas opiniões divergentes sobre um aspecto: um garantia que o efeito de noite é mais espectacular, enquanto outro defendia o contrário. Não sei, mas hei-de ver porque quero exactamente ver aquilo de dia e com mais tempo. Porque também notei dois factos negativos: por um lado, os acessos congestionados e o estacionamento anárquico, por outro, um escoamento muito lento, tanto dos espectadores do estádio para o exterior, como dos automóveis, nas vias de saída.
De facto, não lembra ao diabo espetar com um estádio no meios de uma pedreira, mas a ideia e a concepção da obra foram excepcionais. Ter-se-á dispendido dinheiro a mais, mas daqui a cem ou duzentos anos aquilo vai lá estar como exemplo único de uma obra de arquitectura do início do século XXI.
Vale a pena ver.
O Dragão é, indiscutivelmente, uma grande obra de arquitectura, uma estrutura lindíssima, embora não seja o "meu" estádio. O "meu" estádio, para lá de muitas outras coisas que não vou agora referir, tem de ser totalmente fechado. Aquela abertura nos topos é excelente à vista, mas tira "peso" ao ambiente. Enfim... Não vou deter-me nos defeitos e em tudo quanto me irrita nos novos estádios de futebol, sobre os quais ouvi a um amigo a sublime definição de estádios AMC...
Vem isto a propósito de me ter deslocado na noite de sábado ao estádio de Braga, onde assisti ao Sporting de Braga-Benfica. Ia com a ideia de que não iria lá ver o "meu" estádio, mas que iria ver uma grande obra de arquitectura. A expectativa foi confirmada. Superada, até, porque a obra é ainda mais fantástica e impressionante do que aquilo que imaginava.
Não sei como é a entrada pela bancada nascente, mas pela poente, a que "encosta" à ravina de pedra, à pedreira, é surpreendente. A descida pelos elevadores remete-nos para o cenário - inesperado - de descida de uma mina. Da bancada, a vista para os topos é também única. Os cabos que ligam o topo das coberturas das bancadas dão um efeito espectacular.
Comentando o que via, ouvi duas opiniões divergentes sobre um aspecto: um garantia que o efeito de noite é mais espectacular, enquanto outro defendia o contrário. Não sei, mas hei-de ver porque quero exactamente ver aquilo de dia e com mais tempo. Porque também notei dois factos negativos: por um lado, os acessos congestionados e o estacionamento anárquico, por outro, um escoamento muito lento, tanto dos espectadores do estádio para o exterior, como dos automóveis, nas vias de saída.
De facto, não lembra ao diabo espetar com um estádio no meios de uma pedreira, mas a ideia e a concepção da obra foram excepcionais. Ter-se-á dispendido dinheiro a mais, mas daqui a cem ou duzentos anos aquilo vai lá estar como exemplo único de uma obra de arquitectura do início do século XXI.
Vale a pena ver.
19.11.06
O SNS do Bloco Central (RPS)
Da imprensa do fim de semana, retenho, da revista Pública, este excerto de um trabalho sobre a figura de Jorge Coelho:
Mal Jorge Coelho saiu da consulta dramática em que lhe foi diagnosticado um cancro, corria o ano de 2003, telefonou ao social-democrata Dias Loureiro. "Acompanhei a sua doença desde o primeiro dia", recorda o empresário e histórico dirigente do PSD. "Disse-lhe que tinha de ir a França, que era o país onde o tratamento da doença estava mais avançado".
Dias Loureiro acabaria por interceder junto de Durão Barroso, então primeiro-ministro, para que este intercedesse junto de Jacques Chirac, presidente francês. Pouco depois, estava tudo tratado e Jorge Coelho partia para Paris.
Mal Jorge Coelho saiu da consulta dramática em que lhe foi diagnosticado um cancro, corria o ano de 2003, telefonou ao social-democrata Dias Loureiro. "Acompanhei a sua doença desde o primeiro dia", recorda o empresário e histórico dirigente do PSD. "Disse-lhe que tinha de ir a França, que era o país onde o tratamento da doença estava mais avançado".
Dias Loureiro acabaria por interceder junto de Durão Barroso, então primeiro-ministro, para que este intercedesse junto de Jacques Chirac, presidente francês. Pouco depois, estava tudo tratado e Jorge Coelho partia para Paris.
17.11.06
Nuvens (RPS)
Por volta da hora do almoço, ouço, numa rádio credível, Daniel Bessa:
- Quem quiser ver o futuro do Porto que olhe para Coimbra.
A minha atenção ficou presa ao receptor de rádio e apurei o ouvido para escutar a justificação de Bessa:
- Coimbra é a grande cidade que já não é... Coimbra é o passado sem futuro...
E Daniel Bessa, conclui:
- Receio que o Porto siga essa mesma trajectória de declínio...
A ser verdade, é assustador. Não pode ser verdade - como Coimbra nunca!
Em todo o caso, o meu fim de semana começa sombrio e pessimista, condicionado pelas palavras de Daniel Bessa.
- Quem quiser ver o futuro do Porto que olhe para Coimbra.
A minha atenção ficou presa ao receptor de rádio e apurei o ouvido para escutar a justificação de Bessa:
- Coimbra é a grande cidade que já não é... Coimbra é o passado sem futuro...
E Daniel Bessa, conclui:
- Receio que o Porto siga essa mesma trajectória de declínio...
A ser verdade, é assustador. Não pode ser verdade - como Coimbra nunca!
Em todo o caso, o meu fim de semana começa sombrio e pessimista, condicionado pelas palavras de Daniel Bessa.
16.11.06
Provavelmente, a melhor obra de Claude Lelouch (RPS)
É um filme de 1976, com assinatura de Claude Lelouch.
Manhã bem cedo, um Ferrari 275 GTB lança-se pelas ruas de Paris a uma velocidade estonteante, ignorando não só os limites de velocidade, mas toda e qualquer norma de todo e qualquer Código da Estrada.
É espectacular! São oito minutos de pura adrenalina e... um belo passeio por Paris...
Do piloto, sabe-se apenas que se trata de um profissional da Fórmula 1, da época. Mesmo interrogado pelas autoridades, depois da divulgação do filme, nunca Lelouch divulgou o nome do autor da contravenção grave, passível da pena de inibição de conduzir. Para a História ficaram, contudo, dois suspeitos: o francês Jacques Lafitte, por ser, publicamente, amigo do realizador, e o belga Jacky Ickx, por possuir um modelo 275 GTB da Ferrari.
No final percebe-se que a viagem valia todos os riscos.
Manhã bem cedo, um Ferrari 275 GTB lança-se pelas ruas de Paris a uma velocidade estonteante, ignorando não só os limites de velocidade, mas toda e qualquer norma de todo e qualquer Código da Estrada.
É espectacular! São oito minutos de pura adrenalina e... um belo passeio por Paris...
Do piloto, sabe-se apenas que se trata de um profissional da Fórmula 1, da época. Mesmo interrogado pelas autoridades, depois da divulgação do filme, nunca Lelouch divulgou o nome do autor da contravenção grave, passível da pena de inibição de conduzir. Para a História ficaram, contudo, dois suspeitos: o francês Jacques Lafitte, por ser, publicamente, amigo do realizador, e o belga Jacky Ickx, por possuir um modelo 275 GTB da Ferrari.
No final percebe-se que a viagem valia todos os riscos.
15.11.06
No tugúrio de Vítor P. ou chez Arlindo (RPS)
Uma aparelhagem hi-fi - aparentemente modesta, mas moderna - e um receptor de tv, écran panorâmico, destoam do bricabraque que enche a sala. Encostada a uma parede, a mesa de refeições onde se acumula alguma louça usada, sendo o número de copos bem superior ao de pratos. Umas garrafas vazias e uma ou outra lata, também vazias, de alimentos em conserva compõem um quadro que só intriga pela presença de uns quatro saca-rolhas de aspecto velho - ferrugentos, alguns - que jazem a um canto da mesa.
Um sofá grande, largo, com tecido original escondido por um pano de cobertura, chama pelo visitante. Este não ousa sentar-se nas diversas poltronas disponíveis, algumas colocadas em plena zona de circulação. Sem que Arlindo nada diga, o visitante percebe que estão ali para que ele e só ele repouse o seu pesado corpo. Espalhado, também, mas estrategicamente colocado ao lado ou nas proximidades das poltronas, diverso mobiliário de apoio. Uma peça destoa: uma pequena estrutura (uma mesa?) revestida a fórmica. Em todo o caso, está ali, como as outras, para o servir: Arlindo exige conforto e, dos comandos ao maço de cigarrilhas, dum livro ao isqueiro, do copo à garrafa que lhe faz companhia, tem tudo à mão. O esforço do intelecto não permite o cansaço do físico. É ali (e no catre que, obviamente, não visitei) que ele dá forma ao pensamento, produzindo as mais brilhantes mensagens, reflexões e pensamentos. Algumas são logo dali enviadas aos amigos, outras são partilhadas mais tarde.
A exigência de comodidade salta à vista noutro pormenor. Para manter a aparelhagem de som a um nível ideal, o móvel que a suporta foi colocado sobre uma mesa baixa. O importante é que os comandos estejam à altura dos olhos. Junto à aparelhagem, acumulam-se diversos cd's, invariavelmente de música clássica ou jazz. A um canto, junto à porta (aberta) que dá para a varanda, numa pequena mesa, repousa um tabuleiro de xadrez, com as suas 32 peças alinhadas. Junto à porta da entrada, uma pequena estante acumula livros antigos, em número superior ao da sua lotação razoável. Aliás, a acumulação de livros é uma realidade evidente, logo no pequeno, mas acolhedor, hall de entrada, para onde dão várias portas revestidas a madeira e a espelhos que transmitem uma sensação de maior espaço, mas não deixam de remeter para um estilo "night-club anos 70".
É numa pequena mesa deste hall que Arlindo, estava eu já de saída, acaba por encontrar, numa pilha de livros, aquele que me quer devolver. Dessa pilha cai um volume antigo que prende a minha atenção. Trata-se de uma edição antiga dos Livros do Brasil, Colecção Vida Quotidiana, O Vaticano. O autor é um tal Jean Jacques Thierry, sobre quem ainda não me dei ao trabalho de pesquisar. O livro leva-nos os bastidores e introduz-nos os jogos de poder na Cidade Santa, com o relato de episódios "secretos" da sucessão de Pio IX por Leão XIII, em 1878. É um excelente livro, estou a acabá-lo.
Uma escada de madeira escura, em caracol, leva-nos ao piso superior, onde uma única divisão ocupa quase toda a área do inferior. O tecto é inclinado como o de um sótão, mas tem altura. A quase toda a volta, encostam-se sucessivas estantes que carregam mais e mais livros. Muitos mais acumulam-se em caixotes, desarrumados pelo chão. Ter-me-ia perdido, não fosse a urgência da partida de xadrez.
Descemos. A minha estratégia inicial, bastante defensiva, parece surpreendê-lo e exigir-lhe alguma concentração. Sabedor de quanto lhe custa uma derrota, esforço-me por me concentrar minimamente e depressa fico com a sensação de que tenho o trabalho facilitado. Por causa da vantagem de um peão e um bispo e também porque ele se levanta amiúde para mudar de cd. Presumo-o desconcentrado, mas é puro engano meu. De súbito, em três movimentos que me parecem inócuos, saca-me a raínha e fico fragilizado. Não são necessários muitos mais lances para dar cabo da minha defesa (que eu julgava inexpugnável ou, no mínimo, bastante sólida) e consumar o xeque-mate.
Recusei a desforra que ele, por solércia, sugeriu com ar prazenteiro, no fito único de se aproveitar da minha desmoralização e vencer de novo.
Não lhe levei a mal. Porque, como já ouvi dizer ao meu (nosso) amigo Funes, citando o meu (nosso) amigo Zé, ou Zekez: Que posso fazer? Arlindo do Rego é meu amigo...
Um sofá grande, largo, com tecido original escondido por um pano de cobertura, chama pelo visitante. Este não ousa sentar-se nas diversas poltronas disponíveis, algumas colocadas em plena zona de circulação. Sem que Arlindo nada diga, o visitante percebe que estão ali para que ele e só ele repouse o seu pesado corpo. Espalhado, também, mas estrategicamente colocado ao lado ou nas proximidades das poltronas, diverso mobiliário de apoio. Uma peça destoa: uma pequena estrutura (uma mesa?) revestida a fórmica. Em todo o caso, está ali, como as outras, para o servir: Arlindo exige conforto e, dos comandos ao maço de cigarrilhas, dum livro ao isqueiro, do copo à garrafa que lhe faz companhia, tem tudo à mão. O esforço do intelecto não permite o cansaço do físico. É ali (e no catre que, obviamente, não visitei) que ele dá forma ao pensamento, produzindo as mais brilhantes mensagens, reflexões e pensamentos. Algumas são logo dali enviadas aos amigos, outras são partilhadas mais tarde.
A exigência de comodidade salta à vista noutro pormenor. Para manter a aparelhagem de som a um nível ideal, o móvel que a suporta foi colocado sobre uma mesa baixa. O importante é que os comandos estejam à altura dos olhos. Junto à aparelhagem, acumulam-se diversos cd's, invariavelmente de música clássica ou jazz. A um canto, junto à porta (aberta) que dá para a varanda, numa pequena mesa, repousa um tabuleiro de xadrez, com as suas 32 peças alinhadas. Junto à porta da entrada, uma pequena estante acumula livros antigos, em número superior ao da sua lotação razoável. Aliás, a acumulação de livros é uma realidade evidente, logo no pequeno, mas acolhedor, hall de entrada, para onde dão várias portas revestidas a madeira e a espelhos que transmitem uma sensação de maior espaço, mas não deixam de remeter para um estilo "night-club anos 70".
É numa pequena mesa deste hall que Arlindo, estava eu já de saída, acaba por encontrar, numa pilha de livros, aquele que me quer devolver. Dessa pilha cai um volume antigo que prende a minha atenção. Trata-se de uma edição antiga dos Livros do Brasil, Colecção Vida Quotidiana, O Vaticano. O autor é um tal Jean Jacques Thierry, sobre quem ainda não me dei ao trabalho de pesquisar. O livro leva-nos os bastidores e introduz-nos os jogos de poder na Cidade Santa, com o relato de episódios "secretos" da sucessão de Pio IX por Leão XIII, em 1878. É um excelente livro, estou a acabá-lo.
Uma escada de madeira escura, em caracol, leva-nos ao piso superior, onde uma única divisão ocupa quase toda a área do inferior. O tecto é inclinado como o de um sótão, mas tem altura. A quase toda a volta, encostam-se sucessivas estantes que carregam mais e mais livros. Muitos mais acumulam-se em caixotes, desarrumados pelo chão. Ter-me-ia perdido, não fosse a urgência da partida de xadrez.
Descemos. A minha estratégia inicial, bastante defensiva, parece surpreendê-lo e exigir-lhe alguma concentração. Sabedor de quanto lhe custa uma derrota, esforço-me por me concentrar minimamente e depressa fico com a sensação de que tenho o trabalho facilitado. Por causa da vantagem de um peão e um bispo e também porque ele se levanta amiúde para mudar de cd. Presumo-o desconcentrado, mas é puro engano meu. De súbito, em três movimentos que me parecem inócuos, saca-me a raínha e fico fragilizado. Não são necessários muitos mais lances para dar cabo da minha defesa (que eu julgava inexpugnável ou, no mínimo, bastante sólida) e consumar o xeque-mate.
Recusei a desforra que ele, por solércia, sugeriu com ar prazenteiro, no fito único de se aproveitar da minha desmoralização e vencer de novo.
Não lhe levei a mal. Porque, como já ouvi dizer ao meu (nosso) amigo Funes, citando o meu (nosso) amigo Zé, ou Zekez: Que posso fazer? Arlindo do Rego é meu amigo...
14.11.06
Dúvida... onomástica?... toponímica?... fluvial ou marítima?... Enfim, uma dúvida (RPS)
Porque também se designa o Estuário do Tejo por Mar da Palha?
13.11.06
Da imprensa do fim de semana (RPS)
JN e Público de sábado e de domingo. Expresso, Sol, várias revistas em atraso. O meu fim de semana, em particular o domingo, teve horas de leitura de actualidade e de opinião. Seguem-se dois destaques.
Notável (como é habitual, de resto) o artigo de José Cutileiro, na última página do Expresso de sábado. Fala-nos das recentes eleições americanas e lembra-nos:
O Iraque contou, não tanto pelas razões queridas aos europeus amantes da paz (...) que viram na invasão militar de 2003 uma expressão brutal de imperialismo. O que a maioria dos americanos não perdoou a Bush foi a ocupação ter sido, catastroficamente, tão mal feita.
Nestes tempos de fácil anti-americanismo primário (sim, como é fácil detestar Bush e, mais prosaicamente, embirrar com as manias daquele povo...) José Cutileiro adverte para a necessidade de Europa e América cooperarem. Da Europa valorizar a relação transatlântica. E chama a atenção para uma soma de factos cujo significado pode passar despercebido: um japonês dirige a UNESCO, uma chinesa acaba de ser eleita para dirigir a OMS, o próximo secretário-geral da ONU será coreano e a China ultrapassará, em três anos, as emissões de CO2 dos Estados Unidos. Pois é: estamos já no século da Ásia. Conclui Cutileiro: interesses e valores ocidentais serão mais bem garantidos se Europa e América do Norte fizerem causa comum.
Basicamente, compro o Expresso para ler Cutileiro: na última página e nos obituários. Excepcionais.
O segundo destaque vai para o artigo de João Bénard da Costa, no Público de domingo. Extrardinariamente bem escrito, como é habitual. E esta semana, como noutras, comovente. Não digo mais: comprem o jornal. O texto de JBC vale o custo.
Notável (como é habitual, de resto) o artigo de José Cutileiro, na última página do Expresso de sábado. Fala-nos das recentes eleições americanas e lembra-nos:
O Iraque contou, não tanto pelas razões queridas aos europeus amantes da paz (...) que viram na invasão militar de 2003 uma expressão brutal de imperialismo. O que a maioria dos americanos não perdoou a Bush foi a ocupação ter sido, catastroficamente, tão mal feita.
Nestes tempos de fácil anti-americanismo primário (sim, como é fácil detestar Bush e, mais prosaicamente, embirrar com as manias daquele povo...) José Cutileiro adverte para a necessidade de Europa e América cooperarem. Da Europa valorizar a relação transatlântica. E chama a atenção para uma soma de factos cujo significado pode passar despercebido: um japonês dirige a UNESCO, uma chinesa acaba de ser eleita para dirigir a OMS, o próximo secretário-geral da ONU será coreano e a China ultrapassará, em três anos, as emissões de CO2 dos Estados Unidos. Pois é: estamos já no século da Ásia. Conclui Cutileiro: interesses e valores ocidentais serão mais bem garantidos se Europa e América do Norte fizerem causa comum.
Basicamente, compro o Expresso para ler Cutileiro: na última página e nos obituários. Excepcionais.
O segundo destaque vai para o artigo de João Bénard da Costa, no Público de domingo. Extrardinariamente bem escrito, como é habitual. E esta semana, como noutras, comovente. Não digo mais: comprem o jornal. O texto de JBC vale o custo.
12.11.06
Sem opinião (RPS)
Faz por esta altura dois anos. Resistia eu às insistências do amigo jpf para escrever no blogue dele, ainda a criar. Comentei o facto com o amigo Funes e, para minha surpresa, ele revelou-me que tinha feito um, havia pouco tempo. Tudo começou aí, embora este Fado Falado só viesse a aparecer um pouco mais tarde, em Fevereiro de 2005.
Lembro-me de, nessa conversa, o amigo Funes me ter dito: oh pá... isto de abrir um blogue é um acto de pedantismo porque quem abre um blogue acha que tem coisas interessantes a dizer. E acrescentou: e acha que as suas opiniões são importantes e que pode criticar tudo e todos...
No seu sarcasmo, o amigo Funes mostrava alguma lucidez e cá estou eu, como muitos outros, a dar, quase diariamente, opiniões sobre os mais variados assuntos. Em linguagem mais rude, a arrotar postas de pescada ou a cagar decretos. E a criticar tudo e todos. Como diz ainda o sábio Funes, nos blogues, pelo menos nos blogues deste núcleo mais ou menos desordenado de conhecidos e conhecidos dos conhecidos e de amigos e de amigos dos amigos em que nos vamos entretendo, são frequentes, entre posts e comments, termos e expressões como "abomino", "execro", "odioso", "ignóbil", "ominoso", "sevandija", "era à paulada", "devia ser fuzilado", "é o grau zero"...
Vem isto a propósito do facto de, sendo eu um tipo com a mania de vir para aqui dar opiniões, ter extrema a dificuldade ou, para ser mais correcto, sentir mesmo a impossibilidade de formar uma opinião sobre uma das questões do momento: o referendo do aborto.
O facto não me angustia porque objectivamente nada tenho a decidir: não voto em referendos, sou contra a sua realização qualquer que seja o assunto posto a consulta. Sou defensor da democracia representativa e acho que os srs. deputados é que devem legislar. (lá está: neste ponto tenho opinião formada e tomo uma posição clara). Não consigo, contudo, definir se, caso a isso fosse obrigado, votaria sim ou não no referendo que aí vem. Sei lá que prazo deve ser definido para que se possa interromper uma gravidez! Acresce que não acho o tema minimamente mobilizador.
Talvez pelo facto de esta ser uma excepção, pelo facto de não conseguir ter opinião, devo dizer que me causa forte impressão ver, entre aqueles que têm uma posição formada sobre o assunto, um verdadeiro fanatismo na defesa da sua opinião. Uns e outros são absolutamente definitivos. Seja pelo sim seja pelo não, as pessoas passam-se, parecem fanáticas. Tomam atitudes e comportamentos que, de algum modo, ultrapassam a lógica fanática, primária e selvagem das claques de futebol.
Como podem acreditar tanto, seja numa coisa ou noutra?...
Lembro-me de, nessa conversa, o amigo Funes me ter dito: oh pá... isto de abrir um blogue é um acto de pedantismo porque quem abre um blogue acha que tem coisas interessantes a dizer. E acrescentou: e acha que as suas opiniões são importantes e que pode criticar tudo e todos...
No seu sarcasmo, o amigo Funes mostrava alguma lucidez e cá estou eu, como muitos outros, a dar, quase diariamente, opiniões sobre os mais variados assuntos. Em linguagem mais rude, a arrotar postas de pescada ou a cagar decretos. E a criticar tudo e todos. Como diz ainda o sábio Funes, nos blogues, pelo menos nos blogues deste núcleo mais ou menos desordenado de conhecidos e conhecidos dos conhecidos e de amigos e de amigos dos amigos em que nos vamos entretendo, são frequentes, entre posts e comments, termos e expressões como "abomino", "execro", "odioso", "ignóbil", "ominoso", "sevandija", "era à paulada", "devia ser fuzilado", "é o grau zero"...
Vem isto a propósito do facto de, sendo eu um tipo com a mania de vir para aqui dar opiniões, ter extrema a dificuldade ou, para ser mais correcto, sentir mesmo a impossibilidade de formar uma opinião sobre uma das questões do momento: o referendo do aborto.
O facto não me angustia porque objectivamente nada tenho a decidir: não voto em referendos, sou contra a sua realização qualquer que seja o assunto posto a consulta. Sou defensor da democracia representativa e acho que os srs. deputados é que devem legislar. (lá está: neste ponto tenho opinião formada e tomo uma posição clara). Não consigo, contudo, definir se, caso a isso fosse obrigado, votaria sim ou não no referendo que aí vem. Sei lá que prazo deve ser definido para que se possa interromper uma gravidez! Acresce que não acho o tema minimamente mobilizador.
Talvez pelo facto de esta ser uma excepção, pelo facto de não conseguir ter opinião, devo dizer que me causa forte impressão ver, entre aqueles que têm uma posição formada sobre o assunto, um verdadeiro fanatismo na defesa da sua opinião. Uns e outros são absolutamente definitivos. Seja pelo sim seja pelo não, as pessoas passam-se, parecem fanáticas. Tomam atitudes e comportamentos que, de algum modo, ultrapassam a lógica fanática, primária e selvagem das claques de futebol.
Como podem acreditar tanto, seja numa coisa ou noutra?...
9.11.06
O vencedor (RPS)
Nota-se, por aí, uma satisfação generalizada pela vitória dos Democratas. Pode ser explicada pela alegria de ver derrotado W. Bush. E pela ideia de que muitas coisas vão mudar, nos EUA e no mundo. Pura ilusão, esta ideia.
A diferença entre Republicanos e Democratas não é tão grande quanto alguns parecem pensar. E de um e do outro lado - mas até mais nos Democratas - prolieferam tendências e sensibilidades várias. Não há um Partido Democrata homogéneo com uma alternativa às políticas do Partido Republicano nem com soluções para as tolices cometidas pela Casa Branca nos últimos seis anos.
Tenho a sensação de que, na verdade, ficou tudo na mesma. Ou, até, um bocado mais confuso. Certeza só tenho uma: o único a sair-se bem destas eleições americanas foi o sr. Rumesfeld...
A diferença entre Republicanos e Democratas não é tão grande quanto alguns parecem pensar. E de um e do outro lado - mas até mais nos Democratas - prolieferam tendências e sensibilidades várias. Não há um Partido Democrata homogéneo com uma alternativa às políticas do Partido Republicano nem com soluções para as tolices cometidas pela Casa Branca nos últimos seis anos.
Tenho a sensação de que, na verdade, ficou tudo na mesma. Ou, até, um bocado mais confuso. Certeza só tenho uma: o único a sair-se bem destas eleições americanas foi o sr. Rumesfeld...
Gostos... (RPS)
Muitos não entendem, mas gosto. Desta e das outras da mesma marca.
7.11.06
A pior profissão do mundo... (RPS)
Quinito e Manuel Cajuda foram os últimos. Os últimos treinadores de futebol que pareciam gostar do que faziam. Surgiam frequentemente descontraídos nas conferências de imprensa, diziam piadas e, por vezes, mesmo em hora de derrota, recorriam a algum humor negro ou, pelo menos, amargo. Em todo o caso, pareciam homens satisfeitos com a vida.
As coisas mudaram muito. Hoje, olhamos as imagens dos treinadores no banco ou ouvimo-los nas salas de imprensa e, independentemente do curso do jogo e do resultado final, estão sempre com - em bom português - cara de fodidos. Estão sempre tensos, de cara fechada, como se carregassem os problemas do mundo às costas, zangados. A vitória no fim do jogo nada muda.
O caso mais evidente é o do treinador do Sporting, Paulo Bento. Não me refiro propriamente à sua imagem, à sua pose e ao seu registo vocal completamente patéticos e que a imitação de Ricardo Araújo Pereira, aliás, colocou definitivamente no anedotário nacional. Para lá do tom de voz, da estranha ortoépia, dos pequenos tiques e do cabelo, Paulo Bento aparece-nos sempre zangado com o mundo. O registo que lhe vi depois de uma grande vitória com o Inter de Milão foi exactamente o mesmo que mostrou depois de perder com o Paços de Ferreira, em casa, graça a um golo marcado com a mão. Paulo Bento é um caso patológico.
Mas, se o treinador do Sporting é um caso à parte, os outros treinadores de futebol da actualidade estão longe de parecer homens felizes. Mesmo quando ganham. Por exemplo, Jesualdo Ferreira. O último sorriso que se lhe viu foi ainda no Bessa, quando o inefável João Loureiro entrou em campo, para um treino, ao lado dele, para mostrar que o treinador não ia mesmo para as Antas... O sorriso de Jesulado era, contudo, amarelo.
Com o treinador do Benfica, passa-se o mesmo, embora em Fernando Santos haja uma nuance, porque se lhe nota em permanência um ar de angústia, já detectável, aliás, nos tempos das Antas e de Alvalade. O homem anda sempre mal.
Olhando para os restantes o panorama não muda.
Um tipo olha para a cara dos treinadores de futebol de hoje e fica a pensar que deve ser a pior profissão do mundo...
As coisas mudaram muito. Hoje, olhamos as imagens dos treinadores no banco ou ouvimo-los nas salas de imprensa e, independentemente do curso do jogo e do resultado final, estão sempre com - em bom português - cara de fodidos. Estão sempre tensos, de cara fechada, como se carregassem os problemas do mundo às costas, zangados. A vitória no fim do jogo nada muda.
O caso mais evidente é o do treinador do Sporting, Paulo Bento. Não me refiro propriamente à sua imagem, à sua pose e ao seu registo vocal completamente patéticos e que a imitação de Ricardo Araújo Pereira, aliás, colocou definitivamente no anedotário nacional. Para lá do tom de voz, da estranha ortoépia, dos pequenos tiques e do cabelo, Paulo Bento aparece-nos sempre zangado com o mundo. O registo que lhe vi depois de uma grande vitória com o Inter de Milão foi exactamente o mesmo que mostrou depois de perder com o Paços de Ferreira, em casa, graça a um golo marcado com a mão. Paulo Bento é um caso patológico.
Mas, se o treinador do Sporting é um caso à parte, os outros treinadores de futebol da actualidade estão longe de parecer homens felizes. Mesmo quando ganham. Por exemplo, Jesualdo Ferreira. O último sorriso que se lhe viu foi ainda no Bessa, quando o inefável João Loureiro entrou em campo, para um treino, ao lado dele, para mostrar que o treinador não ia mesmo para as Antas... O sorriso de Jesulado era, contudo, amarelo.
Com o treinador do Benfica, passa-se o mesmo, embora em Fernando Santos haja uma nuance, porque se lhe nota em permanência um ar de angústia, já detectável, aliás, nos tempos das Antas e de Alvalade. O homem anda sempre mal.
Olhando para os restantes o panorama não muda.
Um tipo olha para a cara dos treinadores de futebol de hoje e fica a pensar que deve ser a pior profissão do mundo...
4.11.06
Do incompreensível (RPS)
Por "rtp grandes portugueses", obtem-se, no Google, esta imagem:
Ela por si só basta como argumento para afirmar que este Big-Brother-De-Famosos-Que-Vêm-Nos-Livros-De-História-E-Nos-Jornais é uma fantochada.
Tinha decidido não escrever sobre o assunto, mas abro uma excepção para dar conta da minha estranheza: duas pessoas minhas amigas - ele, um homem feito, ela uma jovem beleza esfuziante, ambos inteligentes e pessoas com quem aprendo - votaram na fantochada.
Mesmos os melhores têm atitudes incompreensíveis.
Ela por si só basta como argumento para afirmar que este Big-Brother-De-Famosos-Que-Vêm-Nos-Livros-De-História-E-Nos-Jornais é uma fantochada.
Tinha decidido não escrever sobre o assunto, mas abro uma excepção para dar conta da minha estranheza: duas pessoas minhas amigas - ele, um homem feito, ela uma jovem beleza esfuziante, ambos inteligentes e pessoas com quem aprendo - votaram na fantochada.
Mesmos os melhores têm atitudes incompreensíveis.
3.11.06
Sem tempo (RPS)
Sem grande tempo nem muita disponibilidade mental para postar, reproduzo aqui um sms que recebi do meu amigo Arlindo do Rego, há pouco, à hora dos telejornais:
Pior que a chuva é a chuva de notícias sobre a chuva. Enxurrada imunda que inunda. Fica um consolo: acabou a seca severa!
Pior que a chuva é a chuva de notícias sobre a chuva. Enxurrada imunda que inunda. Fica um consolo: acabou a seca severa!