12.11.06
Sem opinião (RPS)
Faz por esta altura dois anos. Resistia eu às insistências do amigo jpf para escrever no blogue dele, ainda a criar. Comentei o facto com o amigo Funes e, para minha surpresa, ele revelou-me que tinha feito um, havia pouco tempo. Tudo começou aí, embora este Fado Falado só viesse a aparecer um pouco mais tarde, em Fevereiro de 2005.
Lembro-me de, nessa conversa, o amigo Funes me ter dito: oh pá... isto de abrir um blogue é um acto de pedantismo porque quem abre um blogue acha que tem coisas interessantes a dizer. E acrescentou: e acha que as suas opiniões são importantes e que pode criticar tudo e todos...
No seu sarcasmo, o amigo Funes mostrava alguma lucidez e cá estou eu, como muitos outros, a dar, quase diariamente, opiniões sobre os mais variados assuntos. Em linguagem mais rude, a arrotar postas de pescada ou a cagar decretos. E a criticar tudo e todos. Como diz ainda o sábio Funes, nos blogues, pelo menos nos blogues deste núcleo mais ou menos desordenado de conhecidos e conhecidos dos conhecidos e de amigos e de amigos dos amigos em que nos vamos entretendo, são frequentes, entre posts e comments, termos e expressões como "abomino", "execro", "odioso", "ignóbil", "ominoso", "sevandija", "era à paulada", "devia ser fuzilado", "é o grau zero"...
Vem isto a propósito do facto de, sendo eu um tipo com a mania de vir para aqui dar opiniões, ter extrema a dificuldade ou, para ser mais correcto, sentir mesmo a impossibilidade de formar uma opinião sobre uma das questões do momento: o referendo do aborto.
O facto não me angustia porque objectivamente nada tenho a decidir: não voto em referendos, sou contra a sua realização qualquer que seja o assunto posto a consulta. Sou defensor da democracia representativa e acho que os srs. deputados é que devem legislar. (lá está: neste ponto tenho opinião formada e tomo uma posição clara). Não consigo, contudo, definir se, caso a isso fosse obrigado, votaria sim ou não no referendo que aí vem. Sei lá que prazo deve ser definido para que se possa interromper uma gravidez! Acresce que não acho o tema minimamente mobilizador.
Talvez pelo facto de esta ser uma excepção, pelo facto de não conseguir ter opinião, devo dizer que me causa forte impressão ver, entre aqueles que têm uma posição formada sobre o assunto, um verdadeiro fanatismo na defesa da sua opinião. Uns e outros são absolutamente definitivos. Seja pelo sim seja pelo não, as pessoas passam-se, parecem fanáticas. Tomam atitudes e comportamentos que, de algum modo, ultrapassam a lógica fanática, primária e selvagem das claques de futebol.
Como podem acreditar tanto, seja numa coisa ou noutra?...
Lembro-me de, nessa conversa, o amigo Funes me ter dito: oh pá... isto de abrir um blogue é um acto de pedantismo porque quem abre um blogue acha que tem coisas interessantes a dizer. E acrescentou: e acha que as suas opiniões são importantes e que pode criticar tudo e todos...
No seu sarcasmo, o amigo Funes mostrava alguma lucidez e cá estou eu, como muitos outros, a dar, quase diariamente, opiniões sobre os mais variados assuntos. Em linguagem mais rude, a arrotar postas de pescada ou a cagar decretos. E a criticar tudo e todos. Como diz ainda o sábio Funes, nos blogues, pelo menos nos blogues deste núcleo mais ou menos desordenado de conhecidos e conhecidos dos conhecidos e de amigos e de amigos dos amigos em que nos vamos entretendo, são frequentes, entre posts e comments, termos e expressões como "abomino", "execro", "odioso", "ignóbil", "ominoso", "sevandija", "era à paulada", "devia ser fuzilado", "é o grau zero"...
Vem isto a propósito do facto de, sendo eu um tipo com a mania de vir para aqui dar opiniões, ter extrema a dificuldade ou, para ser mais correcto, sentir mesmo a impossibilidade de formar uma opinião sobre uma das questões do momento: o referendo do aborto.
O facto não me angustia porque objectivamente nada tenho a decidir: não voto em referendos, sou contra a sua realização qualquer que seja o assunto posto a consulta. Sou defensor da democracia representativa e acho que os srs. deputados é que devem legislar. (lá está: neste ponto tenho opinião formada e tomo uma posição clara). Não consigo, contudo, definir se, caso a isso fosse obrigado, votaria sim ou não no referendo que aí vem. Sei lá que prazo deve ser definido para que se possa interromper uma gravidez! Acresce que não acho o tema minimamente mobilizador.
Talvez pelo facto de esta ser uma excepção, pelo facto de não conseguir ter opinião, devo dizer que me causa forte impressão ver, entre aqueles que têm uma posição formada sobre o assunto, um verdadeiro fanatismo na defesa da sua opinião. Uns e outros são absolutamente definitivos. Seja pelo sim seja pelo não, as pessoas passam-se, parecem fanáticas. Tomam atitudes e comportamentos que, de algum modo, ultrapassam a lógica fanática, primária e selvagem das claques de futebol.
Como podem acreditar tanto, seja numa coisa ou noutra?...
Comments:
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juro que pensei que RPS estava a fazer a sua despedida da berlogosfera.
RPS, só vou dizer um único argumento:
as mulheres que não abortarem "a bem" vão abortar "a mal"... ou "a bem" mas mais caro, em Londres ou em Badajoz... ou numa ex-enfermeira qualquer que dá uns toques no assunto.
RPS, só vou dizer um único argumento:
as mulheres que não abortarem "a bem" vão abortar "a mal"... ou "a bem" mas mais caro, em Londres ou em Badajoz... ou numa ex-enfermeira qualquer que dá uns toques no assunto.
Bom dia RPS!
Concordo, este referendo é uma autentica palhaçada. A decisao devoa ser uma decisao politica e mais nada. Porque nada vai mudar em termos de numeros apenas mudará, para as mulheres que tragicamente tem de passar por isso, as condicoes em que o fazem.
Bjico
Concordo, este referendo é uma autentica palhaçada. A decisao devoa ser uma decisao politica e mais nada. Porque nada vai mudar em termos de numeros apenas mudará, para as mulheres que tragicamente tem de passar por isso, as condicoes em que o fazem.
Bjico
Concordo. referendar o que não devia passsar por referendo é absurdo. O problema é que uma não deslocação às urnas não atestará nenhuma forma de protesto contra o referendo propriamente dito...
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