12.2.07
Portugal do Norte e Portugal do Sul (RPS)
Quem passa por aqui há dois anos (sim, fizemos dois anos no dia 9 e, tal como no primeiro aniversário nem eu nem os outros, há muito ausentes, nos lembramos...) sabe que sempre que há actos eleitorais faço as minhas previsões. Acertando algumas vezes, falho mais do que acerto.
Para o referendo de ontem, não publiquei previsões, mas também seriam fracotas. Sábado, domingo ao final da manhã, estava convencido de uma abstenção superior a 60%, próxima dos dois terços, e admitia a vitória tangencial do "Sim", aí por 52-48 ou 53-47. Fracote, na verdade.
A única previsão que aqui deixei, há dois ou três posts atrás, foi a de que os resultados mostrariam dois países. A tese foi imediatamente contestada por um anónimo que assina "mcjaku", como se eu tivesse dito uma barbaridade.
Sendo normal que numas zonas do país vencesse um lado e noutras o outro, impressiona a expressão dos resultados vencedores: resultados esmagadores de dois terços para o "Não" em distritos como Aveiro, Braga ou Viseu, e resultados ultra-esmagadores acima dos dois quintos - 80% - para o "Sim" em distritos como Setúbal ou Beja.
A clivagem não está no binónio urbano/rural nem no litoral/interior. A clivagem é claramente Norte/Sul com a linha delimitadora - obviamente simbólica e não rígida e absoluta - no Mondego.
Poderão alguns lembrar que no distrito do Porto, desta vez, ganhou o "Sim". É verdade, mas com uma percentagem a rondar os 54 pontos percentuais. No distrito de Lisboa, rondou os 72 por cento...
É evidente que há dois países. O país do Norte e o país do Sul. Há quem conheça bem essa realidade: por ser mais atento, por com ela conviver diariamente, por outra razão qualquer.
Essa realidade pode ser vista de vários prismas, entre eles um que nos mostra a riqueza da diversidade.
Não acho que seja grave haver dois países. É como é. E é verdade.
Para o referendo de ontem, não publiquei previsões, mas também seriam fracotas. Sábado, domingo ao final da manhã, estava convencido de uma abstenção superior a 60%, próxima dos dois terços, e admitia a vitória tangencial do "Sim", aí por 52-48 ou 53-47. Fracote, na verdade.
A única previsão que aqui deixei, há dois ou três posts atrás, foi a de que os resultados mostrariam dois países. A tese foi imediatamente contestada por um anónimo que assina "mcjaku", como se eu tivesse dito uma barbaridade.
Sendo normal que numas zonas do país vencesse um lado e noutras o outro, impressiona a expressão dos resultados vencedores: resultados esmagadores de dois terços para o "Não" em distritos como Aveiro, Braga ou Viseu, e resultados ultra-esmagadores acima dos dois quintos - 80% - para o "Sim" em distritos como Setúbal ou Beja.
A clivagem não está no binónio urbano/rural nem no litoral/interior. A clivagem é claramente Norte/Sul com a linha delimitadora - obviamente simbólica e não rígida e absoluta - no Mondego.
Poderão alguns lembrar que no distrito do Porto, desta vez, ganhou o "Sim". É verdade, mas com uma percentagem a rondar os 54 pontos percentuais. No distrito de Lisboa, rondou os 72 por cento...
É evidente que há dois países. O país do Norte e o país do Sul. Há quem conheça bem essa realidade: por ser mais atento, por com ela conviver diariamente, por outra razão qualquer.
Essa realidade pode ser vista de vários prismas, entre eles um que nos mostra a riqueza da diversidade.
Não acho que seja grave haver dois países. É como é. E é verdade.
Comments:
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Esses dois países que referes vêm da fundação da nacionalidade. Há o norte que fundou a nação. Há o sul que foi reconquistado aos mouros.
Por isso mesmo foi sempre infinitamente maior a influência da Igreja no Norte do que no Sul, onde na sua actividade predominaram os aspectos orgânicos e militares sobre os aspectos pastorais e de magistério.
Por isso mesmo, é naturalíssimo que essa clivagem Norte/Sul venha ao de cima numa questão como a do aborto, fortemente marcada pelos pressupostos religiosos de que se arranca.
Por isso mesmo foi sempre infinitamente maior a influência da Igreja no Norte do que no Sul, onde na sua actividade predominaram os aspectos orgânicos e militares sobre os aspectos pastorais e de magistério.
Por isso mesmo, é naturalíssimo que essa clivagem Norte/Sul venha ao de cima numa questão como a do aborto, fortemente marcada pelos pressupostos religiosos de que se arranca.
Discordo.
A clivagem está entre o voto urbano e o voto rural.
No Norte, o SIM ganhou em todos os grandes centros urbanos (Porto, Aveiro, Braga, Guarda, Guimarães, Viana do Castelo, Bragança, Vila Real, Mirandela, Miranda do Douro, Famalicão, entre muitos outros).
Pode ver aqui como se distribuiu o voto no Concelho de Braga.
A clivagem está entre o voto urbano e o voto rural.
No Norte, o SIM ganhou em todos os grandes centros urbanos (Porto, Aveiro, Braga, Guarda, Guimarães, Viana do Castelo, Bragança, Vila Real, Mirandela, Miranda do Douro, Famalicão, entre muitos outros).
Pode ver aqui como se distribuiu o voto no Concelho de Braga.
Exacto, dr. Morgado.
Mas nada disso contraria este clarividente texto de RPS.
O voto urbano do Porto, Aveiro e Braga é de cinquentas e picos. O voto urbano de Lisboa é de setentas. É um fosso considerável.
As variações litoral-interior e urbana-rual não são tão evidentes.
Mas nada disso contraria este clarividente texto de RPS.
O voto urbano do Porto, Aveiro e Braga é de cinquentas e picos. O voto urbano de Lisboa é de setentas. É um fosso considerável.
As variações litoral-interior e urbana-rual não são tão evidentes.
Mesmo no Norte existem resultados bem diferentes: veja-se por exemplo os resultados dos concelhos da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde,
O alegado "anónimo" mcjaku, portador do BI 5929363 (é verdade, podem confirmar) e amigo de RPS há 40 anos ( sim, leram bem, 40 anos) escrevendo após o referendo (e dizendo-o) contestou a divisão Norte/Sul a partir dos resultados concretos e também, em parte, a divisão Urbano/Rural, que só funciona no Norte.
Mas por uma vez de acordo, ou nem por isso ,se é verdade que há um Portugal, com 12 séculos de fronteiras sedimentads, também é verdade a diversidade muito rica dos diversos tipos de regiões: um algarvio é certamente diferente de un transmontano, que é diferente de um minhoto, que é diferente de um beirão. São, no entanto, todos porugueses. E Portugal é mais rico, e não mais pobre, por essa diversidade.
Mas por uma vez de acordo, ou nem por isso ,se é verdade que há um Portugal, com 12 séculos de fronteiras sedimentads, também é verdade a diversidade muito rica dos diversos tipos de regiões: um algarvio é certamente diferente de un transmontano, que é diferente de um minhoto, que é diferente de um beirão. São, no entanto, todos porugueses. E Portugal é mais rico, e não mais pobre, por essa diversidade.
Concordo com o post. Mas tenho que reconhecer que a diferença abrupta de resultados de distrito para distrito me surpreendeu. E O RPS nem sequer falou das ilhas (nos Açores, onde o PS tem vencido as últimas eleições, o "Não" ganhou de forma esmagadora). Uma das explicações foi fornecida pelo Funes, num comentário cristalino. Mas talvez haja outras... O tema merece ser retomado. Já agora, "a latere", essa do "alegado anónimo Mc Jaku" foi de morte, ó RPS! Deves ser amigo dele ainda há mais tempo do que de mim...
sabes que ontem em casa eu e o meu sócio comentavamos exactamente isto a disparidade dos resultados norte/sul... é impressionante!
Eu conheço o 5929363 de ginjeira. Aliás, é da minha série: 592...
Não era mau que fizesse um blogue e assim tinha um link e não havia confusões com anónimos.
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