Fado Falado

Há dois dias que tento ligar-te. Também para tua extremosa esposa, Madame Funes. Debalde. Liga-me, por favor.

...e tantos, ainda, cheios de azia...

... pensar que este entremez, como muitos outros, suscitou a admiração de multidões.

Parece que Mrs. Clinton está arrumada. Ainda bem! Já "ganhei" as eleições americanas.
Entre McCain e Obama, não tomo partido. Pelo menos, agora. Há motivos que me fazem inclinar para um lado e motivos que me fazem inclinar para o outro. Em todo o caso, as diferenças entre republicanos e democratas também não são aquilo que parece por cá.
Sobre as eleições americanas tenho uma certeza: se o senador do Illinois vencer, dentro de 2-3-4 anos ouviremos dizer que "o Obama prometeu muito, criou muitas esperanças, mas acabou por ser uma desilusão".
É sempre assim, em política. As pessoas assumem como promessas de terceiros as expectativas que elas próprias, irrealisticamente, têm ou criaram.

Mantém, quase aos 80 anos, um estado físico e uma lucidez invejáveis. Mantém, também, as rotinas e, todas as manhãs, pouco antes das 9, lá está ele a abrir o seu estabelecimento comercial, em plena Baixa do Porto.
No plano de rotinas, consta o almoço, no sítio de sempre, ao meio-dia e picos.
Quando almoço mais cedo, lá o encontro e é ao balcão, ao lado ou perto dele, que me sento, por ser companhia agradável e – interesse meu – por saber que colho sempre qualquer coisa da sabedoria que ele acumulou.
Na segunda-feira, fui almoçar mais cedo. Ele estava mais caladote, ensimesmado. Enxotou (felizmente!) o jovem empregado benfiquista que tentou a provocação, alcandorado na excessiva confiança que lhe fomos concedendo no convívio diário. E, voltando-se para mim, disse tudo, numa curta frase: “Foi uma arbitragem à 24 de Abril”.

Ouvindo de relance a homilia dominical do prof. Marcelo, fico a saber que o brasileiro Scolari nomeou cinco - cinco!!! - capitães na selecção.
O Benfica, esta época, tinha quatro. Não augura nada de bom para a equipa da Federação Portuguesa de Futebol.

2-2 é o resultado dos desfechos entre FCP e Sporting em finais da Taça de Portugal. Em escândalo, o resultado é de 4-0. Independentemente do resultado, mesmo quando ganah, o FCP é prejudicado nestes jogos.
Hoje, um árbitro de nome estranho entregou a Taça à simpática agremiação de Alvalade.
Em 2000, fora Acosta que, com um murro, partiu o maxilar a Paulinho Santos. O árbitro "não viu".
Em 94, foi a cena dos adeptos do Sporting atirando garrafas, pedras e todo o tipo de objectos aos jogadores do FCP, durante a cerimónia de entrega do troféu. Eposódio desvalorizado e quase abafado. Se fosse ao contrário...
Mas o maior escândalo deu-se em 78. Era eu adolescente e vivia a "bola" com forte paixão. Num primeiro jogo, estando o FCP a vencer 1-0, um penalty inventado foi transformado por Paulo Menezes, um defesa-central brasileiro. Apitava Francisco Lobo, de Setúbal. Lá, em Setúbal, e também em Leiria, o regime vigente, dominado por Benfica e Sporting, mantinha o núcleo-duro dos homens do apito que lhes faziam os favores. Apenas porque os regulamentos de então impediam que árbitros de Lisboa apitassem jogos de clubes de Lisboa. Obviamente, colocavam-nos nos distritos vizinhos.
Veio a finalíssima e, nessa mesma noite, o Sporting seguia viagem para uma então inusitada digressão à China. As bagagens já estavam na Portela, esperando os jogadores.
Cedo se percebeu, por sucessivas decisões do árbitro, que o campo estava inclinado para um dos lados e o Sporting lá fez 1-0, com um golo de Vítor Gomes, em escandaloso fora-de-jogo. Acabou 2-1.
Só no aeroporto, então, a generalidade das pessoas, incluindo alguns jogadores do Sporting, entenderam o que se passara: o árbitro do jogo, o inefável Mário Luís, de Santarém, seguia viagem com a equipa do Sporting. Com despelante disse aos jornalistas que fora convidado depois do jogo, no balneário. Nunca explicou porque tinha já as malas no aeroporto.

Num futuro não muito distante, bares, pubs, discotecas e similiares, além de proibirem que se fume, venderão apenas água, sumos e peças de fruta.
O consumo mínimo dará direito a duas águas e uma maçã.
Felizmente, não estarei cá.

Entre mim, conceituado treinador de bancada e mesa de café, e o sr. Scolari vai toda uma imensa distância. Basta anotar as diferenças entre as nossas listas de convocados (a minha foi publicada aí em baixo, antes do anúncio da dele).
Apesar disso, e apesar, também, de, em Portugal, ser crime criticar o sr. Scolari, permito-me contestar a não convocatória do melhor jogador português nas fases finais do Euro-2004 e do Mundial-2006. Maniche, claro. Homenageio-o com este vídeo.

Soube do escândalo por Funes e li, a seguir, na imprensa. Franco, o Generalíssimo, ordenou a compra de votos no Festival Eurovisão da Canção de 1968, o que permitiu a vitória de "La-la-la", interpretada por Massiel.
Cliff Richard, segundo classificado com "Congratulations", já veio reclamar vitória, defendendo que o título deve ser retirado à espanhola.
Richard tem, obviamente, razão. Agora, só espero que se descubra algo que permita retirar a vitória do Festival RTP da Canção de 1969 a "Desfolhada", o mais horrível trecho de música alguma vez feito no nosso país. Aliás, espero que se descubra algo que permita tout-court retirar a Simone de Oliveira de todo o lado.
Eu sempre fui pela Madalena Iglésias.

Não há pachorra para o Apito Final. Les jeux sont fait. Não dá para gastar um minuto de debate sobre o assunto.
De tudo, ficou-me a conferência de imprensa do anúncio da decisão. Não percebo como é que o televisor não estourou, rebentando em mil pedaços. É que parecia que não iria caber no écran toda a jactância, pesporrência e auto-suficiência que emanava da intervenção de um tal Costa. Lembrou-me o Nunes da ASAE e o George do tabaco e dos milhares de mortos das vacas loucas.
Tempos de crise de autoridade são férteis para o aparecimento deste tipo de gente. O tempo é deles.

Quatro dias antes do sr. Scolari, fica a minha selecção.

Guarda-redes: Nuno Espírito Santo, Hilário, Eduardo.
Defesas: Bosingwa, Paulo Ferreira, Jorge Ribeiro, Pedro Emanuel, Bruno Alves, Pepe, Ricardo Carvalho.
Médios: Miguel Veloso, João Moutinho, Maniche, Deco, Tiago, Pedro Mendes.
Avançados: Quaresma, Nani, Simão, Cristiano Ronaldo, João Tomás, Djaló, Hugo Almeida.

Diz que um indivíduo conseguiu, ontem, sozinho, domar o sequestrador do tribunal de Gaia. O meu amigo Arlindo do Rêgo garante que "o facínora empunhava um pistolão - soube-se depois - igual ao que Mouzinho apontou a Gungunhana".

É um facto não muito reconhecido, mas Dimitri Alenitchev foi um dos melhores futebolistas que já jogou no FC Porto.
Fazia tudo bem feito, executava na perfeição. Fazia tudo muito melhor que muitos outros muito mais afamados.
Nunca me hei-de esquecer a exibição que, aí por Abril de 2003, fez, nas Antas, contra a Lazio, numa meia-final da Taça UEFA. E, claro, não me esquecerei nunca desse golo aí, marcado na final da Champions, em 2004.
Dimitri despediu-se há uns dias dos relvados. É daqueles futebolistas que nunca esquecerei.