8.10.07
Calçada (RPS)
Foi há uns tempo, no concurso televisivo "A Herança". Questionado pela apresentadora sobre a profissão que exercia, o concorrente fez o ar mais solene do mundo e disse: "sou formador na nobre arte da calçada portuguesa". Carregou com especial ênfase em "nobre arte". O estúdio (apresentadora incluída) irrompeu numa prolongada e emocionada salva de palmas.
A conversa continuou, mais ou menos neste registo:
Apresentadora (com ar de profunda gratidão em nome da Humanidade): É uma nobre arte, sim senhor, e ainda bem que homens como o José a mantêm viva!...
Concorrente (com falso ar humilde, mas quase estourando de orgulho): De facto e a nobre arte da calçada à portuguesa deveria ser mais acarinhada pelas autoridades...
Apresentadora: Nunca é demais chamar a atenção para isso, José...
O tipo repetiu "nobre arte" com ênfase em várias frases que se seguiram.
Ao assisitir àquilo, lembrei-me dos críticos da remodelação da Avenida dos Aliados. Um dos argumentos mais repetido foi, "destruiu-se a calçada à portuguesa", dando ao termo "destruído" uma carga de algo definitivo e de irreparável, como se tivessem sido destruídas as Pirâmides do Egipto, os Jerónimos ou o Convento de Mafra.
Mesmo encarando essas calçadas como "produção artística", convenhamos que cada obra é facilmente reproduzível. Destruir um determinado passeio ou calçada não representa uma perda irreparável, uma vez que a obra pode ser reproduzida ou recriada noutro local.
Até acho interessante a calçada à portuguesa, acho que há trabalhos interessantes, mas não entendo o valor, o estatuto de coisa sagrada que normalmente lhe é atribuído.
A conversa continuou, mais ou menos neste registo:
Apresentadora (com ar de profunda gratidão em nome da Humanidade): É uma nobre arte, sim senhor, e ainda bem que homens como o José a mantêm viva!...
Concorrente (com falso ar humilde, mas quase estourando de orgulho): De facto e a nobre arte da calçada à portuguesa deveria ser mais acarinhada pelas autoridades...
Apresentadora: Nunca é demais chamar a atenção para isso, José...
O tipo repetiu "nobre arte" com ênfase em várias frases que se seguiram.
Ao assisitir àquilo, lembrei-me dos críticos da remodelação da Avenida dos Aliados. Um dos argumentos mais repetido foi, "destruiu-se a calçada à portuguesa", dando ao termo "destruído" uma carga de algo definitivo e de irreparável, como se tivessem sido destruídas as Pirâmides do Egipto, os Jerónimos ou o Convento de Mafra.
Mesmo encarando essas calçadas como "produção artística", convenhamos que cada obra é facilmente reproduzível. Destruir um determinado passeio ou calçada não representa uma perda irreparável, uma vez que a obra pode ser reproduzida ou recriada noutro local.
Até acho interessante a calçada à portuguesa, acho que há trabalhos interessantes, mas não entendo o valor, o estatuto de coisa sagrada que normalmente lhe é atribuído.
Comments:
<< Home
Eu até podia dar formação na nobre arte de escorregar no raio da calçada, mal cai uma pinga de chuva...
O facto é que infelizmente não há nada de extraordinário neste país a que possamos chamar de "nobre arte"... a não ser a nobre arte de fugir ao fisco ou a nobre arte do desenrasca!!!
Um grande beijinho, obrigada pela visita - volte sempre!!!
Um grande beijinho, obrigada pela visita - volte sempre!!!
Nobre arte da ca(lç)gada Portuguesa...qualquer transeunte do Porto em dia de chuva é um patinador em potência.
Não acho a calçada Prtuguesa especialmente bonita mas reconheço a dificuldade na sua aplicação. Por isso mesmo, torna-se cara e o uso continuado torna-a perigosa. Mas daí até substituí-la por betão...
Experimente fazer uma calçada e já me diz se é nobre ou não. Eu sou da opinião que todas as profissões legais são nobres e se esse senhor tinha orgulho na sua, ainda bem. Há por aí muita gente que faz coisas que não gosta!
E, não vamos criticar apenas pelo criticar! Já chega!
*.*
E, não vamos criticar apenas pelo criticar! Já chega!
*.*
"Eu sou da opinião que todas as profissões legais são nobres..."
Segundo RPS, o homem falou em "nobre arte". A menos que qualquer "profissão legal" também seja "arte", há aqui uma confusão qualquer.
Segundo RPS, o homem falou em "nobre arte". A menos que qualquer "profissão legal" também seja "arte", há aqui uma confusão qualquer.
Eu gosto da calçada marítima, especialmente se "à portuguesa".
PS- A arte de andar a torturar os touros no campo pequeno também é conhecida como nobre arte, não é?
E o teatro de revista?
...
Desculpem, vou vomitar.
PS- A arte de andar a torturar os touros no campo pequeno também é conhecida como nobre arte, não é?
E o teatro de revista?
...
Desculpem, vou vomitar.
Sr João, eu considero que para se ser bom profissional é preciso ter arte! Se não pensa o mesmo, isso é a razão de muitas coisas erradas neste país!
Vejo muita gente a trabalhar por trabalhar, em áreas que detesta! Ser um bom professor, isso é ter arte! MAs, se pensa de forma diferente, lamento!
Criticar é sempre mais fácil!
Enviar um comentário
Vejo muita gente a trabalhar por trabalhar, em áreas que detesta! Ser um bom professor, isso é ter arte! MAs, se pensa de forma diferente, lamento!
Criticar é sempre mais fácil!
<< Home