26.2.07

 

Estrela Solitária II (RPS)

De Garrincha contam-se n histórias e episódios. Nem tudo é verdadeiro. Há muitas histórias inventadas em redor de Mané e a primeira virtude deste livro é o facto de Rui Castro fazer a distinção entre o que é (ou foi) real e o que se tornou lenda.
Uma das lendas desfeitas no livro é aquela que tem colorido, a tons fortes, o primeiro treino de Garrincha no Botafogo. O primeiro treino a sério, em que Mané jogou pela reserva frente ao onze titular. Desse treino conta-se que Garrincha deixou Nilton Santos literalmente de gatas, de tanto baile que lhe deu. Não foi tanto como se conta.

Nilton era o defesa-esquerdo do Botafogo, capitão da equipa, indiscutível da selecção e um ídolo do futebol do país. Tinha formação acima da média do universo dos futebolistas e, em campo e fora dele, era uma referência para os colegas. Em suma, era "um senhor".
Tudo isto não o impedia de fazer os seus excessos e nessa tarde Nilton estava de ressaca de uma noite de copos. Ter pela frente um novato à experiência era uma benção: treininho tranquilo em perspectiva... Nilton subestimou o outro, mas o outro, ninguém ainda sabia, era Mané Garrincha.

Na primeira bola que teve nos pés - conta Ruy Castro - Mané driblou Nilton e este teve que correr atrás do novato. Garrincha travou a corrida e pôs-se de novo frente a Nilton. Este resolveu entrar duro para o assustar. Foi driblado de novo. Poucos minutos depois, Garrincha, indelicadamente, enfiou-lhe uma bola entre as pernas - nunca ninguém ousara sequer tentar fazê-lo a Nilton nos treinos do Botafogo. Muito menos um miúdo treinando à experiência. Garrincha, decerto, não sabia quem era o cara.

Diz Castro que Nilton Santos teve mesmo que se aplicar no treino. Levou algum baile, é verdade, mas também deu. E ganhou muitos lances ao novato. As contas ficaram meio por meio. Só isso não deixava já de ser um facto histórico. Tanto que os directores do Botafogo impediram que Garrincha regressasse a casa - ficou sequestrado até assinar uma folha de contrato em branco.

Conta, ainda, Castro que nos anos seguintes muitos juravam ter assistido a esse treino histórico. Diz o autor que se fossem contabilizados como verdadeiros todos os testemunhos, não caberia tanta gente no campo do Botafogo...

Comments:
As biografias têm um lado muito chato: o de destruir alguns mitos. Tá mal...
 
Destruir mitos faz mal.
Acaso não temos direito à fantasia?
Pois se há verdades que são inconsequentes, para que as queremos?
Deixem-nos o encantamento!
 
pô, cara, eu estive nesse entreinamento!

ocê deveria ter visto o que aquele minino Garrincha fez de Nilton!

eu me virei lá para um cara chamado de Castro que estava por lá e disse:

"moço, aquele minino da perna torta ali ainda vai ter aquele berloguista famoso escrevendo sobre ele. aponta o que estou te dizendo!"
 
Boa tarde !
Sou Henrique Perdigão e vi um post seu na cidade surpreendente sobre a Latina e férias num verão não tendo o meu contacto.
Aqui vai ele

Cumprimentos

hperdig@hotmail.com
 
Sou de opinião que ainda se podem destruir alguns mitos, porque brilham mais os verdadeiros.
 
ué...
escrevi um comentário aqui e ele sumiu!
:(
 
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