21.8.07

 

As vacas sagradas e os bois pelos nomes

Regresso ao caso da criancinha, já tratado há meses aqui e aqui.
A actividade da nossa Polícia Sagrada devia ser investigada.

Jornalisticamente investigada.

Devíamos todos ter acesso ao número de casos resolvidos através de uma gestão caótica e propositada de informação.
Devíamos saber por que razão a Polícia Sagrada foi obrigada a organizar conferências de imprensa para nada dizer.
Devíamos saber por que razão a Polícia Sagrada não as organiza agora, se a limitação do segredo de justiça é a mesma.
Devíamos saber por que razão a Polícia Sagrada violou o segredo de justiça, uma vez que só ela conduz a investigação em Portugal e nunca desmentiu as mais recentes manchetes.
Devíamos saber por que razão não há perseguições aos agentes como há aos jornalistas nesta matéria, em sede legislativa, através do Estatuto saudavelmente vetado.
Devíamos saber se é ou não acidental a nova postura da Polícia face ao facto desse Estatuto (que obrigava a divulgar fontes em tribunal) não ter sido aprovado. E já agora de vários jornalistas terem sido absolvidos dessa acusação em dois processos mediáticos.
Devíamos saber por que razão o director nacional da Polícia Sagrada quase não deu a cara de viva voz.
Devíamos saber por que razão faz declarações um inspector que nada tem a ver com a investigação.
Devíamos saber por que razão nestas alturas há uma inusitada profusão de comunicados de imprensa com feitos da Polícia Sagrada noutras áreas de combate ao crime.

Devíamos saber tudo isto.
E já devíamos saber que, com algumas excepções, os jornalistas - portugueses e ingleses -pisam o risco. Para isso devia haver mercado para as publicações e para os profissionais.

E já agora, um país de massa crítica em vez de crítica em massa.


Comments:
É um facto que devíamos saber tudo isso. Sem dúvida. Ou então não devíamos saber nada...
Mas se calhar os jornalistas pisam o risco porque os tais membros da Polícia Sagrada andam completamente desnorteados e a pisar aquilo que não devem. Há sem dúvida, redacções que têm bolas de cristal e que tentam adivinhar o que está a acontecer. Mas há certamente aquelas que não se dedicam a métodos adivinhatórios. Aquelas que estão a tentar trabalhar como deve ser. Que publicam a informação tal como a recebem, provindas de fontes oficiais credíveis e devidamente identificadas. O problema está no facto de essas fontes não estarem tão seguras quanto isso mas, claro está, e como não podia deixar de ser, e como gostam de brilhar, quem fica mal na fotografia é o jornalista. E que tal formar os senhores das entidades policias e explicar-lhes que há quem esteja a tentar fazer jornalismo a sério? Organização...já ouviram falar na palavra?
 
bem visto
 
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