24.6.07

 

São João (RPS)

Há uma década - seguramente há mais de uma década - que não mergulhava no São João da rua. Ficava-me por jantares privados e um ou outro ano houve em que passei à margem da festa. Por duas vezes, neste lapso de tempo, espreitei os festejos em Nevogilde e não gostei. Aí, não gosto.


Há umas semanas, atacado por uma qualquer onda revivalista (coisas da idade, certamente), decidi que voltaria à rua e lá fui, para a Ribeira e Miragaia.
Não é fácil. Um tipo tem de partir decidido a levar com uma verdadeira "estafa". Mas gostei de voltar. Desde logo porque está quase tudo na mesma, o que é extraordinariamente reconfortante. Como diz Arlindo do Rêgo, há convenções felizes. Aplica-se ao São João e a todos os ditos "santos populares". Não se aplica, por exemplo, ao reveillon e aos odiosos festejos carnavalescos.
Para lá do que é ritual e convencional no São João do Porto, subsistem e predominam marcas de alguma "pureza", de alegria genuína, de fraternidade. A atmosfera é única.
Tal como acontecia há uns anos, também deparei ontem com turistas estrangeiros, bem para lá da meia idade, com ar basbaque, a entrarem na festa.
Basbaque fico sempre eu a olhar fogo de artifício. Padeço desse primarismo: qualquer pobre foguetório me fascina, pelo que não sei que possa dizer do espectáculo de ontem.
Para o ano tenho de rever o São João das Fontaínhas. O São João não vale a pena em Nevogilde nem na Boavista. Não conhendo, estou certo de que menos ainda vale em Vila do Conde e em Braga. O São João que vale a pena faz-se com gente de todo o género, vinda de todo o lado, mas no Porto profundo: na Ribeira, dos Guindais a Miragaia, e nas Fontaínhas.
O único problema do São João da Ribeira é a falta de condições para proceder à eliminação de líquidos, algo essencial quando se ingere cervejola. Com tanta gente, não há recanto disponível para um tipo se aliviar e os estabelecimentos comerciais precavêm-se, vedando o acesso aos sanitários. Nem um comerciante meu conhecido (grande cabrão!) condescendeu ao meu apelo lancinante.
A minha gratidão, por isso, ao Clube Desportivo e Cultural dos Guindais.

Comments:
ahahaha gostei desse agradecimento...sentido:))

jocas maradas eu que detesto esses martelinhos e nunca os entendi....sei lá coisas do norte:)
 
Este post explica porque aou teu amigo.
Podemos discordar na opinião que temos relativamente à inequívoca estupidez de Blair e de Durão Barroso (que tu negas); podemos discordar sobre a inexistente (fora da tua cabeça) qualidade de Vítor Baía; podemos discordar sobre Rui Rio, que eu acho que depois da história do filme de David Pontes deve demitir-se.
Mas quando toca ao verdadeiramente essencial estamos sempre de acordo.
Eu faço minhas cada uma das tuas palavras deste post.
Gostava de ter sido eu a escrevê-lo.
 
eu tb fui, tb fui :)
houve tb uma época em que não marcava presença, com pena minha.

mas há 4 anos que vou.
e é tão divertido.

bjo
 
O de Braga tb vale bem a pena, garanto. Aqui, tb se sente " alguma "pureza", alegria genuína, fraternidade. A atmosfera (tb) é única."
 
Caro rps,

Apesar de tudo o que lhe têm feito, o de Braga vale bem a pena!!!
 
oh, o que valia a pena eram as fogueiras... agora nem isso temos! =(
 
este post provocou-me nostalgia...
não estive lá... :(
mas quando o meu filhote estiver mais crescido volta ás lides pode contar com essa!!!!
 
do S. João gosto das fogueiras e das sardinhas assadas acompanhadas com broa e vinho da terra : ))
os martelos e fogos de artifíco não são tradição na minha terrinha e eu não aprecio.
Obrigada pelo post. fiquei a conhecer um pouquinho do famoso S. João no Porto.
 
artifício(queria eu dizer assim :))
 
para se ser verdadeiramente Humano, tem de se gostar de fogo de artifício, qualquer que seja.

Vitor Baía, quase, o melhor guarda-redes do país e não sou do Porto.

Os Santos Populares, aqui por Lisboa já não são uma assim tão "feliz convenção".
Aqui é obrigatório comer sardinha, se não é pior do que ir a Roma e não ver o Papa, ora a sardinhita custava quase dois euros cada uma...
 
"Fraternidade" o cê que o efe!
O gajo que escreveu esta merda devia ter ficado, na Ribeira enquanto se aliviava nos Guindais, sem a carteira como eu (124 euros + documentos) e queria vê-lo discorrer, empolgado, sobre a fraternidade são-joanina!
Pró cê que o efe !!!!!
 
As festas populares aliviam-me só de alguma tensão que possa haver em mim. Problemas de retenção de líquidos nunca me causaram.
Tenho de comum com RPS esse primarismo: qualquer pobre foguetório me fascina.
O útimo que me lembro de ver foi o da passagem de ano dos dois lados do Tejo, Lisboa e Almada. Anterior a esse foi o das festas do Senhor da Cruz, em Barcelos. Ambos me encheram a alma e os olhos. Também o da Senhora da Agonia em Viana, várias vezes...
Mas falta-me o da passagem de ano na Madeira - nunca o vi in situ.
 
Bravo, Bravo!
Já tinha saudades de voltar ao Fado Falado!:)

Quanto ao São João, tiro o meu chapéu ao comentário do S. João de Braga, mas tenho que discordar com o do São João da Boavista!
Os concertos da Casa da Música recomendam-se vivamente!!! :)

Bjs mil Paulinha
 
"Não conhendo, estou certo de que menos ainda vale em Vila do Conde e em Braga."

Só mesmo alguém inteligente para escrever isto...
 
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