28.6.07
O São João de Hamburgo (RPS)
A descida à galeria, a não sei quantas centenas de metros de profundidade, era reservada apenas a um grupo restrito que acompanhava o Presidente Sampaio e aos repórteres de imagem. Assim, o grosso das pessoas ficou à conversa, encostado a umas vigas de betão, naquele estaleiro de construção de um túnel sob o Rio Elba, em Hamburgo.
- Bom dia! - diz, a dada altura, um operário que passa por ali, de fato-macaco. Ao quarto ou quinto dia, já ninguém se surpreendia. Surpresa tinha sido, logo no primeiro dia, em Berlim, junto à porta de Brandenburgo, quando dois operários pararam os trabalhos que executavam num passeio para se nos dirigirem com o ar mais feliz deste mundo. Eram portugueses, tal como o Zé que acabáramos de conhecer.
O Zé é de uma aldeia de Guimarães e, se conseguiu cumprir os planos que nos revelou naqueles idos de 97 ou 98, deve residir agora na cidade-berço, porque a filha estava quase a ir para a primeira classe e ele não queria que ela se germanizasse (é uma merda isto de perder contactos telefónicos).
No grupo que eu integrava, havia um contingente de tripeiros de inusitada dimensão para estas ocasiões e, como estávamos a 23 de Junho, já se falara do São João.
A conversa corria bem disposta e, brincando, perguntei ao Zé: como é o São João em Hamburgo? Há sardinhas? Onde se pode comprar martelinhos e alhos-porros?...
Falou-se do São João, falou-se de tudo um pouco, mas lá tivemos de nos despedir, com votos mútuos de felicidades.
- Vamos todos para o hotel e depois decidimos onde se janta e o que fazemos. Era a palavra de ordem, ao final da tarde, terminada a recepção dada pelo Presidente Sampaio à comunidade portuguesa em Hamburgo. Quando ia a sair por entre a multidão, ouço chamar pelo meu nome, ao mesmo tempo que me batíam nas costas. Não conhecia o gajo de lado nenhum!
- Ond'ides jantar?, pergunta ele.
Afinal, conhecia o gajo! Era o Zé, mas tinha substítuido o fato-macaco pelo fato do casamento.
O Zé oferecia-se para nos levar a jantar "a um sítio porreiro" e, à hora marcada, lá estava ele à porta do Íbis de Hamburgo, no seu Opel Vectra. Erámos seguramente mais de vinte, umas vinte-e-poucas-pessoas, e o Vectra do Zé, comigo à direita e mais três atrás, acabou por liderar uma coluna de quatro ou cinco táxis.
- Onde nos levas, Zé?, perguntei, algo preocupado com meia duzia de enjoadinhas lisboetas que nos acompanhavam e que tinham levantado reticências.
- Já vais ver, pá..., respondeu ele com ar divertido... Estávamos íntimos.
Ao fim de 20-30 minutos de viagem (mesmo os do Vectra dividiram as contas dos táxis) estávamos às portas da sede do Sporting Clube de Hamburgo, num qualquer arrabalde-dormitório da cidade.
A sede encheu-se de portugueses e luso-descentes, curisosos e com vontade de conversar. Foi um São João diferente, mas divertido e fraterno como é o São João. Não houve martelinhos nem alhos porros nem bailarico, mas houve sardinha assada, batata e pimentos. E febras na brasa, que a meia dúzia de enjoadinhas, algo incomodadas com o cheiro a sardinha, acabaram por petiscar. Mesmo elas reconheceram ter sido "giríssimo".
No plano gastronómico, o melhor, contudo, chegou no fim. Havia café!!! Café de máquina! Cimbalino! Café verdadeiro, algo de que toda a gente andava a ressacar há vários dias.
Até as enjoadinhas rejubilaram com palminhas e gritinhos!
- Bom dia! - diz, a dada altura, um operário que passa por ali, de fato-macaco. Ao quarto ou quinto dia, já ninguém se surpreendia. Surpresa tinha sido, logo no primeiro dia, em Berlim, junto à porta de Brandenburgo, quando dois operários pararam os trabalhos que executavam num passeio para se nos dirigirem com o ar mais feliz deste mundo. Eram portugueses, tal como o Zé que acabáramos de conhecer.
O Zé é de uma aldeia de Guimarães e, se conseguiu cumprir os planos que nos revelou naqueles idos de 97 ou 98, deve residir agora na cidade-berço, porque a filha estava quase a ir para a primeira classe e ele não queria que ela se germanizasse (é uma merda isto de perder contactos telefónicos).
No grupo que eu integrava, havia um contingente de tripeiros de inusitada dimensão para estas ocasiões e, como estávamos a 23 de Junho, já se falara do São João.
A conversa corria bem disposta e, brincando, perguntei ao Zé: como é o São João em Hamburgo? Há sardinhas? Onde se pode comprar martelinhos e alhos-porros?...
Falou-se do São João, falou-se de tudo um pouco, mas lá tivemos de nos despedir, com votos mútuos de felicidades.
- Vamos todos para o hotel e depois decidimos onde se janta e o que fazemos. Era a palavra de ordem, ao final da tarde, terminada a recepção dada pelo Presidente Sampaio à comunidade portuguesa em Hamburgo. Quando ia a sair por entre a multidão, ouço chamar pelo meu nome, ao mesmo tempo que me batíam nas costas. Não conhecia o gajo de lado nenhum!
- Ond'ides jantar?, pergunta ele.
Afinal, conhecia o gajo! Era o Zé, mas tinha substítuido o fato-macaco pelo fato do casamento.
O Zé oferecia-se para nos levar a jantar "a um sítio porreiro" e, à hora marcada, lá estava ele à porta do Íbis de Hamburgo, no seu Opel Vectra. Erámos seguramente mais de vinte, umas vinte-e-poucas-pessoas, e o Vectra do Zé, comigo à direita e mais três atrás, acabou por liderar uma coluna de quatro ou cinco táxis.
- Onde nos levas, Zé?, perguntei, algo preocupado com meia duzia de enjoadinhas lisboetas que nos acompanhavam e que tinham levantado reticências.
- Já vais ver, pá..., respondeu ele com ar divertido... Estávamos íntimos.
Ao fim de 20-30 minutos de viagem (mesmo os do Vectra dividiram as contas dos táxis) estávamos às portas da sede do Sporting Clube de Hamburgo, num qualquer arrabalde-dormitório da cidade.
A sede encheu-se de portugueses e luso-descentes, curisosos e com vontade de conversar. Foi um São João diferente, mas divertido e fraterno como é o São João. Não houve martelinhos nem alhos porros nem bailarico, mas houve sardinha assada, batata e pimentos. E febras na brasa, que a meia dúzia de enjoadinhas, algo incomodadas com o cheiro a sardinha, acabaram por petiscar. Mesmo elas reconheceram ter sido "giríssimo".
No plano gastronómico, o melhor, contudo, chegou no fim. Havia café!!! Café de máquina! Cimbalino! Café verdadeiro, algo de que toda a gente andava a ressacar há vários dias.
Até as enjoadinhas rejubilaram com palminhas e gritinhos!
E viva o Sporting Clube de Hamburgo!
Comments:
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Este ano, ao grupo com que habitualmente festejo o S. João, juntou-se um grupo de pessoas "lá de baixo".
Jantámos num restaurante agradável junto aos Clérigos e descemos por escadinhas e vielas menos movimentadas até à Ribeira.
As meninas vinham todas de salto alto, o que até acabou por ser divertido (pra mim). Quem já correu a Cidade do Porto no S. João sabe o que eu quero dizer...
Jantámos num restaurante agradável junto aos Clérigos e descemos por escadinhas e vielas menos movimentadas até à Ribeira.
As meninas vinham todas de salto alto, o que até acabou por ser divertido (pra mim). Quem já correu a Cidade do Porto no S. João sabe o que eu quero dizer...
Já tive uma festinha dessas com emigrantes "na casa dos Portugueses" em Amsterdão. E comi "pastéis de Belém" na África do Sul. Conversei com portugueses nas obras, em Paris, com uma madeirense no aeroporto de Bruxelas, com "gente do norte", carago, em Geneva, junto ao lago.
Vamos à aventura, ou "vamos à vida", mas vamos, nós os Portugueses.
Vamos à aventura, ou "vamos à vida", mas vamos, nós os Portugueses.
Ora aqui está uma bela história, capaz de nos reconciliar um pouco com a vida. Que haja um emblema leonino pelo meio, é mais um motivo para me alegrar !
eh, pá, gostei foi do símbolo da Peugeot!
e das chocas das jornaleiras!!!
que nojo, o que um par de estalos podia fazer por essa gente...
e das chocas das jornaleiras!!!
que nojo, o que um par de estalos podia fazer por essa gente...
Nunca gostei tanto dum post teu como este RPS
Lindo! Comovente!
Ah Portuenses dum carago! então se quiseram São João teve ser num Sporting!
:)
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Lindo! Comovente!
Ah Portuenses dum carago! então se quiseram São João teve ser num Sporting!
:)
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