29.6.07
Classificados (RPS)
PRECISA-SE
Empregada doméstica. Uma tarde por semana.
Só limpar e arrumar. Dispensada de cozinhar e de tratar de roupa.
Preciso mesmo.
Falta-me vocação, talento, vontade.
E disciplina para, pelo menos, ir mantendo "a coisa".
E o volume da música pode mesmo incomodar os vizinhos.
E perco imenso tempo com solos de swiffer ou de esfregona.
Embora para isso revele algum talento.
Empregada doméstica. Uma tarde por semana.
Só limpar e arrumar. Dispensada de cozinhar e de tratar de roupa.
Preciso mesmo.
Falta-me vocação, talento, vontade.
E disciplina para, pelo menos, ir mantendo "a coisa".
E o volume da música pode mesmo incomodar os vizinhos.
E perco imenso tempo com solos de swiffer ou de esfregona.
Embora para isso revele algum talento.
28.6.07
O São João de Hamburgo (RPS)
A descida à galeria, a não sei quantas centenas de metros de profundidade, era reservada apenas a um grupo restrito que acompanhava o Presidente Sampaio e aos repórteres de imagem. Assim, o grosso das pessoas ficou à conversa, encostado a umas vigas de betão, naquele estaleiro de construção de um túnel sob o Rio Elba, em Hamburgo.
- Bom dia! - diz, a dada altura, um operário que passa por ali, de fato-macaco. Ao quarto ou quinto dia, já ninguém se surpreendia. Surpresa tinha sido, logo no primeiro dia, em Berlim, junto à porta de Brandenburgo, quando dois operários pararam os trabalhos que executavam num passeio para se nos dirigirem com o ar mais feliz deste mundo. Eram portugueses, tal como o Zé que acabáramos de conhecer.
O Zé é de uma aldeia de Guimarães e, se conseguiu cumprir os planos que nos revelou naqueles idos de 97 ou 98, deve residir agora na cidade-berço, porque a filha estava quase a ir para a primeira classe e ele não queria que ela se germanizasse (é uma merda isto de perder contactos telefónicos).
No grupo que eu integrava, havia um contingente de tripeiros de inusitada dimensão para estas ocasiões e, como estávamos a 23 de Junho, já se falara do São João.
A conversa corria bem disposta e, brincando, perguntei ao Zé: como é o São João em Hamburgo? Há sardinhas? Onde se pode comprar martelinhos e alhos-porros?...
Falou-se do São João, falou-se de tudo um pouco, mas lá tivemos de nos despedir, com votos mútuos de felicidades.
- Vamos todos para o hotel e depois decidimos onde se janta e o que fazemos. Era a palavra de ordem, ao final da tarde, terminada a recepção dada pelo Presidente Sampaio à comunidade portuguesa em Hamburgo. Quando ia a sair por entre a multidão, ouço chamar pelo meu nome, ao mesmo tempo que me batíam nas costas. Não conhecia o gajo de lado nenhum!
- Ond'ides jantar?, pergunta ele.
Afinal, conhecia o gajo! Era o Zé, mas tinha substítuido o fato-macaco pelo fato do casamento.
O Zé oferecia-se para nos levar a jantar "a um sítio porreiro" e, à hora marcada, lá estava ele à porta do Íbis de Hamburgo, no seu Opel Vectra. Erámos seguramente mais de vinte, umas vinte-e-poucas-pessoas, e o Vectra do Zé, comigo à direita e mais três atrás, acabou por liderar uma coluna de quatro ou cinco táxis.
- Onde nos levas, Zé?, perguntei, algo preocupado com meia duzia de enjoadinhas lisboetas que nos acompanhavam e que tinham levantado reticências.
- Já vais ver, pá..., respondeu ele com ar divertido... Estávamos íntimos.
Ao fim de 20-30 minutos de viagem (mesmo os do Vectra dividiram as contas dos táxis) estávamos às portas da sede do Sporting Clube de Hamburgo, num qualquer arrabalde-dormitório da cidade.
A sede encheu-se de portugueses e luso-descentes, curisosos e com vontade de conversar. Foi um São João diferente, mas divertido e fraterno como é o São João. Não houve martelinhos nem alhos porros nem bailarico, mas houve sardinha assada, batata e pimentos. E febras na brasa, que a meia dúzia de enjoadinhas, algo incomodadas com o cheiro a sardinha, acabaram por petiscar. Mesmo elas reconheceram ter sido "giríssimo".
No plano gastronómico, o melhor, contudo, chegou no fim. Havia café!!! Café de máquina! Cimbalino! Café verdadeiro, algo de que toda a gente andava a ressacar há vários dias.
Até as enjoadinhas rejubilaram com palminhas e gritinhos!
- Bom dia! - diz, a dada altura, um operário que passa por ali, de fato-macaco. Ao quarto ou quinto dia, já ninguém se surpreendia. Surpresa tinha sido, logo no primeiro dia, em Berlim, junto à porta de Brandenburgo, quando dois operários pararam os trabalhos que executavam num passeio para se nos dirigirem com o ar mais feliz deste mundo. Eram portugueses, tal como o Zé que acabáramos de conhecer.
O Zé é de uma aldeia de Guimarães e, se conseguiu cumprir os planos que nos revelou naqueles idos de 97 ou 98, deve residir agora na cidade-berço, porque a filha estava quase a ir para a primeira classe e ele não queria que ela se germanizasse (é uma merda isto de perder contactos telefónicos).
No grupo que eu integrava, havia um contingente de tripeiros de inusitada dimensão para estas ocasiões e, como estávamos a 23 de Junho, já se falara do São João.
A conversa corria bem disposta e, brincando, perguntei ao Zé: como é o São João em Hamburgo? Há sardinhas? Onde se pode comprar martelinhos e alhos-porros?...
Falou-se do São João, falou-se de tudo um pouco, mas lá tivemos de nos despedir, com votos mútuos de felicidades.
- Vamos todos para o hotel e depois decidimos onde se janta e o que fazemos. Era a palavra de ordem, ao final da tarde, terminada a recepção dada pelo Presidente Sampaio à comunidade portuguesa em Hamburgo. Quando ia a sair por entre a multidão, ouço chamar pelo meu nome, ao mesmo tempo que me batíam nas costas. Não conhecia o gajo de lado nenhum!
- Ond'ides jantar?, pergunta ele.
Afinal, conhecia o gajo! Era o Zé, mas tinha substítuido o fato-macaco pelo fato do casamento.
O Zé oferecia-se para nos levar a jantar "a um sítio porreiro" e, à hora marcada, lá estava ele à porta do Íbis de Hamburgo, no seu Opel Vectra. Erámos seguramente mais de vinte, umas vinte-e-poucas-pessoas, e o Vectra do Zé, comigo à direita e mais três atrás, acabou por liderar uma coluna de quatro ou cinco táxis.
- Onde nos levas, Zé?, perguntei, algo preocupado com meia duzia de enjoadinhas lisboetas que nos acompanhavam e que tinham levantado reticências.
- Já vais ver, pá..., respondeu ele com ar divertido... Estávamos íntimos.
Ao fim de 20-30 minutos de viagem (mesmo os do Vectra dividiram as contas dos táxis) estávamos às portas da sede do Sporting Clube de Hamburgo, num qualquer arrabalde-dormitório da cidade.
A sede encheu-se de portugueses e luso-descentes, curisosos e com vontade de conversar. Foi um São João diferente, mas divertido e fraterno como é o São João. Não houve martelinhos nem alhos porros nem bailarico, mas houve sardinha assada, batata e pimentos. E febras na brasa, que a meia dúzia de enjoadinhas, algo incomodadas com o cheiro a sardinha, acabaram por petiscar. Mesmo elas reconheceram ter sido "giríssimo".
No plano gastronómico, o melhor, contudo, chegou no fim. Havia café!!! Café de máquina! Cimbalino! Café verdadeiro, algo de que toda a gente andava a ressacar há vários dias.
Até as enjoadinhas rejubilaram com palminhas e gritinhos!
E viva o Sporting Clube de Hamburgo!
27.6.07
Dúvida tauromáquica (RPS)
Se é do instinto do touro bravo lutar, se é da sua natureza investir e voltar a investir contra quem lhe espeta farpas no lombo, não fazendo, assim, sentido em falar em “sofrimento” do animal, porque razão, nas touradas, não deixam as portas dos curros abertas?
25.6.07
Ressaca (RPS)
A ressaca prolonga-se.
Já não suporto as notícias "do mercado".
E ainda teremos que levar com as não-notícias dos estágios de pré-temporada e com aqueles jogos de treta contra equipas amadoras da quarta divisão holandesa com reultados de 8-0.
Nunca mais chega Agosto...
Já não suporto as notícias "do mercado".
E ainda teremos que levar com as não-notícias dos estágios de pré-temporada e com aqueles jogos de treta contra equipas amadoras da quarta divisão holandesa com reultados de 8-0.
Nunca mais chega Agosto...
24.6.07
São João (RPS)
Há uma década - seguramente há mais de uma década - que não mergulhava no São João da rua. Ficava-me por jantares privados e um ou outro ano houve em que passei à margem da festa. Por duas vezes, neste lapso de tempo, espreitei os festejos em Nevogilde e não gostei. Aí, não gosto.
Há umas semanas, atacado por uma qualquer onda revivalista (coisas da idade, certamente), decidi que voltaria à rua e lá fui, para a Ribeira e Miragaia.
Não é fácil. Um tipo tem de partir decidido a levar com uma verdadeira "estafa". Mas gostei de voltar. Desde logo porque está quase tudo na mesma, o que é extraordinariamente reconfortante. Como diz Arlindo do Rêgo, há convenções felizes. Aplica-se ao São João e a todos os ditos "santos populares". Não se aplica, por exemplo, ao reveillon e aos odiosos festejos carnavalescos.
Para lá do que é ritual e convencional no São João do Porto, subsistem e predominam marcas de alguma "pureza", de alegria genuína, de fraternidade. A atmosfera é única.
Tal como acontecia há uns anos, também deparei ontem com turistas estrangeiros, bem para lá da meia idade, com ar basbaque, a entrarem na festa.
Basbaque fico sempre eu a olhar fogo de artifício. Padeço desse primarismo: qualquer pobre foguetório me fascina, pelo que não sei que possa dizer do espectáculo de ontem.
Para o ano tenho de rever o São João das Fontaínhas. O São João não vale a pena em Nevogilde nem na Boavista. Não conhendo, estou certo de que menos ainda vale em Vila do Conde e em Braga. O São João que vale a pena faz-se com gente de todo o género, vinda de todo o lado, mas no Porto profundo: na Ribeira, dos Guindais a Miragaia, e nas Fontaínhas.
O único problema do São João da Ribeira é a falta de condições para proceder à eliminação de líquidos, algo essencial quando se ingere cervejola. Com tanta gente, não há recanto disponível para um tipo se aliviar e os estabelecimentos comerciais precavêm-se, vedando o acesso aos sanitários. Nem um comerciante meu conhecido (grande cabrão!) condescendeu ao meu apelo lancinante.
A minha gratidão, por isso, ao Clube Desportivo e Cultural dos Guindais.
Há umas semanas, atacado por uma qualquer onda revivalista (coisas da idade, certamente), decidi que voltaria à rua e lá fui, para a Ribeira e Miragaia.
Não é fácil. Um tipo tem de partir decidido a levar com uma verdadeira "estafa". Mas gostei de voltar. Desde logo porque está quase tudo na mesma, o que é extraordinariamente reconfortante. Como diz Arlindo do Rêgo, há convenções felizes. Aplica-se ao São João e a todos os ditos "santos populares". Não se aplica, por exemplo, ao reveillon e aos odiosos festejos carnavalescos.
Para lá do que é ritual e convencional no São João do Porto, subsistem e predominam marcas de alguma "pureza", de alegria genuína, de fraternidade. A atmosfera é única.
Tal como acontecia há uns anos, também deparei ontem com turistas estrangeiros, bem para lá da meia idade, com ar basbaque, a entrarem na festa.
Basbaque fico sempre eu a olhar fogo de artifício. Padeço desse primarismo: qualquer pobre foguetório me fascina, pelo que não sei que possa dizer do espectáculo de ontem.
Para o ano tenho de rever o São João das Fontaínhas. O São João não vale a pena em Nevogilde nem na Boavista. Não conhendo, estou certo de que menos ainda vale em Vila do Conde e em Braga. O São João que vale a pena faz-se com gente de todo o género, vinda de todo o lado, mas no Porto profundo: na Ribeira, dos Guindais a Miragaia, e nas Fontaínhas.
O único problema do São João da Ribeira é a falta de condições para proceder à eliminação de líquidos, algo essencial quando se ingere cervejola. Com tanta gente, não há recanto disponível para um tipo se aliviar e os estabelecimentos comerciais precavêm-se, vedando o acesso aos sanitários. Nem um comerciante meu conhecido (grande cabrão!) condescendeu ao meu apelo lancinante.
A minha gratidão, por isso, ao Clube Desportivo e Cultural dos Guindais.
23.6.07
Análise política (RPS)
Cansado dos analistas do regime - Vitorino, Marcelo, Tavares... - vale-me a análise política (quase) diária de Arlindo do Rêgo, via sms.
Sócrates - sabe o que diz, mas não diz o que sabe.
Correia de Campos - diz o que sabe, mas não sabe o que diz.
Mário Lino/Manuel Pinho - não sabem o que dizem nem sabem o que fazem.
Sócrates - sabe o que diz, mas não diz o que sabe.
Correia de Campos - diz o que sabe, mas não sabe o que diz.
Mário Lino/Manuel Pinho - não sabem o que dizem nem sabem o que fazem.
22.6.07
Fim de ciclo (RPS)
Pela primeira vez, Portugal não passou dos quartos-de-final num Mundial.
Ouvi alguém dizer que era o fim simbólico do salazarismo.
Acho um exagero, mas que cheira a fim de ciclo, lá isso cheira.
Do escandaloso (RPS)
Atendendo à ordem lógica das coisas, não se entende o que leva a que este indivíduo mantenha o emprego.
É escandaloso, mas imperam outras lógicas. Como a lógica do senhor Scolari que, face às críticas que se vão ouvir, fará finca-pé em manter o protegido. E, como se sabe, é o senhor Scolari que manda nesta merda toda.
Entretanto, o indívíduo seguirá agora para o Mundial de sub-20. Será responsável por novo fracasso, mas continuará a abichar o seu. Deduzindo, provavelmente, a percentagem que vai para a conta do senhor Scolari.
20.6.07
Um post em que se diz mal de tripeiros (RPS)
Andei muito por lá, aquando do boom, nos inícios da década de 80. Nos últimos anos, desde o início deste século, tenho ido com frequência. No interregno, nunca deixei completamente de lá ir, de noite ou de dia. Não que seja um particular fã da zona. Tem defeitos inúmeros, problemas, fontes de irritação e só de longe, vista de Gaia, lhe vejo alguma da beleza que alguns lhe cantam.
Mas quem é do Porto e gosta de o ser não pode cortar completamente com a Ribeira.
Já sei que no sábado vai estar a abarrotar de gente. Entre ela, muitos tripeiros que só lá vão na noite de 23 para 24 de Junho incomodar aqueles que vão cuidando da Ribeira todo o ano, toda a vida, apesar de, frequentemente, depararem com ela vazia, abandonada.
Há gente que não merece o que tem.
19.6.07
Falando do tempo... (RPS)
Sábado, gostei. Domingo e segunda, não incomodou.
Hoje de manhã, já me irritou seriamente.
Fiquei, de súbito, algo saturado deste inverno sem frio. Se chove, então que faça frio!
Sai um gajo de casa, às 7 da manhã, de pólo e com um chapéu na cabeça!
Falar do tempo continua a ser o recurso mais utilizado quando nada temos para dizer. Ou até tínhamos, mas não estamos para aí virados.
16.6.07
Rain... (RPS)
14.6.07
Ota, ameijoas e mulheres (RPS)
Mal se conheceu a decisão, uma manhã destas, Arlindo do Rêgo enviou-me, via sms, a sua análise:
Pausa de seis meses na Ota. Balão para Costa subir e estabilizador anti-turbulência para a presidência europeia de Sócrates. A arte de explorar a retirada provisória.
Desenvolve, no dia seguinte, a sua tese, frente a mim, à mesa, enquanto aviamos as desejadas ameijoas à Bulhão Pato. O empregado pergunta se é das brancas, do Algarve, ou da mais escura. Interrogamo-nos mutuamente, com o olhar, encolhemos os ombros em simultâneto e, com sentido prático, ela manda vir uma de cada.
Acabamos por verificar que ele prefere a branca, a do Algarve, eu a mais escura. Do norte, segundo o empregado. Só no fim, ao ver a conta, notamos que umas custam o triplo das outras. As dele, claro, porque a Natureza fez de Arlindo um homem de gostos caros. Não tivesse ele Ebnezer Scrooge como modelo – “meu ídolo e meu irmão” - estaria mesmo desgraçado.
Encontro-o lúcido, como sempre, mas estafadote, como ele costuma dizer. Ferrou-se-lhe uma constipação, visível no ar congestionado e expressa na libertação de miasmas. Sossega, contudo, à medida que a refeição o (nos) conforta. Queixa-se do excesso de trabalho e das preocupações com o trabalho. Noto-o angustiado face à perda iminente do seu braço-direito.
Enquanto aguardamos pelas lulas grelhadas, a conversa desemboca na temática feminina. Desta vez, não propriamente num registo primário e brejeiro, mas num menos frequente registo sério. Não falamos "de gajas", mas de relacionamentos. Arlindo entra num campo em se multiplicam as minhas incertezas. Um campo em que não consigo formar opiniões definitivas.
Ele fala-me da impossibilidade de uma relação poder ser duradoura e boa (ou feliz). Diz que "a partilha permanente da intimidade estraga tudo" e argumenta: "por isso é que as amizades podem ser perenes".
Arlindo elogia, entretanto, a sageza de um amigo comum pelo facto de, ao longo da vida, de cada vez que se relacionava intimamente com uma mulher "pegar nos tarecos e meter-se em casa dela". Estava sempre em vantagem, sustentou ele, porque quando a coisa acabava "pegava nos tarecos e vinha-se embora nas calmas".
Aludo ao modelo "vida a dois em casas separadas". Não, diz ele, definitivo. Hesita, depois: "só se for no mesmo prédio e no mesmo patamar". Conclui: "o quarto não é importante, mas a casa é".
Levei-o a casa e agendamos para quinta-feira, em Espinho, "com a malta toda". É daqui a pouco. Vou embora.
Pausa de seis meses na Ota. Balão para Costa subir e estabilizador anti-turbulência para a presidência europeia de Sócrates. A arte de explorar a retirada provisória.
Desenvolve, no dia seguinte, a sua tese, frente a mim, à mesa, enquanto aviamos as desejadas ameijoas à Bulhão Pato. O empregado pergunta se é das brancas, do Algarve, ou da mais escura. Interrogamo-nos mutuamente, com o olhar, encolhemos os ombros em simultâneto e, com sentido prático, ela manda vir uma de cada.
Acabamos por verificar que ele prefere a branca, a do Algarve, eu a mais escura. Do norte, segundo o empregado. Só no fim, ao ver a conta, notamos que umas custam o triplo das outras. As dele, claro, porque a Natureza fez de Arlindo um homem de gostos caros. Não tivesse ele Ebnezer Scrooge como modelo – “meu ídolo e meu irmão” - estaria mesmo desgraçado.
Encontro-o lúcido, como sempre, mas estafadote, como ele costuma dizer. Ferrou-se-lhe uma constipação, visível no ar congestionado e expressa na libertação de miasmas. Sossega, contudo, à medida que a refeição o (nos) conforta. Queixa-se do excesso de trabalho e das preocupações com o trabalho. Noto-o angustiado face à perda iminente do seu braço-direito.
Enquanto aguardamos pelas lulas grelhadas, a conversa desemboca na temática feminina. Desta vez, não propriamente num registo primário e brejeiro, mas num menos frequente registo sério. Não falamos "de gajas", mas de relacionamentos. Arlindo entra num campo em se multiplicam as minhas incertezas. Um campo em que não consigo formar opiniões definitivas.
Ele fala-me da impossibilidade de uma relação poder ser duradoura e boa (ou feliz). Diz que "a partilha permanente da intimidade estraga tudo" e argumenta: "por isso é que as amizades podem ser perenes".
Arlindo elogia, entretanto, a sageza de um amigo comum pelo facto de, ao longo da vida, de cada vez que se relacionava intimamente com uma mulher "pegar nos tarecos e meter-se em casa dela". Estava sempre em vantagem, sustentou ele, porque quando a coisa acabava "pegava nos tarecos e vinha-se embora nas calmas".
Aludo ao modelo "vida a dois em casas separadas". Não, diz ele, definitivo. Hesita, depois: "só se for no mesmo prédio e no mesmo patamar". Conclui: "o quarto não é importante, mas a casa é".
Levei-o a casa e agendamos para quinta-feira, em Espinho, "com a malta toda". É daqui a pouco. Vou embora.
13.6.07
Obrigado! (RPS)
Investigue-se! (RPS)
Parece que Alfama fez o tri, nas Marchas de Lisboa. Cheira a esturro, isto de alguém fazer o tri. Deviam nomear um Procurador para investigar. Para mais, em 18º e último lugar ficou a marcha de Benfica.
12.6.07
Natália (RPS)
Há dias, acidentalmente, num zapping, deparei com ela numa qualquer novela da SIC.
Passaram 30 anos desde "Gabriela" e ela está praticamente igual! Bonita, claro, como sempre. De feio só tem mesmo o nome.
Passaram 30 anos desde "Gabriela" e ela está praticamente igual! Bonita, claro, como sempre. De feio só tem mesmo o nome.
Não há pachorra (RPS)
Estava mesmo para fazer um post dando conta de quanto acho odiosas as Marchas de Santo António, com tudo aquilo que representam e significam.
Não estou, contudo, para ler comentários, vindos de pessoas, de norte a sul, para quem qualquer crítica de um tipo do Porto sobre o que quer que seja que tenha um mínimo de relação com Lisboa é sinal de bairrismo serôdio, tacanhez, provincianismo, complexo, pretensões independentistas, ambições de secessão, paranóia, esquizofrenia e similares.
Não há pachorra.
Não estou, contudo, para ler comentários, vindos de pessoas, de norte a sul, para quem qualquer crítica de um tipo do Porto sobre o que quer que seja que tenha um mínimo de relação com Lisboa é sinal de bairrismo serôdio, tacanhez, provincianismo, complexo, pretensões independentistas, ambições de secessão, paranóia, esquizofrenia e similares.
Não há pachorra.
11.6.07
Os vidrinhos de cheiro (RPS)
Os britânicos são circunspectos, os italianos desorganizados, os andaluzes festivos, os minhotos hospitaleiros, os americanos incultos, os brasileiros preguiçosos, os alemães diligentes.
Todos dizemos, pensamos, lemos e ouvimos expressões deste tipo. São ideias enraízadas que traduzem (ou pretendem traduzir) idiossincrasias, algo que pode ser definido como "uma disposição do temperamento de um indivíduo para agir, pensar e sentir de um modo que traduz a influência de diversos agentes que o rodeiam".
Por outro lado, embirramos, por vezes, com qualquer coisa e tomámos isso como algo idiossincrático ao agente da nossa irritação, criticando, logo, todos quantos, de algum modo, se lhe assemelham. Por exemplo: um tipo vai uma vez a Castelo Branco e é mal servido no restaurante, afirmando, depois, que em Castelo Branco se come mal. Ou, então, somos mal recebidos no hospital ou numa loja de Torres Vedras, onde passamos acidentalmente, e, depois, dizemos que os gajos da Região Oeste são todos uns filhos da puta.
Ao fazermos uma afirmação deste tipo, sabemos que as pessoas, por terem um traço comum, não são todas iguais, mas não é necessário estar sempre a ressalvar isso. Por isso, também todos dizemos mal de grupos que têm algo comum. Por exemplo, os homens dizem mal "das mulheres" e as mulheres dizem mal "dos homens", com cada um dos sexos a ver o outro como uma massa única. E dizemos mal de grupos profissionais - dos advogados, ou dos funcionários públicos, ou dos jornalistas, ou dos professores - tomando, mais justa ou injustamente, a parte pelo todo, conforme as nossas embirrações ou (boas) razões.
Justa ou injustamente, por mera embirração ou com algum fundamento, já disse neste blogue, assim que me lembre de repente, mal dos transmontanos, dos algarvios, dos franceses, das mulheres, dos psicólogos/as, de autarcas, de amantes de cães e gatos e dos portugueses em geral (grupo que integro). Disse mal de muitas mais coisas - pessoas, entidades e grupos - porque um blogue serve, essencialmente, para um gajo dizer mal.
Em todas essas ocasiões, recebi comments concordantes e discordantes, como é normal. E, mesmo entre os discordantes, ninguém se mostrou ofendido nem ninguém, mesmo discordando de mim, me atribuiu motivações terríveis, complexos, paranóias, distúrbios mentais, taras e manias.
Assim foi até há pouco, até ao texto que postei no passado dia 3, em que critiquei a utilização de quatro expressões tipicamente lisboetas, embora nunca tenha usado os termos "lisboeta" ou "lisboa".
Esse post foi premiado, nos comments, com tiradas como "defenda a capital no Porto"; "cada vez tenho menos pachorra para bairrismos"; "eu acho que não sou moura"; "sou moura e vivo bem com isso"; "essa paranoia norte-sul é apenas vivida por vocês"; "post infeliz". Houve, até, um tolinho a dizer "pegam-se com Lisboa por coisas destas e depois lerpamos nas coisas importantes" e outro que foi a correr para o blogue dele fazer um post-resposta.
Descobri, assim, duas coisas:
- há gajos (poucos, claro) no Porto muito cosmopolitas, com larga visão, para quem uma crítica que envolva Lisboa ou lisboetas é logo sinal, no mínimo, de provincianismo.
- os lisboetas são todos uns vidrinhos de cheiro.
Todos dizemos, pensamos, lemos e ouvimos expressões deste tipo. São ideias enraízadas que traduzem (ou pretendem traduzir) idiossincrasias, algo que pode ser definido como "uma disposição do temperamento de um indivíduo para agir, pensar e sentir de um modo que traduz a influência de diversos agentes que o rodeiam".
Por outro lado, embirramos, por vezes, com qualquer coisa e tomámos isso como algo idiossincrático ao agente da nossa irritação, criticando, logo, todos quantos, de algum modo, se lhe assemelham. Por exemplo: um tipo vai uma vez a Castelo Branco e é mal servido no restaurante, afirmando, depois, que em Castelo Branco se come mal. Ou, então, somos mal recebidos no hospital ou numa loja de Torres Vedras, onde passamos acidentalmente, e, depois, dizemos que os gajos da Região Oeste são todos uns filhos da puta.
Ao fazermos uma afirmação deste tipo, sabemos que as pessoas, por terem um traço comum, não são todas iguais, mas não é necessário estar sempre a ressalvar isso. Por isso, também todos dizemos mal de grupos que têm algo comum. Por exemplo, os homens dizem mal "das mulheres" e as mulheres dizem mal "dos homens", com cada um dos sexos a ver o outro como uma massa única. E dizemos mal de grupos profissionais - dos advogados, ou dos funcionários públicos, ou dos jornalistas, ou dos professores - tomando, mais justa ou injustamente, a parte pelo todo, conforme as nossas embirrações ou (boas) razões.
Justa ou injustamente, por mera embirração ou com algum fundamento, já disse neste blogue, assim que me lembre de repente, mal dos transmontanos, dos algarvios, dos franceses, das mulheres, dos psicólogos/as, de autarcas, de amantes de cães e gatos e dos portugueses em geral (grupo que integro). Disse mal de muitas mais coisas - pessoas, entidades e grupos - porque um blogue serve, essencialmente, para um gajo dizer mal.
Em todas essas ocasiões, recebi comments concordantes e discordantes, como é normal. E, mesmo entre os discordantes, ninguém se mostrou ofendido nem ninguém, mesmo discordando de mim, me atribuiu motivações terríveis, complexos, paranóias, distúrbios mentais, taras e manias.
Assim foi até há pouco, até ao texto que postei no passado dia 3, em que critiquei a utilização de quatro expressões tipicamente lisboetas, embora nunca tenha usado os termos "lisboeta" ou "lisboa".
Esse post foi premiado, nos comments, com tiradas como "defenda a capital no Porto"; "cada vez tenho menos pachorra para bairrismos"; "eu acho que não sou moura"; "sou moura e vivo bem com isso"; "essa paranoia norte-sul é apenas vivida por vocês"; "post infeliz". Houve, até, um tolinho a dizer "pegam-se com Lisboa por coisas destas e depois lerpamos nas coisas importantes" e outro que foi a correr para o blogue dele fazer um post-resposta.
Descobri, assim, duas coisas:
- há gajos (poucos, claro) no Porto muito cosmopolitas, com larga visão, para quem uma crítica que envolva Lisboa ou lisboetas é logo sinal, no mínimo, de provincianismo.
- os lisboetas são todos uns vidrinhos de cheiro.
8.6.07
Milésimo post
Há por aí uma nova chaga social.
Um sentimento que reduz este país ao pior do que foi e que porventura ainda é.
Há medo em Portugal.
Há receio do patrão, do Governo, dos poderes fácticos. Da família,até. Há medo do futuro, medo de arriscar, errar.
Acomodámo-nos, por outro lado, aos desportos de café, a paródia, trocando as mordeduras pelo mordaz.
Nalguns, isso degenera nesse clima pidesco da bufaria, que leva ao altar os delatores.
Noutros, acende a veia e a verve, em cantinhos de crítica tão velhos como o Restelo no tempo em que desdenhava Belém.
A blogosfera não poderia deixar de ser isto em Portugal.
Umbigo e bebedeira grupal. Ideias esparsas e fulgurantes, gozos.
E um ócio viciante.
O FF foi concebido para ser um espaço plural e de liberdade.
Olhando para as dez centenas de faladuras aqui postadas, acho que não somos menos que o normal na blogosfera amadora portuguesa.
Se esse é o nosso fado, ele foi bem cantado neste ecrã.
Mas sei mais - a despeito de uma polifonia menos conseguida, ao menos a liberdade, ao contrário do que vejo por aí, está bem garantida por aqui.
Um sentimento que reduz este país ao pior do que foi e que porventura ainda é.
Há medo em Portugal.
Há receio do patrão, do Governo, dos poderes fácticos. Da família,até. Há medo do futuro, medo de arriscar, errar.
Acomodámo-nos, por outro lado, aos desportos de café, a paródia, trocando as mordeduras pelo mordaz.
Nalguns, isso degenera nesse clima pidesco da bufaria, que leva ao altar os delatores.
Noutros, acende a veia e a verve, em cantinhos de crítica tão velhos como o Restelo no tempo em que desdenhava Belém.
A blogosfera não poderia deixar de ser isto em Portugal.
Umbigo e bebedeira grupal. Ideias esparsas e fulgurantes, gozos.
E um ócio viciante.
O FF foi concebido para ser um espaço plural e de liberdade.
Olhando para as dez centenas de faladuras aqui postadas, acho que não somos menos que o normal na blogosfera amadora portuguesa.
Se esse é o nosso fado, ele foi bem cantado neste ecrã.
Mas sei mais - a despeito de uma polifonia menos conseguida, ao menos a liberdade, ao contrário do que vejo por aí, está bem garantida por aqui.
6.6.07
Verão, segundo o lúcido Arlindo do Rêgo... (RPS)
Detesto o luso estio: moleza, fadiga, suor, quebra produtiva, vida adiada e a meio gás. Exaspera a espera, diluindo o que não deve.
4.6.07
Da generosidade da Natureza (RPS)
É elevadíssima a percentagem de ocasiões em que, entrando numa farmácia, sou atendido por... sou atendido por... sou atendido por... Que expressão deverei usar?...
Pronto: sou atendido por mulheres atraentes, bonitas, simpáticas, bem parecidas.
Tão elevada é a percentagem que não pode ser mero acaso, coincidência.
Porque raio foi a Natureza tão generosa com as farmacêuticas e as agentes técnicas de farmácia?...
3.6.07
Frases e expressões disparatadas que eles dizem e eu, obviamente, não... (RPS)
.
margem sul - os rios, que se saiba, têm margem esquerda e margem direita. Curiosamente, eles dizem margem sul, mas nunca dizem, por contraponto, margem norte porque naquelas cabeças está fixa a ideia de são o centro do Universo.
Estádio Nacional, no Jamor - a expressão visa passar a tese de que se trata de terreno neutro. Obviamente, trata-se do Estádio Nacional, em Oeiras.
23h00, hora de Lisboa - ... de Lisboa e de Idanha-a-Nova e de Vinhais também... Porque não dizem de Idanha-a-Nova ou de Vinhais?... Eu uso "23 horas, hora continental portuguesa".
auto-estrada do norte - as minhas auto-estradas do norte são a A3, a A4, a A28, etc... A deles é a A1, que, para mim, é uma auto-estrada do sul. Mas eles definem os pontos cardeais a partir do próprio umbigo e julgam ser o centro do Universo...
margem sul - os rios, que se saiba, têm margem esquerda e margem direita. Curiosamente, eles dizem margem sul, mas nunca dizem, por contraponto, margem norte porque naquelas cabeças está fixa a ideia de são o centro do Universo.
Estádio Nacional, no Jamor - a expressão visa passar a tese de que se trata de terreno neutro. Obviamente, trata-se do Estádio Nacional, em Oeiras.
23h00, hora de Lisboa - ... de Lisboa e de Idanha-a-Nova e de Vinhais também... Porque não dizem de Idanha-a-Nova ou de Vinhais?... Eu uso "23 horas, hora continental portuguesa".
auto-estrada do norte - as minhas auto-estradas do norte são a A3, a A4, a A28, etc... A deles é a A1, que, para mim, é uma auto-estrada do sul. Mas eles definem os pontos cardeais a partir do próprio umbigo e julgam ser o centro do Universo...
1.6.07
Dos Diários de Arlindo do Rêgo (RPS)
.
Esta vida não vale a ponta dum corno
O "Gordo" levanta-se pelas 6:30 no Verão (30 minutos depois, no Inverno).
Toilette e ingestão de sumo de laranja e gressinos integrais dura até às 7.30 - ao som da Antena 2, ouve tempo, notícias e as gordas da imprensa, intervaladas por música clássica.
Às 7:30 sai, apanhando autocarro e dois Metros (e vai ouvindo um mini-rádio e lendo).
Chega ao serviço pelas 8:40, paulatinamente
Cumprimenta o pessoal, vê agenda e a lista de tarefas que fixou como objectivo-extra, dois ou três blogs jurídicos, dois ou três jornais on-line.
A partir das 9:00 horas, vê mails, Diário da República, fiscaliza e orienta, vai cumprindo a lista de tarefas.
(…)
Almoça entre as 12:00 e as 13:00 - no Verão come frugalmente e raramente ingere álcool (excepto aos fins-de-semana).
Pelas 17.00/17.30, faz o check-list, confirma e despacha assuntos que não teve tempo, vê mais dois ou três jornais, responde a mails que o justifiquem, planeia o dia seguinte e a semana (traz sempre o tlm e caderno onde aponta tarefas a realizar e compromissos, pessoais e oficiais, a agendar e cumprir).
Após as 18:00/18:30, sai apanha dois Metros e um autocarro ou carro do pai (ouvindo o mini-rádio e lendo - mas, já estafadote).
Janta em sua casa ou dos pais, pelas 19:30/20:00.
Chegado a sua casa vê mais informação, lê, ouve música e manda sms.
Nem sempre dorme bem. Sofre de refluxos ácidos e acorda com faltas de respiração. Doem-lhe as costas e tem pesadelos.
Aos fins-de-semana usa os mesmos transportes e táxi, se tiver que trabalhar - come mais e bebe mais.
Já quase não se empifa - porque a saúde não permite.
Durante os ócios lê livros, jornais e revistas, ouve cds de poesia, música clássica e programas de informação, faz compra de roupa, vitualhas exóticas, vinhos, cigarrilhas e papelada para ler ou consultar.
Janta com os amigos duas ou três vezes por mês, massacra-os com msg (e apesar das horas em que os envia - não está etilizado, mas insone). É fiel a estes e à consorte.
Leva uma vida rotineira e programada - e não dá ponta sem nó.
Só se permite abandonos mais confessórios aos amigos, Zekez e Funes - nem sempre no mesmo registo e frequência.
É menos confessório com RPS, por ainda fazer alguma "cerimónia"... e por temer esticar a corda do seu (des)afecto...
Sente-se velho e padece de algumas maleitas que suspeita não serem grande petisco - mas tem mais medo de ir aos médicos do que de morrer.
Acha que já está mais ou menos despachado desta vida - e que já tanto (lhe) faz.
Vai enganado o desânimo com objectivos curtos, ilusórios...
A sua vida a partir de Junho/Julho vai levar uns apertões.
É de esperar ansiedade, mau-humor e provável depressão e doenças psicossomáticas...
Apeteceu-lhe escrever estas merdas enquanto espera RPS que com ele vai jantar à "Mariazinha" o marisco que tanto agrada a Zekez e Funes, esses grandes fdp gastronómicos...
Com primazia para o alentado Funes, claro... esse papa-canjas e caldos verdes... esse mama-groselhas e coca-colas...
Esta vida não vale a ponta dum corno
O "Gordo" levanta-se pelas 6:30 no Verão (30 minutos depois, no Inverno).
Toilette e ingestão de sumo de laranja e gressinos integrais dura até às 7.30 - ao som da Antena 2, ouve tempo, notícias e as gordas da imprensa, intervaladas por música clássica.
Às 7:30 sai, apanhando autocarro e dois Metros (e vai ouvindo um mini-rádio e lendo).
Chega ao serviço pelas 8:40, paulatinamente
Cumprimenta o pessoal, vê agenda e a lista de tarefas que fixou como objectivo-extra, dois ou três blogs jurídicos, dois ou três jornais on-line.
A partir das 9:00 horas, vê mails, Diário da República, fiscaliza e orienta, vai cumprindo a lista de tarefas.
(…)
Almoça entre as 12:00 e as 13:00 - no Verão come frugalmente e raramente ingere álcool (excepto aos fins-de-semana).
Pelas 17.00/17.30, faz o check-list, confirma e despacha assuntos que não teve tempo, vê mais dois ou três jornais, responde a mails que o justifiquem, planeia o dia seguinte e a semana (traz sempre o tlm e caderno onde aponta tarefas a realizar e compromissos, pessoais e oficiais, a agendar e cumprir).
Após as 18:00/18:30, sai apanha dois Metros e um autocarro ou carro do pai (ouvindo o mini-rádio e lendo - mas, já estafadote).
Janta em sua casa ou dos pais, pelas 19:30/20:00.
Chegado a sua casa vê mais informação, lê, ouve música e manda sms.
Nem sempre dorme bem. Sofre de refluxos ácidos e acorda com faltas de respiração. Doem-lhe as costas e tem pesadelos.
Aos fins-de-semana usa os mesmos transportes e táxi, se tiver que trabalhar - come mais e bebe mais.
Já quase não se empifa - porque a saúde não permite.
Durante os ócios lê livros, jornais e revistas, ouve cds de poesia, música clássica e programas de informação, faz compra de roupa, vitualhas exóticas, vinhos, cigarrilhas e papelada para ler ou consultar.
Janta com os amigos duas ou três vezes por mês, massacra-os com msg (e apesar das horas em que os envia - não está etilizado, mas insone). É fiel a estes e à consorte.
Leva uma vida rotineira e programada - e não dá ponta sem nó.
Só se permite abandonos mais confessórios aos amigos, Zekez e Funes - nem sempre no mesmo registo e frequência.
É menos confessório com RPS, por ainda fazer alguma "cerimónia"... e por temer esticar a corda do seu (des)afecto...
Sente-se velho e padece de algumas maleitas que suspeita não serem grande petisco - mas tem mais medo de ir aos médicos do que de morrer.
Acha que já está mais ou menos despachado desta vida - e que já tanto (lhe) faz.
Vai enganado o desânimo com objectivos curtos, ilusórios...
A sua vida a partir de Junho/Julho vai levar uns apertões.
É de esperar ansiedade, mau-humor e provável depressão e doenças psicossomáticas...
Apeteceu-lhe escrever estas merdas enquanto espera RPS que com ele vai jantar à "Mariazinha" o marisco que tanto agrada a Zekez e Funes, esses grandes fdp gastronómicos...
Com primazia para o alentado Funes, claro... esse papa-canjas e caldos verdes... esse mama-groselhas e coca-colas...