7.5.07

 

Inumerismo (RPS)

Uma das coisas que mais me irrita é a complacência que existe face ao inumerismo.
Já escrevi sobre o tema, aqui, faz tempo. Hoje, volto a pensar no assunto ao ler este post de Funes.

No Público de hoje é referido que determinados salários duplicaram e, mais adiante, alude-se uma subida de 200%. Obviamente que uma subida de 200% é para o triplo. Para o dobro seria de 100%.
A generalidade das pessoas, de todas as formações, cai nesse erro. É grave, mas mais grave é ninguém se importar. E ninguém se importa porque na nossa sociedade está instada uma cultura de complacência face à inumerismo.

Se um tipo não sabe a capital de um país, o nome de um rei, o século em que viveu um filósofo, o número de sinfonias compostas por um músico teme passar por ignorante. Se não sabe o básico da matemática, da geometria, da trignometria não tem mal nenhum.

Comments:
É pior, RPS. A generalidade dos licenciados em Direito orgulha-se da sua absoluta ignorância matemática.
Nunca percebi porquê.
 
Tenho conhecimento de casos inconfessáveis. É, entre outras não menos graves, uma praga nacional.
Curiosamente o sistema de ensino não só ignora como parece promover, de forma semi-consciente, esta deplorável maleita.
 
não, funes, não é orgulho. è vergonha. eles sentem-se diminuídos relativamente aos "cérebros" que gostam e sabem física ou matemática e usam o orgulho apenas uma carapaça para disfarçarem essa vergonha.

não,jg, o sistema de ensino não ignora nem promove. o sistema de ensino luta contra esta maleita que está instalada na sociedade. é uma luta desigual...
 
O curioso é que de par em par com este verdadeiro analfabetismo, é a avidez dos jornalistas por números. Uma notícia não é notícia sem números, mesmo que o jornalsta não tenha nenhuma noção do que lhe está a ser debitado
 
A matemática nunca foi uma disciplina devidamente valorizada na escola. Era muito mais fácil apelidar um bom aluno de "fraco nas contas" e deixá-lo seguir para outros ramos...
 
tem mal tem!!! olha este post de alerta para a situação!!!!
 
Pois gostava de referir que, "com estes que a terra há-de comer", já eu vi gente que percebe de matemática: percentagens, fracções, funções,...e, não escreve uma frase inteira sem gatinho, de sintaxe ou de ortografia.
A matémática é vítima!
E a língua portuguesa?
 
tdo dito por funes..........

jocas maradas
 
Falo, agora, como bacharel em Direito. E feliz da vida por não fazer parte dessa tal "generalidade". Mas advogados são mesmo useiros e vezeiros em dizer: "Fiz Direito justo porque não tinha matemática".

Mas o lance é que o teu post me fez morrer de rir, porque aqui temos uma discussão há décadas: ninguém se entende quando se diz que "o trabalho realizado aos domingos, quando não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração do repouso".

Há construções e mais construções doutrinárias e jurisprudenciais. Uns falam em 200% + a remuneração normal do dia de repouso. Outros dizem que o pagamento é em dobro e não em triplo e blá-blá-blá...
Que dificuldade!

Por que não há matemátiica, nas salas de Direito?? Por quê?????
:o))
 
Cara Suzi,

O exemplo que nos dá é - não podia deixar de o ser - extraído do Direito do Trabalho.
Ora, o Direito do Trabalho não é Direito. O Direito é uma coisa séria; o chamado Direito do Trabalho, não.
A lei é forçosamente geral e abstracta, mas destina-se a ser aplicada ao caso concreto. Isto nem sempre é automático e, muito menso fácil. Há uma gigantesca e sempre inacabada tarefa de interpretação da norma e de subsunção dos factos às suas previsões. Nem sempre, por outro lado, o legislador se expressa nas melhores condições. Tudo isto é fatal.
Mas não é nada disso que se passa no Direito do Trabalho. É facílimo o legislador exprimir-se adequadamente e definir se o trabalho ao Domingo é pago a dobrar ou a triplicar.
O problema no Direito do Trabalho é de outra natureza. O problema é que a legislação laboral resulta do consenso entre sindicatos e associações patronais, mediadas pelo Governo. E para os governos tudo o que importa é proclamar que conseguiu grandes vitórias a favor da paz social. Para isso faz leis propositadamente equívocas, que permitam aos patrões dizer que o salário é a dobrar e aos sindicatos que é a triplicar.
Eles não erram por inevitável e fatal impossibilidade de previsão de todas as situações possíveis da vida, ou por um infeliz lapso de expressão. Eles erram de propósito, para permitir interpretações da lei que digam qualquer coisa e o seu contrário.
O Direito do Trabalho não é uma coisa séria.
 
De acordo. Eu, que só tive matemática até ao nono e tenho por hábito achar que sou básica a esse nível, até me arrepio toda quando vejo coisas destas. Como isto vai...
 
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