27.5.07

 

Da mística e do odioso (RPS)

Há largos anos, uma amiga minha embirrava com o meu gosto por futebol e estava sempre a criticar tudo o que se relacionasse com ele. Eu contra-argumentava sempre. Ela fazia gala de não entender nada do jogo e da(s) sua(s) envolvência(s) e até se fazia mais ignorante do que, de facto, era. Numa ocasião, fez-me uma pergunta a que não soube responder: já entendi que o esférico é um jogador que joga em todos os jogos, mas quem é ou o que é a mística?

De facto, os dicionários dizem que mística vem do latim mysticu e do grego mystikós, relativo a mistério, e definem o termo mística como o "estudo das coisas divinas ou espirituais" e também por "vida contemplativa".
Dizer que todos os jogos são difíceis ou que são onze contra onze e a bola é redonda são lugares comuns, mas traduzem, no entanto, uma verdade, por óbvia que seja, são frases compreensíveis e traduzíveis por outras. Já o uso do termo mística em frases como o Benfica dos anos 60 tinha uma mística especial ou o Porto é o clube com mais (maior?...) mística é um lugar comum do futebol, mas sem qualquer sentido. Nem como metafóra.

A expressão é, contudo, usada até à exaustão e, em particular, quando se fala da final da Taça de Portugal. Ainda ontem ouvi, numa rádio credível, um jogador do passado afirmar que a final no Estádio Nacional tem uma mística especial...
Aliás, impera o dislate, a frase feita, oca e sem sentido quando se fala da final Taça de Portugal: um jogo diferente, um jogo único, a festa do futebol, a grande festa do futebol, o ponto mais alto de qualquer carreira, o jogo mais bonito do futebol português...

Curiosa e surpreendentemente, hoje, pegando, no café, num exemplar perdido de A Bola, leio, num artigo assinado pelo inefável Seara, pateta encartado em assuntos futebolísticos, algo com sentido, com pés e cabeça sobre a final da Taça de Portugal:
A final da Taça (...) é o supremo momento de cada Federação de Futebol e, ainda, o espaço em que se juntam o poder do futebol e o poder político. (...) Em Portugal é, em regra, o Presidente da República que honra o Estádio Nacional com a sua presença. A final da Taça é, assim, um dos momentos simbólicos do poder do futebol (...) qualquer que seja o sistema ou, até, o regime político (...).

Obrigado, inefável Seara, por explicares as razões que fazem da final da Taça algo de tão profundamente odioso.

Comments:
Filosofias de futebol :)
 
Concurso no "Próxima Estação"... Vai lá e espreita (as tuas hipóteses são boas!) ;)

Beijinhos
 
Reflexões pertinentes, devidas à ausência do FCP da final.
Gostava agora de conhecer o teu pensamento sobre a prestigiadíssima super-taça, em que o FCP é o clube com mais vitórias.
 
a ausência do FCP da taça de portugal fez com que de repente os clubes que participam na taça questionassem a capacidade, segurança, etc, do estádio nacional de oeiras quando existem em portugal uns 10 estádios novos.

mas quando eram os dirigentes do FCP a falarem disso é porque são os idiotas do costume do norte.

se são os do sporting ou do Belenenses é porque são os iluminados do sul.

é a vida, como diria António Guterres...
 
Se o FCP estivesse na final do Jamor de ontem, até a "mística" faria todo o sentido. Too bad... :)
 
RPS,
És burro e frustrado!
Taxi Driver é que tem razão.
 
A final da Taça no Estádio Nacional é um ódios de estimação mais antigos de RPS. Quando as coisa correm bem, é um jogo verdadeiramente diferente: vai-se de manhã para o Jamor, comem-se bifanas e couratos, fazem-se piqueniques, famílias e amigos convivem e vai-se à bola. Se as coisas correm bem é magnífico; se correm mal, correm muito mal - já morreu um adepto perfurado por um very light, o João Pinto recebeu a Taça sob uma chuva de apupos e de outros objectos mais ou menos contundentes.
O ideal que está por detrás do Jamor - o ideal da final da Taça de Inglaterra, o mais belo jogo de futebol do Mundo, um campo neutro e diferente começa a não justificar as evidentes falhas de segurança, sobretudo quando agora há tantos estádios novos, sendo que um deles é neutro ( o do Algarve) e outro, perdoem-me a piada, é do visitante - o de Leiria.
Por isso ou o Estado Nacional se moderniza ( enão sei se vale pena torná-lo igual aos outros) ou qualquer dia a final da Taça muda...
 
viva o sporting :)
 
Oi, Rps,
o tema "futebol" sempre me atrai, você sabe.
E, pra mim, a palavra que melhor o simboliza é EMOÇÃO.

Grata pelas visitas, enquanto eu permanecia "dodói"...
Aos poucos, vou voltando.
Bj.
 
Que pena eu tenho do meu SPORTING CLUBE DE BRAGA ter ficado pela meia-final! Ainda que derrota de 98, frente ao fcp continue entalada na garganta, adorava voltar ao Jamor!
 
Além disso ainda vamos ter que pagar obras no Jamor só para manter a final da Taça em Lisboa..

Haja paciência!
 
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