31.3.07
O velho-gagá (RPS)
"O jovem mais velho de Portugal". Assim era designado, há uns anos, no Contra-Informação, o dirigente socialista António José Seguro. Pela imagem que dele tinha e por uns escassos contactos mantidos, parecia-me uma designação bem apropriada.
Confirmei a justeza do epíteto, aquando das Legislativas de 2002, nas quais, por razões profissionais, acompanhei a campanha do PS. Foram vários os contactos prévios mantidos antes das três semanas de convivência diária. Seguro revelou-se educado, simpático, disponível e cumpria o seu papel, sem aqueles truques e jogadas baixas muito típicos de dirigentes partidários, principalmente em campanha eleitoral. Mostrava-se, contudo, um velho - nas conversas, na atitude, nas opiniões. Era afável, mas um velho afável como os outros velhos afáveis. E levava-se a sério demais.
Lembro-me de um jantar de campanha, em Braga, numa noite fria. Estava presente Emídio Guerreiro, firme nos seus 102 ou 103 anos. Não se queixou do frio, comeu como um leão, conversou com toda a gente, riu-se, aturou os jornalistas que lhe faziam perguntas. Também conversei e, para além disso, observei longamente Emídio Guerreiro. Pareceu-me filho de Ferro Rodrigues e neto de Seguro.
Com ambições de ser líder do PS, Seguro teve que assitir, impotente, à ascensão do seu rival Sócrates e remeteu-se, então, a um low-profile. À espera de ver chegar a sua hora (que, mesmo que venha a chegar, vai tardar...), puserem-no a estudar propostas de reforma do Parlamento, para que matasse o tempo.
Leio nos jornais que uma das propostas é tornar o edifício da Assembleia da República "totalmente livre de fumo". Não só o plenário - que já o é - mas todo o edifício, impedindo qualquer deputado, jornalista, funcionário, cidadão visitante ou outrém de, por exemplo, fumar um cigarro enquanto caga nas casas de banho de São Bento. Quando assim for, Seguro declarará, decerto, o seu orgulho pelas medidas reformadoras que lançou.
Nasceu velho, foi sempre velho e virou, definitivamente, velho-gagá.
Confirmei a justeza do epíteto, aquando das Legislativas de 2002, nas quais, por razões profissionais, acompanhei a campanha do PS. Foram vários os contactos prévios mantidos antes das três semanas de convivência diária. Seguro revelou-se educado, simpático, disponível e cumpria o seu papel, sem aqueles truques e jogadas baixas muito típicos de dirigentes partidários, principalmente em campanha eleitoral. Mostrava-se, contudo, um velho - nas conversas, na atitude, nas opiniões. Era afável, mas um velho afável como os outros velhos afáveis. E levava-se a sério demais.
Lembro-me de um jantar de campanha, em Braga, numa noite fria. Estava presente Emídio Guerreiro, firme nos seus 102 ou 103 anos. Não se queixou do frio, comeu como um leão, conversou com toda a gente, riu-se, aturou os jornalistas que lhe faziam perguntas. Também conversei e, para além disso, observei longamente Emídio Guerreiro. Pareceu-me filho de Ferro Rodrigues e neto de Seguro.
Com ambições de ser líder do PS, Seguro teve que assitir, impotente, à ascensão do seu rival Sócrates e remeteu-se, então, a um low-profile. À espera de ver chegar a sua hora (que, mesmo que venha a chegar, vai tardar...), puserem-no a estudar propostas de reforma do Parlamento, para que matasse o tempo.
Leio nos jornais que uma das propostas é tornar o edifício da Assembleia da República "totalmente livre de fumo". Não só o plenário - que já o é - mas todo o edifício, impedindo qualquer deputado, jornalista, funcionário, cidadão visitante ou outrém de, por exemplo, fumar um cigarro enquanto caga nas casas de banho de São Bento. Quando assim for, Seguro declarará, decerto, o seu orgulho pelas medidas reformadoras que lançou.
Nasceu velho, foi sempre velho e virou, definitivamente, velho-gagá.
Comments:
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Eu não sei se ele é velho. A mim, parece-me é que é destituído.
Gostei do post. A única coisa que me deixou um certo sabor a pouco foi esse jantar com Emídio Guerreiro. De certeza que houve pormenores que valiam um post.
Talvez para a próxima...
Gostei do post. A única coisa que me deixou um certo sabor a pouco foi esse jantar com Emídio Guerreiro. De certeza que houve pormenores que valiam um post.
Talvez para a próxima...
RPS, as políticas sobre tabaco em Portugal são iguaizinhas às que estão a ser implementadas em muitos países do mundo. Se se quer atacar essas ideias, então que o universo seja mais, digamos ,do que o socialista, por exemplo.
Para efeitos mais conseguidos, para além da contestação pura e dura de cidadão, há sempre, como sabes, a hipótese da luta organizada.
Para efeitos mais conseguidos, para além da contestação pura e dura de cidadão, há sempre, como sabes, a hipótese da luta organizada.
RPS, animador, muito animador, o exemplo que citas de Emídio Guerreiro. É para esse espelho que olho, porque tenho uma avó quase dessa idade (centenária) e ainda interessante de se ouvir.
E velhos com muito menos idade do que eu também conheço. Este post está mesmo a meu gosto, confesso.
E velhos com muito menos idade do que eu também conheço. Este post está mesmo a meu gosto, confesso.
O caso mais notório de jovens/caducos é o do líder da Bancada do BCP na AR, cujo nome agora me escapa: com vinte e poucos anos é mais ortodoxo, até na maneira de vestir, que os seus vetustos camaradas.
Quanto ao Seguro, a sua ambição ilimitada, mas calculista, ditaram-lhe um prudente recuo. Do que tenho lido ( e é pouco) das suas propostas, e deixando de lado o teu caso pessoal anti anti tabaco, parece-me bem: diminuição do trabalho plenário, reforço e valorização do trabalho das comissões (recomendo a ARTV no cabo onde às vezes se têm surpresas agradáveis) tempo para trabalho político nos distritos por onde se é eleito: não se pode estar ao mesmo tempo em Lisboa e em Bragança !
Quanto ao Seguro, a sua ambição ilimitada, mas calculista, ditaram-lhe um prudente recuo. Do que tenho lido ( e é pouco) das suas propostas, e deixando de lado o teu caso pessoal anti anti tabaco, parece-me bem: diminuição do trabalho plenário, reforço e valorização do trabalho das comissões (recomendo a ARTV no cabo onde às vezes se têm surpresas agradáveis) tempo para trabalho político nos distritos por onde se é eleito: não se pode estar ao mesmo tempo em Lisboa e em Bragança !
bernardino soares
foi o gajo que disse que tem dúvidas que a coreia do norte não seja uma democracia
looooooooooooooooooooooooooooooooooool
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foi o gajo que disse que tem dúvidas que a coreia do norte não seja uma democracia
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