13.2.07
Abstenção (RPS)
Numa volta por aí, por vários blogues, noto uma indignação e condenação generalizada face aos índices de abstenção no referendo de domingo. Não entendo a indignação. Muito menos a condenação que se lança aos abstencionistas. Como se a abstenção não fosse livre em Portugal! Só falta fazerem um referendo para a criminalizarem...
A abstenção é uma das possibilidades que se coloca ao eleitor.
Até hoje, só não tinha votado uma vez, nas Legislativas 2002, por estar ausente do Porto.
Domingo, embora também ausente, a minha opção seria sempre pela abstenção. Em consciência.
Posso dizer que até hoje (até domingo) votei sempre. Mas nunca abdicarei do meu direito de me abster.
A abstenção é uma das possibilidades que se coloca ao eleitor.
Até hoje, só não tinha votado uma vez, nas Legislativas 2002, por estar ausente do Porto.
Domingo, embora também ausente, a minha opção seria sempre pela abstenção. Em consciência.
Posso dizer que até hoje (até domingo) votei sempre. Mas nunca abdicarei do meu direito de me abster.
Comments:
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E agora que os gajos das mesas, ao contrário do tempo em que eu lá sentava o cu, já são pagos... abaixo a abstenção! Votem em branco! 'tão?
A única forma de demonstrar desagrado em relação a qualquer uma das partes em questão é, em democracia, votar branco. A abstenção é facilmente entendida como indiferença.
E a "gaja" a dar-lhe!
Não, não e não!
Votar em branco tem um sentido completamente diferente da abstenção.
O voto em branco significa: eu gostava de escolher, mas não sei quem escolher ou não consigo decidir-me sobre a melhor escolha.
A abstenção significa: eu não quero escolher ou (como no caso do referendo ao aborto) eu não acho que esta seja matéria que deva ser objecto de escolha e eu recuso-me a particiapr nesta fantochada.
E não, votar não é, sem mais, um dever de cidadania como quase toda a gente gosta de proclamar, sem o demonstrar.
Como é da mais liminar, transparente e luminosa evidência, se me perguntam se eu quero Santana Lopes ou José Sócrates para primeiro-ministro, dever cívico é não me aproximar a menos de três quilómetros das mesas de voto onde tão despropositada questão se decide.
Claro está que a abstenção se pode confundir com indiferença. Acontece que a indiferença é uma posição política perfeitamente legítima. E não se pode dizer que um indivíduo que passa os seus dias a dar-se aos outros e a servir a comunidade em que está inserido e depois não vota deja pior cidadão do que aquele que nada faz e, "muito civicamente", vai votar no dia das eleições.
Não, não e não!
Votar em branco tem um sentido completamente diferente da abstenção.
O voto em branco significa: eu gostava de escolher, mas não sei quem escolher ou não consigo decidir-me sobre a melhor escolha.
A abstenção significa: eu não quero escolher ou (como no caso do referendo ao aborto) eu não acho que esta seja matéria que deva ser objecto de escolha e eu recuso-me a particiapr nesta fantochada.
E não, votar não é, sem mais, um dever de cidadania como quase toda a gente gosta de proclamar, sem o demonstrar.
Como é da mais liminar, transparente e luminosa evidência, se me perguntam se eu quero Santana Lopes ou José Sócrates para primeiro-ministro, dever cívico é não me aproximar a menos de três quilómetros das mesas de voto onde tão despropositada questão se decide.
Claro está que a abstenção se pode confundir com indiferença. Acontece que a indiferença é uma posição política perfeitamente legítima. E não se pode dizer que um indivíduo que passa os seus dias a dar-se aos outros e a servir a comunidade em que está inserido e depois não vota deja pior cidadão do que aquele que nada faz e, "muito civicamente", vai votar no dia das eleições.
Não concordo! Para mim a abstenção é sinónimo de indiferença e só mostra a falta de maturidade politica e social da população (o que não me parece o teu caso). O voto em branco sim, é legítimo, e demonstra que não se tem opinião formada sobre determinado assunto ou o tal direito de abstenção, mas é cumprido o dever de votar. O direito de voto é demasido importante para ser desperdiçado e nunca devemos esquecer que se lutou muito para o conquistar!
Concordo com o Sr. Funes quando diz "Acontece que a indiferença é uma posição política perfeitamente legítima". É verdade. Assiste-nos, a todos, o direito de nos estarmos a marimbar.
Fui votar mas confesso que no anterior referendo deste mesmo assunto absti-me, é um direito que me assiste...
Cara Bolachinha,
Já que trouxe à colação o que se lutou para conquistar o direito de voto, deixe-me partilhar consigo uma memória pessoal.
Sabe quando foi a primeira vez que ouvi essa treta do votar como um dever cívico?
Foi em 1969, nas eleições em que Marcelo Caetano, vendo que não possuía a legitimidade mítica e carismática de Salazar, tentou a legitimidade pelo voto.
Na altura todos os funcionários e bem pensantes do regime proclamavam esse dever: votar é um dever; não votar é uma atitude de irresponsabilidade cívica.
Não vá por aí!
Proclamar estes deveres abstractos de conduta, sem argumentos para os sustentar, é pensamento de funcionariozinho sempre disposto a vergar a cerviz aos chefes.
Foi desses pensamentos neutros que saiu a massa alemã que apoiou e fez o regime nacional socialista. No fim lá vieram todos com a mesma história: "nós não sabíamos; nós só estávamos a cumprir ordens; nós julgávamos que estávamos a defender o melhor para a Alemanha".
O primeiro dever cívico de qualquer cidadão responsável é não aceitar acriticamente as patacoadas que lhe tentam impingir as suas elites dirigentes.
Redarguir-me-á que não são comparáveis as eleições marcelistas com as actuais eleições, que as actuais são livres.
Poderei concordar consigo, no sentido de que nas actuais não há condicionamentos de voto, nem chapeladas e que os resultados saõ honestos e exprimem o que se passou nas urnas.
Não concordo nada se me diz que nas actuais há liberdade de escolha.
Não há.
O sistema criou um núcleo central de dois partidos, cuja função básica (e natural, diga-se) é satisfazer as suas clientelas.
A única liberdade de escolha que temos hoje é a de decidir se queremos que seja seja o PSD a satisfazer as suas clientelas ou se queremos que o seja PS.
Confesso, não pertencendo a nenhum dos dois partidos, essa questão é-me rigorosamente indiferente.
Abstenho-me.
Já que trouxe à colação o que se lutou para conquistar o direito de voto, deixe-me partilhar consigo uma memória pessoal.
Sabe quando foi a primeira vez que ouvi essa treta do votar como um dever cívico?
Foi em 1969, nas eleições em que Marcelo Caetano, vendo que não possuía a legitimidade mítica e carismática de Salazar, tentou a legitimidade pelo voto.
Na altura todos os funcionários e bem pensantes do regime proclamavam esse dever: votar é um dever; não votar é uma atitude de irresponsabilidade cívica.
Não vá por aí!
Proclamar estes deveres abstractos de conduta, sem argumentos para os sustentar, é pensamento de funcionariozinho sempre disposto a vergar a cerviz aos chefes.
Foi desses pensamentos neutros que saiu a massa alemã que apoiou e fez o regime nacional socialista. No fim lá vieram todos com a mesma história: "nós não sabíamos; nós só estávamos a cumprir ordens; nós julgávamos que estávamos a defender o melhor para a Alemanha".
O primeiro dever cívico de qualquer cidadão responsável é não aceitar acriticamente as patacoadas que lhe tentam impingir as suas elites dirigentes.
Redarguir-me-á que não são comparáveis as eleições marcelistas com as actuais eleições, que as actuais são livres.
Poderei concordar consigo, no sentido de que nas actuais não há condicionamentos de voto, nem chapeladas e que os resultados saõ honestos e exprimem o que se passou nas urnas.
Não concordo nada se me diz que nas actuais há liberdade de escolha.
Não há.
O sistema criou um núcleo central de dois partidos, cuja função básica (e natural, diga-se) é satisfazer as suas clientelas.
A única liberdade de escolha que temos hoje é a de decidir se queremos que seja seja o PSD a satisfazer as suas clientelas ou se queremos que o seja PS.
Confesso, não pertencendo a nenhum dos dois partidos, essa questão é-me rigorosamente indiferente.
Abstenho-me.
estou com a gaja e a bolachinha e contra o rps e o funes. aliás, é assunto de tema por diversas vezes.
Eu sempre validei o meu voto, mas houve alturas em que ponderei o branco (nunca o nulo ou a abstenção). Os argumentos pró-abtencionismo não me convencem. Minimamente. Até vou mais longe e acho que o voto deveria ser obrigatório!
Eu sempre validei o meu voto, mas houve alturas em que ponderei o branco (nunca o nulo ou a abstenção). Os argumentos pró-abtencionismo não me convencem. Minimamente. Até vou mais longe e acho que o voto deveria ser obrigatório!
Para a mim a abstenção é, em 99% dos casos, meramente preguiça. é legítimo, sim senhor, mas, do ponto de vista cívico, é pouco, é muito pouco. E depois ainda vêm dizer mal das escolhas dos que se deram ao trabalho de ir votar !
Em tempo: este comentário não tem directente nada a ver com a posição de RPS
Em tempo: este comentário não tem directente nada a ver com a posição de RPS
Para mim e salvo raras excepções, abstenção é sinónimo de preguiça mental!
É o "decidam por mim a ver se me ralo"...
É o "decidam por mim a ver se me ralo"...
A Marta R tem razão.
Porque os dois sabem muito bem, que da percentagem de abstenção 53 ou 56%, já não sei ao certo, será de 5% (nem acrdito que tenha sido tanto) aqueles que se abstiveram por princípios politicos. Todo o resto foi porque-quero-lá-saber-isto-é-uma-chatice.
Se têm direito? é claro que têm, mas eu tambem sou livre de ter opinião sobre o assunto e de a emitir.
Portanto não se ofendam, é a nossa liberdade de crítica.
Porque os dois sabem muito bem, que da percentagem de abstenção 53 ou 56%, já não sei ao certo, será de 5% (nem acrdito que tenha sido tanto) aqueles que se abstiveram por princípios politicos. Todo o resto foi porque-quero-lá-saber-isto-é-uma-chatice.
Se têm direito? é claro que têm, mas eu tambem sou livre de ter opinião sobre o assunto e de a emitir.
Portanto não se ofendam, é a nossa liberdade de crítica.
Também não creio que abstenção seja tomada de posição.
Há excepções é claro, mas no geral acho que é mais .. "quero lá saber, nem me ralo com isso, vão lá vocês .." .
Há excepções é claro, mas no geral acho que é mais .. "quero lá saber, nem me ralo com isso, vão lá vocês .." .
Bart Simpson, McJaku, Marta R.,
Eu avancei com argumentos que justificam a abstenção. Vocês não me dão argumento nenhum. Limitam-se a dizer eu acho que...
Eu não duvido que em muitos casos a abstenção possa ser uma atitude de não te rales, mas não significa necessariamente isso nem se deve presumir isso.
Nunca Vos ocorreu perguntar porque é que as eleições de 25 de Abril de 1975 foram as mais concorridas da história portuguesa?
É que a posição do "não te rales" é precisamente uma forma de tomar uma posição relevante.
Em 1975 os cidadãos sentiram que estavam a decidir o seu futuro, que estavam a tomar nas suas mãos o seu destino.
Hoje sentem que, votando, estão apenas a decidir se os administradores das grandes empresas públicas e os chefes de gabinete deste e daquele departamento do Estado são do PSD ou do PS.
E nessa questão estou com a marta r: "decidam por mim a ver se me ralo"...
E não vale a pena redarguirem-me que, se eu não gosto do PSD nem do PS, que concorra com o meu próprio partido às eleições. Vocês sabem que essa alternativa não existe, de facto.
O actual sistema só pode mudar combatendo-o de fora, não através do uso das suas próprias regras internas. E deste combate eu não me demito, como o prova o tempo que perco a fazer este comentário e a tentar convencer-vos.
Não me incomodam nada, por isso, as acusações de irresponsabilidade cívica.
Aliás, estou inteiramente de acordo com o Bart Simpson: o voto devia ser obrigatório. Assim, a minha abtsenção ficava claramente estabelecida como um acto de desobediência.
Eu avancei com argumentos que justificam a abstenção. Vocês não me dão argumento nenhum. Limitam-se a dizer eu acho que...
Eu não duvido que em muitos casos a abstenção possa ser uma atitude de não te rales, mas não significa necessariamente isso nem se deve presumir isso.
Nunca Vos ocorreu perguntar porque é que as eleições de 25 de Abril de 1975 foram as mais concorridas da história portuguesa?
É que a posição do "não te rales" é precisamente uma forma de tomar uma posição relevante.
Em 1975 os cidadãos sentiram que estavam a decidir o seu futuro, que estavam a tomar nas suas mãos o seu destino.
Hoje sentem que, votando, estão apenas a decidir se os administradores das grandes empresas públicas e os chefes de gabinete deste e daquele departamento do Estado são do PSD ou do PS.
E nessa questão estou com a marta r: "decidam por mim a ver se me ralo"...
E não vale a pena redarguirem-me que, se eu não gosto do PSD nem do PS, que concorra com o meu próprio partido às eleições. Vocês sabem que essa alternativa não existe, de facto.
O actual sistema só pode mudar combatendo-o de fora, não através do uso das suas próprias regras internas. E deste combate eu não me demito, como o prova o tempo que perco a fazer este comentário e a tentar convencer-vos.
Não me incomodam nada, por isso, as acusações de irresponsabilidade cívica.
Aliás, estou inteiramente de acordo com o Bart Simpson: o voto devia ser obrigatório. Assim, a minha abtsenção ficava claramente estabelecida como um acto de desobediência.
Concordo. E nem me parece que deva ser necessária qualquer percentagem de votantes para que o Referendo seja vinculativo.
Quem quer votar, vota. Quem não quer, não vota. É simples. E todos sabem que o conta sãos os votos expressos.
Quem quer votar, vota. Quem não quer, não vota. É simples. E todos sabem que o conta sãos os votos expressos.
Já tive um momento de me estar " a marimbar", numas presidenciais (não nas últimas, em que votei Alegre), mas para este referendo jamais cometeria tal "pecado".
Aliás, concordo com a legitimidade da abstenção. Indiscutível. Tem uma leitura específica, bem distinta do voto branco ou nulo.
Aliás, concordo com a legitimidade da abstenção. Indiscutível. Tem uma leitura específica, bem distinta do voto branco ou nulo.
claro que se abster é uma tomada de posição............. mas na verdade a maior parte dela não é feita em consciencia............
jocas maradas
jocas maradas
De algum modo, é uma forma de consciência e um sinal de tranquilidade.
RPS chamava-me hoje a atenção para o facto de Saddam Hussein ter vencido as suas últimas eleições com 100% dos votos. Sem abstenções.
A abstenção é um indício seguro de que não se vive sob o jugo de uma tirania.
RPS chamava-me hoje a atenção para o facto de Saddam Hussein ter vencido as suas últimas eleições com 100% dos votos. Sem abstenções.
A abstenção é um indício seguro de que não se vive sob o jugo de uma tirania.
Funes:
Obrigado pelos esclarecimentos mas eu continuo na minha. E não me apetece dar argumentos nenhuns para defender a causa. Também estou no meu direito, não?
Obrigado pelos esclarecimentos mas eu continuo na minha. E não me apetece dar argumentos nenhuns para defender a causa. Também estou no meu direito, não?
Não, cara marta r,
Sem argumentos não está a defender causa nenhuma.
Claro que tem o direito de não defender causa nenhuma. O que não tem é o direito de defender uma causa sem argumentar a favor dela. Mas não sou eu quem lhe retira esse direito (Deus me livre). São as regras da Lógica.
Sem argumentos não está a defender causa nenhuma.
Claro que tem o direito de não defender causa nenhuma. O que não tem é o direito de defender uma causa sem argumentar a favor dela. Mas não sou eu quem lhe retira esse direito (Deus me livre). São as regras da Lógica.
Ah, ah, ah, ah.
Funes, você é mesmo teimoso.
Não há lógica nenhuma que me obrigue a argumentar seja lá o que for. Mesmo tendo uma causa.
Pode não ser lá muito bonito mas são as regras da Liberdade e da Democracia.
Funes, você é mesmo teimoso.
Não há lógica nenhuma que me obrigue a argumentar seja lá o que for. Mesmo tendo uma causa.
Pode não ser lá muito bonito mas são as regras da Liberdade e da Democracia.
Não são nada as regras da liberdade e da democracia, caríssima e teimosa marta r.
Você pode gostar de laranjas e não gostar de bananas, sem ter que argumentar porquê. Porque gosta de laranjas e não gosta de bananas, ponto final.
Mas quando está a tentar convencer alguém de uma tese (e estava, porque estava a tentar convencer-me e a convencer os leitores deste blog que a abstenção é equivalente a preguiça mental) tem que aduzir argumentos a favor dela.
Você pode gostar de laranjas e não gostar de bananas, sem ter que argumentar porquê. Porque gosta de laranjas e não gosta de bananas, ponto final.
Mas quando está a tentar convencer alguém de uma tese (e estava, porque estava a tentar convencer-me e a convencer os leitores deste blog que a abstenção é equivalente a preguiça mental) tem que aduzir argumentos a favor dela.
Funes:
Pronto, já percebi o que aconteceu. O caríssimo Funes partiu de um princípio errado. Eu não estava, não estou e não estarei a tentar convencê-lo a si ou a quem quer que seja. Eu escrevi "Para mim e salvo raras excepções, abstenção é sinónimo de preguiça mental (...)". Para mim, percebe? As pessoas que pensem o que quiserem sobre este assunto e alimentem as teses que quiserem. A blogosfera, para mim, é divertimento puro, não é nenhuma arena política. Nem tudo tem que ter explicação. Já bastam aquelas que temos que estar sistematicamente a dar aos maridos, aos namorados, aos pais, aos filhos, aos patrões, etc etc.
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Pronto, já percebi o que aconteceu. O caríssimo Funes partiu de um princípio errado. Eu não estava, não estou e não estarei a tentar convencê-lo a si ou a quem quer que seja. Eu escrevi "Para mim e salvo raras excepções, abstenção é sinónimo de preguiça mental (...)". Para mim, percebe? As pessoas que pensem o que quiserem sobre este assunto e alimentem as teses que quiserem. A blogosfera, para mim, é divertimento puro, não é nenhuma arena política. Nem tudo tem que ter explicação. Já bastam aquelas que temos que estar sistematicamente a dar aos maridos, aos namorados, aos pais, aos filhos, aos patrões, etc etc.
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