1.1.07

 

Olha! Já não quer dialogar com a ETA!... (RPS)

No rescaldo dos atentados de 11 de Março, em 2004, em Madrid, os espanhóis não gostaram que Aznar lhes tivesse mentido, quando insistiu, horas a fio, de que era a ETA a responsável pelo sucedido. Isso contribuiu para a sua derrota eleitoral, três dias depois, a par de uma atitude massiva de cobardia do povo espanhol. Venceu a lógica - que ouvi, também, com pasmo e desilusão, a alguns colegas e amigos - de que "é melhor não nos metermos com essa malta muçulmana terrorista porque eles fodem-nos"...

Este tipo de atitude e de lógica de pensamento vai muito para lá das raias do miserável. É inqualificável. Mas essa lógica - e não apenas a do castigo a um Aznar mentiroso - imperou e permitiu, nas Legislativas espanholas, que ascendesse ao poder uma segunda figura do PSOE que, não fora o atentado de 11 de Março, seria arrumada e esquecida pelos próprios socialistas espanhóis.

É comum dizer-se que a Europa é um anão político e apontar como causa a inexistência de líderes europeus fortes. É verdade. Blair é o único líder europeu com verdadeiro estatuto de líder europeu. A Europa dos últimos anos só produz anões políticos e Zapatero é, talvez, o mais gritante exemplo dessa realidade.

Há uns meses, Zapatero resolveu dialogar com a ETA. Atitude errada, moral e politicamente. Por estes dias, chegou a prova: um atentado. Li na imprensa que o Governo espanhol emitiu um comunicado informando que o senhor Zapatero deu ordens para suspender de imediato qualquer negociação com a ETA.

Para lá das considerações morais que possam ser enumeradas sobre o acto de dialogar com terroristas e chantagistas violentos, é claro que o resultado político da iniciativa foi "zero". A ponto de quem a lançou lhe ter posto fim.
Pode ser um bom gestor da economia espanhola, mas Zapatero é um reles anão político.

Comments:
"Pode ser um bom gestor da economia espanhola, mas Zapatero é um reles anão político." Não iria tão longe.

Mas é um facto que esta política de diálogo com a ETA redundou em nada de nada. Zero absoluto.

Era bom que houvesse coragem política para admitir o erro. Mas duvido.
 
Suponho eu, na minha parca inteligência, que para fazer um acordo são precisos 2. Por isso, Zapatero "falou" com a ETA, como antes dele falaram TODOS, desde Felipe até Aznar. Não se pode é passar recorrentemente a ideia de que se cedeu à ETA por esta estar em tréguas e agora, afinal, não se ter cedido o suficiene , por a ETA ter voltado às bombas, como tenho visto nos últimos dias. Além disso Mariano Rajoy mete-me simplesmente nojo, cada vez mais nojo !

PS Eu não sou dos que dizem que Blair é tonto. Pelo contrário, penso que quando a lufa lufa do quotidiano não o absorve, é capaz de coisas realmente extraordinárias. Mas, para mal dele, será sempre recordado pelo erro fundamental de acompanhar cega e incondicionalmete a América. Ora Bush filho não é a mesma coisa que Clinton, ou mesmo Bush pai. E a propósito de Zapatero, Blair fez a paz no Ulster, dialogando com IRA, com quem havia de ser...
PS2 Zapatero pode não ser o político mais inteligente do planeta, mas é um homem íntegro que, no essencial, cumpriu as suas promessas eleitorais e tem mantido a Espanha na frente do progresso social da Europa. As sondagens indicam que os espanhois lhe estão gratos por isso
 
RPS, não percebo como podes defender uma mentira chico-esperta e manhosa de Aznar para ver se ainda se podiam ganhar as eleiçõezinhas antes dos coñitos perceberem que o ataque era de quem era.

RPS, não percebo como podes dar aura de grande estadista europeu a um chefe de estado que de europeu tem pouco; que há poucos dias atrás defendeu uma execução reles como se fosse uma forma de justiça aceitável decorrente de um julgamento justo; e que, há já quase 4 anos (já é tempo para os mais idiotas se aperceberem) entrou numa guerra que, além de assassina e mentirosa, se tornou suicida, talvez não só para americanos e britânicos mas também para a civilização ocidental cuja superioridade tanto exaltas em alguns dos teus posts.
 
Don Zapatero cede em tudo o que diz respeito ao politicamente correcto do nosso tempo. Por isso agrada à esquerda parola. E à esquerda cretina.
 
Don Zapatero cede em tudo o que diz respeito ao politicamente correcto do nosso tempo. Por isso agrada à esquerda parola. E à esquerda cretina.
 
TZL disse o que eu queria ter dito. E disse-o melhor do que eu o teria dito.
Não percebi nunca, RPS, porque insistes sempre na peregrina ideia de que Blair é um grande líder.
Blair é bacoquíssimo, como se percebe pela aventura irresponsável e previsivelmente desastrosa em que se meteu (e nos meteu) no Iraque.
Blair não tem uma ideia na cabeça. Chegou ao poder a dizer aquilo que a massa queria ouvir: afirmações genéricas e intenções piedosas com as quais não há quem possa não estar de acordo.
Claro que Blair é mais inteligente do que Guterres, Barroso ou Santana Lopes. Mas comparado com Guterres, Barroso ou Santana Lopes, até um daqueles bonecos insufláveis que há dois ou três era moda vermos a esbracejar à porta de restaurantes e lojas chinesas é um génio.
 
Também não vou tão longe nas críticas a Zapatero. E muito menos nos elogios a Blair...
Na verdade, nunca acreditei verdadeiramente nestas tréguas com a ETA mas daí a considerar que se voltou à estaca zero tenho dúvidas...
 
RPS,
O meu caro não conhece a palavra tentativa?
Por falhar uma, ficou aberto o caminho para outra que, eventualmente, possa ser mais frutuosa. Mau, verdadeiramente mau, é não fazer tentativas.
Zapatero pode não ser o melhor político do mundo, mas reles e anão político parece-me bastante exagerado.
Tentar algo, pela paz, já é meritório.
Nem o Sr Blair, com a capacidade de decisão que lhe reconheço, acertou tanto assim nas decisões que tomou por boas.
E, RPS, nós sabemos do que eu estou a falar, verdade?
 
Concordo com as críticas a Zapatero. Não concordo com os elogios a Blair, embora ele não seja tão destituído como alguns pretendem. Quanto ao diálogo com a ETA é indefensável a todos os títulos, porque o que resta dessa organização está dominado por um bando de assassinos e extorcionários profissionais que nunca abdicarão do tipo de vida a que se habituaram.
 
Bom tema, RPS.

Quando se pretende comparar Blair a Zapatero, parte-se do princípio que ambos são líderes no mesmo campo politico. Nada mais enganoso - a esquerda no poder é sempre um desafio à sua impossibilidade. Nalguns casos, acerta. Noutros, torna-se direita.Mas ao menos tenta.

No caso de Zapatero, a esquerda está lá. Daí a ser brilhante vai um Queen Mary II. Já Tony Blair é de outra estirpe. O que fez em 10 anos, na minha perspectiva, foi um exercício brilhante de manutenção de poder, vogando equidistante entre a esquerda e a direita (a terceira via, de facto).

Sobre lideranças - quem chega ao poder, tem que ter algum poder de liderança. Quem lá fica 10 anos, mandando bem ou mal, deixa sempre uma marca. Acontece na mais pequena autarquia portuguesa onde só um reina porque só ele tem olho. Zapatero é um aprendiz, Blair ficará de facto mais algum tempo nas memórias.

Sobre terrorismo - É inevitável falar com os terroristas. Uma coisa é a forma: Bush fala com Bin Laden por videos e televisões. Outra o conteúdo: não ceder no essencial. E ainda outra coisa é o momento: não se pode de facto falar num sítio onde explodem bombas. Faz barulho. E faz-se tarde.
 
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