21.1.07

 

Mais flexi que segurança... (RPS)

O Presidente da República disse, na Índia, que devemos começar a debater a flexigurança. Houve quem se abespinhasse pelo facto de o ter dito na Índia (!!!) como se isso fosse grave. Grave, verdadeiramente grave é que o tenha dito: na Índia, cá ou na Conchinchina.

Claro que Cavaco Silva só sugeriu que se debatesse, não tomou posição, mas as mesmas palavras não têm exactamente o mesmo valor quando ditas por diferentes pessoas. A verdade é que o PR deu um empurrão a algo que constitui mais um ataque aos direitos dos trabalhadores.

A flexigurança é, obviamente, mais flexi que segurança. Estamos a entrar num tempo e numa lógica - a que nem Cavaco nem Sócrates parece quererem resistir - em que ter emprego minimamente estável, salário, folgas, férias e assistência na doença é visto como um privilégio. Do meu ponto de vista é um direito. Fundamental. Atentar contra isso é gravíssimo, mas não parece preocupar grandemente as pessoas. Acham muito mais importante o aborto e o referendo.

Comments:
Depois possibilidade ameaçadora das deslocalizações das empresas, querem os empresários a flexibilização das leis laborais. Pois que poderão ter de melhor, do que a faca e o queijo na mão?
Ainda me lembro, porque sou muito madura, dos tempos em que as pessoas eram sindicalizadas e os sindicatos tinham peso. Hoje temos sindicalistas profissionais (dinossauros verdadeiros), os sindicatos perderam peso e, mais triste ainda, muitos trabalhadores não se sindicalizam porque acham que poupam o dinheirito da quota sindical. Depois, naturalmente, os direitos adquiridos são letra morta, ah, pois são...
Agora, se vos apetecer, chamem-me comuna!
Claro que, certas coisas, ditas por mim, eram parte de uma amena cavaqueira; ditas por Cavaco Silva, em viagem oficial, querem dizer qualquer coisa.
 
Meu caro RPS:
Este Executivo e o "nosso" caríssimo presidente já nos habituaram à sua excelência no que toca a escamotear as questões centrais. Uma máquina bem oleada no que diz respeito a propaganda e manipulação resultam nisto.
 
Os nossos empresários têm sempre a tese de que a economia portuguesa não funciona bem porque os trablhadores não podem ser despedidos. eu digo que a economia funciona mal porque à maior parte dos empresários falta em rasgo, imaginação, capacidade de gestão e de aadapatação a condições concorrenciais livres o que lhes sobra em vaidade, presunção e tend~encia para gastos sumptuários. Em Portugal, para muitos sectores da produção o salário mínimo é a regra quando devia ser uma excepção de "patamar mínimo" para principiantes. assim, como querem que haja motivação para os trabalhadores serem eficientes? Quando emigram ninguém lhes questiona a capacidade e o empenho: porque são pagos condignamente. A Flexisegurança é algo que funcionou bem numa realidade muito diferente: a Dinamarca. E o referendo à liberalização do aborto é um diparate com que Sócrates conta para unir a esquerda e lhe desviar a atenção de outras questões durante uns tempos.
 
Ter dito na Índia só é chato porque ninguém percebeu.
 
pelo que tenho lido, dificilmente esse modelo funcionará em Portugal. Não temos a estrutura económica nem a flexibilidade dos países nórdicos.
 
O Zekezcarvalho tem imensa razão. tenho dito muitas vezes que em Portugal o grande problema dos privados não são os trabalhadores, mas sim os péssimos empresários que existem.
Evidentemente, há excepções.
Não mistures as coisas o aborto e o referendo são importantes.
Parecem as comparações dos "grandes portugueses".
 
Tens toda, toda, toda a razão, RPS. A palavra "flexigurança" mete-me medo. A mim e acho que a mais 10 milhões de portugueses.
 
Zekez disse tudo.
Fazendo a única coisa em que é competente - propaganda - o Governo tenta passar a ideia da flexi-segurança como um sistema dinamarquês importado.
Se é a segurança social dinamarquesa, é o que nós queremos - quer o governo que pensem os portugueses.
E estes, se calhar, pensam.
 
Concordo com a visão que apresenta sobre a "Flexi-segurança". É óbvio que, também nesta matéria, há uma concertação estratégica entre Belém e São Bento. É óbvio que o referendo é mais lúdico que útil. Mas já que nos puseram o menino nas mãos (o que eu discordo!) temos que arrumar com a questão de uma vez por todas.
 
Num mundo em constante evolução a tal flexibilidade e, mais ainda, a polivalência são pré-requisitos fundaemntais... Eu, cá por mim, anti-rígida me confesso, não posso deixar de concordar com esta posição....
 
É importante não confundir "flexibilidade e polivalência" - competências fundamentais - com a questão do emprego precário, que é realmente preocupante! E, finalmente, é necessário não misturar esta questão com o referendo da IVG. Flexíveis, como devemos ser, sabemos como distribuir diversamente o leque das inquietações!
 
O comentário do Zekez dispensa mais comentários.
 
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