23.10.06
Do futebolês (RPS)
- O meio-campo bascula muito bem.
- Maniche bascula a equipa.
Bascular é um termo recente no futebolês. Tanto quanto me lembro, ouvi-o pela primeira vez a José Mourinho, nos tempos do FCP, referindo-se exactamente a Maniche.
Luís Freitas Lobo, comentador de futebol (dos raros que ainda vai acescentando algo ao que já sabemos) usa-o frequentemente e a palavra já soa mal - soa gasta, é já um lugar-comum.
Fruto da elevada exposição mediática e também da fraca qualidade da maioria dos seus actores, o mundo do futebol e o futebolês não só não ajudam muito ao enriquecimento da língua, como a corroem. Um termo novo depressa passa a lugar-comum. Uma palavra rica na boca de um "homem do futebol" sai desvalorizada. Isto torna ainda mais difícil o trabalho dos jornalistas que acompanham o futebol - é-lhes muito mais difícil do que a outros serem originais e agradavéis a quem os lê ou ouve.
Não sei se bascular é uma palavra correcta. Não fiz uma pesquisa exaustiva, mas, por exemplo, aqui é-nos dito que o termo não existe. Mas, aplicado ao futebol, nas circunstâncias acima exemplificadas, suponho perceber o seu sentido porque, como se sabe, báscula é um balança para grande pesos, algo que suporta cargas muito violentas. Um jogador que bascula a equipa não é mais do que um jogador de meio-campo que tem grande participação no trabalho defensivo da equipa e é o primeiro ou dos primeiros a lançar a equipa para o ataque, mantendo um papel activo nessas acções ofensivas.
A distinção entre médios-defensivos e médios-ofensivos é cada vez mais ténue. Como sabemos, o futebol moderno exige muito mais dos seus futebolistas. O trinco puro e duro, o médio que, à frente dos defesas, dava pau e roubava a bola aos adversários, entregando-a rapidamente aos colegas mais talentosos, não tem lugar nos relvados de hoje. Hoje, todos têm que dar pau e saber tratar bem a redondinha.
Um futebolista, quanto mais bascular, mais hipóteses tem de ser pretendido por uma equipa. São jogadores deste tipo que andam com a equipa às costas, para usar uma expressão mais abrangente. No futebolês mais arcaico o jogador que bascula era designado como o carregador de piano. A nova geração do futebolês já não usa este termo.
O termo bascular e muitos outros termos comuns (ou já lugares-comuns) do futebolês podem soar mal ao ouvido médio, mas, em rádio, nos relatos, ou nos jornais, nas crónicas dos jogos, fazem sentido para que se entendam alguns lances. Exemplo bem ilustrativo é o da expressão primeiro poste ou segundo poste. Centrar ou cabecear ao primeiro poste ou ao segundo poste é completamente diferente. Um ignorante sobre futebol questionará como se inicia a contagem dos postes. E, eventualmente, questionará qual é o terceiro poste e o quarto, já que são duas as balizas...
Outra expressão que intriga os ignorantes de futebol é centrar com o pé de dentro. Quem entende de futebol, sabe que o lance é diferente se o jogador que centra o faz com o pé do lado contrário àquele em que se encontra. E quem entende de futebol sabe, também, que uma trivela é sempre feita com o pé de dentro, mas é completamente diferente de centrar com o pé de dentro. Uma trivela é um centro feito com a parte de fora do pé de dentro.
Por causa de Ricardo Quaresma, fala-se hoje muito, no futebolês, de trivela, mas penso que o termo se deve a Ljubinko Drulovic (que saudades...). Não sei como, antes dele, se designava aquele tipo de centro ou de gesto técnico, para usar uma expressão do dialecto gabrialês, uma variante do futebolês criada pelo nefasto e nefando Gabriel Alves.
- Maniche bascula a equipa.
Bascular é um termo recente no futebolês. Tanto quanto me lembro, ouvi-o pela primeira vez a José Mourinho, nos tempos do FCP, referindo-se exactamente a Maniche.
Luís Freitas Lobo, comentador de futebol (dos raros que ainda vai acescentando algo ao que já sabemos) usa-o frequentemente e a palavra já soa mal - soa gasta, é já um lugar-comum.
Fruto da elevada exposição mediática e também da fraca qualidade da maioria dos seus actores, o mundo do futebol e o futebolês não só não ajudam muito ao enriquecimento da língua, como a corroem. Um termo novo depressa passa a lugar-comum. Uma palavra rica na boca de um "homem do futebol" sai desvalorizada. Isto torna ainda mais difícil o trabalho dos jornalistas que acompanham o futebol - é-lhes muito mais difícil do que a outros serem originais e agradavéis a quem os lê ou ouve.
Não sei se bascular é uma palavra correcta. Não fiz uma pesquisa exaustiva, mas, por exemplo, aqui é-nos dito que o termo não existe. Mas, aplicado ao futebol, nas circunstâncias acima exemplificadas, suponho perceber o seu sentido porque, como se sabe, báscula é um balança para grande pesos, algo que suporta cargas muito violentas. Um jogador que bascula a equipa não é mais do que um jogador de meio-campo que tem grande participação no trabalho defensivo da equipa e é o primeiro ou dos primeiros a lançar a equipa para o ataque, mantendo um papel activo nessas acções ofensivas.
A distinção entre médios-defensivos e médios-ofensivos é cada vez mais ténue. Como sabemos, o futebol moderno exige muito mais dos seus futebolistas. O trinco puro e duro, o médio que, à frente dos defesas, dava pau e roubava a bola aos adversários, entregando-a rapidamente aos colegas mais talentosos, não tem lugar nos relvados de hoje. Hoje, todos têm que dar pau e saber tratar bem a redondinha.
Um futebolista, quanto mais bascular, mais hipóteses tem de ser pretendido por uma equipa. São jogadores deste tipo que andam com a equipa às costas, para usar uma expressão mais abrangente. No futebolês mais arcaico o jogador que bascula era designado como o carregador de piano. A nova geração do futebolês já não usa este termo.
O termo bascular e muitos outros termos comuns (ou já lugares-comuns) do futebolês podem soar mal ao ouvido médio, mas, em rádio, nos relatos, ou nos jornais, nas crónicas dos jogos, fazem sentido para que se entendam alguns lances. Exemplo bem ilustrativo é o da expressão primeiro poste ou segundo poste. Centrar ou cabecear ao primeiro poste ou ao segundo poste é completamente diferente. Um ignorante sobre futebol questionará como se inicia a contagem dos postes. E, eventualmente, questionará qual é o terceiro poste e o quarto, já que são duas as balizas...
Outra expressão que intriga os ignorantes de futebol é centrar com o pé de dentro. Quem entende de futebol, sabe que o lance é diferente se o jogador que centra o faz com o pé do lado contrário àquele em que se encontra. E quem entende de futebol sabe, também, que uma trivela é sempre feita com o pé de dentro, mas é completamente diferente de centrar com o pé de dentro. Uma trivela é um centro feito com a parte de fora do pé de dentro.
Por causa de Ricardo Quaresma, fala-se hoje muito, no futebolês, de trivela, mas penso que o termo se deve a Ljubinko Drulovic (que saudades...). Não sei como, antes dele, se designava aquele tipo de centro ou de gesto técnico, para usar uma expressão do dialecto gabrialês, uma variante do futebolês criada pelo nefasto e nefando Gabriel Alves.
Comments:
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Um post notável, de grande rigor técnico. Heitor, defesa lateral brasileiro que jogou no Guimarães e no Marítimo, marcava os livres de trivela. Era um tipo que marcava golos com uma frequência elevada para um defesa. Problema era que às vezes os metia na própria baliza. O Timofte, também um grande executante de livres, disse um dia que, nos treinos, tentara bater os livres como o Heitor mas não conseguira. E concluiu: há coisas que são só para brasileiros...
lol, quando começaste a falar em "basculante" pensei que era uma adenda àquele post em que querias conduzir tractores e outras maquinarias!
Desculpa lá, RPS, mas este post é uma valente chatice e uma frustração. E essa chatice e frustração decorrem de tu teres começado a fazer um post sobre linguagem (tema paixonante) e teres acabado a fazer um post sobre futebol (coisa para a qual não tenho a mínima pachorra).
Gosto muito de jogar futebol. Não desdenho emitir umas atoardas sobre Pinto da Costa, Filipe Vieira ou esse tolinho que dá pelo nome de Madail (ou Madaíl). Agora discutir sobre o futebol, as suas estratégias e as suas tácticas... fosga-se!
Gosto muito de jogar futebol. Não desdenho emitir umas atoardas sobre Pinto da Costa, Filipe Vieira ou esse tolinho que dá pelo nome de Madail (ou Madaíl). Agora discutir sobre o futebol, as suas estratégias e as suas tácticas... fosga-se!
Saudações Zekez, que falei nos livres (e dos cantos, sobretudo dos cantos) do Heitor no jantar a que não foste.
RPS, dua ou três observações:
O jogador basculante não sei o que é. Do teu exemplo, parece indicar que é um jogador que é capaz de jogar em todo o campo, de área a área. No basquete diz-se "coast to coast". Também não era esse o conceito de carregador de piano, expressão que designava um jogador de meio campo, muitas vezes sem grandes atributos técnicos,que se destacava pela sua garra, entrega ao jogo e capacidade de correr quilómetros
Uma equipa bascular é ter a capacidade de, em harmonia e em conjunto, os seus jogadores se movimentarem, sem bola, preenchendo os espaços. Por exemplo,se se joga junto à linha lateral, a equipa naturalmente "tomba" para esse lado. O Bayern fez isso muito bem em Alvalade. É dos livros: fechar para defender, abrir para atacar.
A tua consideração sobre os trincos só pode ser um desejo, aliás comum: mesmo nos principais clubes e até na selecção continua a haver jogadores que se movimentam ali num raio de 20 metros da linha de meio campo
PS Nunca pensei dizzer isto, mas às vezes até parece que o Gabriel Alves não era assim tão mau. Mesmo quando o avançado cabeceava "de primeira"
RPS, dua ou três observações:
O jogador basculante não sei o que é. Do teu exemplo, parece indicar que é um jogador que é capaz de jogar em todo o campo, de área a área. No basquete diz-se "coast to coast". Também não era esse o conceito de carregador de piano, expressão que designava um jogador de meio campo, muitas vezes sem grandes atributos técnicos,que se destacava pela sua garra, entrega ao jogo e capacidade de correr quilómetros
Uma equipa bascular é ter a capacidade de, em harmonia e em conjunto, os seus jogadores se movimentarem, sem bola, preenchendo os espaços. Por exemplo,se se joga junto à linha lateral, a equipa naturalmente "tomba" para esse lado. O Bayern fez isso muito bem em Alvalade. É dos livros: fechar para defender, abrir para atacar.
A tua consideração sobre os trincos só pode ser um desejo, aliás comum: mesmo nos principais clubes e até na selecção continua a haver jogadores que se movimentam ali num raio de 20 metros da linha de meio campo
PS Nunca pensei dizzer isto, mas às vezes até parece que o Gabriel Alves não era assim tão mau. Mesmo quando o avançado cabeceava "de primeira"
Não percebi a tua observação final, Mcjaku. Não pode um avançado cabecear duas vezes seguidas na bola?
fogoooooooooooooooo nova.mente futtttttttttttttttttttttt
não volto aqui tão cedo....:)))))
jocas maradas de mau feitio
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não volto aqui tão cedo....:)))))
jocas maradas de mau feitio
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