12.9.06

 

Um exercício de futurologia à volta do Rivoli (RPS)

Que estranho... Tanto barulho, ainda há tão pouco tempo, e está tudo calado. Andará Pedro Abrunhosa a trabalhar, nos bastidores, numa solução para tão grave problema? É que, como ouvi dizer, concessionar o Rivoli é uma afronta, um crime, um acto destruidor do património da cidade, uma opção obscurantista... Tretas, claro. E os do costume juntar-se-ão, de novo, na próxima encenação contestatária, desde que haja câmaras de televisão. A questão está enterrada e querem saber mais?... Eu digo-vos. Step by step.

- até final do ano, o Rivoli é concessionado.
- em Outubro de 2009 há eleições Autárquicas e Rui Rio não se candidata (volta ao Parlamento, para o segundo e último ciclo de José Sócrates, vencedor das Legislativas desse mesmo ano de 2009, à espreita de algo mais, no PSD e no Governo, a partir de 2013)
- nas Autárquicas do Porto vence o PS, seja quem for o candidato.
- no Outono de 2010, terminado o contrato de concessão do Rivoli, o executivo camarário abre novo concurso ou renova com os titulares.
- os revoltados de hoje nada dirão. Não se ouvirá um grunho.

Comments:
vais substituir o Marcelo?
 
Ganha o Rui Sá
 
e os números do totoloto, nada?
 
Esse assunto interessou-me muito porque, como de costume, os do costume, sentem-se muito ofendidos na sua condição de artistas e exigem, exigem e pouco dão! A maior parte são subsídiodependentes que não fora isso seriam tudo menos artistas. Caberá ao Estado sustentar caprichos de programadores, actores e produtores sem talento e atados?! Porque aos talentosos e desenrascados nunca ouvi pedir nada...
 
Em que país a cultura dá dinheiro?

Em que país a cultura não vive de subsídios, patrocínios ou mecenato?

Em que país se consegue viver, ou melhor, sobreviver, de receitas de bilheteira?
 
O comentário da Sónia ainda é melhor que o post.
 
O comentário de Sónia tem piada, mas não reflete a realidade:a condição de artista implica salvo raríssimas e felizes excepções, a condição de pedinhcha mais ou menos contrafeito.

Quanto ao mais, ou seja ao sério da questão, trata-se apenas de responder a duas ou três questões essenciais:

A cultura, ou restringindo ao nosso assunto, a Arte (o teatro, a música, a ópera, a pintura, a escultura, a literatura, etc) é ou não indispensável para a realização do ser humano ?
(Se respondeu não, está o assunto arrumado e pode mudar de post)

Se respondeu sim:
Deve o Estado apoiar a arte, ou deve apenas ser a sociedade civil a suportá-la?
Se acha que o Estado não deve apoiar a arte deve com certeza concordar com este post e a generalidade dos comments. Deve porém ter a consciência que isso implicará "de facto" a falência da produção contemporânea da generalidade das artes.Aliás, se tivesse acontecido no passado, teria impedido que até nós chegasse a generalidade das obras de arte que apreciamos, na sua diversidade de gostos e de formatos.

Lamento apenas que bairristas tão exacerbados, tantas vezes justamente, não sintam um arrepio na espinha por o Porto, segunda cidade de Portugal, país do meio da tabela da UE, por sua vez o topo das regiões mais desenvolvidas do Mundo, que se procura afirmar como capital regional,por a CM Porto pretender desembaraçar-se do ÚNICO teatro de que dispõe, para poupar meia dúzia de lentilhas que não poupa, por exemplo, em circuitos automóveis ou em putativas e previsíveis indemnizações por, por exemplo, contruir o viaduto do Castelo do Queijo em terrenos privados !

PS Alguém sabe quantos teatros tem a CM Lisboa ? Fazendo umas contas por alto, suponho que perto de uma dúzia ! Falem bloguistas da capital!
 
Mcjaku faz um comment obscurantista, ocultando a questão que o post levanta.
Porque gruham alguns tanto hoje, se daqui a quatro anos se vão calar?...
 
Só um esclarecimento: apoiar e sustentar são coisas diferentes!
 
Mc Jaku, a questão não é se o Estado deve apoiar quem produz obras de arte; a esses e para isso é indiscutível que deve e, como escreveu a Sónia, não os vês a queixarem-se porque encontram sempre quem os apoie. E se não encontrarem produzem na mesma: quantos pintores e músicos incompreendidos em vida deixaram obras primas à humanidade? Agora o Estado não deve apoiar os subsidio-dependentes que se acham com o direito diino a que o erário público lhes financie porcarias, muitas vezes provocatórias. O finado João César Monteiro apanhou 20.000 contos ao Estado para realizar um filme que surgiu nos ecrans sem imagens, a negro, e ainda teve o desplante de insultar quem o interpelou para pedir contas. É essa gente que não merece o apio do Estado. Quantos às salas públicas de espectáculo no Porto, embora seja pouco conhecedor do assunto, será que o Carlos Alberto, o Coliseu, o S. João e a Casa da Música não chegam? E será que têm programações para o ano inteiro? Ou passam parte do ano fechadas?
 
Senhor zekezcarvalho, o Rivoli não vai fechar, vai continuar noutros moldes de gestão.
 
caro Zekez
O que é isso de subsidiodepentes ?
Os artistas são dependentes de quem
a) lhes compre as obras ou
b) lhes pague o almoço
ou então não são atistas a tempo inteiro, mas si, amadores.
A generalidade das artes não dá lucro, ou melhor, não dá sequer para cobrir os gastos. Nem na América a Ópera sobrevive sem mecenas. Nos países europeus, o estado apoia as artes, mesmo aquelas que se podem também considerar uma indústria, como o cinema. O exemplo César Monteriro a esse exemplo é paradigmático porque:

a) o homem era um verdadeiro génio, ou seja, um artista, sem aspas
b) como tal conseguia apoios não só em Portugal com em ouros países
c)Devolveu ao Estado o dinheiro que recebeu para o Branca de Neve porque não cumpriu o acordado no contrato que lhe atribuiu o subsídio
Importa também afastar da discussão as questões de gosto: eu não estou aqui a dizer que gosto de César Monteiro, estou a dizer, como é comummente aceite pela comunidade cinéfila, que tinha um olhar verdeiramente original e produziu verdadeiras obras de arte.

Quanto aos teatros: nenhum dos que falas é da Câmara. Não acho que tenha que ter meia dúzia ou mais como Lisboa (não acho que se deva meter, pelo menos directamente, no Batalha ou no Sá da Bandeira), mas acho que deve ter um, de que deve ser responsável, mesmo que não o gira ( de gerir) directamente. Aliás já o faz: a responsabilidade do Rivoli é da Culturporto e não directamente da CMP. O Fantasporto ou outros putivos candidatos podem fazer um óptimo trabalho, mas como não são mecenas precisam de carcanhol. Ou seja, precisam que a CMP pague. Outra coisa é uma empresa como a UAU ficar com a gestão. Como empresários eles são notáveis,mas, again, não são mecenas e vão precisar de rentabilizar o carcanhol e novamente alguem vai ter de pagar: se não for a CMP o espaço não pode ser cedido às várias entidades que usam o Rivoli ao longo do ano, tanto os festivais como as companhias de teatro.

PS1 RPS Eu bem sei que o teu post vai de encontro ao "esprit du temps" e aplica-se a vários exemplos. Mas, neste caso concreto, espero que o PS tenha a clareza de pensamento para discernir o que está em causa. Digo mais: se Assis for o próximo presidente, as coisas não se vão passar assim !

PS2 Sónia: apoiar/sustentar, sportinguitas/leões (como nós) na verdade é uma questão de semântica. O nome importa muito pouco !
 
Mc Jaku: nã tenho pejo em reconhecer que estás muito mais dentro da temática das artes e espectáculos que eu. Mas não posso deixar de fazer três reparos, sem me atrever a uma contestação global ao que escreveste. As salas de espectáculo que citei não pertencem a instituições públicas? Se é o Ministério da Cultura ou a CMP que as gere é-me indiferente: constituem sedes bastantes para a oferta pública de eventos artísticos e culturais no Porto e chega. Quem deve assegurar, em regra, o dinheiro para apoio dos artistas/intelectuais "produtores" é o público consumidor que adere se a oferta for boa; se for destinada apenas, ou preferencialmente, a círculos "iniciáticos" de intelectuais de salão e aos dez melhores amigos do autor, que comunicam em circuito fechado, de uns para os outros, nem o Estado, nem a CMP, nem qualquer instituição pública tem, ou deve apoiá-los financeiramente. Ao que sei o JC Monteiro não devolveu um chavo ao Estado e quanto a ser um génio, lá está, é-o para os intelectuais do circuito e os seus dez melhores amigos, se é que os tinha. Eu acho os filmes dele detestáveis e sórdidos e não gosto que o dinheiro dos meus inmpostos sirva para subsidiar esse tipo de produções. Se é assim tão bom que se baste a si próprio, ou encontre quem o financie, de livre vontade e não "à força".
 
Acabou-se a "mama" destes senhores subsídio-dependentes! Viva!
Esses elitistas que vão trabalhar, mas trabalhar mesmo, não é só angariar "tachos".
Desde a recuperação do Rivoli, a programação era feita de/e para estes senhores e seus amigos. Tanta intelectualidade inalcansável para a maioria dos mortais... Mesmo quando ia assistir, sentia-me muito mal, tal era o "clube".
Não sei se o Rui Rio está certo, mas assim é que não podia continuar.
Disfarçam muito mal para as coberturas notíciosas a tentarem fazer de conta que os actores e os espectadores se barricaram... Que espectadores? Só os actores e os seus amigos. A porta-voz, supostamente espectadora, a meio engana-se e começa a falar em nome dos actores. Já não conseguindo disfarçar mais, deixa de fazer de conta. Assumam! Ficam mais credíveis!
E falta questionar porque é que esta manifestação se realiza depois do fim-de-semana... Primeiro fizeram a exibição da sua peça, depois foram curtir a noite e à hora em que toda a gente inicia a semana de trabalho, e como estes senhores ficam sem nada que fazer, é que se viram para as manifestações.
O seu maior castigo vai ser ninguém lhes ligar nenhuma...
E nem pensem em comparar-se à causa do Coliseu!
 
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