3.7.06
Itália 90 (RPS)
Lembro-me de estarmos no Veneza, no Café Veneza, em Gaia, frente à Câmara, e do Zé desabafar:
- O meu irmão está sempre a dizer mal do futebol, a dizer que é um desporto sem interesse nem espectáculo, e que só vale a pena ver ténis e a NBA, e eu começo a dar-lhe razão...
Foi, de facto, um Mundial horrível. O pior de sempre. Com as equipas sempre em contenção, com as defesas sempre a anularem os ataques. Por esses anos, o futebol andava assim. Por exemplo, nas finais dos Campeões. A final PSV-Benfica é o paradigma do futebol-torpor dessa época.
Não me recordo de um bom jogo no Itália 90. Recordo-me da final, jogo sem interesse, com Alemanha e Argentina a jogarem sem risco nem chama. Em particular a minha Argentina, com Maradona já em perda (presumo, até, que nesse jogo estivesse lesionado) e desde o início a tentar prolongar o zero-zero. A Alemanha era, claramente, mais forte, mas tudo se decidiu num penalty duvidoso, marcado por Andreas Brehme, defesa-esquerdo.
A Itália, país organizador, jogava em casa e surgia como favorita. Jogou muito pouco. Teve Schillachi como goleador da prova, mas era um jogador vulgar. Conseguiu esse título ao marcar um penalty-fantasma, no jogo dos terceiros e quartos. Os italianos, salvo erro, venceram a Inglaterra de Bobby Robson, selecção onde pontificava esse louco chamado Paul Gascoigne. Gazza (era o seu nickname em Inglaterra) era uma espécie de Wayne Rooney, um hooligan, portanto, mas simpático. Era talentoso e Robson entregou-lhe o papel de patrão da equipa. Antes do Mundial, em Abril, estive em Londres e fui a Wembley ver um Inglaterra-Checoslováquia, jogo de preparação. Sim, eu estive na Catedral do Futebol, bem antes das profundas obras de remodelação! Na altura, a grande questão que se colocava em Inglaterra era saber se o seleccionador Robson faria de Gazza titular. Fez. A Inglaterra venceu esse jogo por 4-2. Gascoigne marcou um golo e fez três assistências para os outros, salvo erro duas para Steve Bull e uma para Gary Lineker. Gazza ganhou o lugar nessa noite e eu estava lá.
Não tenho memória do Brasil de 90. Parece-me incrível, mas tenho apenas ideia de jogar o Careca e o Branco, defesa-esquerdo que jogou no FCP.
Desse Mundial, recordo ainda o baile dado por Roger Milla, da surpreendente selecção dos Camarões, ao guarda-redes Higuita, da Colômbia. Mais do que guarda-redes, Higuita era um cabotino em campo. Adorava sair da área com a bola nos pés, estiloso, fazer umas fintas e lançar o ataque. No campeonato colombiano poderia dar resultado, mas no Mundial saiu-lhe caro. Milla, um veterano que brilhou no Itália 90, roubou-lhe a bola e partiu isolado para a baliza. Retenho a imagem do brilho do seu friso de dentes, na face negra. O irritante Higuita, desesperado, com o pânico estampado na face, tentou agarrá-lo ou placá-lo, mas acabou de borco na relva. Foi a melhor coisa desse Mundial.
- O meu irmão está sempre a dizer mal do futebol, a dizer que é um desporto sem interesse nem espectáculo, e que só vale a pena ver ténis e a NBA, e eu começo a dar-lhe razão...
Foi, de facto, um Mundial horrível. O pior de sempre. Com as equipas sempre em contenção, com as defesas sempre a anularem os ataques. Por esses anos, o futebol andava assim. Por exemplo, nas finais dos Campeões. A final PSV-Benfica é o paradigma do futebol-torpor dessa época.
Não me recordo de um bom jogo no Itália 90. Recordo-me da final, jogo sem interesse, com Alemanha e Argentina a jogarem sem risco nem chama. Em particular a minha Argentina, com Maradona já em perda (presumo, até, que nesse jogo estivesse lesionado) e desde o início a tentar prolongar o zero-zero. A Alemanha era, claramente, mais forte, mas tudo se decidiu num penalty duvidoso, marcado por Andreas Brehme, defesa-esquerdo.
A Itália, país organizador, jogava em casa e surgia como favorita. Jogou muito pouco. Teve Schillachi como goleador da prova, mas era um jogador vulgar. Conseguiu esse título ao marcar um penalty-fantasma, no jogo dos terceiros e quartos. Os italianos, salvo erro, venceram a Inglaterra de Bobby Robson, selecção onde pontificava esse louco chamado Paul Gascoigne. Gazza (era o seu nickname em Inglaterra) era uma espécie de Wayne Rooney, um hooligan, portanto, mas simpático. Era talentoso e Robson entregou-lhe o papel de patrão da equipa. Antes do Mundial, em Abril, estive em Londres e fui a Wembley ver um Inglaterra-Checoslováquia, jogo de preparação. Sim, eu estive na Catedral do Futebol, bem antes das profundas obras de remodelação! Na altura, a grande questão que se colocava em Inglaterra era saber se o seleccionador Robson faria de Gazza titular. Fez. A Inglaterra venceu esse jogo por 4-2. Gascoigne marcou um golo e fez três assistências para os outros, salvo erro duas para Steve Bull e uma para Gary Lineker. Gazza ganhou o lugar nessa noite e eu estava lá.
Não tenho memória do Brasil de 90. Parece-me incrível, mas tenho apenas ideia de jogar o Careca e o Branco, defesa-esquerdo que jogou no FCP.
Desse Mundial, recordo ainda o baile dado por Roger Milla, da surpreendente selecção dos Camarões, ao guarda-redes Higuita, da Colômbia. Mais do que guarda-redes, Higuita era um cabotino em campo. Adorava sair da área com a bola nos pés, estiloso, fazer umas fintas e lançar o ataque. No campeonato colombiano poderia dar resultado, mas no Mundial saiu-lhe caro. Milla, um veterano que brilhou no Itália 90, roubou-lhe a bola e partiu isolado para a baliza. Retenho a imagem do brilho do seu friso de dentes, na face negra. O irritante Higuita, desesperado, com o pânico estampado na face, tentou agarrá-lo ou placá-lo, mas acabou de borco na relva. Foi a melhor coisa desse Mundial.
Comments:
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Ver um jogo de ténis na televisão (ou ao vivo) é quase tão interessante como ouvir o relato do mesmo jogo na rádio. E é quase tão interessante como ver a transmissão em directo de um jogo de xadrez.
Percebo que se goste de jogar ténis. Que se goste de ver ténis é uma coisa que me transcende completamente. E o que mais me espanta é que as pessoas dispostas a ver um jogo de ténis cheias de interesse, não revelam a mesma disposição para ver um jogo de badminton, ou badminghton, ou lá como se escreve.
Percebo que se goste de jogar ténis. Que se goste de ver ténis é uma coisa que me transcende completamente. E o que mais me espanta é que as pessoas dispostas a ver um jogo de ténis cheias de interesse, não revelam a mesma disposição para ver um jogo de badminton, ou badminghton, ou lá como se escreve.
O Mundial 90 foi esquisito. Foi um Mundial sem Brasil. Eu ajudo-te RPS: o seleccionador era um tal de Sebatião Lazaroni e a equipa jogava com 3 centrais, sendo que 2 deles eram os Ricardos do Sporting e do Benfica. Jogava também o Branco a defesa esquerdo, o Valdo era titular e o Silas suplente. Foram eliminados pela Argentina que jogava com Cannigia sozinho na frente e fé em Maradona. O golo da Argentina é um exemplo de medo e de estupidez: 4 bralileiros em volta de El Pibe que isola Cannigia deixado completamente só. O Branco jura e parece que é verdade que os agentinos deitaram calmantes em garrafas de água que ofereceram aos brasileiros. A Argentina lá seguiu a sua carreira, ganhando por 1-0 ou nos penalties. Goicochea, gurda redes suplente promovido a titular por lesão, foi figura de destaque, sobretudo contra a Jugoslávia em que Maradona falhou o seu segundo penalty frente a Ivkovic. O jogo crucial do Mundial foi o Itália Argentina em Nápoles.Maradona era por essa altura rei, ou melhor, imperador, de Nápoles. A cidade ficou dividida. Maradona aproveitou: essa Itália do Norte "caga" em vocês todo o ano e agora quer que vocês a apoiem! Apoem é a mim que estou cá todo o ano convosco! A verdade é que a Itália, até aí irrepreensível com um vistoso futebol de ataque (é verdade, não estou no gozo) apanhou a tremideira e não lhes conseguiu ganhar, jogamdo mal (empate 1 a 1 com Zenga a ter culpas no golo de Cannigia). Quando foram para penalties, os italianos já tinham o jogo perdido. Como agora os ingleses contra Portugal !
PS1 repararam que não falei no Campeão, a Alemanha ? Pois, o futebol é um jogo com 11 de cada lado, duas partes de 45 minutos e no fim ganha a Alemanha
PS2 iniciou-se aqui a saga dos penalties ingleses. Foram (injustamente?) elininados pelos alemães e nunca mais conseguiram passar uns penalties!
PS3 Na final, em Roma, Maradona foi assobiado e insultado como nunca vi. Quando recebeu a medalha de finalista vencido, escorriam-lhe as lágrimas pela face abaixo.
PS1 repararam que não falei no Campeão, a Alemanha ? Pois, o futebol é um jogo com 11 de cada lado, duas partes de 45 minutos e no fim ganha a Alemanha
PS2 iniciou-se aqui a saga dos penalties ingleses. Foram (injustamente?) elininados pelos alemães e nunca mais conseguiram passar uns penalties!
PS3 Na final, em Roma, Maradona foi assobiado e insultado como nunca vi. Quando recebeu a medalha de finalista vencido, escorriam-lhe as lágrimas pela face abaixo.
Algumas recordações do Itália 90: talvez os jogos não tenham sido tão maus como o RPS elegantemente descreve. Julgo que foram os últimos jogos, os das meias-finais, dos 3ºs e 4ºs e da final, de facto fracos e defensivos, que "colaram" essa impressão. A Itália era apontada como favorita, tinha um novo ídolo, Roberto Baggio, que desiludiu um pouco e renderia sobretudo no Mundial seguinte. E um goleador chamado Schillaci, que estava em grande forma, marcou vários golos que festejava exuberantemente mas depois do Mundial nunca mais fez nada de relevante. A Itália foi ganhando, mas caiu numa meia final contra a Argentina, 1-1, com desempate em penaltyes a favor da selecção das pampas. De resto a Argentina eliminara o Braisl 1-0 logo nos oitavos de final, com um golo de Canniggia (que depois jogou no Benfica), a passe de Maradona que driblara três brasileiros. Na outra meia final o resultado também foi 1-1, com a Alemanha a ganhar nos penaltyes à Inglaterra de Bobby Robson, cujas vedetas eram o truculento e genial meio campista Paul Gascoigne, que depois se peredeu nas farras, e o rápido avançado Gary Lineker, um dos meus jogadores preferidos. O craque do mundial foi, porém, o medio todo-terreno Lothar Matthaus, que jogou bem do principio ao fim e fez da Alemanha um vencedor justo. A revelação do Mundial foi a selecção dos Camarões, que chegou aos quartos de final, com o veterano goleador Roger Milla em destaque. Sinceramente não recordo nenhum guarda-redes que se tivesse destacado especialmente, excepto, talvez, Sergio Goycoetchea da Argentina, que defendeu dois penaltyes no desempate dos quartos de final, contra a Jugoslavia (0-0 no final do jogo) e outros dois na citada meia-final contra a Itália...
o Itália 90 foi a primeira prova que acompanhei com fervor.
com a distância dos anos vejo que realmente fervor houve muito pouco, mas houve algum:
-Inglaterra-Camarões, um jogaço! (como ainda não se lembraram desse jogo????)
o árbitro até mandou as equipas pararem no intervalo do prolongamento, de tão louco que estava a ser o jogo! cabeças partidas dos dois lados e tudo! e o mister Bobby Robson com o seu "attack, attack!!!". e golos!!! a rodos!!!
-hooligans a levar e a dar no pêlo!
neste aspecto foi lindo: ingleses, italianos e alemães a brilharem!
-HIGITA
é verdade, o gajo era louco! pode-lhe ter corrido mal esse lance, mas lembro que foi ele que passou a Colômbia da fase de grupos!
no jogo com a Alemanha, que a Colômbia não podia perder, arriscou-se loucamente num bola super-fácil: deu um salto para a frente, chutando a bola com os calcanhares! e eu, putito, vi esse lance em directo! que espetáculo!
anos depois o Escobar foi assassinado por um auto-golo... mas o Higuita devia ser amigo das máfias da coca...
no fim estava pela Alemanha. muito pelo grande Matthaus, como referiu o Zekez. mas o Voeller era, e deve continuar a ser, um cabrão de um nazi capado!
com a distância dos anos vejo que realmente fervor houve muito pouco, mas houve algum:
-Inglaterra-Camarões, um jogaço! (como ainda não se lembraram desse jogo????)
o árbitro até mandou as equipas pararem no intervalo do prolongamento, de tão louco que estava a ser o jogo! cabeças partidas dos dois lados e tudo! e o mister Bobby Robson com o seu "attack, attack!!!". e golos!!! a rodos!!!
-hooligans a levar e a dar no pêlo!
neste aspecto foi lindo: ingleses, italianos e alemães a brilharem!
-HIGITA
é verdade, o gajo era louco! pode-lhe ter corrido mal esse lance, mas lembro que foi ele que passou a Colômbia da fase de grupos!
no jogo com a Alemanha, que a Colômbia não podia perder, arriscou-se loucamente num bola super-fácil: deu um salto para a frente, chutando a bola com os calcanhares! e eu, putito, vi esse lance em directo! que espetáculo!
anos depois o Escobar foi assassinado por um auto-golo... mas o Higuita devia ser amigo das máfias da coca...
no fim estava pela Alemanha. muito pelo grande Matthaus, como referiu o Zekez. mas o Voeller era, e deve continuar a ser, um cabrão de um nazi capado!
o Itália 90 foi a primeira prova que acompanhei com fervor.
com a distância dos anos vejo que realmente fervor houve muito pouco, mas houve algum:
-Inglaterra-Camarões, um jogaço! (como ainda não se lembraram desse jogo????)
o árbitro até mandou as equipas pararem no intervalo do prolongamento, de tão louco que estava a ser o jogo! cabeças partidas dos dois lados e tudo! e o mister Bobby Robson com o seu "attack, attack!!!". e golos!!! a rodos!!!
-hooligans a levar e a dar no pêlo!
neste aspecto foi lindo: ingleses, italianos e alemães a brilharem!
-HIGUITA
é verdade, o gajo era louco! pode-lhe ter corrido mal esse lance, mas lembro que foi ele que passou a Colômbia da fase de grupos!
no jogo com a Alemanha, que a Colômbia não podia perder, arriscou-se loucamente num bola super-fácil: deu um salto para a frente, chutando a bola com os calcanhares! e eu, putito, vi esse lance em directo! que espetáculo!
anos depois o Escobar foi assassinado por um auto-golo... mas o Higuita devia ser amigo das máfias da coca...
no fim estava pela Alemanha. muito pelo grande Matthaus, como referiu o Zekez. mas o Voeller era, e deve continuar a ser, um cabrão de um nazi capado!
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com a distância dos anos vejo que realmente fervor houve muito pouco, mas houve algum:
-Inglaterra-Camarões, um jogaço! (como ainda não se lembraram desse jogo????)
o árbitro até mandou as equipas pararem no intervalo do prolongamento, de tão louco que estava a ser o jogo! cabeças partidas dos dois lados e tudo! e o mister Bobby Robson com o seu "attack, attack!!!". e golos!!! a rodos!!!
-hooligans a levar e a dar no pêlo!
neste aspecto foi lindo: ingleses, italianos e alemães a brilharem!
-HIGUITA
é verdade, o gajo era louco! pode-lhe ter corrido mal esse lance, mas lembro que foi ele que passou a Colômbia da fase de grupos!
no jogo com a Alemanha, que a Colômbia não podia perder, arriscou-se loucamente num bola super-fácil: deu um salto para a frente, chutando a bola com os calcanhares! e eu, putito, vi esse lance em directo! que espetáculo!
anos depois o Escobar foi assassinado por um auto-golo... mas o Higuita devia ser amigo das máfias da coca...
no fim estava pela Alemanha. muito pelo grande Matthaus, como referiu o Zekez. mas o Voeller era, e deve continuar a ser, um cabrão de um nazi capado!
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