19.6.06

 

Crendices e bruxarias más e crendices e bruxarias boas (RPS)

Depois do falhanço do Mundial de 2002, o seleccionador António Oliveira perdeu o lugar. Nada mais óbvio, depois da vergonhosa prestação da equipa de Portugal. Seria impossível não responsabilizar por isso o treinador. Acho até que deveria ser obrigado a devolver parte considerável dos proventos que tinha já obtido. Da saga do Mundial Japão/Coreia, só nunca percebi porque passou a tudo incólume o presidente da Federação, esse boçal Madaíl que anda por aí. Talvez um dia venha a saber-se: isso e outras coisas que importava saber.

Caído Oliveira em desgraça, multiplicaram-se as críticas não só à actuação e opções do treinador, mas também às crendices que, pelos vistos, revelava. Achei curioso que antes do fracasso do Mundial ninguém tivesse falado disso, principalmente os autores de prosas indignadas pelo facto de Oliveira, alegadamente, esmagar alhos no balneário. Será que, lá no fundo, também tinham fé na bruxaria? Ah!... Também se falou de uns ossos de galinha. Preta, presumo.

Mesmo recentemente, a propósito de críticas feitas ao sr. Scolari, houve gente que veio, de novo, com a história dos alhos de Oliveira, entre eles alguns blogueiros de espírito muito acutilante...
Ora nunca vi a esses - a esses blogueiros de espírito muito acutilante e aos comentadores encartados com coluna e tempo de antena televisivo - qualquer crítica às crendices do sr. Scolari. Mesmo os que, por vezes, o criticam, deixam passar esse ponto em claro. Porquê?

É conhecida a devoção do sr. Scolari à Senhora de Fátima e à Senhora do Caravaggio. Sejamos bondosos: olhemos isso como respeitáveis actos de fé esclarecida e centremo-nos, antes, na figura do padre Bauer. Ao que li, é um padre amigo do sr. Scolari e com quem o sr. Scolari fala amiúde por telefone, a fim de receber inspiração. Até aí, tudo bem. Se eu fosse seleccionador, também passaria horas ao telefone com os meus amigos mais próximos. O que já me pasma é que a imprensa destaque a importância das bençãos que o padre Bauer concede telefonicamente à equipa dos srs. Scolari e Madaíl. Por telemóvel, Bauer benze os equipamentos dos jogadores!!! E também... água!!!... Não sei se aquela com que os jogadores gargarejam nas paragens do jogo, se outra, eventualmente colocada numa improvisada pia baptismal no balneário.
Todos os relatos que li sobre as façanhas do padre Bauer foram escritos sem um pingo de espírito crítico. Nem os críticos dos alhos de António Oliveira reagiram.

São chocantes o acriticismo e a condescendência da generalidade dos portugueses face a tudo quanto é brasileiro. Para o português médio, qualquer brasileiro(a) que guinche, grunha ou gema qualquer coisa num palco é um grande artista. Qualquer brasileiro(a) que articule três ideias simples é um gajo do caraças, um intelectual.
Esta realidade - indesmentível - pode explicar a diferença de tratamento dada às crendices dos dois treinadores. Mas não explica tudo. O ponto é que António Oliveira era, pelo seu passado, pela sua biografia, um treinador identificado com o FCP e o brasileiro faz, desde que chegou, guerra ao FCP.
O tipo é esperto: neste país, quem fizer guerra ao FCP tem cobertura garantida.

Comments:
A culpa deste cena toda é do D. Pedro IV! Se não tivesse proclamado a independência do Brasil os tipos tinham-nos mais respeitinho e eramos penta campeões do mundo. Claro que também tinhamos de aturar as quadrilhas de traficantes de droga que dão ordens ao Estado mas isso resolvia-se a bem, nem que fosse preciso pedir ao Major Valentim Loureiro para marcar uns pequenos almoços de café com leite.
 
Ora Bolas, RPS.
Estavas a ir tão bem e estava eu a concordar com tudo o que estavas a dizer e logo tu aproveitas, para descambar no último parágrafo e vir com as teses paranóicas da perseguição ao FCP.
Não sei quem começou a guerra Scolari/FCP. Sei que não há inocentes nessa guerra. Recordo que Scolari não convocou Baía e o FCP amuou, porque o não convocou. Recordo que convocou Raul Meireles e o FCP amuou, porque o convocou.
Quanto aos críticos, todos são críticos depois das derrotas. Apanhe Scolari 5 ou 6 da Argentina e logo os que hoje passam a vida a adulá-lo, virão dizer que aquela besta, em vez de orientar e fazer uma equipa, passava a vida em conversas supersticiosas com os amigos e patati, patata...
 
lol, RPS, o 4º parágrafo está do belo!!

é ainda mais ridículo receber bençãos por telefone do que espalhar alhos e bogalhos num balneário...

segundo Lula, ex-jogador do FC Porto:
"se pai de santo ganhasse jogo o campeonato baiano terminava empatado"
 
e das muletas? ninguém se lembrou das muletas?
 
RPS,
Lá tinha de vir à baila o FCP!!!!
A conversa toda sobre bruxedos e crendices ia tão animada, boa mesmo, até chegar à recta final: onde borras o capote (desculpa aí a expressão manhosa).
Tão ridículos são os alhos, como os bugalhos, como as benzeduras longa distância - estás CERTÍSSIMO.
 
Na... não tem nada a ver. Tem só a ver com o facto de até agora o Scolari ter conseguido alguns resultados pelo menos não vergonhoso. Ele que faça merda e vais ver a cairem-lhe logo em cima com a Nossa Senhora. Ai não!
 
Caro RPS,
tudo muito lindo. Mas, a certa altura, afirmas que "para o português médio, qualquer brasileiro(a) que guinche, grunha ou gema qualquer coisa num palco é um(a) grande artista. Dá para perceber que não conheces a Dulcineide, a Merlene, a Valdineia e a Renata do strip "Nina". São mesmo grandes artistas! Falaste antes de tempo...
 
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