23.1.06

 

Notas a reter da noite eleitoral (RPS)

- Mário Soares candidatou-se para evitar que a candidatura de Cavaco Silva tivesse um passeio pela Avenida da Liberdade.
Cavaco Silva acaba de ter um passeio pela Avenida da Liberdade.
Conclusão: a candidatura de Mário Soares revelou-se um palhaçada. E Mário Soares um palhaço.

- Mário Soares, tal como Manuel Alegre, recusou-se a responder a perguntas dos jornalistas. Foi exactamente o que Santana Lopes fez nas Legislativas e foi (muito justamente) duramente criticado.

- José Sócrates calou Manuel Alegre, no momento das declarações finais. Humanamente, até o entendo, mas fez mal. Mas o pior mesmo, verdadeiramente incompreensível, é o comunicado que fez sair, alegando não saber que Alegre falava naquele momento. Ninguém acredita, obviamente.

- A Eurosondagem, de Rui Oliveira e Costa, andou todo o tempo a colocar Alegre em terceiro lugar nas sondagens.

Comments:
Custa-me tanto acreditar que tenha sido de proposito... é que é tao grave! Nao se faz isso nem com os adversarios! E a faze-lo, so poderia ser duramente criticado... será que o Socrates é assim tao estupido? A, ó maezinha!!!!!

Abracicos!
 
Há gente que confunde adversário com inimigo.
Depois, e por esse motivo, perde as estribeiras.
 
E o mais engraçado de tudo é que Cavaco ganhou por um escassos 30.000 votos. O que quer dizer que, com toda a probabilidade, se Soares se não tivesse candidatado, Cavaco não teria o tal passeio pela Avenida da Liberdade.
 
Vão ter que mamar com o Prof
E com respeitinho.
O Código Penal pune ofensas ao PR

Com o PR Cavaco acabem-se as balduchas de corta-fitas

A imagem de rigos e exigência pessoal serão um factor moralizador da vida pública e
de exemplo para o desgraçado nacional laxismo e improviso de última hora que dá pelo nome de desenrascanso.
Pseudo-virtude rasca de um povo rasca, à rasca e enrascado
 
Diz Zekez Carvalho: Ó Funes, o vencedor das eleições presidenciais, Cavaco Silva, teve 2.745.491 votos e o segundo classificado, Manuel Alegre, teve 1.124.662 votos. Ou seja, Cavaco não venceu "por uns escassos 30.000 votos", mas sim por uns retumbantes 1.620.829 votos. Goste-se ou não do homem há que respeitar a verdade objectiva dos números. Já agora: em 2001 Jorge Sampaio teve 2.411.453 votos, ou seja menos 334.038 votos do que os que Cavaco Silva obteve nas presentes eleições.
 
Ó Zekez,
Eu estou-me nas tintas para quantos votos teve Cavaco Silva. A legitimidade dele é a mesma quer tivesse ganho por um, quer tivesse ganho por um milhão. E, como bem nota Pacheco Pereira, a mesma esquerda que diz que a vitória de Cavaco foi pequena, estaria agora delirante se ele tivesse ficado a um voto da maioria absoluta, não achando então que tinha uma legitimidade diminuída para exigir uma segunda volta (e não tinha).
Evidentemente, há entre os cavaquistas um bocadinho de decepção, porque no início da noite se convenceram que a vitória de cavaco ia ser absolutamente esmagadora, com uma votação na casa dos 60%. Não foi. E o que parece evidente é que se Soares se não tivesse candidatado, dividindo o PS, 40, 50 ou 60 mil tipos dos que ficaram em casa teriam ido votar Manuel Alegre, forçando Cavaco a uma segunda volta.
Quanto a isto tu nada dizes.
Mas repito, a Cavaco quer-me parecer que lhe falta a legitimidade da inteligência. Tem indiscutivelmente a legitimidade do voto que, a um não democrata como eu, é a que menos importa.
Oxalá eu me engane.
 
Discordo Bartleby,

Os votos que Cavaco acrescentou às votações nas legislativas de PSD e CDS juntos são os votos que o PS das legislativas perdeu para a soma de Soares mais Alegre. O BE e o PCP, juntos, tiveram sensivelmente a mesma votação de Louçã e Jerónimo de Sousa juntos. O que quer dizer que a vitória de Cavaco se ficou a dever aos votos que conquistou na área dos eleitores do PS. Eleitores do PS que o partido com as suas atolambadas escolhas dividiu. É muito razoável admitir, como disse no comentário anterior, que apresentando-se apenas Alegre a votos com o apoio do PS, 30, 40 ou 50 mil eleitores que ficaram em casa teriam ido votar nele. E a maioria absoluta de Cavaco teria ido à vida.
Insisto sempre: este raciocínio não acrescenta nem tira nada á legitimidade de Cavaco que, fundada no voto do povo acéfalo, é sempre nenhuma.
 
Diz Zekez Carvalho: os eleitores não são propriedade de nenhum partido. A fidelidade estrita de um determinado leque do eleitorado a um partido só existe para o PCP. Assim, aquilo que o Funes classifica como "o eleitorado do PS" que se mudou para Cavaco, ou "o eleitorado do PS" que ficou em casa (por causa de Alegre e Mário Soares terem concorrido juntos?! Mas que raciocínio é este?) não é realmente "eleitorado do PS". É sim, a franja móvel que ora vota PS, ora vota PSD (neste caso Cavaco) e assim vai decidindo eleições e marcando a necessária rotatividade democrática. A não ser assim todos votariam sempre nos mesmos e, descontando-se os eleitores entretanto falecidos e os que votassem pela primeira vez, os resultados das sucessivas eleições seriam sempre iguais. Cavaco é de centro esquersda e pesca parte dos eleitores de centro esquerda; mas leva de arrasto a direita (seria muito longo tentar explicar aqui porquê), o que lhe deu quatro vitórias em cinco eleições a que concorreu, três das quais por maioria absoluta. Contra factos não há argumentos.
 
Inteiramente de acordo quanto à franja de eleitorado que variavelmente se desloca do PSD para o PS e vice-versa. Foi essa franja que deu ontem a vitória a Cavaco e que no ano passado deu a vitória a Sócrates. Soubesse este ter segurado uma pequena parte dessa franja (e para tal bastava não ter apresentado Soares) e Cavaco seria forçado a uma segunda volta (não sei bem com que resultado). Foi só isto que eu disse. Não pretendo retirar mérito nenhum Cavaco. Não pretendo desmerecer a sua eleição, muito menos, diminuí-la. Pretendo apenas deixar claro que a candidatura de Soares, na perspectiva de quem queria impedir um passeio a Cavaco, foi uma estupidez. E isso hoje, depois da eleição, parece-me óbvio e indesmentível.
 
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