5.1.06

 

Génios em série (RPS)

Só agora recupero. Andei nestes últimos dois-três dias completamente aturdido com a torrente de adjectivação que jornais, rádios e televisões associaram a Laurent Robert, um dos novos jogadores do Benfica. Desde a chegada do Micoli que não se adjectivava tão apolegeticamente por aí. Se sujeitassemos os textos ditos e escritos a um programa de frequência de palavras, os mais incautos espantar-se-iam com a frequência de adjectivos com carga positiva.

É sempre assim, a cada reforço que chega. São sempre do melhor, vendem-nos sempre tipos fabulosos.
Por exemplo, parece que o meu clube, o FCP, contratou no Brasil um génio de 17 anos. Ainda ninguém o viu dar um pontapé numa bola, mas já é um génio. Não me importava que fosse, mas...
O Sporting, por sua vez, foi buscar um tipo fabuloso: um número dez, argentino. Por acaso jogava no México, por acaso no Vera Cruz, que é, por acaso, o último classificado do campeonato mexicano. Mas quem lê e ouve fica a pensar que mete o Lucho Gonzalez num bolso.

Claro que com o Benfica tudo é ainda mais exagerado. E por estes dias até deu jeito: serviu de manobra de diversão para que não se falasse tanto dos acontecimentos ocorridos no Aeroporto da Portela. A generalidade das redacções está sempre ao serviço da grande instituição.
Lembro-me, ainda, da chegada de um verdadeiro génio que vinha aí para partir tudo - um tal Jamir, que, em pouco tempo, acabou a suplente do Alverca. E lembro-me também da chegada, anos antes, de um novo Eusébio - um tal Akwá, um pobre subnutrido que só é muito bom no estádio da Cidadela, em Luanda.

Não há pior jornalismo em Portugal do que aquele que é feito nos jornais desportivos ou nas secções desportivas dos outros órgãos, embora aqui com algumas excepções.
O certo é que chegou um tipo fabuloso para o Benfica, mas ninguém perguntou aos responsáveis do Benfica porque razão, sendo ele tão bom, não serviu para o Newcastle, não serviu para o modesto Portsmouth e veio a custo zero.
Se eu estivesse em trabalho nessa conferência de imprensa também não faria a pergunta. Confesso: sou um cagão e tenho medo de capangas com o dobro da minha envergadura e o quadrado ou o cubo da minha condição física.

Comments:
RPS, algo nos divide, algo nos aproxima.
O que divide é que eu simpatizo muito com o Glorioso, embora esteja incomodada com algumas coisas que...
O que nos aproxima é que eu também seria "cagona", que eles não veriam se era homem ou mulher, que aquela malta é bruta, cega, surda a razões...são como os do Pavlov, condicionados.
 
Caro RPS

Por uma vez, estou genericamente de acordo contigo. Mesmo assim dois ou três comentários:
1. O génio do jogador é inversamente proporcional à quantidade de pessoas que o viram efectivamente jogar; o que, dada a quantidade de jogos que nos entra pela televisão dentro (quer dizer, nas dos outros, que na minha só entra o canal Panda)se torna cada vez mais difícil. Fica limitado aos novos Eusébios de África e aos novos Decos de um obscuro clube brasileiro. Ou no México. Contratações de jogadores de primeiro plano, sobretudo avançados, é coisa que não podemos ter na nossa Betandwin.
2. O tal de Akwa é agora capitão de Angola e vais estar no Mundial. Afinal, sempre teria algum valor. Vale a pena saber onde estão Pepa e Toy, sucedâneos posteriores...
3. Quanto ao Robert, já todos vimos que ele é bom de bola e capaz de fazer umas flores e pressentíamos o que o seu ex-treinador (Souness) confirmou: o homem é de luas e não grande adepto do trabalho colectivo. Vamos ver como se dá na nossa capital.
4. Compreendendo a tua, digamos, prudência, e testemunhando que, mesmo assim, já te vi fazeres umas flores com, por exemplo, o nosso major,não é preciso exagerar na corpulência dos capangas: o dobro da tua envergadura é reconhecidamente, um objectivo impossível de alcançar. Et pour cause...
 
Designar de "jornalismo" aquilo que se faz na Bola, no Record, no Jogo e nas secções desportivas dos jornais generalistas [nem falo das têvês] é um exagero de todo o tamanho, caro RPS. Tanto quanto sei [e ainda sei umas coisitas] o jornalismo, como qualquer outra actividade profissional, obedece a determinadas regras e parece-me que no "jornalismo" desportivo nenhuma, ou praticamente nenhuma, dessas regras é observada. Se aquilo é jornalismo, o meu velhinho Opel Corsa era um avião.
 
isto de fazer um post sobre futebol.....é tramado, pq não entendo....
vá lá explica-me como se fosse burra !!!!!!!!!!!!!!
jocas maradas
 
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