5.9.05

 

Políticos (RPS)

Eu tenho grande consideração e respeito pela generalidade dos dirigentes políticos.
Sempre que digo isto - que é sincero - costumo provocar a indignação de muitos. Prncipalmente daqueles que acham que os políticos são todos um bando de corruptos.
Outras pessoas acusam-me de contradição, pelo facto de eu ser muito crítico de muitos deles.
Sou, de facto, muito crítico de muitos deles e procuro sempre fundamentar as minhas teses, mas não com recurso a esse argumento de que são todos corruptos e de que "querem é todos abotoar-se...", como se costuma ouvir frequentemente.

Anjinho não sou e, claro, não tenho dúvidas que alguns políticos se deixem corromper. Mas o mesmo acontece com alguns agentes da BT da GNR, ou alguns fiscais das Finanças, ou alguns funcionários municipais, ou alguns examinadores de condução.
Mas não acho que uma pessoa se lance na actividade política por ser intrinsecamente corrupta e procurar terreno para se dedicar à prática da corrupção.

Conheço alguns tipos "do meu tempo", tipos do Porto e de Gaia, que, adolescentes, eram já intrinsecamente corruptos e mal formados. Faziam fretes a pequenos "capos" e viciavam eleições para Associações de Estudantes. Eram invariavelmente filiados na JSD. Passaram para o PSD, mas o certo é que não passaram da cepa torta.

Quem se disponibiliza e se dedica à actividade política tem um admirável sentido de serviço público que eu não tenho. Eu nem às reuniões do condomínio vou! Quero lá saber! Há-de aparecer alguém que se disponha a resolver os problemas.

O meu sentimento de admiração e respeito por quem se dedica à política reacende-se em tempo de Autárquicas. Não posso deixar de admirar aqueles que, tendo uma vida organizada, com trabalho, amigos, família, hobbies, se disponibilizam para servirem uma Junta de Freguesia. Ou que saem de casa numa noite de chuva copiosa para irem a uma Assembleia Municipal. Por razões profissionais, assisti a uma meia dúzia e fiquei traumatizado.

O mesmo se aplica aos que chegam a lugares "mais altos". Por maioria de razão.
À medida que sobem na actividade política, os políticos ficam sujeitos a um escrutínio que eu não suportaria.
Como não suportaria ter que me vestir de certa forma que não gosto, e calar certas coisas que me apetece dizer, e conter-me para não fazer em público certas coisas que me poderia apetecer fazer.
E não suportaria ter que ouvir o destestável hino nacional em pose de ufania e ser obrigado, por questões de imagem, a cantá-lo, a reproduzir aquela letra cretina.
E não suportaria ter que passar revista a uma parada. Alguém me dá um exemplo de algo que seja mais estupidamente inútil do que passar tropas em revista?...

É por tudo isto e muito mais que admiro e respeito quem se disponibiliza para o serviço público, independentemente do modo como, depois, o faz.
Conheço muitas pessoas que fizeram e fazem aldrabices com a sisa, com obras em casa, com a recepção da TV Cabo, com o IRS e o IVA, com facturas... Nunca se disponibilizaram para o serviço público e são, claro, os que mais tempo passam a vituperar os políticos e a chamar-lhes corruptos.

Comments:
De um modo geral, subscrevo todas as tuas palavras, especialmente a observação de que os cidadãos mais trampolineiros são, em regra, os mais críticos dos políticos. Mas isto dito, creio que te escapa um aspecto que é, muitas vezes, sob a designação falsa de corrupção, aquilo que as pessoas criticam aos políticos: a ausência completa de valores e, muito particularmente, do valor independência.
Formados nos quadros do partido, eleitos deputados na primeira oportunidade, muitos dos nossos políticos não fizeram nunca outra coisa na vida, a não ser conspirar dentro do aparelho.
Soares, Cavaco, o odioso Marcelo podem manter alguma independência nos seus juízos, porque a sua vida não está dependente da política.
Mas, formados dentro do aparelho e para o aparelho, o que fariam Santana Lopes ou Sócrates, se a política fosse (como foi para santana) madrasta?
restava-lhes inscreverem-se no centro de emprego mais próximo.
E ainda aqui estou a falar de líderes nacionais.
Mas o que dizer dos badamecos das estruturas locais? dos Marcos Antónios desta vida?
São corruptos?
Não, não no sentido legal e habitual do termo. Mas carecem de independência, um valor decisivo em política. Vão ao sabor dos ventos. Estão com qualquer líder em qualquer ocasião. E isso, drama dos dramas, fá-los estar com os Valentins e com os Ferreira Torrres que por aí vão dando cabo de tudo.
 
Pessoalmente acho que todos os políticos condóminos são corruptos!
 
A vida é assim: postas sobre o Maniche e tens quilhões de comments, como diria o Duarte, fazes um texto sério e, aparte o nosso Funes, nicles. Deus nos salve dos políticos anti-políticos, que são os Ramalho Eanes desta vida
 
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