1.9.05
Mais ciclismo (RPS)
As reacções a um post não se resumem aos comments. Acontece a todos os que andamos nisto: as reacções sucedem-se, via e-mail, sms, ao telefone e nas conversas com os que estão fisicamente mais próximos.
Foi assim que, há uns dias, estive largos minutos ao telemóvel a falar de ciclismo com o JPF. Estivemos a trocar memórias, algumas marcadas pela décalage de uma década que nos separa.
Recordei-me, então, da primeira Vola a Portugal que vivi intensamente, acompanhando toda a informação produzia por O Primeiro de Janeiro e pela RTP: foi a Volta de 71, a primeira ganha por Joaquim Agostinho. Ele tinha vencido em 70, mas fora desclassificado por doping. Como se os outros andassem a bifes...
Na época, vivia-se uma verdadeira agostinhomania, que ultrapassava em larga escala o universo sportinguista, o universo do clube que Agostinho representava.
O seu grande rival era Fernando Mendes, do Benfica, mas percebo hoje que ele não chegava aos calcanhares de Agostinho. O valor de Mendes era fabricado pelos poderes instituídos na imprensa, que procura sempre "empurrar" para cima tudo quanto "cheire" a Benfica. Fernando Mendes só ganhou em 74, numa Volta em que o Agostinho não participou.
O meu ídolo, nessa época, era Joaquim Andrade (pai do actual ciclista homónimo) por ser a estrela do meu clube, o FCP. Andrade carregava a auréola de uma vitória na Volta, em 69, correndo pelo Sangalhos. Mas nunca me deu nenhuma alegria. A maior alegria ciclística da minha infância foi a vitória de Joaquim Leite, do FCP, num Porto-Lisboa. Era uma grande prova, uma clássica, em que os ciclistas, percorridos mais de 300 quilómetros, tinham de subir, derreados, a Calçada de Carriche. Assim, menino, muito antes dos informativos radiofónicos de trânsito, soube da existência de uma Calçada de Carriche em Lisboa.
A seguir ao 25 de Abril, o ciclismo perdeu muito do impacto que tinha. Em 75, nem houve Volta e as seguintes eram de fraca qualidade. Guardo ainda memória de nomes como Firmino Bernardino, Venceslau Fernandes (que vinha dos tempos de Agostinho e continuou por muitos mais anos), do seu irmão António, um sprinter, Adelino Teixeira, Manuel Zeferino, Alexandre Ruas, Belmiro Silva (talvez o único ciclista com bigode a ganhar uma Volta) e lembro-me também dos irmãos Sousa Santos (Joaquim e José) que corriam pelo FCP.
O meu clube manteve o ciclismo por vários anos, para irritação do meu velho amigo Zé. Anti-portista fanático, on Zé "puxava" por equipas com nomes como Lousa-Trinaranjus e Águias Clock, embora argumentasse que o fazia por entender que o FCP não deveria ter ciclismo porque também não teria jeito algum, por exemplo, o Tour ser ganho por Bénard Hinault, do Liverpool ou do Borússia Mochengladbach.
Com o fim do ciclismo nas equipas tradicionais - os três grandes e o Sangalhos - começou, então, a era das equipas com nomes de empresa. Para além das referidas, recordo Garcia Joalheiro, Mako Jeans, Ruquita-Feirense, Coimbrões-Rodovil, Rodovil-Ajacto... Mas antes de 74, havia já equipas de ciclismo com nomes de empresa, casos da Coelima e da Ambar.
Apareceu, depois, a era de Marco Chagas e é desse passado já mais recente que recordo, ainda, outro nome: Manuel Cunha. Ainda correu pelo FCP e foi, durante uns anos, o meu ciclista preferido. Diz-me o primo dele que o Cunha está estabelecido em Pedroso, com o Café Roda D'Ouro.
Por essa altura, o Agostinho brilhava nas Voltas à França e eu deliciava-me com as crónicas do Carlos Miranda, n'A Bola. Um dia destes, escrevo sobre isso. Desculpem-me os frequentadores do FF que não gostam da modalidade, mas virá aí mais ciclismo.
Foi assim que, há uns dias, estive largos minutos ao telemóvel a falar de ciclismo com o JPF. Estivemos a trocar memórias, algumas marcadas pela décalage de uma década que nos separa.
Recordei-me, então, da primeira Vola a Portugal que vivi intensamente, acompanhando toda a informação produzia por O Primeiro de Janeiro e pela RTP: foi a Volta de 71, a primeira ganha por Joaquim Agostinho. Ele tinha vencido em 70, mas fora desclassificado por doping. Como se os outros andassem a bifes...
Na época, vivia-se uma verdadeira agostinhomania, que ultrapassava em larga escala o universo sportinguista, o universo do clube que Agostinho representava.
O seu grande rival era Fernando Mendes, do Benfica, mas percebo hoje que ele não chegava aos calcanhares de Agostinho. O valor de Mendes era fabricado pelos poderes instituídos na imprensa, que procura sempre "empurrar" para cima tudo quanto "cheire" a Benfica. Fernando Mendes só ganhou em 74, numa Volta em que o Agostinho não participou.
O meu ídolo, nessa época, era Joaquim Andrade (pai do actual ciclista homónimo) por ser a estrela do meu clube, o FCP. Andrade carregava a auréola de uma vitória na Volta, em 69, correndo pelo Sangalhos. Mas nunca me deu nenhuma alegria. A maior alegria ciclística da minha infância foi a vitória de Joaquim Leite, do FCP, num Porto-Lisboa. Era uma grande prova, uma clássica, em que os ciclistas, percorridos mais de 300 quilómetros, tinham de subir, derreados, a Calçada de Carriche. Assim, menino, muito antes dos informativos radiofónicos de trânsito, soube da existência de uma Calçada de Carriche em Lisboa.
A seguir ao 25 de Abril, o ciclismo perdeu muito do impacto que tinha. Em 75, nem houve Volta e as seguintes eram de fraca qualidade. Guardo ainda memória de nomes como Firmino Bernardino, Venceslau Fernandes (que vinha dos tempos de Agostinho e continuou por muitos mais anos), do seu irmão António, um sprinter, Adelino Teixeira, Manuel Zeferino, Alexandre Ruas, Belmiro Silva (talvez o único ciclista com bigode a ganhar uma Volta) e lembro-me também dos irmãos Sousa Santos (Joaquim e José) que corriam pelo FCP.
O meu clube manteve o ciclismo por vários anos, para irritação do meu velho amigo Zé. Anti-portista fanático, on Zé "puxava" por equipas com nomes como Lousa-Trinaranjus e Águias Clock, embora argumentasse que o fazia por entender que o FCP não deveria ter ciclismo porque também não teria jeito algum, por exemplo, o Tour ser ganho por Bénard Hinault, do Liverpool ou do Borússia Mochengladbach.
Com o fim do ciclismo nas equipas tradicionais - os três grandes e o Sangalhos - começou, então, a era das equipas com nomes de empresa. Para além das referidas, recordo Garcia Joalheiro, Mako Jeans, Ruquita-Feirense, Coimbrões-Rodovil, Rodovil-Ajacto... Mas antes de 74, havia já equipas de ciclismo com nomes de empresa, casos da Coelima e da Ambar.
Apareceu, depois, a era de Marco Chagas e é desse passado já mais recente que recordo, ainda, outro nome: Manuel Cunha. Ainda correu pelo FCP e foi, durante uns anos, o meu ciclista preferido. Diz-me o primo dele que o Cunha está estabelecido em Pedroso, com o Café Roda D'Ouro.
Por essa altura, o Agostinho brilhava nas Voltas à França e eu deliciava-me com as crónicas do Carlos Miranda, n'A Bola. Um dia destes, escrevo sobre isso. Desculpem-me os frequentadores do FF que não gostam da modalidade, mas virá aí mais ciclismo.
Comments:
<< Home
"Guardo ainda memória de nomes como Firmino Bernardino, Venceslau Fernandes (que vinha dos tempos de Agostinho e continuou por muitos mais anos), do seu irmão António, um sprinter, Adelino Teixeira, Manuel Zeferino, Alexandre Ruas, Belmiro Silva (talvez o único ciclista com bigode a ganhar uma Volta) e lembro-me também dos irmãos Sousa Santos (Joaquim e José) que corriam pelo FCP."
Imperdoavelmente, esqueceste-te de Leonel Miranda, o ciclista do Sporting que eu fingia ser quando, miúdo, nas férias, fazia passeios de bicicleta com os meus primos.
Imperdoavelmente, esqueceste-te de Leonel Miranda, o ciclista do Sporting que eu fingia ser quando, miúdo, nas férias, fazia passeios de bicicleta com os meus primos.
E o Leonel Miranda, ao pedalar, sonhava em tirar um curso de Direito...
Oh rps, não tens nada que desculpar, continua a pedalar por aí!
Oh rps, não tens nada que desculpar, continua a pedalar por aí!
Diz Zekez Carvalho: parabens pelo artigo "velho amigo RPS"; despertou muitas memorias e a pesada nostalgia da dimensão do tempo já passado. Os meus dois ciclistas preferidos foram o Joaquim Agostinho (uma força da natureza, conquanto obstinado para além dos limites, que recordo a vencer destacado L'Alpe D'Huez com dois minutos de avanço de um Hinault extenuado - que era o Armstrong da época- num ano em que o Agostinho terminou o Tour em terceiro); o outro preferido foi o Venceslau Fernandes (um homem de fibra, coragem e auto-superação, que recordo especialmente num campeonato do mundo disputado na Suiça em que desistiu depois de ter sofrido o insofrível - pelo menos era o que parecia do aspecto físico com que saiu da pista - e também da Volta a portugal que merecida,emnte acabou por vencer já no fim da carreira). Só uma ressalva: não sou nem nunca fui anti-FCP (como muito bem sabes), mas como mouro do norte (os piores segundo a insuspeita opinião do Carlos) defendo as minhas cores com a veemência com que tu e os teus confrades defendem as vossas...
Meu caro RPS, acabo de ler o artigo, no geral concordo... Faz-me também recordar algumas das minhas incursões pela volta a Portugal...Mas, provavelmente, por esquecimento, acabas de cometer uma injustiça. Esqueceste-te do homem que orientou muitos dos campeões a que aludes no teu texto. Trata-se de Emidio Pinto, que este ano regressou à competição e orientou mesmo uma equipa na nossa pequena voltinha!Hecu
Ora aí está uma grande verdade, Everything...
Pois é, HECU, Emídio Pinto é uma verdadeira figura. Um figurão.
Meu caro Zé... Lembro-me da tua veemência, do teu amor pelo Lousa-Trinaranjus. Que saudades das crónicas do Miranda no Tour... Lidas em exemplares de A Bola que partilhavamos amiúde... Mas tu pagavas mais vezes que eu. Era a dois e coroa...
Pois é, HECU, Emídio Pinto é uma verdadeira figura. Um figurão.
Meu caro Zé... Lembro-me da tua veemência, do teu amor pelo Lousa-Trinaranjus. Que saudades das crónicas do Miranda no Tour... Lidas em exemplares de A Bola que partilhavamos amiúde... Mas tu pagavas mais vezes que eu. Era a dois e coroa...
so falam de agostinho, fernando mendes, joaquim leao e muitos outros ciclistas e nao falam do Antonio Castro «ratinho 2» e do irmao Manuel Castro«ratinho 1». Antonio Castro foi um dos melhores do ciclo crosse em Portugal.
Enviar um comentário
<< Home