13.6.05
Santo António de Pádua (RPS)
Confesso que não sou devoto de santos. Simpatizo, contudo, com a figura de Fernando Bulhões, mais tarde Santo António.
Na origem desta simpatia está a história do milagre em que ele pregava aos peixes. Em miúdo, achava a história fantástica. Lembro-me de uma imagem num livro – não tenho a certeza, mas talvez no catecismo que tinha quando frequentava a catequese no Mosteiro da Serra do Pilar. Nela, aparecia o Santo, junto a um riacho, com os braços abertos, elevados para o céu, e uma série de peixes boquiabertos, de olho arregalado, com a cabeça fora da água. A partir daí, fiquei a achar que os peixes fora de água tinham caras de parvos e passei a verificar a minha tese nas canastas das peixeiras e NAS bancas de peixe nos mercados.
A minha catequista chamava sempre a atenção para o facto do Santo António não ser propriamente de Lisboa. Tinha nascido lá, é certo, mas tinha vivido e morrido em Pádua, onde, aliás, era designado como Santo António de Pádua. Lembrava, ainda, à miudagem que o padroeiro de Lisboa é São Vicente e não Santo António.
Soava-me estranho aquela insistência, pelo facto de fugir à tónica do discurso oficial dominante, que enaltecia o facto de Bulhões ser português de Lisboa.
Até hoje, não entendi se era má vontade com o Santo (ela era solteirona), com Lisboa ou se a senhora se opunha ao Estado Novo e apostava em subverter as novas gerações.
Para lhe fazer a vontade, votos de bom dia de Santo António de Pádua para todos.
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Aproveito este post, para mandar uma boca anti-europeísta: de Lisboa ou de Pádua, a verdade é que Santo António não precisou de nenhum processo de Bolonha, para ver reconhecido em Itália o seu diploma e aí poder exercer livremente o seu múnus
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