29.4.05
Algaraviada na Capital da Culatra
É a última vez que falo aqui da triste figura de Faro 2005.
Acho que na área da cultura, talvez pela dimensão dos egos, há polémica a mais.
Por isso, nesta véspera do corta-fita, aproveito para criticar essa embrulhada que vai levar o nome de Capital da Cultura. Que não é mais do que pólvora seca, onde a arte sai pela culatra e o inchaço pré-eleitoral não permite mais do que uma extensão de espectáculos-de-fim-de-tarde-em-Lisboa-ou-no-Porto.
Apanhada na velha corda esticada entre Estado e subsidiodependentes, a política cultural não consegue dar o salto. Quem está no terreno, mete dinheiro do bolso para a gasolina e até para ordenados. Na Capital, tirando as excepções consolidadas - e incluindo nestas as mecenadas - a cena é a mesma. Tem nódoas na camisa ? Vira-se o pano do avesso.
Náufraga, a política cultural - ilha sonhada mas deserta - sai sempre esfomeada na mesa do Orçamento, por comparação com a boca cheia da pompa discursiva.
Valha a verdade, a Cultura nunca nos saiu com naturalidade. Só com monumentalidade.
Nem o mais metafórico artista se lembraria do ajustado desígnio do Palácio Central da Cultura- está lá muito bem, na AJUDA.